Capítulo 6 🍉

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"VOCÊ ESTÁ MOLHADO. SÓ ESTOU QUERENDO AJUDAR."

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— Foi um mal-entendido... — digo.

— A cotovelada?

— Não, o pedido recusado — corrijo ligeiramente, mas logo percebo como soou. — Quer dizer, sim, a cotovelada também.

Balanço a cabeça de um lado para o outro, me sentindo de alguma forma desconfortável. O olhar de Eduardo, que me encara como se tentasse desvendar o que está acontecendo aqui, não ajuda.

— Entendi, então a cotovelada foi só uma dose de raiva matinal.

— Não — esfrego as mãos no rosto e suspiro. — Desculpa. Eu não queria machucar ninguém, foi sem querer. E nem foi tão forte assim.

Ele massageia o lugar onde bati mais cedo.

— Tá dolorido.

O encaro buscando indícios de brincadeira, mas ele está sério. Durante alguns segundos, nos mantemos assim, até que Eduardo quebra a cena congelada e se agita de repente, levantando a abertura do balcão e para ao meu lado.

— Onde eu posso me secar?

— Ah! — Me mexo num sobressalto. — Foi mal. É aqui — aponto com o braço para a porta do banheiro. — Tem uma toalha limpa no armário em baixo da pia. E tem um uniforme também...

— Você não tá de uniforme — aponta ele.

— Hum, — Apoio uma mão na cintura e com a outra, balanço o dedo indicador em frente ao rosto. — Bem observado.

O único uniforme que já foi feito para usarmos aqui na Loja foi um desastre total. Foi e voltou para a confecção diversas vezes, e só piorava. Da primeira vez veio uma camisa branca com a estampa toda em branco também. Voltou. Aí chegou uma camisa tingida num rosa choque que doía os olhos, e as letras amarelas cegando qualquer pessoa que ousasse olhar para aquilo. Vai e vem e volta... acabamos com um uniforme branco de estampa azul clara quase ilegível, e Mama decidiu abandonar a ideia.

Explico tudo para Eduardo.

— E também vieram em tamanhos muito grandes — finalizo.

— Não vou usar isso — ele despreza o uniforme.

— Você está molhado — pontuo, e levanto as mãos com as palmas viradas para cima — eu só estava querendo ajudar.

Viro-me de costas, mas ouço-o suspirar pesadamente, sabendo que eu vou escutar.

— Se eu usar, — começa a falar, num tom com doses de alegria — você também usa.

Giro o corpo nos calcanhares e o olho de soslaio.

Ele me encara com as sobrancelhas arqueadas, até que eu me convença de que não tem nada demais.

— Tudo bem, vai. Eu uso.

Ele passa por mim de cabeça baixa, mas vejo um lampejo de sorriso em seus lábios. Apoio as mãos em cima do balcão e olho para um ponto fixo do lado de fora da janela, onde a chuva continua caindo, ainda com força.

— Você está sozinha aqui? — Ouço a voz dele perguntar de dentro do banheiro, soando distante.

— Sim — digo, e me viro para a porta. Ela se abre, e Eduardo aparece com as camisas na mão. Joga uma delas para mim e entra de novo no banheiro. Olho para os lados e me pergunto se ele quer que eu troque de roupa aqui, do lado de fora.

Quando ele abre a porta, peço silenciosamente que saia do caminho para eu entrar, e ele dá um passo para o lado.

— Foi mal.

A camisa fica grande demais, como me lembro. As mangas são compridas, quase como 7/8. Se o modelo tivesse sido preparado para esse estilo, até que seria aceitável, mas é uma manga desproporcional, folgada demais, como todo o restante da roupa.

Subo num banquinho de madeira, me equilibrando com medo, para poder ter uma visão do corpo inteiro no espelho acima da pia. Parece que não tenho silhueta. Poderia muito bem ser só um espantalho com uma camisa jogada por cima, e ninguém notaria a diferença.

Penso em tirar a camisa, mas Eduardo bate na porta nesse momento.

— Não vai sair daí sem o uniforme, hein? Posso sentir que você tá desistindo.

Reviro os olhos e não respondo nada.

Junto todo o tecido da barra da blusa em uma mão e torço o pano para formar um nó franzido. Nas mangas, faço dobras, como minha mãe costumava fazer nos meus uniformes escolares que só tinham disponíveis em números maiores, e aquilo acabou virando rotina. Com o ajuste feito, abro a porta e apoio as mãos na cintura.

— Pronto! — Me apresento.

Ele tenta assobiar, mas percebo que não sabe como. Aí então levanta os dois polegares.

— Está... — ele demora um pouco e balança a cabeça para cima e para baixo, depois coça a garganta — legal. Será que se eu fizer o mesmo as pessoas vão reclamar?

Tento imaginá-lo com a camisa enlaçada na cintura. Abro um sorriso.

— Provavelmente. Mas seria incrível.

Como minha calça é de cintura alta, nenhum pedaço de pele da barriga está à mostra, mas o jeans de Eduardo não é nada cintura alta. Está até um pouco baixo demais... não que eu estivesse olhando. Só é a forma que os garotos usam hoje em dia.

— Então — ele bate uma palma, mudando de assunto. — É você quem vai me treinar?

Ele me olha, buscando confirmação. Mas nem é preciso muito para saber a resposta. Os cantos dos meus lábios se repuxam involuntariamente.

— Sim. Sou eu.

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OI, EDUARDO, PODE ENTRAR NO MEU CORAÇÃO!!!! hhahaha

esse foi o último capítulo da maratona de estreia, então preciso que vocês me digam qual melhor dia para postagens? Me digam dois dias, e eu vou escolher para fixar no calendário de postagens, OK?? <3 <3 

beijos

amo vcxsss

Peixe Fora D'águaWhere stories live. Discover now