Miss Scarlett e a escrava bra...

By Span_sp

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A história se passa no Brasil Colonial do século XVIII e tem como personagem principal Scarllet que teve uma... More

Apresentação - Visão geral da história
Introdução
O casamento
O primeiro dia após o casamento
Os meses seguintes
O impedimento de Francisco
Os meses seguintes a morte do escravo
A humilhação a Scarlett se intensifica
Uma possível saída para Scarlett
A afronta e a resposta
Scarlett visita Josefa
Os anos seguintes
A morte
A imensa herança deixada pelo pai
A descoberta
Um novo encontro com Josefa
A execução do plano
O começo da mudança
O outro dia
O início da vingança
A conversa com Josias
O susto de Josias
Os dias seguintes
O fim do luto se aproxima
Um novo encontro com Justina
Scarlett visita Josefa no seu último dia de luto
O fim do luto e a apresentação da verdadeira Scarlett
O começo das punições
Os cuidados com Justina
O início dos trabalhos no novo regime
A história da intensa punição chega ao povoado
A intimação
Uma visita a sua melhor amiga
A audiência
O dia seguinte
O domingo
O castigo mais profundo
A recuperação
A greve
O outro dia
O psicológico
Forçando a comer
O sábado
O Domingo do acerto
O tratamento de Justina
A semana seguinte
A comunidade descobre o ocorrido
A visita de Josefa
A visita do padre
O restante do dia
A descoberta dos devedores
A terceira semana após o intenso castigo
A produtividade
A violência de Scarlett
As horas seguintes
A boa notícia aos escravos
O banquete
O restante daquele dia
A conversa com Justina
O restante daquele dia
A terça-feira
A quarta-feira
A quinta-feira
O sábado
O domingo
A visita a Josefa
O domingo
A Segunda-feira
O novo castigo
A quinta-feira
A sexta-feira
O sábado
O sábado anoite
O domingo
Os dias seguintes
A quarta-feira
A quinta-feira
Sexta-feira
O sábado
O domingo
O dia seguinte
O enterro de Justina
Os anos seguintes
Uma nova visita a Josefa
O domingo
A encomenda
A busca
A negociação
As origens daquela escrava
Scarlett recebe a carta e a responde
35 dias depois, Scarlett conhece a sua nova aquisição
O encontro com Maria
O segundo dia
O primeiro castigo presenciado por Pérola
A segunda semana naquela casa
A recuperação de Pérola
O domingo
A segunda-feira
A terça-feira
A tarde daquele dia
O restante daquela semana
O domingo
A semana seguinte
O retorno de Artur
A promessa
Alguns meses depois
Scarlett chama Artur para o primeiro encontro
O dia seguinte
O encontro com Tisa
A curiosidade de Pérola e a situação de Catarina
As novas tentativas de Scarlett
Uma nova conversa com Gertrudes
Um novo encontro de Catarina e Pérola
O dia seguinte
Os meses seguintes
A proposta
Uma Scarlett incontrolável
Os dias seguintes
Um novo castigo
Semanas depois
Uma nova conversa com Antônio
A fazenda sem Scarlett
Os dias seguintes
Os acontecimentos do passado
A quinta-feira
A sexta-feira
O retorno de Scarlett
A produtividade
O homem misterioso
A dúvida
A pressão para descobrir a verdade
A decisão de Maria
As horas após a punição de Maria
O plano de Scarlett
A verdadeira história do homem misterioso
O sentimento
O encontro de Pérola e Maria
Antônio Dias Filho prepara o plano de vingança
O domingo
Os preparativos finais para a vingança
A missa
Duas horas depois
O dia seguinte
O segundo dia após o ataque
A quarta-feira
A quinta-feira
A repercussão daquela ataque
As semanas seguintes
O aumento da desconfiança de Scarlett
As ocorrências após aqueles terríveis castigos
Uma conversa de Pérola com Gertrudes
Scarlett visita novamente Josefa
Uma nova conversa de Pérola com Gertrudes
As novas tentativas de Scarlett
A terceira revolta naquela fazenda
Scarlett retorna a fazenda
Os meses seguintes
Novos encontros com Pérola
A fúria de Scarlett
O castigo em Artur
O castigo de Pérola
Os dias seguintes
Um mês após aqueles castigos
A decisão
O passar dos anos
Os anos finais daquela viagem
A doença
O destino de Scarlett
Os meses seguintes
A mudança de ares
Os meses seguintes
A vingança
A paixão de Tomaz
A desilusão e a redenção
A preparação para a fuga
A fuga
Os primeiros dias após aquela fuga
A segunda fase daquela busca
Uma Scarlett incontrolável
O final daquele ano
A virada do ano
O retorno
A força de Pérola
O destino de Scarlett e da princesa
A vingança
A tentativa de recuperação
Os preparativos
Os acontecimentos seguintes
O ataque
O restante daquele domingo
Os dias seguintes
A continuidade daquela investigação
A situação de Scarlett
A versão de Scarlett
A preocupação de Antônio Dias Filho
Os dias seguintes
O destino de Scarlett
A adaptação
A vida de Pérola e Artur

A princesa

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By Span_sp

No dia seguinte, Antônio chegou e ficou impressionado com tudo o que havia acontecido. Logo pela manhã, ele começou a contabilizar os prejuízos, que foram enormes, o maior que aquela fazenda já havia tido em sua história! Ao chegar no engenho, todas aquelas máquinas recém-adquiridas estavam inservíveis. Elas, em sua maioria, eram feitas com engrenagens de ferro. Como em meio a aquele incêndio houve um aumento muito grande na temperatura, elas ficaram empenadas e as partes compostas por outros materiais queimaram, o que praticamente inviabilizava o uso daqueles maquinários.

