Não sei se esperavam outra atualização tão breve assim, mas não me contive e tive que postar!
Agradeço todas as visualizações dessa história, já somos mais de 2k por aqui! Eu nunca pensei que s obra iria longe assim.
Ano vocês! ❤️
Song Lan retirou por completo a túnica escura, depositando a peça de tecido sobre a cadeira ao lado da pequena cama que compartilhavam.
Não era para ele um problema, pois já não detinha essa necessidade como antes. Todas as noites, permanecia ao lado de Xiao XingChen até que o mesmo adormecesse em seu profundo sono, deixando-no descansar de forma confortável. Beijava seu rosto pálido e se levantava, usufruindo do tempo de Xiao XingChen dormir para cultivar seu núcleo que voltava ao habitual aos poucos.
Seu rosto se aqueceu e se tornou rubro, numa espécie de coloração sanguínea. Se Xiao XingChen pudesse ver tal reação, diria que de fato Song Lan era adorável.
Apesar de seu relacionamento, Song Lan nunca cruzava a linha tênue em suas carícias e jamais deixara de respeitar Xiao XingChen.
O cultivador branco despejou a água já aquecida na tina no cômodo de banho, tocando a superfície liquida com extremo cuidado apenas para ter a confirmação de que a temperatura estava correta.
–XingChen, eu deveria fazer isso e não você. –falou Song Lan com preocupação em sua voz.
–Eu não sou incapaz, ZiChen. Posso aquecer água e ajudá-lo como antes.
Antes ele o fazia apenas para ajudá-lo com suas feridas após uma caçada noturna pensou Song Lan.
Agora, havia um relacionamento concreto entre eles.
Por um lado, Song Lan não demonstrava a natureza de sua relação em público, evitando contato íntimo demais na presença de outros, fosse na montanha ou nas raras saídas à pedido de BaoShan, como encontrar metal para forja e trazer novos suprimentos para os discípulos.
Nessas saídas, XingChen acompanhou Song Lan à contragosto de sua mestre que implorou à ele para se dar o devido tempo de descanso. Mesmo com seu esforço, o cultivador branco desceu ao lado do mestre do templo, sorrindo tão claro como as manhãs primaveris.
Ainda, Song Lan perdia sua misofobia nos momentos em que havia apenas Xiao XingChen ao seu redor, tocando o outro com extremo afeto e carinho.
O mestre taoísta caminhou de encontro a tina, movendo suas pernas para encaixar-se de forma que Xiao XingChen pudesse permanecer mais perto e não tivesse dificuldade em trocá-lo caso fosse de seu desejo.
A água quente e perfumada cobriu seu corpo na linha do peito, acalmando pequenos espasmos causados pelo choque entre o calor da água e a frieza de sua pele.
Xiao XingChen acomodou-se em uma cadeira atrás da tina, depositando as pequenas e macias mãos nos cabelos grossos de Song Lan. Com um jarro metálico, despejou água nos fios, massageando cada parte com cuidado e zelo para que fosse limpo por completo.
Song Lan desejava sentir mais dessas sensações, fosse o calor das mãos de XingChen ou os beijos frequentes. O pouco que sentia, entretanto, era o bastante para mantê-lo tão apaixonado e ansioso pelas carícias tão singelas do cultivador.
Xiao XingChen alcançou o pequeno frasco de óleo, derramando a essência na palma de sua mão, esfregando uma na outra antes de voltar a massagear os cabelos de Song Lan.
–Onde conseguiu isso, XingChen? –perguntou com curiosidade, sentindo os dedos movendo-se por sua cabeça com maestria.
–Pedi para A-Jiu comprar para mim na cidade. –respondeu, não detendo-se.
–Por que não pediu para mim?
–Está enciumado? –riu com doçura, os lábios curvando-se com leveza.
–XingChen...
–ZiChen, não quero que se preocupe com as pequenas coisas que desejo.
–Você o está usando em mim, por que eu não deveria comprar para você?
–É apenas um óleo. Lembrarei de dizer na próxima vez, ZiChen.
