Capítulo 18 🍉

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Eu amo noites de verão.

Não é surpresa para ninguém que o verão é minha estação do ano favorita, e se eu pudesse, passaria as vinte e quatro horas do dia na praia, sentindo a areia nos pés e o mar trazendo a brisa para o meu rosto.

Mari, Ingrid e eu estamos a duas ruas da praia, e eu já sinto o vento batendo mais forte no rosto, o ar diferente que rodeia essa parte da cidade. Quando o mar brilha no horizonte, refletindo a luz da lua, não evito sorrir.

Não consegui falar com Eduardo ontem à noite, por mensagem no MSN. Depois que voltei para o meu quarto, chequei a lista de pessoas online e estava do mesmo jeito, sem alterações no status dele desde mais cedo, então, desliguei o computador e me preparei para dormir. Quando estava deitada, não pude evitar imaginar como seria o começo de nossa conversa online, de diversas formas. Como seria passar a noite inteira trocando mensagens com Eduardo, e depois a imaginação foi ainda mais longe, trocando a tela do computador por um cenário real. Como seria passar a madrugada inteira na companhia dele, conversando e rindo, sem ter que atender clientes ou ser interrompidos pela queda da internet...

— Hein, Ramona?

Sou chamada de volta para a Terra por Mari, estalando os dedos em frente aos meus olhos. Estava divagando sobre as mesmas coisas novamente.

— Ele está? — Ela pergunta.

— O quê? Ele quem?

— Eduardo. Ele já está na praia?

— Não sei.

Também não falamos, hoje na doceria, sobre o assunto mensagens online. Na verdade, mal nos falamos no geral, pois a crise com os fornecedores de tortinhas continua, e passei o dia na cola de Alicia, tentando fazê-la se acalmar sempre que alguém chegava no balcão perguntando pelos doces.

— Ah, não interessa se ele está ou não. Estou mesmo é animada por você estar aqui, pelo menos uma vez, sem aquele imbecil na sua cola. — Ingrid olha para o horizonte, sem focar em nenhuma de nós duas, mas Marília e eu sabemos a quem ela se refere.

Com o canto do olho, vejo que Mari retesa a mandíbula, tensa.

— Nem o celular você trouxe, né?! — Ela não espera Mari responder e logo se vira para mim. — Nem o celular, Mona! Isso é um milagre. Eu tou tão feliz!

A empolgação de Ingrid contagia a Mari e a mim, e nós duas atravessamos a avenida na faixa de pedestres tão saltitantes quanto ela. Do outro lado está o calçadão, os coqueiros, as barraquinhas de suco natural, a areia. Talvez eu esteja realmente empolgada.

Desde a festa de encerramento do ano letivo no Rui Barbosa que eu não saio de casa para me divertir, além de noites perdidas em que dormi na casa de Ingrid, ou passei a madrugada jogando GTA com meus irmãos.

Podíamos andar pelo calçadão até o ponto de encontro para o luau, em frente ao posto nove, mas eu insisto para descermos até a areia, e tiro os chinelos para sentir os grãos entrando nos espaços entre meus dedos. Vou um pouco mais e paro na parte onde vejo a areia molhada, esperando que chegue até mim. Eu amo o verão por poder usar roupas curtas, vestidos esvoaçantes e alças finas, e não ter que me preocupar com a calça jeans com a barra ensopada ao de repente decidir ir à praia no meio do dia—ou da noite.

Sinto respingos de água molhando minhas costas e me assusto, mas olho para trás e pego Ingrid no flagra. Ela prepara um novo chute na água, então saio correndo antes que esteja encharcada.

Meus passos vão diminuindo a velocidade quando vejo o posto nove à minha frente, e me recomponho. Ingrid continua correndo e quase me derruba na areia ao pular nas minhas costas, tentando se equilibrar para que eu a carregue.

Peixe Fora D'águaWhere stories live. Discover now