No galpão, toda a produção estocada foi queimada, não sobrou praticamente nada para ser vendido. Por muito tempo Scarlett amargaria aqueles prejuízos e o retorno daquele imenso investimento que ela havia feito naquele maquinário adquirido para o engenho, jamais ocorreria. Antônio ficava ainda mais preocupado ao se lembrar que 60% da produção de cana-de-açúcar de Scarlett estava comprometida depois da queimada que ocorreu nas plantações e que 100 escravos haviam sido mortos naquele confronto. Outro fato que agravava, ainda mais toda aquela situação é que os escravos do grupo 1 estavam debilitados e nas próximas semanas não teriam condições de trabalho. Por fim, Scarlett ainda havia se comprometido a pagar uma boa indenização às famílias dos trabalhadores que estavam a vigiar aquela fazenda, o que reduziria ainda mais as suas reservas em ouro. Foi um ataque de proporções incríveis nas finanças daquela fazenda. Após realizar esses cálculos, ele vai conversar com Scarlett no escritório:

- Senhora as notícias não são boas.

- Eu vi o estrago que esses malditos fizeram ontem no meu maquinário novinho e no meu galpão. Acha que tem possibilidade de recuperação, pelo menos dos meus caros maquinários?

- Ter tem senhora, mas, elas nunca mais funcionarão da mesma forma. Perderão bastante a sua capacidade produtiva e terão que ser reformadas por um excelente serralheiro, que, provavelmente, cobrará uma fortuna para fazer esse trabalho tão especializado.

- Malditos escravos. Malditos escravos! Diz Scarlett demonstrando revolta em sua fala, quando complementa a sua fala com um questionamento: - De quanto é o meu prejuízo mais ou menos, Antônio? Você já tem noção?

- A senhora praticamente perdeu o seu maquinário que custou 22% das suas reservas em ouro senhora. Ela poderia lhe dar um rendimento que acresceria as suas reservas em outro de 1% ao mês em média. Como a senhora não conseguirá restaurá-las em menos de uns 6 meses e também ela não produzirá da mesma forma e o investimento, para essa reforma será de aproximadamente uns 10% para ela ficar minimamente funcional, o prejuízo é muito grande. Só do maquinário, isso vai lhe custar mais ou menos uns 40% da sua fortuna em ouro, entre investimentos e lucros previstos para os próximos meses. Além disso, perdemos os produtos estocados, que devem representar mais ou menos, uns 5% de suas reservas. Perdemos também mais 100 escravos, fora os 28 que havíamos perdido na semana anterior devido a aqueles castigos. Isso deve equivaler a mais ou menos o dobro do valor que representavam os estoques, mas, esses últimos, não estava quantificado nas suas reservas de ouro, são perdas de outros recursos não correntes. Senhora, é muito dinheiro! Diz Antônio demonstrando tristeza.

- Malditos! Isso representa quase 55% do que eu tinha de reserva em ouro. É um completo absurdo o que esses escravos fizeram! Acabou essa história de alforria. Nessa fazenda nenhum escravo é alforriado mais por aquela regra de produtividade.

- Mas, senhora, tinham escravos que faltavam 2 a 3 meses para serem alforriados? Diz Antônio com um semblante triste.

- Diga a eles para cobrarem isso dos revoltosos que me causaram todo esse prejuízo.

- Senhora. Eu sinto muito pelo que ocorreu, mas, eu avisei a senhora! Afirma Antônio.

Após ouvir essa fala, Scarlett quase cai para trás naquela cadeira de tanta revolta. Ela começou a gritar com Antônio de forma enfurecida:

- Vai ficar jogando isso na minha cara agora Antônio? Vai? As veias daquela senhora ao dizer aquilo estavam parecendo que iriam explodir de sua cabeça, de tanto ódio. Quando ela grita, complementando a sua fala: - Fora daqui Antônio!

- Mas, senhora, precisamos ver como vamos agir daqui pra frente para recuperar as suas finanças.

- Fora daqui Antônio!

- Senhora, podemos ter ainda mais prejuízos se não planejarmos isso.

- Fora daqui agora Antônio! Eu não quero te ver mais hoje na minha frente. E nunca mais me diga que me avisou que algo tão terrível poderia acontecer ou pela primeira vez eu posso ter vontade de ordenar que Tenório te mostre o quanto eu posso ser maldosa!

Aquela ameaça fez Antônio engolir seco, quando ele disse:

- Tudo bem senhora, não precisa disso. Eu já estou indo. Peço perdão pelo que disse. Diz ele ao sair imediatamente daquele escritório, caminhando para fora daquela casa, pegando o seu cavalo depois de descer aquelas escadas e se dirigindo para a sua casa.

Tenório ao ver que Antônio saiu após os gritos de Scarlett, ficou muito preocupado e logo entrou naquele escritório para saber o que estava acontecendo, quando encontrou aquela senhora chorando:

- O que foi senhora Scarlett? Questiona ele a abraçá-la enquanto ela estava sentada naquela cadeira.

- Eu estou perdida, esses escravos acabaram com um valor de aproximadamente 55% da minha fortuna em ouro, do dia para a noite Tenório. Diz ela a chorar ainda mais intensamente.

- Mas, senhora, 55% da sua fortuna em ouro, mesmo sendo muito dinheiro, não é razão para se desesperar dessa forma. A senhora ainda tem muito dinheiro e bens. A senhora ainda tem as suas terras gigantes e os escravos. A senhora ainda é a mais rica dessa região! Tem muito gado e porcos, além da plantação de cacau que não foi afetada.

- Eu estou com medo Tenório. Acho que essa é a primeira vez que tenho um medo tão grande em minha vida. Esses escravos estão muito revoltados comigo. Eles querem mesmo me matar e dessa vez eles chegaram muito perto. Aquele escravo me deu um tiro que mais dois centímetros teria me matado imediatamente. Diz Scarlett aumentando o seu choro.

- A senhora foi guerreira e atirou contra ele também o matando senhora. Acalme, eu estou aqui com a senhora, não confia em mim?