Voltou a encher o jarro, enxaguando a essência silvestre dos cabelos e soltando os fios entre os dedos.
–Você já se banhou?
–Sim, ZiChen.
Song Lan notou que havia demorado mais do que o costume em seu projeto e na cultivação e treinamento de BaoShan. Xiao XingChen sempre o esperava para se banhar e lavar os cabelos.
Só então Song Lan notou como o rosto de XingChen estava mais esbelto e pálido, um contraste dos fios soltos caindo pelos ombros e as costas. Na montanha, poucas vezes Xiao XingChen prendia os cabelos com um adorno no alto de sua cabeça.
Estava entardecendo e o sol iria se pôr no horizonte em poucas horas. A beleza dos tons alaranjados e o amarelo brilhante se fundiam por entre as nuvens, clareando a entrada da janela e inundando Xiao XingChen com sua luz. Os olhos de Song Lan brilharam de encantamento, como se estivesse presenciando a vinda de um deus à terra; assim como fora exatamente na primeira vez que se viram e se encontraram.
Quando Xiao XingChen terminou de lavar os cabelos de Song Lan, se retirou para que o outro tivesse sua privacidade para se banhar. Jamais infringiria o espaço pessoal de Song Lan desta forma, esperando com paciência por qualquer momento mais íntimo que um dia deveria acontecer entre eles.
Quando pensou sobre isso, Xiao XingChen estagnou em sua posição e um calafrio percorreu sua espinha.
Ele não sabia nada sobre relacionamento ou matrimônio!
Eles se beijavam e XingChen adormecia em seu peito todas as noites. Era isso, não? Não havia como perguntar de uma forma não descarada para MeiJiu, pois ele já quase a matara de surpresa quando ela pegou ambos se beijando.
Havia Bai Feng, mas ele diria para Song Lan, pensou. E, sua mestre.
Não! Com toda certeza ele não poderia perguntar algo assim para BaoShan SanRen. Sua mestre havia se tornado mais flexível em muitas situações desde seu despertar, porém não para coisas como isso.
Xiao XingChen recordaria para siempre todos os ensinamentos de BaoShan e nenhum deles incluía um relacionamento entre dois homens.
Em algum momento ele saberia o que fazer.
–XingChen? –o timbre forte o tirou de seus pensamentos.
–Sim, ZiChen? –sua voz vacilou.
–Você está bem?
–Sim. Você já se banhou?
XingChen caminhou em direção ao outro, esbarrando contra o peito de Song Lan.
–XingChen, você parece perturbado. Algo aconteceu?
Song Lan segurou-o com cuidado, rodeando o corpo magro com seus braços e o apertando contra si.
Xiao XingChen tateou o peito desnudo com a ponta dos dedos, encontrando a cicatriz que marcava Song Lan para sempre. Baixou sua cabeça, para que o outro não pudesse notar a tristeza em sua face.
A cicatriz era grande e ainda havia relevo apesar de todos os anos que se passaram desde o dia fatídico na Cidade Yi. Ter novamente essa lembrança estremeceu seu corpo e suas pernas tremularam.
–Eu jamais serei capaz de me perdoar por ferir você. –sua voz era fraca e chorosa, atraindo a atenção de Song Lan e preocupando o mestre mais velho.
–XingChen, não foi sua culpa.
–Ele destruiu sua família para se vingar de mim, por eu persegui-lo e prendê-lo! Como pode não ser minha culpa?
–Xue Yang era um assassino. Sua vingança ainda que não direcionada teria acontecido de todas as formas.
Os olhos de Song Lan encheram-se de lágrimas frias e sua mente vagou para o Templo BaiXue. Seu coração fraco bateu mais forte e Xiao XingChen sentiu sua agitação na palma de sua mão.
–A-Qing... Eu preciso saber.
–A senhorita A-Qing foi muito corajosa. XingChen, você a encontrará em breve.
