PERÍODO DE PAZ

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Depois desse dia passei um período de paz, Carolina vinha me ver um dia sim um dia não, de tarde quando minha família não estava, e de uma madrugada quando ela estava.

Só que agora ela ia direto para o meu quarto às vezes vinha com a Beatriz às vezes não.

Eu já não conseguia ver a minha vida sem ela, e não demorei a admitir que eu tivesse um grande problema, um problema incomum, eu a amava, a amava como se fosse uma mulher de carne e osso e não um ser espiritual, eu queria casar com ela, ama-la, viver com ela por toda a eternidade.

E vivendo dentro desse grande sonho, dessa grande fantasia e ilusão, pra tudo ficar certinho, bonitinho, comecei a falar pra ela que eu tinha muita vontade de conhecer os seus pais.

Num dia normal, como combinado, ela apareceu em casa, e depois de muito insistir ela aceitou ir a uma lanchonete na Rua Jumana que ficava perto de casa.

Eram umas nove horas da noite, sentamos nos últimos bancos, ela ficou no último e eu no penúltimo, ninguém iria querer sentar naquele banco, ficar espremido, entre um balcão e um desconhecido.

Apesar de que eu conhecia bastante gente ia ser muito azar chegar um amigo naquele momento.

Como ela estava linda! Vestia um vestido amarelo de alça que ia até o joelho e uma sandália marrom, dentes brancos ao extremo e aquela tradicional energia abençoada por Deus.

Eu percebia que as pessoas num intervalo de cinco minutos ou nem isso, olhavam pra mim, eu sabia que era por causa do astral que estava naquele canto e de lá se espalhava pela lanchonete.

Eu também para ajudar tinha tomado bastante sol no quintal de casa naqueles dias, coloquei para o encontro uma camisa branca que realçava a cor bronzeada, me deixando, modéstia á parte, com um ótimo aspecto.

Na parte de baixo eu vestia uma calça Lee comum e um par de sapatos bem engraxado.

Como eu queria que os outros pudessem vê-la! Não para, assim, eu me sentir gostosão, ficar metido à besta ou coisa parecida.

Logicamente que iria dar uma satisfação enorme ser visto com uma mulher linda como aquela, afinal sou um errante ser humano, tenho essas coisas, mas a questão não era essa.

O legal seria que os outros seres humanos pudessem ver ali, diante dos seus olhos um ser que eles logo iriam notar que não fazia parte do Planeta Terra. Iria ser emocionante.

Aquela mulher espantosamente bela também não causaria inveja em nenhuma daquelas mulheres presentes, porque logo iriam perceber bem perto delas algo divino, a maior prova da existência de Deus, que elas e eles os homens já tinham visto em suas vidas, e que por acaso, ou por algum motivo especial estava comigo, fazer o que né? A vida é assim mesmo. Aháháhá.

Carolina perguntou:

- Eduardo por acaso eu estou visível?

- Acho que só pra mim bem, por quê?

- Está todo mundo olhando para cá.

- É que eu sou bonitão, né Carol! Pensa o quê? Aháháháh, estou brincando, sabe o que é, é a sua energia que já se espalhou por todo o ambiente, você talvez não perceba, está acostumada, mas as outras pessoas não, e elas pensam que sou eu.

- E você, como você mesmo disse, está bem bonitão.

- É mesmo Carolina, você acha?

-Claro que eu acho, e eu estou vendo varias mulheres olhando para você.

- Mas é por causa do astral Carolina.

- É nada Eduardo, é porque você está bonito mesmo.

-Tá bom vai, eu não vou ficar discordando de uma mulher linda dessa, você tem razão, Aháháhá.

Mas vamos esquecer os outros Carolina, vamos fazer de conta que não está acontecendo nada, vou pedir um x salada eu estou morrendo de fome, vai querer?

-Engraçadinho!

-Dá vontade Carolina? Oi, Carlão, beleza? Nos demos à mão.

-Beleza!

-Faz um x salada para mim e me vê uma coca.

-Tudo bem!

-Sinceramente dá, essa convivência com você me deixa com vontade de novamente estar viva, poder fazer essas simples coisas como comer um x salada.

-Desculpe-me então Carolina.

-Imagina, não tem nada que se desculpar eu sei que você está só brincando. Mas você sabe que a Terra apesar de todos os seus defeitos, tem também os seus atrativos, onde eu estou é maravilhoso, sem problemas, talvez seja isso, talvez eu tenha saudades de alguns problemas e atrativos terráqueos. Risos.

-Quais, por exemplo?

-Aaa Eduardo, não dá para citar assim, quer ver o que eu quero dizer, estar vivo na Terra não é um problema?

-Exatamente, um grande problema. [risos]

-Então é isso, ficar convivendo com você esse tempo todo, vindo aqui na terra agora, toda hora, me deixa com saudades do meu tempo, da minha época de terráquea. [risos]

-Eu entendo você Carolina, dou até um exemplo, quando eu tive que mudar desse bairro aqui e ir para outro pra mim foi um inferno!

- Não fala isso Eduardo!

- Tá bom desculpa, aí quando eu vinha aqui ver os amigos me dava essa saudade, saudades do tempo em que eu vivia aqui.

- É isso Eduardo, guardando as devidas proporções, é isso mesmo, agora a sua passou né, você voltou para a sua querida Mooca.

-A sua também, você voltou para a sua querida Terra, e você tem mais sorte ainda Carolina, você pode voar.

-E você então Eduardo que pode até comer x salada. Risadas.

-Carolina estão achando que eu sou louco ou fumei maconha, rindo sozinho, é duro rir só mentalmente, preciso treinar só conversar ainda dá, mas rir é muito difícil.

-É, e treina rápido, assim as pessoas não vão conseguir mais ver o x salada todo mastigado dentro da sua boca. Mais Risos.

-Carolina dos olhos azuis, você sabe que eu adoro você, não sabe?

-Sei eu também te adoro.

Nos encaramos bem dentro dos olhos e sorrimos, fiquei até meio desconcertado, tímido, perdido, sei lá. E desviei o olhar.

- Carolina, quando é que eu vou conhecer seus pais?

-Você cismou mesmo né, Eduardo?

-Ora, Carolina, preciso ver se você é uma moça de família mesmo, preciso saber com quem eu estou saindo.

- Muito engraçado, tudo bem Eduardo eu vou falar com eles.

- Jura, promete?

- Eu juro e prometo Eduardo.

-Aí, se eles aceitarem você me fala e nós combinamos o lugar, minha família vive saindo, viajando, pode ser em casa mesmo.

-Tá bom Eduardo, agora vamos embora que já deu á minha hora, estava bom o lanche? Ela foi se levantando.

Também fiquei de pé.

-Muito bom, sou viciado em x salada, deixe-me pagar, quando vamos nos ver de novo Carolina?

-Carlão! Ó o dinheiro! Obrigado!

-Falou garoto!

-Amanhã.

-Só amanhã?

Tá bom vai eu espero. Risos

Enquanto saiamos percebi olhares femininos e masculinos me acompanhando até a porta da lanchonete.

*INTEGRAÇÃO ENTRE OS MUNDOS*  A MAIOR BATALHA DE ESPÍRITOS DA HISTÓRIAWhere stories live. Discover now