- Claro que sim Tenório. Você é o único homem no mundo que sei que não vai me decepcionar. Todos os outros me decepcionaram. Até Antônio que confiei tanto, lhe dei essa posição de administrar a minha fazenda, o pago um salário absurdo e lhe dei tudo que ele tem, parece que estar a gostar mais dos escravos do que de mim. Hoje ele veio jogar na minha cara de que tinha me avisado que os escravos poderiam se revoltar se eu os castigasse. Diz aquela senhora, desesperada, começando a chorar ainda mais intensamente.

- Os escravos se revoltam mesmo de tempos em tempos, das mais diversas formas senhora. Temos que demonstrar forças para eles, para que não sintam que estamos com medo ou derrotados. A senhora fez isso. Os venceu. Os outros estão morrendo de medo. Não vão mais atentar contra a senhora por um bom tempo.

- Será Tenório? Eu tenho medo que eles me ataquem de novo.

- Isso não vai acontecer senhora. Eu recomendo que a senhora não os castigue mais por um tempo. Pare com esses castigos por produtividade até a sua terra se recuperar. Estamos frágeis agora e precisamos contratar mais homens para a sua segurança. Se os castigar ou mantiver isso, pode ser que eles vendo a sua fraqueza, se rebelem novamente e, como estamos fracos, teremos dificuldade em te proteger.

- Eu vou precisar mesmo reforçar ainda mais a minha segurança! Eu estou com muito medo. Diz Scarlett a chorar nos braços de Tenório de forma ainda mais compulsiva, quando ele continua a tentar tranquilizar aquela senhora.

No outro dia, Antônio retornou a aquele escritório e pediu para conversar com Scarlett, quando ela, mais tranquila, o recebeu:

- Senhora, primeiramente eu gostaria de lhe pedir desculpas pelo que disse ontem. Afirma Antônio.

- Tudo bem Antônio, ontem eu também estava muito nervosa, mas já passou.

- Temos muitos problemas para resolver senhora e temos que tomar algumas decisões importantes.

- Quais as opções que tenho para melhorar as minhas finanças e não sofrer tantos prejuízos, depois de perder tantos recursos?

- Temos duas opções principais senhora. Uma delas é vender essas peças queimadas do seu engenho para alguém que queira recuperá-las. Isso faria a senhora ter um grande prejuízo, devido à diferença do preço de compra pelo de venda, entretanto, faria a senhora recuperar um pouco as suas reservas em ouro, o que seria importante para a senhora. Quando tiver mais dinheiro e a produtividade de cana-de-açúcar, que ficará baixa pelos próximos meses, aumentar, a senhora poderá comprar novas máquinas. Daqui uns três ou quatro anos, no máximo, se tudo correr bem, a senhora poderá fazer esse mesmo investimento novamente.

- Isso tudo Antônio? Que prejuízo! Eu estou impressionada. É isso que vosmicê sugere?

- Sim senhora. Eu acho que é o melhor a fazer. Pelo que me disseram, se optarmos por refazer as suas engrenagens e consertar as máquinas, elas devem produzir apenas 60% do que produziam quando novas. Acho que não vale muito a pena, fazer todo o investimento que é necessário para depois ainda não produzir tudo o que ela produziria se fosse nova.

- E quanto acha que eu consigo recuperar do meu investimento realizado na compra?

- Da forma que as peças estão, a senhora consegue vender e recuperar, na faixa de 30% do valor que foi comprado senhora. A senhora vai recuperar cerca de 10% das suas reservas de ouro.

- Já ajuda. Assim eu posso investir na compra de novos escravos, que parece que eu vou precisar né... depois de perder tantos.

- Sim senhora. A senhora perdeu quase 130 escravos nesse último mês. É um número muito grande.

A cada fala daquela, Scarlett demonstrava desolação em seu semblante e colocava as mãos sobre a testa. Ela estava muito triste com tudo o que aconteceu. Quando então ela questiona:

- Mais alguma recomendação sobre vendas e compras?

- Não senhora. O que tenho a dizer é que os escravos do grupo 1 ainda não tem condições de trabalho depois daqueles imensos castigos que sofreram na semana passada. Os escravos do grupo 2 morreram todos, portanto, temos, momentaneamente, apenas os escravos dos grupos 3 e 4 em condições de trabalho. Eu recomendo que a senhora compre novos escravos o mais rápido possível, para manter a produção de antes de todos esses acontecimentos das últimas semanas. Recomendo que a senhora compre com urgência, pelo menos mais 120 escravos, para repor os que foram perdidos.

- Eu vou adquirir. Mandarei que esses venham direto da África, pois são mais difíceis de se revoltarem porque não sabem muito bem para onde ir e não conhecem a nossa língua. Pedirei isso a um comprador hoje mesmo.

- Posso vender o maquinário do engenho danificado então?

- Pode. Acho também que essa é a melhor saída.

- Dividirei o grupo 3 para que eles possam ir trabalhando nas outras partes da fazenda enquanto o 1 não se recupera. Mas, pra isso, preciso garantir a elas que não terão mais punições por produtividade.

- Eu resolvi ontem, conversando com Tenório eu resolvi que vou extinguir essas metas de produtividade por um tempo. Eu estou muito vulnerável no momento com a minha segurança e quero que vosmicê contrate outros homens. Pode deixar o mesmo número que tínhamos anteriormente. Eu estou, pela primeira vez, aterrorizada com esses escravos.

- Sim senhora. Ontem nós esquecemos de calcular os pagamentos das indenizações aos mortos e para a compra de novas carruagens, pois as da senhora foram todas queimadas. Com esses valores, os prejuízos da senhora, podem somar em torno de 60% da sua fortuna em ouro.

- Eu percebi isso conversando depois com Tenório. Com relação a nossa versão, deu certo aquela história de que eles morreram devido a um incêndio? Questiona Scarlett.