Song Lan não desejava esconder os acontecimentos que se seguiram após o suicídio de Xiao XingChen. Entretanto, BaoShan SanRen dissera à ele para ser paciente e esperar a chegada de A-Qing, pois o mestre branco sentiria a dor e a revolta invadir seu corpo e sua mente de forma violenta.
As noites desde o despertar de Xiao XingChen já não eram tão fáceis de lidar, pois os pesadelos o dominavam no sono pesado e muitas vezes Song Lan assustou-se com os gritos incessantes do homem que amava.
Xiao XingChen chorava sempre que adormecia.
Song Lan desejava saber dos motivos de Xiao XingChen, de tudo o que ele se lembrava quando sua alma estava quebrada na bolsa prende espírito e tudo aquilo que seu coração sentia. Mas fazê-lo recordar toda sua tragédia não era o caminho mais suave e agradável de fazê-lo, e ele esperaria o quanto fosse necessário para que Xiao XingChen desejasse falar.
Xiao XingChen continuou a traçar linhas imaginárias no peito de ZiChen, enquanto as lágrimas carmesim fluíam de forma lenta de seus olhos. Song Lan desejava poder ver seus olhos novamente, desejava que sua brisa gentil pudesse enxergar o mundo uma outra vez.
Mas os olhos escuros que roubaram seu coração agora estavam em seu próprio rosto.
Song Lan segurou um pano macio e limpou os olhos de XingChen com cuidado, pressionando de leve para que o outro não sentisse dor.
–O sol está se pondo. Eu trarei a comida para você, A-Chen.
O mestre do templo beijou os cabelos negros e tão perfumados, curvando o rosto em um casto sorriso antes de depositar um rápido beijo contra os lábios macios de Xiao XingChen.
–Você disse...
As maçãs do rosto de Song Lan tingiram-se de um vermelho vivo.
–Desculpe, XingChen.
–ZiChen, você... Bem... Eu gosto.
Song Lan não demorou-se mais, vestindo-se com a túnica simples e clara da montanha, uma contradição com os trajes que vestira desde que era uma criança do templo.
–Voltarei logo.
Xiao XingChen entregou seu sorriso gentil antes que Song Lan deixasse a acomodação compartilhada. Não havia para ZiChen maior beleza existente.
Song Lan deixou os aposentos e rumou para o pavilhão onde encontrava-se a cozinha, pedindo para que um dos discípulos preparasse uma refeição para XingChen que fosse leve. Se soubesse cozinhar, faria todos os pratos que Xiao XingChen desejasse comer.
Aguardando o preparo, sentou-se nas escadarias, observando as aves que voavam entre as árvores altas.
–Você está um belíssimo corta-manga etéreo e juvenil. –proferiu Bai Feng entre as árvores, carregando nos braços cortes de lenha e ferro.
–Eu deveria me sentir grato?
Bai Feng riu desavergonhado, deixando a pilha de cortes ao lado das escadarias e tomando um lugar ao lado de Song Lan.
–ZiChen, eu encontrei este ferro na cidade. Possuí grande dureza e acredito que eu possa forjar uma espada para você e outra para XingChen tão boas quanto FuXue e ShuangHua!
Havia animação em sua voz, e quanto à isso, Song Lan sorriu.
–Bai Shidi...
–Ouça, ZiChen. XingChen precisará ser treinado tanto quanto antes e ele irá necessitar de uma boa espada para cultivar. Assim como você.
Bai Feng era habilidoso e Song Lan confiava em todos os seus atos, por mais que fossem estranhos e exagerados muitas vezes.
–Eu agradeço. Soube que BaoShan SanRen permitiu seu cortejo.
Os cabelos longos de Bai Feng tremularam ao vento e seus olhos se iluminaram.
–Você tem ouvido muitas coisas, Song ZiChen. E sim, foi o que ocorreu.
–Eu me sinto feliz por sua decisão, Bai Shidi. E se for de seu desejo e de MeiJiu, gostaria que se unissem à mim e XingChen na floresta de bambu.
–Você está nos convidando para morar no pavilhão?
Song Lan assentiu e Bai Feng abriu os lábios em um largo sorriso, os dentes brancos como leite à mostra.
