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     Você não pode querer carregar o mundo em suas costas, não pode simplesmente criar uma vida na qual não está designada a ser vivida  por você. Em um vasto campo de escolhas,se deve estar ciente que as boas opções foram tiradas de você sem que ao menos percebesse, aqueles que jurava lhe prestar alguma ajuda foram os primeiros a subir em suas costas e lhe afogar em uma poça de lama. Se a vida e o destino não são bons com você,por que os seres humanos seriam?

     Dizem que o seres foram criados para compartilharem de sua presença e ajuda,para cederam a mão em um momento de necessidade de outros,no entanto, esqueceram de remover aquele sentimento,aquele desejo absurdo de se tornar superior,aquela necessidade de pisotear em todos aqueles que ousassem se aproximar. São primitivos, predadores prontos para atacar e devorar a carne daquele que tanto abraçou e chamou de amigo.

      Então,para Alina,que estudou cinco anos de sua vida,defendeu pessoas diante a um juíz prestes a lhe condenar por crimes cometidos ou não,isso não passava de um acontecimento natural da vida, não deixava de ser um marco que os seres humanos tomaram por hobby e detalhe em sua personalidade suja. Ela havia tido o desprazer de conhecer homens e mulheres capazes de tudo,capazes de manipular quem fosse, somente para conseguir o que mais desejavam em suas vidas sórdidas e vazias.

      Alina Rousseau havia estado diante tantas pessoas,havia presenciado tantos testemunhos,descoberto a podridão dentro de um corpo tão belo,mais que sempre seria vazia: ambição, egocentrismo,tudo isso não passava de sentimentos e emoções fúteis,coisas que apenas provocavam o vazio e solidão. Então,para Alina,seu marido era semelhante aqueles homens e mulheres,era tão podre quanto uma fruta em decomposição.

      A realidade sempre esteve diante seus olhos,embaixo de seu nariz e na palma de suas mãos,ela apenas se negou a acreditar que aquele homem, aquele que lhe jurou fidelidade em um altar,jurou proteção e felicidade poderia ser capaz de algo tão baixo e vulgar. Mas estava ali,diante a um muro,tendo de escolher qual lado ficaria, onde desejaria estabelecer seus novos passos futuros; ela sabia o significado,afinal,se ficasse onde estava,estaria sempre caminhando para trás,sempre se condenando a uma vida de angústia e feridas. Mas se decidisse seguir em frente, atravessando aqueles portões, teria a chance de ver as cores sendo devolvidas à suas paredes cinza.

    […]

      A noite pareceu ser tranquila,a mente marcada por pesadelos de tudo o que Domínik lhe causara e a sensação de estar em perigo haviam desaparecido. E quando acordou, sentindo braços fortes contornando sua cintura, Alina sorriu abertamente e se permitiu suspirar,se deixou aproveitar aquele abraço caloroso e protetor.  Gostava daquela sensação,prezaria pela existência dela todos os dias se necessário fosse,cuidaria daquele sentimento que crescia dentro de seu coração,o alimentaria de todos as formas possíveis.

        Sabendo ter de voltar a clínica na qual frequentava todos os meses, Alina se moveu lentamente e se levantou daquela cama. Sentou-se sobre aquele acolchoado,alongou o corpo e se preparou para seguir em direção a seu banheiro. No entanto,no momento em que se colocara de pé e dera o primeiro passo,acabou encostando em uma poltrona nos pés da cama,o que lhe fez cair de brucos naquele piso coberto pelo carpete.

       Dylan,que ainda se encontrava adormecido,acordou de abrupto e se levantou daquele acolchoado. Estava aéreo a tudo,afinal,havia despertado pelo susto que o barulho naquele quarto lhe causara. Contudo,ao olhar para o chão,se assustou ao encontrar Alina,ainda sentada enquanto parecia frustrada com algo, então,apenas suspirou profundamente sabendo o que havia acontecido.

       Alina conhecia cada canto de seu apartamento onde morava com Domínik,tinha noção de como andar na casa de Dylan,sabia contar cada passo que precisaria ser feito sem que acabasse trombando em algo. Sua família fazia questão de apresentar os lugares para ela, lhe mostrar todas as mudanças feitas desde que perdera sua visão,no entanto,havia esquecido de mencionar que aquele quarto - onde ela tinha como seu desde que morava com os pais - não se encontrava como ela tinha o deixado anteriormente,pequenas mudanças e complementos foram aplicados.

Seus olhos| Conclusão Em Breve |♡Where stories live. Discover now