- Sim senhora, não há comentário nenhum no vilarejo quanto a essas mortes. A maioria dos trabalhadores não pertenciam ao vilarejo ou as terras vizinhas e foram enterrados na própria fazenda. Apenas 12 pertenciam ao vilarejo e mesmo com a insistência das famílias, todos os caixões foram enterrados lacrados e essa história não saiu daqui de suas terras, como a senhora desejou. Assim, não teremos problemas para contratar novos homens, já que eles não saberão que aqui teve uma revolta. Quando eles sabem disso, cobram muito mais caro para poderem realizar o trabalho.

- Pelo menos uma notícia boa em meio a tantas ruins. Eu agradeço Antônio.

- Estou à disposição senhora. Eu vou me retirar para resolver então essas coisas.

- Obrigada e tenha uma boa tarde! Diz Scarlett já sendo mais cordial com o seu administrador, quando o vê sair daquele escritório.

Na parte da tarde, Scarlett recebeu então um dos comerciantes de escravos. Ela queria negociar a compra de 120 escravos vindos direto da África para poder reforçar a sua produção nos próximos meses, conforme foi orientada por Antônio.

- Olá senhora Scarlett, em que posso ajudá-la?

- Eu preciso de 120 escravos fortes para repor alguns escravos que perdi nos últimos anos.

- Mas, isso é um número de escravos muito grande senhora. Precisarei adquiri-los de um número muito grande de fazendas.

- Não, eu não quero comprar escravos de outras fazendas ou que já estejam no Brasil. Eu quero que adquira escravos vindos direto da África. Eles são mais difíceis de fugir ou se revoltar contra as minhas ordens.

- Mas, isso é um número muito grande de escravos para serem adquiridos em pouco tempo senhora. Acho que podemos ter problemas, pois, esses escravos que chegam da África, muitas vezes já chegam encomendados. Pode ser que, pela urgência, isso lhe custe um pouco mais caro.

- Não tem problema. Eu preciso recuperar a minha produção depois de algumas perdas que tive devido a essas queimadas em minhas terras. Portanto, se custar um pouco mais caro, não há problema.

- Tudo bem senhora, hoje mesmo estarei partindo com outros 15 homens para Salvador, para lhe trazer esses escravos. Acho que essa é uma das maiores negociações que já fiz na minha vida. É uma quantidade impressionante de escravos, adquiridos de uma só vez.

- Eu vou pegar o ouro para que possa negociar. Eu preciso desses escravos com a máxima urgência!

- Sim senhora. Trarei para a senhora assim que chegar uma embarcação da África ou mais de uma, permitindo que consiga essa quantidade de escravos. Tem certeza que não quer nem alguns brasileiros para que possam completar esse número?

- Não. Quero todos diretos da África. Insiste Scarlett.

- Sim senhora, será como a senhora ordenou.

Quando Scarlett chegou com o ouro, aquele homem disse que por aquele valor, ela conseguiria adquirir, aproximadamente, 80 escravos negros próprios para a lavoura, 30 escravas mulheres e outras 10 crianças, para compor o número desejado. Scarlett então concorda com a aquisição dos escravos naquelas proporções.

Aquela senhora tinha em mente que a maior parte dos escravos homens seriam direcionados para o espaço de Administração do grupo 2, o qual todos os escravos foram mortas na última revolta. A maioria das mulheres, ela colocaria para trabalhar no grupo 1, que havia perdido muitos escravos, fazendo um remanejamento de escravos da casa grande, para que pudessem trabalhar na lavoura, modificando, um pouco a sua força de trabalho e fazendo com que um grande número daqueles novos escravos não tivessem contato com outros que já viviam naquelas terras.

Após 20 dias, Antônio havia conseguido vender as peças daquele maquinário que havia sido queimado para um dono de engenho da Bahia. Ele conseguiu contratar também mais 40 homens para realizar a segurança daquela fazenda e os novos escravos chegaram para compor a força de trabalho daquelas terras, conforme Scarlett havia solicitado. Os escravos do grupo 1 haviam retornado para o trabalho e aos poucos a dona daquela fazenda foi ficando mais tranquila, mesmo tendo perdido boa parte das suas reservas em ouro.

Ao chegar na fazenda, aqueles 120 escravos foram então direcionados, todos presos aos grilhões, para a parte em que ficava os troncos daquela fazenda, no intuito de que eles fossem apresentados a Scarlett. Naquela época, normalmente, se comprava um número pequeno de escravos por vez. Era muito difícil alguém ter recursos para adquirir um número tão grande de escravos de uma única vez. Essa compra de um pequeno número de escravos, traziam algumas vantagens para os senhores, como a possibilidade de compra de escravos de várias tribos diferentes, o que dificultava a união e a comunicação dos escravos recém-chegados da África, dificultando as revoltas.

Como Scarlett adquiriu um número muito grande de escravos e pediu uma urgência muito grande para aquele comprador, ele teve que retirar os escravos de um mesmo navio negreiro, comprando muitos escravos de uma mesma tribo, algo que também era muito incomum. Dos 120 escravos adquiridos, 80 deles pertenciam a uma única tribo africana, muitos deles eram guerreiros extremamente fortes e uma das mulheres era uma princesa, também muito guerreira.

Aquela senhora foi então apresentada a aqueles escravos que estavam exaustos, devido a aquela longa viagem que eles fizeram de Salvador até a fazenda de Scarlett. Ela então, logo viu uma escrava muito bela e forte no meio daquele grupo. Como ela queria uma escrava para movimentar os seus móveis e fazer os serviços pesados que ela desejava naquela casa, de forma mais imediata, ela disse que queria aquela escrava para realizar serviços também na casa grande. A princesa, foi então deslocada para aquele local, sobre olhos atentos dos demais escravos que pertenciam a aquela importante tribo Africana, que foi invadida por outros povos, financiadas e muito bem armadas pelos Europeus.

Assim que foi levada para aquela casa, aquela escrava já se mostrava indomável e queria vingança por terem dominado a sua tribo e levado ela e o seu povo para longe de suas terras, usando tamanha crueldade em meio a aquele transporte marítimo e terrestre.

