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     Dizem que quanto mais se pensa em alguém,mais importante ela se torna em sua vida. E para Alina  não era novidade, afinal não conseguia se imaginar abandonada por ele, não se enxergava afastada daquele que tanto lhe acalentou em momento de fragilidade. No entanto,ela se perguntava,se questionava como poderia mudar aquela situação,como trairia Dylan de volta para sua vida,sem machuca-lo como havia feito.

     Se encontrava sentada em sua cama, ouvindo as diversas mensagens gravadas que recebera. Seu escritório estava sendo coordenado por sua secretária,todas as ligações e casos estavam sendo repassados para si,mesmo que estivesse afastada. Em teoria,a menina não precisaria deixar de trabalhar naquilo que amava e estudou por cinco anos, entretanto,em sua mentalidade abalada por tudo o que aconteceu,ela já não se via como uma boa profissional.

     Alina era advogada criminalista,e por mais que tivesse recebido conselhos de seus pais para seguir em outra área,ela insistiu,pois se identificava, conseguia se ver diante de um tribunal; defendendo seus clientes, garantindo que prossigam com uma vida longa e distante de qualquer problema com a lei. Ela sabia que em alguns casos,poderia sofrer por ameaças de familiares e pessoas as quais foram punidas; afinal,a defesa também condena,um lado sempre se torna prejudicado. 

     Dentre seus meses trabalhando e desde seu estágio, Alina acumulou alguns casos ganhos,assim como adquiriu alguns inimigos. A menina vivia sobre proteção pessoal,sempre saia com alguém de confiança,ou com um dos seguranças que seu pai exigia que aceitasse. E de uma forma impressionante, a mulher não se intimidava com as ameças, não se privava por causa de algumas mensagens e cartas,aquilo tudo fazia parte de seu cotidiano.

    Mas não pararia somente ali; ela queria sentar em um cadeira e julgar os casos,sonhava em segurar aquele martelo e bater contra a mesa, anunciando a sentença de criminosos,até mesmo,de inocentes. Em sua mente, diferente da sociedade corrupta e egocêntrica, Alina tinha conhecimento de como funcionava esse meio,de como tais profissionais trabalhavam; um advogado defende aquilo que lhe foi apresentado,certo que em algumas situações, é exigido táticas mais complexas,afinal,são pessoas ganhando sua vida da forma que escolheram. Assim como o acusado buscou pelo que estaria lhe acontecendo. Já um juiz,esse apenas decreta o tempo que julga necessário,pois a condenação - culpado ou inocente - é o corpo de jurados que dão a palavra. De forma mais clara: Alina achava completamente injusto o que as pessoas faziam e como condenavam as pessoas que prezavam pela ordem e justiça.

     Quando terminou de ouvir seus recados, Alina suspirou e se levantou, caminhou até a porta de seu quarto. Queria algo para comer. Então,por conhecer cada centímetro daquele duplex,desceu os degrais um a um, tocando no corrimão até que estivesse na sala de estar. Estava sozinha, Lêda não poderia lhe fazer companhia durante o restante do mês,afinal,estava se preparando para as provas da faculdade.

     Aquela era a parte que mais odiava. Alina aceitava que suas condições exigiam certos cuidados,admitia que estava vivendo em um mundo completamente negro e em alguns momentos,silencioso. Entretanto,sobre a pressão de ter tido sua visão por uma vida longa ela se frustrava,se sentia agoniada com todos aqueles obstáculos. Em muitas vezes,quando se pegava sozinha em algum canto daquele apartamento,sua mente lhe pregava peças,onde desejava ter tido uma morte rápida naquele acidente,desejava nunca ter saído com vida. Ao mesmo tempo que aceitava, Alina se negava a viver uma vida na escuridão.

      Sua campainha fora tocada,o que lhe fez franzir o cenho, afinal,o porteiro e segurança sabia que nunca,em hipótese alguma, deveria permitir alguém subir até aquele andar sem ao menos lhe avisar. Então,mesmo que estivesse indo contra as regras que seguia,ela  atendeu a pessoa que " batia" contra sua porta,e pelo perfume,soube ser uma mulher.

       - Não deveria atender a porta sem perguntar quem possa ser, ceguinha! - Alina tencionou o corpo ao perceber de quem se tratava.

     Sendo empurrada para o lado,a advogada suspirou e fechou a porta,afinal,sabia que enquanto Ashley não dissesse o que desejava, jamais deixaria sua casa. Então,tendo uma noção de que ela havia se sentado sem ao menos ser orientada, Alina cruzou os braços sobre o peito e se apoiou contra a parede lisa e em tonalidade branca.

     - O que veio fazer aqui, Ashley? - seu questionamento causou um sorriso sarcástico na garota,essa que se divertia com o olhar sempre vago de Alina.

      - O meu assunto a tratar com você é somente um...- se pondo de pé,caminhou até a mais baixa - ceguinha,acha mesmo que pode se envolver com Dylan? O que pensou ao beija-lo? Que ele faria o que seu maridinho não faz? Olhe para você, Alina! 

     Era uma boa pessoa,prezava pelo bem daqueles que lhe importavam e jamais havia se alterado com alguém, contudo, naquele momento, Alina desejou poder estrangular a mulher que se encontrava poucos centímetros de distância. Entretanto, apenas engoliu todo o seu ódio e sorriu mínimo, deixando claro que,ao contrário do que poderia pensar,ela não se sentiria abalada com aquelas palavras.

     E com a mente mais limpa e calma, Alina finalmente assimilou algo: como Ashley sabia sobre sua vida com Domínik?. Não precisaria muito pensar,sabia que aquela mulher estava se envolvendo com seu marido,era uma das amantes que tanto agradavam o empresário, e por mais que estivesse lhe doendo confirmar algo daquela magnitude, a advogada se manteve estável.

      - Não se cansa, Ashley? Estando sempre atrás de mim, tentando me machucar, tentando me tirar tudo o que tenho. Qual seu intuito? - questionando, Alina girou a cabeça em sua direção, como se pudesse ver a mulher ali. Ashley até cogitou a possibilidade.

     Ashley estava sempre atrás e sendo a sombra ruim de Alina. A mulher não a suportava, tentava a todo custo sabotar os planos e vida da advogada,era como uma disputa para provar - a si mesma - ser melhor,algo completamente vulgar e soberbo. E dentre todas as pessoas, somente Alina se permitia enxergar sua verdade face,sua personalidade cruel e ambiciosa,algo voltado para o lado macabro, afinal,ela sabia até onde aquele mulher poderia ir para conseguir o que tanto desejava.

     Ashley não gostava de Domínik,apenas se tornou sua amante para ter a certeza e garantir que Alina sairia ferida daquele relacionamento. Não amava Dylan, gostava dele e até se divertia tendo noites longas e prazerosas,mas nunca o viu mais do que um amigo,talvez fizesse parecer o oposto,no entanto,jamais passaria de amizade. Seu único objetivo sempre estava em afetar a advogada, sempre em querer vê-la derramando lágrimas sem fim,era um ódio doentio.

Seus olhos| Conclusão Em Breve |♡Where stories live. Discover now