We just need time sometimes

708 49 0
                                    

O carro estava em completo silêncio. Paul trocava o olhar da estrada para a noiva, que seguia com a cabeça encostada na janela de vidro.

- Pensei em pararmos para comer um hambúrguer - Ele quebrou o silêncio. 

- Carlisle disse que não posso comer nada pesado por uns dias, para ajudar na produção de hemoglobina. - A bruxa respondeu seca sem tirar os olhos da paisagem. - Foi a condição para eu ser liberada.

- Acho que Sue estava fazendo uma sopa, aquela de ervilha que você gosta - O lobo encarou novamente a noiva que apenas concordou com a cabeça.

- Alguém vai estar esperando a gente em casa? Porque eu não quero ver ninguém agora, eu fui bem clara - Maya olhou para a primeira vez para o moreno.

- Não, todos entenderam bem o recado de que precisamos de um tempo. - Ele completou assim que estacionou. - Se quiser ficar na casa do seu pai por essa noite.

A bruxa desceu rapidamente do carro para dentro da casa em que os dois já estavam morando, deixando o lobo lá fora.

Ela foi direto em direção ao quarto, ela sabia que diversos olhares curiosos estariam na janela, com toda certeza a fofoca de que algo havia acontecido com ela já corria solta pela reserva.

Maya entrou no quarto do casal e a deitou na cama, ela fechou os olhos tentando pregar o sono, mas aquilo parecia impossível. Desde que acordou no hospital e recebeu a noticia de que realmente tinha perdido seu bebe, a bruxa não conseguiu dormir mais de uma hora, a ameaça que tinha feito aos seus ancestrais estava sendo paga com pesadelos, mas ela estava enfurecida com eles, não iriam pregar a peça que queriam tão facilmente.

Ela voltou para a realidade quando sentiu Paul sentar ao lado dela. O garoto não desgrudou dela por nenhum momento e por mais que ela quisesse ficar sozinha, sabia que aquela dor também era dele. Ele também tinha perdido um filho, e ela foi covarde o suficiente para deixar na mão de Carlisle para contar a ele. Ela não conseguiria olhar nos olhos dele e contar que, mais uma vez, a vida dos dois estavam sendo atrapalhada por besteiras e mentiras de sua família. 

Vergonha era a palavra que ela sentia quando olhava para Paul, vergonha de conseguir ser corajosa o suficiente para contar a ele. Ela sabia que contar a ele era assumir sua culpa, mas ela sabia que ele tinha direito de saber de tudo. 

- Eu sei que está passando mil coisas na sua cabeça bruxinha - o lobo começou percebendo o olhar confuso da noiva - Mas nós estamos juntos, diferente de anos atrás, estamos juntos e passaremos por isso junto. Seja na alegria ou na tristeza.

Maya acordou novamente com muita dor de cabeça, já fazia três dias que ela tinha sido liberada, ela não tinha soltado uma palavra até então, ela não tinha vontade de nenhuma. A rotina dela se baseava em levantar, tomar um banho no banheiro do corredor evitando o do casal onde o incidente aconteceu, comer algo e voltar para cama.

Dentro de sua caixa do nada, onde sua mente apenas seguia movimentos e padrões cotidianos, a bruxa foi em direção ao banheiro pegar um remédio para enxaqueca quando ficou parada na porta do banheiro da suíte, ela não sabia como estaria ali e se os rastros do aborto foram apenas espirituais como Carlisle pensava.

- Se você se sentir melhor, pode usar o banheiro do corredor - Paul disse assustando a morena - Mas Emily e Paul limparam nosso banheiro no mesmo dia, eles acharam que não seria bom para nenhum de nós chegar e ter que fazer isso. - Ele viu que a bruxa apenas concordou - Te espero lá em baixo, tome um banho tranquila, vai te fazer bem. 

Paul conhecia bem Maya, sabia que a menina entrava bem pouco em uma zona de auto defesa, mas quando entrada ela era um zona solitária e muda. Aquilo era auto destruição que ela mesma se colocava. A mesma coisa aconteceu quando a mãe da jovem faleceu, e por pouco Maya não entrou em depressão, e ele não queria que a mesma coisa acontecesse.

A magia que habita em nós | Paul LahoteWo Geschichten leben. Entdecke jetzt