Scarlett definiu que ela deveria ficar no quarto de Pérola, colocando mais uma cama naquele espaço. Pérola, muito amável, ficou na expectativa de conhecer aquela nova escrava o qual ela queria ser muito amiga. Assim que a Princesa chegou, ela foi logo amarrada a aquela cama, pois demonstrava que não iria aceitar nenhum tipo de submissão. Muito guerreira, para aqueles homens brancos, ela parecia uma selvagem, tamanha a resistência e violência que demonstrava ao ser interpelada por aqueles homens brancos.

Os homens chegaram a dizer para Scarlett que aquela escrava era muito selvagem e que não era bom que ela ficasse naquela casa grande, em um primeiro momento, pois seria muito difícil de ser domada. Foi então que Scarlett se interessou ainda mais por aquela escrava, afirmando que iria "adestrá-la rapidinho", já planejando as ações que tomaria contra aquela nova escrava para que ela entendesse que ela deveria respeitar a sua nova dona.

Oferecendo muita resistência, aquela escrava foi presa a aquela cama e ficou por lá durante todo o restante daquele dia presa a grilhões. Pérola estava muito triste em ver aquela escrava presa daquela forma, que depois de gritar muito naquela casa em sua língua, acabou sendo amordaçada também, ficando sem possibilidade de se mover e dizer nada naquela noite. Durante a madrugada, ela começou a chorar muito e Pérola tentou consolá-la, a acariciando. Mas, as reações daquela escrava, mesmo perante o carinho demonstrado por Pérola, eram intensamente violentas. Pérola, sempre muito amável, não conseguia entender que aquelas ações realizadas por aquela Princesa, eram de violência, inclusive, contra ela.

No dia seguinte, logo pela manhã, ao verem aquela escrava mais tranquila, os capatazes a soltaram e através de mímicas, indicaram que se ela continuasse a reagir daquela forma agressiva, que eles a amarrariam novamente. Então a princesa resolveu ficar mais quieta, demonstrando que estava controlada.

Assim que eles saíram, Pérola ficou sentada na cama, fazendo movimentos para que aquela escrava se acalmasse, sem saber como iria se comunicar com ela. Em poucos minutos que estava livre, aquela escrava, vendo Pérola com a pele branca, entendeu que ela era também a responsável por ter escravizado o seu povo, então ela caminhou em direção a Pérola e a atacou a traição. Ela virou Pérola de frente para ela e a deitou na cama, quando a escrava branca gritou socorro. A princesa logo começou a socar o seu rosto e ela começou a gritar de dor, de forma ainda mais desesperada. Muito guerreira, forte e acostumada a lutar, aquela escrava batia insistentemente contra o rosto de Pérola a deixando rapidamente desnorteada.

Artur ao ouvir os gritos de Pérola, logo se levantou e saiu correndo para o quarto de sua amada. Quando ele abriu aquela porta, ele viu que a Princesa estava em cima de Pérola a apertar o pescoço de sua amada, que encontrava-se com o rosto muito machucado e já demonstrando estar a desfalecer, por estar sem ar. Artur tenta empurrar aquela escrava, mas, muito forte, ela continuava a apertar o pescoço de Pérola, que já estava quase a desfalecer.

Aquele escravo branco então, de forma desesperada, começou a socar a cabeça daquela mulher, para ver se ela parava de apertar o pescoço daquela escrava branca, que morreria, caso aquela nova escrava não a deixasse respirar. Então, depois de muito bater nela, ao ver que aquela escrava não soltava o pescoço de Pérola, pois ela estava decidida a matar aquela mulher branca para se vingar do seu povo, como única reação possível, Artur pegou também aquela escrava negra pelo pescoço e começou a puxá-la, de cima de Pérola. Depois de muito apertar o pescoço daquela Princesa, ela começou também a enfraquecer e depois de um tempo, ela foi soltando o pescoço de Pérola, que ao ser solta, começou a tossir intensamente, tentando puxar o ar.

Depois de toda aquela gritaria, logo apareceram Tenório e Scarlett, quando aquela mulher acertou um forte soco no rosto de Artur, que logo ao ser atingido, caiu em cima da cama. Tenório então pegou aquela mulher, também pelo pescoço e com uma corda a amarrou fortemente, a prendendo pelas mãos e pelos pés. 

Quando tudo tranquilizou, Scarlett estava impressionada com a reação violenta daquela escrava, denominada por ela de Maria Tereza, mas, que era chamada de Princesa pelo seu povo. Scarlett imediatamente questionou para Pérola o que estava acontecendo, ao vê-la com o seu rosto muito machucado, a sair sangue no seu nariz, com os olhos e pescoço extremamente roxos:

- O que aconteceu aqui Pérola?

- Senhora. Eu não entendi muito bem, mas ela veio me agredindo e depois apertou o meu pescoço. Acho que ela não sabe muito bem o que está a fazer aqui. Diz Pérola, tentando entender a reação daquela escrava, enquanto ainda estava a recuperar o ar.

- Artur, o que aconteceu? Questiona Scarlett.

- Quando eu cheguei aqui senhora eu só vi ela apertando o pescoço de Pérola, se eu não chegasse, ela tinha matado Pérola.

- Ainda bem que vosmicê chegou então. Essa escrava nem chegou e já está se mostrando uma insolente de primeira. Mas, eu mostro pra ela quem é que manda nessas terras. Tenório, a leve para o tronco, eu vou apresentar o meu chicote cortante para essa escrava e vamos ver se ela vai continuar a bater em mais alguém nessa casa.

- Sim senhora. Afirma Tenório ao arrastar aquela escrava, que oferecia uma extrema resistência enquanto era levada. Maria Tereza era tão forte, que mesmo aquele matador de aluguel, sendo extremamente musculoso, tinha uma dificuldade enorme em puxá-la.

Muito nervosa, Scarlett queria demonstrar um pouco da sua força e poder para aquela escrava recém-chegada.