–ZiChen, é maravilhoso!
–Song Daozhang, a comida de A-Chen está pronta.
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OS últimos dias do inverno eram tão frios quanto os primeiros. A primavera se aproximava e as flores desabrochavam nas árvores e nos arbustos, cobrindo o gramado de cores vibrantes e o ar de um doce aroma.
Song Lan levantou-se com o nascer do sol, observando atentamente a postura de Xiao XingChen.
O mestre taoísta da montanha dormia com as mãos unidas próximas do rosto, como uma espécie curiosa de travesseiro. Seus cabelos longos e finos caíam sobre os ombros e cobria metade de suas costas. Song Lan retirou os fios com cuidado, deixando-os atrás da orelha de Xiao XingChen.
A lua brilhante usava apenas seu robe de dormir, e Song Lan observou como sua musculatura era mais magra do que um dia fora. O cobertor quente estava na altura da cintura tão fina, e Song Lan puxou-o para cobrir o corpo de Xiao XingChen por completo. Não desejava que o homem que amava adoecesse pelo frio.
Beijou a testa de Xiao XingChen e saiu.
A floresta de bambu nunca estava silenciosa, sendo ainda mais ruidosa com o soprar do vento, que penetrava as pequenas fendas e entoavam uma canção entre os variados tamanhos de bambu e suas longas folhas.
Bai Feng já esperava por ele na entrada que erguiam o pavilhão, e ele não estava sozinho.
Ao seu lado e de costas, um cultivador de vestes brancas conversava e falava sem se deter um momento, movendo as mãos para contar sua história aos ouvidos atentos de Bai Feng.
Quando a presença de Song Lan foi notada e Bai Feng sorriu, o cultivador se virou e seus olhos carregavam surpresa e alergia.
–Song Daozhang!
Song Lan não notou sua rápida aproximação até que o outro o estivesse abraçando.
–Jovem mestre Lan, o que faz aqui?
–Song Daozhang, me chame apenas de JingYi. –falou o discípulo júnior, os lábios movendo-se em um aberto sorriso. –O mestre Wei descobriu que o shishu* dele despertou e não quis esperar para encontrá-lo.
–Mestre Wei está aqui?
–Sim. Ele e HanGuang-Jun estão na cidade comprando alguns itens para seu shidi. Lan SiZhui e eu estamos ajudando-o a carregar os cortes de madeira.
–Eu agradeço por sua ajuda.
Song Lan não era bom em agradecimentos, nem mesmo falava o considerável com alguém que não fosse seu shidi ou Xiao XingChen. Apesar de sua voz vacilante, Lan JingYi pareceu não se importar, assentindo após seu trabalho estar sendo agraciado.
Acompanhou Lan JingYi até a pilha que o menor desejava mostrar a ele, dizendo que haviam sido cortadas apenas por ele e que SiZhui nem chegara perto disso.
Com isso, Song Lan sorriu. Lan JingYi era um jovem discípulo inacreditável para seus olhos e assim como ele, Bai Feng também sorriu.
Agora ele deveria apenas levar Wei Ying para conhecer seu tio marcial e sentiu que isso faria bem à alma de Xiao XingChen.
Editei este capítulo o mais rápido possível apenas para enviá-lo cedo, então caso encontrem erros, sinalizem.
Quero agradecer o meu bebê lyu_dnjm por ser tão paciente com atualizações e sempre estar tão eufórico com cada capítulo postado.
Também Yanligranger por ser meu amorzinho e ter me dado força desde o início dessa história, me apoiando em tudo.
E meu deeeeeus, leiam vislumbre! Eu amo demais a escrita da LotusFlower124 e sei que vcs vão de apaixonar também pela AU dela do Xiao XingChen!
RamonaGunder obrigada por sempre estar presente aqui ❤️❤️❤️
Ah, antes que eu me esqueça, caso não se lembrem, shishu é o tio marcial materno, mais especificamente o shidi (irmão marcial mais novo) da mãe.
Até o próximo!