Capítulo 44 🍉

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— Não acredito que está acabando a sexta-feira — digo, enquanto descemos as escadas, Ingrid e eu, para o intervalo das aulas.

— Você tá comemorando o final da primeira semana de aula? — Ingrid leva a mão à minha testa. — Tá doente, Mona? Achei que a primeira semana fosse um paraíso pra você.

— É, bem... essa não foi. — Dou de ombros e pulo dois degraus para chegar no corredor de baixo mais rápido.

Ao todo, dez novos alunos entraram na nossa sala. Seis garotos. Três bonitinhos, três muito bonitos. E zero que chamaram minha atenção além da beleza que se destaca em primeiro momento. Na verdade, eu nem os achei tão bonitos assim, só ouvi os comentários. Especialmente de Mari, que debochou de Gustavo durante os cinco dias, nos intervalos, passeando para lá e para cá com Martín, um dos garotos Uruguaios que se matricularam na nossa classe.

Mas, para mim, zero interesse. Estranhamente.

— Ei, estão indo pra onde?! — A voz de Marília faz a gente girar os corpos nos calcanhares ao mesmo tempo.

— Queria estar indo pra casa, mas ainda temos umas três aulas — respondo, suspirando. Meu estômago ronca quando sinto cheiro dos salgados vindo da cantina, e começo a rumar meus passos para lá.

— Vai começar o treino dos garotos do futsal. — Mari dá a informação animada, esperando que correspondamos.

Ingrid e eu continuamos olhando para ela, esperando mais.

— Então a gente encontra com você depois. — Ingrid propõe.

— Não! Vamos assistir.

— Ué, por quê? — questiono. — Eu só assistia aos jogos porque não dava falta nas aulas, e era até legal. Mas treino? Não, obrigada.

Marília está maquiada. Ela chegou, às sete horas da manhã, já maquiada — não sei a que horas ela acorda para conseguir um delineador perfeito tão cedo — mas não estava assim tão brilhante há dez minutos.

— Mari, você tá falando com as pessoas erradas — diz Ingrid, e se junta a mim no caminho à comida. Tudo o que importa agora.

— Todo mundo está lá. Não tem mais o que fazer aqui no intervalo, então... vamos!

— Tem a mesa de pebolim — digo. — E pela primeira vez está vazia! Nossa chance de jogar.

— Mona, eu lembro da última vez que a gente jogou. A bola voou e quase bateu na lâmpada lá em cima. Edison só faltou nos matar, não lembra? — Marília está de braços cruzados, levantando pontos até que muito bons.

— Eu só não queria ver um monte de garotos jogando a bola pra lá e pra cá sem nem valer ponto.

Me coloco atrás da última pessoa na fila da quermesse e vejo quando a última fatia de pizza é levada. Droga.

— A gente pode ficar lá depois do treino.

— Ah, tá. Até parece que Edison vai deixar isso passar — Ingrid contrapõe.

— Às vezes, quem sabe?! Vamos, vamos, vamos?! — Mari junta as mãos como numa prece, e aperta os olhos. Ela tem um poder de persuasão muito alto.

Jogo a cabeça para trás, bufando, e aceito.

— Com uma condição.

— O quê?

— Você paga meu croissant. Porque a pizza acabou, e eu só tenho dinheiro pra isso!

— Tá.

Peixe Fora D'águaOnde histórias criam vida. Descubra agora