Antes que Scarlett saísse, Pérola muito amável, tenta ainda proteger aquela escrava, mesmo estando muito machucada:

- Senhora, por favor, não seja tão severa com essa escrava, ela acabou de chegar, talvez nem saiba ainda o que está fazendo. Ela não conhece a nossa língua.

- Pérola, essa escrava quase te matou. Você é uma das escravas mais caras que tenho. Seria um prejuízo enorme se ela continuasse com esse ataque ou se Artur não tivesse chegado. Ela será sim severamente castigada.

- Senhora, eu peço clemência novamente. Eu não importo se ela me agrediu. Por favor, não a maltrate muito. Ela acabou de chegar nessas terras. Afirma Pérola demonstrando compaixão.

- Eu vou ver se atendo o seu pedido e diminuo um pouco as chicotadas que estava planejando dar nela. Já que vosmicê, que foi agredida está a pedir clemência, eu vou pensar nessa hipótese. Diz Scarlett ao sair daquele quarto, pensando nos sentimentos bons que Pérola tinha no coração, enquanto se dirige ao local em que ministraria aquele castigo.

Artur então fica sozinho com Pérola naquele quarto, quando ele a questiona:

- Está tudo bem Pérola?

- Estou bem sim Artur, ainda bem que vosmicê chegou a tempo. Vosmicê salvou a minha vida, eu não sei mais por quanto tempo iria aguentar se essa escrava continuasse a me sufocar daquela forma. Diz Pérola demonstrando fragilidade, enquanto pega um pano e coloca no seu nariz tentando estancar o sangue que não parava de descer daquele ponto.

Então Maria chega naquele espaço e se assusta intensamente, questionando:

- O que foi isso Pérola? Quem te agrediu dessa forma?

- Não foi nada Maria, já passou! Foi a escrava nova que chegou e me agrediu.

- Mas, porque ela fez isso?

- Eu não entendi muito bem. Ela não fala a nossa língua. Diz Pérola, se mostrando confusa.

Artur então entrou no meio da conversa:

- Eu penso que ela achou que vosmicê também era sinhá, por isso ela te atacou dessa forma.

- Pode ser isso mesmo. Por eu ser de pele branca, acho que ela achou que eu era uma senhora. Assim que souber que na verdade sou uma escrava, talvez ela me trate melhor. Só não sei como vamos dizer isso a ela, porque, a língua dela é totalmente diferente da nossa.

- Deve ter algum escravo nessa fazenda que fale um dialeto pelo menos parecido com o dela. Afirma Maria.

- Essa escrava maluca não pode sair atacando todo mundo dessa forma. Se eu não tivesse chegado ela teria matado Pérola. Afirma Artur.

- Que horror! Diz Maria.

Então elas começam a escutar os barulhos daquelas chicotadas sendo ministradas naquela escrava. De forma muito estranha, eles não estavam a escutar os gritos daquela escrava ao ser castigada, quando Pérola preocupada, questiona:

- Porque ela não gritou ao ser chicoteada. Será que Scarlett a castigou tanto que ela não está a conseguir dizer nada. Eu vou lá ver o que está acontecendo. Diz Pérola ao sair de forma desesperada daquele quarto, muito preocupada com aquela escrava que estava a ser punida.

Assim que ela chegou nas escadas daquela casa, ela percebeu que um capataz castigava aquela escrava com o chicote cortante, enquanto Scarlett estava ao seu lado, lhe dando instruções. De forma impressionante, aquela mulher ao ser atingida, não emitia nenhum som, movimentando apenas o seu corpo, demonstrando estar em sofrimento naquele momento.

Aqueles três escravos então descem para acompanhar aquela punição mais de perto e ficam impressionados com a força demonstrada por aquela escrava. Ela tinha músculos muito fortes, era uma escrava de pele extremamente negra, de mais ou menos 1 metro e 80 centímetros, extremamente bela de corpo e rosto.

Aquele chicote cortava as suas costas de forma extrema, mas aquela escrava, demonstrando uma força e resistência jamais vista, conseguia se manter sem emitir nenhum som, o que irritava ainda mais intensamente Scarlertt, que ordenava que aquele capataz usasse ainda mais a força, falando sempre que ela queria ouvir os gritos daquela escrava.

Como resposta, aquele capataz usava uma força ainda mais extrema, causando cortes ainda mais profundos nas costas daquela escrava, mas, ela insistia em se manter em silêncio. Após o golpe de número 30, Pérola disse a Scarlett:

- Senhora, por favor clemencia. Ela não sabia o que estava fazendo.

- Claro que sabia Pérola. Ela sabia que se continuasse aquele ataque, ela acabaria com a sua vida.

- Eu sei senhora. Mas, ela já foi castigada o suficiente. As costas dela estão encharcadas de sangue. Por favor senhora, eu peço que pare com esse castigo, pois ela já entendeu que não deve fazer mais isso.

- Ela não grita Pérola e isso me irrita intensamente. Ela está a me desafiar!

- Senhora, ela é de uma cultura totalmente diferente. Ela não deve estar acostumada com essa violência ou a gritar para se livrar da dor. Lá eles devem agir de outra forma.

- Mas, eu coloco essa escrava no seu devido lugar! Afirma Scarlett demonstrando revolta em sua fala.

Ao ver que mais 10 golpes foram ministrados e que aquela escrava já havia recebido 40 chicotadas severas, que cortaram profundamente as suas costas, Scarlett resolve pedir para parar aquele castigo, entretanto, aquela escrava ficaria presa por toda aquela noite, para aprender a não agir de forma tão violenta contra alguém naquela casa. Pérola pede novamente clemência a aquela senhora, pedindo que ela reconsiderasse essa decisão, para que as feridas daquela escrava pudessem ser tratadas. Quando então aquela senhora questionou:

- Quem vai cuidar dessa escrava selvagem depois do que ela fez?

