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     Alina estava diante daquele portão de embarque,chorando por medo de tudo não ocorrer como planejado,com medo de que todos os esforços fossem em vão e que sua vida estivesse baseada em somente em um mundo escuro e silencioso. A advogada sabia que poderia haver grandes chances de voltar para casa podendo enxergar tudo aquilo que sentia falta,no entanto, também era bom levar em consideração a possibilidade de que tudo se tornasse apenas uma perda de tempo.

     A mulher acreditava que, quando se nasce com tal deficiência e se vive uma vida inteira às cegas e perdida em um mundo escuro, é completamente irrelevante uma cirurgia daquela magnitude,as espectavas se baseavam em somente porcentagens. Mas,em seu caso,quando um acidente lhe tira algo que sempre fez parte de si,a frustração pelas poucas chances de ter um resultado positivo,lhe faz sentir insegurança e pavor. Alina queria fazer aquela consulta e realizar as cirurgias propostas,no entanto,sentia medo de que tudo fosse uma perda de tempo.

       Sob o toque de seu irmão e as vozes de seus pais em uma despedida,Alina suspirou e secou seu rosto por trás dos óculos escuros: havia acordado com certa irritação em seus belos olhos. Um pouco distante,sob o compreender da família da menina,Dylan lhe observava,seus sentimentos estavam confusos e lhe pedia para que se aproximasse,no entanto, sabia que não poderia,ao menos não naquele momento.

      Dylan não lhe culpava por seus impulsos e tão pouco,pela forma como havia decidido lidar com todos os acontecimentos. O empresário era racional o bastante para compreender que,com o peso dos acontecimentos e perdas,Alina se via obrigada e sobrecarregada o suficiente para não conseguir assimilar tudo sob pressão. Ela havia perdido o filho de ambos. Dylan sabia que a culpa não era dela e jamais seria,sabia que as circunstâncias levaram àqueles acontecimento,no entanto,achava injusto a forma como ela se afastou de si por semanas,injusto a maneira na qual insinuou não querer mais nada consigo.

      Então,por mais que ferisse ambos,o rapaz não conseguiria ignorar o descaso que sofrera, não saberia disfarçar algo que havia lhe machucado. Seria o mesmo que ter uma cicatriz em sua pele e pedir para que esquecesse a forma na qual fora feita. Ele estava em seu direito, assim como Alina esteve,no entanto,teria de assumir suas consequências,aceitar que haveria um preço alto a se pagar.

     Alina e Rafael embarcaram. E em um suspirar profundo, Dylan sentou-se em um dos acentos daquela sala de espera e fechou os olhos em um cansaço no qual jamais saberia explicar. Então,no momento em que Sabrina e Leonardo se aproximaram e tocaram em seus ombros,soube que teria de assumir suas decisões e dar continuidade a tudo aquilo que planejava.

      — Alina quis que você compreendesse os motivos dela,queria que pudesse se colocar no lugar em que ela se encontra e se permitir sentir as dores que carrega. Jamais quis que você esquecesse,mas desejou que não fosse tratada com indiferença e desprezo...— sorrindo de forma maternal, Sabrina acariciou os fios de cabelos de Dylan — ela te ama!

      Dylan entendeu o que a mais velha estava dizendo,compreendeu o que realmente deveria ter acontecido entre sí e aquela que deixou a cidade. Contudo,se tornava uma luta interna ao pensar em poder ignorar aqueles acontecimentos e dar voz ao sentimento que carregava dentro de seu peito e coração, não era nada fácil e simplificado.

        — Estamos em situações opostas, Sabrina. Sua filha ainda não compreendeu que não está presa em uma relacionamento abusivo, não abriu os olhos para a nova realidade que está a sua frente. Alina está presa a um ambiente que criou somente para conter a situação tóxica que vivia ao lado do ex marido...— Dylan se colocou de pé, demonstrando sua frustração — amo ela e isso é algo que não posso negar jamais,contudo, não estou disposto a viver sob a sombra de insegurança.

       Então, mesmo que tivesse um respeito enorme por Sabrina e Leonardo, Dylan deu as costas e saiu daquele local. Ele se vi em um mar de sentimentos sufocantes,sabia que apesar dos pesares, não conseguiria deixar de amar e presar pela felicidade de Alina, contudo, estava farto de viver como se não fossem um casal: em teoria,um relacionamento se baseia em confiança,e partilhar as ideias e opiniões,os conflitos e soluções para os problemas. Contudo, olhando para a forma como estavam vivendo - mesmo em tão pouco tempo - estava claro que ela não estava agindo como tal.

Seus olhos| Conclusão Em Breve |♡Onde as histórias ganham vida. Descobre agora