- Eu senhora. Podem deixar ela sobre a minha responsabilidade que eu cuido dela.

- Tem certeza Pérola? Questiona Maria assustada.

- Claro Maria, ela não tem culpa de ser de uma cultura diferente e não conhecer a nossa língua. Já tive contato com outros escravos que chegaram da África na minha antiga fazenda e tudo que precisamos é conhecer alguém que fale a mesma língua, para poder dizer para ela as regras principais dessas terras.

- Ótima ideia Pérola. Capataz, por favor, procure entre os escravos, quem é que fala a mesma língua dela. É importante sabermos o que essa escrava pensa e podermos mostrar para ela quais são as regras dessa fazenda. Tenório, por favor, a acompanhe até o quarto dela e fique com Pérola, até que descubramos se há alguém nessa fazenda que consiga se comunicar com ela. Enquanto isso, Pérola pode cuidar das feridas dessa escrava.

- Muito obrigada senhora. Eu cuidarei muito bem dela! Afirma Pérola.

- É uma escrava de coração muito bom Pérola. Se ela tivesse me agredido dessa forma, eu estaria torcendo para que essa escrava levasse o maior número de chibatadas possíveis. Vosmicê está querendo que ela seja punida o mínimo possível e ainda quer tratar de suas feridas. Eu estou impressionada! Afirma Scarlett.

- Ela não tem culpa de não saber o que se passa aqui senhora. Deve estar confusa, por isso agiu de forma tão desesperada.

Então Scarlett resolve ir para a casa grande, enquanto aquela escrava é amarrada por Tenório e levada novamente, pingando sangue para o seu quarto. Ao chegar lá, ela deita em sua cama de costas, quando Tenório amarra as suas mãos e os seus pés naquela cama. Imediatamente, Pérola pede que ele solte aquela escrava. Mas, Tenório estava irredutível, diz que só a soltaria, quando encontrasse alguma outra escrava que pudesse se comunicar com ela.

Pérola então começa a tratar daquelas feridas junto a Maria, com remédios caseiros, enquanto aquela escrava demonstrava sentir muitas dores. Mesmo sofrendo em meio a aquela limpeza e aplicação de remédios, ela parecia entender que aquelas escravas estavam a cuidar daqueles machucados, o que a fez ficar quieta e demonstrar menos resistência em meio a aquelas ações.

São chamados escravos de várias tribos da África, pertencentes a Scarlett, para tentar se comunicar com aquela escrava, mas, depois de muito tempo, não se conseguiu ninguém que falasse aquela língua. Um dos escravos, conseguiu identificar a qual povo ela pertencia, então aquela conversa chegou até Gertrudes e aquela senhora disse que aquela escrava pertencia a sua tribo, quando ela foi retirada da África e imediatamente subiu para poder tentar conversar com ela.

Assim que chegou naquele quarto ela cumprimentou aquela nova escrava, falando naquela língua tribal, quando a princesa entendeu e retribuiu aquele cumprimento. Logo em seguida Gertrudes questionou:

- Está se sentindo bem?

- Estou sentindo muitas dores. Essa coisa é muito dolorida. Responde a Princesa.

- Eu sei que é. Eu quero saber porque atacou essa senhora? Questiona Gertrudes ao apontar para Pérola.

- Ela é branca. Ela é a responsável por eu e o meu povo estarmos aqui. Eu tenho que matá-la. Afirma a Princesa.

- Ela não é uma senhora e sim uma escrava, como nós agora somos. Afirma Gertrudes.

- Eu não sou uma escrava, eu sou uma princesa e jamais aceitarei ser uma escrava.

- Princesa?

- Sim, sou uma princesa de nossa tribo. Jamais aceitarei ser escravizada por qualquer povo.

- Não diga isso aqui de forma nenhuma. A nossa dona pode se enfezar se souber que era uma princesa em nossa tribo. Ela é muito má.

- Eu sou o que sou. E não vou mudar a minha posição por estar aqui.

Tenório então intervém:

- O que vosmicês estão a dizer?

- Eu a questionei como ela estava a se sentir senhor?

- E o que ela disse?

- Que estava a sentir muitas dores.

- Mas, isso é claro. Nós a castigamos para que ela sentisse dores mesmo. Porque ela atacou Pérola?

- Ela achou Pérola diferente, julgou que ela era uma mulher que não pertencia a esse mundo. Julgou que ela era um fantasma ou alguém do mal, por isso a atacou. Diz Gertrudes, tentando de alguma forma, criar uma versão para proteger aquela escrava.

- Ela não viu outros homens brancos ao chegar aqui ou na viagem?

- Viu, mas estava presa, por isso não conseguiu reagir. Assim que se soltou, ela atacou Pérola por achá-la diferente.

- O que mais ela disse?

- Mais nada de importante senhor.

- Posso soltá-la?

- Sim senhor. Comigo aqui comunicando com ela, não oferecerá mais resistência.

- Assim espero.

Então Tenório solta aquelas cordas, libertando aquela mulher e sai daquele quarto, deixando aquelas quatro mulheres naquele espaço Pérola, Maria, Gertrudes e Maria Tereza, que já estava mais tranquila após conseguir se comunicar com Gertrudes.

Assim que aquele homem saiu, elas fecharam aquela porta e começaram a conversar mais profundamente com aquela escrava:

- Vosmicê não pode atacar as pessoas dessa forma. Se fizer isso, eles vão te castigar até a morte! Afirma Gertrudes.

- Eu não me importo. Eu prefiro morrer do que não ter a minha liberdade.

- Vosmicê precisa lutar também pelo seu povo. Não pode fazer algo tão temerário dessa forma.

- Eu vou lutar pelo meu povo, vou resistir a essa tirania e tentativa de dominação.

- Essas são nossas amigas. São escravas como nós. Por favor, não as ataque.

- Uma branca escrava. Tem isso nessas terras?

- Sim. O nome dela é Pérola. É uma escrava de luxo, branca.

- Eu iria matá-la por engano. Eu já sei quem tenho que matar. É aquela senhora que nos recebeu quando chegamos a fazenda e não essa.

- Não pode atentar contra aquela senhora. Ela tem muito poder e é muito má. Se fizer isso, ela com certeza, te matará e não conseguirá lutar pela liberdade do nosso povo, que está aqui para lhe proteger.

- O que a senhora recomenda que eu faça. Eu tenho mais de 60 guerreiros da minha tribo aqui para lutar pela nossa liberdade.

- Entenda o que acontece nessas terras e depois de entender, arrume um plano para libertar a si mesma e a todo o seu povo.

- Eu não terei paciência para esperar.

- Precisa ter, caso contrário será morta e não cumprirá com a sua missão nessa terra.

- A senhora sabe qual é a minha missão aqui?

- Sim. A sua missão é libertar parte do nosso povo. Mas, só conseguirá isso, quando entender como funcionam as coisas nessas terras. Terá que ter paciência.

- Prometo que vou tentar. Diz aquela escrava, enquanto Gertrudes diz a Pérola e Maria em português.

- Ela já sabe que vosmicês são escravas como nós. Sabe que são aliadas, ela não vai mais atacar vosmicês duas. Cuidem dela e qualquer coisa que precisarem falar com ela, podem me chamar ou levá-la até mim, que eu ajudo.

- Sim senhora. Muito obrigada! Diz Pérola, enquanto aquela senhora sai do quarto e elas continuam a passar remédio nas costas daquela escrava, que já se mostra mais receptiva para elas.

Até se recuperar totalmente, aquela escrava se mostrou dócil naquela casa, tratando todos bem e se tornando muito amiga especialmente de Pérola. As duas tentavam se comunicar por mímica e trocar algumas freses mais simples, para que aquela escrava aprendesse um pouco da língua local. Quando tinham mais dificuldade em conversar, Pérola chamava Gertrudes e ela traduzia a conversa entre aquelas duas. De coração muito nobre, Pérola, estava muito feliz em conhecer aquela nobre escrava.

Mas, após se recuperar, novamente aquela escrava começou a tomar ações desafiadoras contra as ordens de Scarlett e, sem entender a língua local, começou a ser castigada constantemente, por não cumprir o que aquela senhora ordenava e por oferecer resistência em todas as ações que realizava. Aquela escrava dificilmente aceitava ordens!

Depois de muitos castigos, Pérola tentava instruí-la a aceitar os pedidos daquela senhora, quando ela dizia, ainda com dificuldades, que era uma guerreira e que teria que lutar pela sua liberdade, sendo forte e não fazendo tudo aquilo que lhe ordenavam. Pérola ficava impressionada com a força daquela escrava, que sofria castigos extremos e constantes de Scarlett, mas não se entregava para ela ou cumpria as suas vontades. Aquela princesa se mostrava indomável. O mais impressionante de tudo e o que mais irritava Scarlett é que em meio aos castigos que aquela escrava recebia, por mais severos que eles fossem, ela não emitia nenhum som, sentindo todas aquelas dores calada, demonstrando ainda mais força. Por muitas vezes, aquela escrava saiu muito debilitada dos castigos de Scarlett e foi cuidada por Pérola com muito carinho.

Depois de presenciar aquela escrava a sofrer um castigo muito severo naquele tronco, de 60 chibatadas, por ter tentado agredir um dos capatazes daquela fazenda, Gertrudes tenta intervir, enquanto Pérola e a curandeira estavam a cuidar das feridas:

- Princesa, se continuar a afrontar a nossa dona dessa forma, vai morrer em meio a esses castigos.

- Como te disse quando cheguei, eu sou uma guerreira e não me importo se isso acontecer. Eu nasci para lutar.

- Mas, não estás lutando, está sendo massacrada por essa senhora. Hoje ela cortou intensamente as suas costas. Ela está a lhe fazer sofrer!

- Eu não me importo senhora. Lutarei até o fim pela minha liberdade e para não fazer o que essa senhora e o que esses homens que me castigam, ordenam que eu faça.

- Eu recomendo que mude a sua postura, pois, Scarlett lhe fará sofrer cada vez mais caso não mude a sua forma de agir. Diz Gertrudes.

- Eu não me importo senhora. Ela terá que me castigar até a morte, mas não farei o que ela ordena. Afirma aquela Princesa de forma muito decidida.

Então Pérola impressionada com aqueles cortes profundos e com o sofrimento daquela escrava, questiona a Gertrudes:

- Senhora, porque ela mesmo apanhando severamente, quase todo o dia, algumas vezes com chicote cortante, ainda insiste em afrontar a nossa dona? Eu não entendo!

- Ela é uma princesa guerreira da minha tribo na África Pérola. Ela é de uma família muito nobre e forte da África. Dificilmente irá se submeter a quem quer que seja, mesmo sofrendo extrema violência.

- Mas, senhora, tudo isso é insuportável. É muito sofrimento! Diz Pérola.

- Eu te disse que Justina tinha uma alma guerreira e afrontou algumas vezes Scarlett mesmo enquanto estava a ser castigada naquele tronco.

- Sim.

- Essa tribo da Princesa é ainda mais guerreira e os ancestrais dela, ensinam a não se submeter a outras tribos quando perderem uma guerra. Ela lutará até o fim e resistirá enquanto tiver forças.

- Meu Deus! Afirma Pérola impressionada com a resistência e coragem apresentada por aquela escrava.

- Pegue esse espírito guerreiro Pérola, que os seus ancestrais também possuem e no momento certo lute pela liberdade. Mesmo que algo dê errado, mais importante do que vencer, está a luta por aquilo que se acredita.

- Acho que depois de ver a força dessa Princesa, eu também me sinto mais forte senhora. É impressionante como ela resiste a todos esses castigos. Afirma Pérola de forma reflexiva, ainda ajudando aquela escrava, tratando dos seus ferimentos.

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