No dia seguinte a aquele ato, como era o dia anterior ao retorno de Scarlett, tanto Artur quanto Pérola resolveram agir discretamente, com medo de serem descobertos por algum dos escravos e sofrerem a ira de Scarlett que estava para chegar.
Naquele dia eles trocaram apenas olhares e piscaram um para o outro algumas vezes, sorrindo sempre, demonstrando muita felicidade em seus semblantes, depois de um dia tão maravilhoso quanto o que tiveram no dia anterior.
Naquela noite. Pérola ficou novamente a pensar naquele local em que foi levada, que parecia o paraíso e o sexo perfeito que haviam realizado. Parecia que Artur conhecia todos os segredos do prazer para fazê-la ter sensações tão boas quanto aquelas.
Artur naquele mesmo momento, na noite anterior a chegada de Scarlett, pensava também naquele ato sexual e como Pérola ela linda e sensual. A imagem de Pérola nua vinha em sua cabeça a todo momento e a perfeição daquele corpo, deixava aquele jovem extremamente excitado, mesmo estando distante dela e sabendo que não poderiam se encontrar naquele momento e nem nos dias seguintes, para não levantar suspeitas de sua dona ou alguém que estivesse os vigiando. Depois de muito pensarem um no outro, eles acabam pegando no sono.
No dia seguinte, Scarlett chegou logo pela manhã. Era domingo e ela estava muito feliz por ter retornado a fazenda e ter encontrado novamente com Artur.
Ela estava com tanta saudade, que pediu para que ele a acompanhasse no café da manhã. Artur para não levantar suspeitas de que algo havia mudado, aceitou aquele pedido, demonstrando animação enquanto conversava com sua dona no decorrer daquela refeição.
Na tarde daquele dia, Scarlett chamou diversas das suas escravas para questioná-las se Artur havia se relacionado com alguém em sua ausência:
- Eu quero saber de vocês agora escravas. Artur se relacionou com alguém enquanto estive fora?
- Senhora eu não vi nada. Respondeu uma a uma daquelas escravas que estavam em seu quarto, inclusive, Catarina.
- Tudo bem. Vocês podem se retirar. Continuem o vigiando, se souberem de alguma coisa me contem e serão recompensadas, Artur será apenas meu daqui pra frente e se alguma escrava ousar cruzar o meu caminho eu mato ela! Afirma Scarlett em tom severo.
Aquela fala deixava aquelas escravas horrorizadas. Scarlett falava aquilo em um tom muito sombrio. Catarina que era apaixonada por aquele escravo é a que sentia o maior pavor. O seu corpo arrepiava inteiro quando Scarlett ameaçava matar quem tivesse qualquer contato com Artur. Aquelas escravas saem então daquele quarto e vão realizar os seus afazeres.
Scarlett fica a sorrir em seu quarto, feliz da vida em saber que Artur não teve coragem de traí-la enquanto ela esteve ausente. Ela sentia que ele estava completamente dominado pelo seu poder e apaixonado por ela. Ficando intensamente feliz em meio a aqueles pensamentos.
Na noite daquele dia, Maria foi ao quarto de Pérola para conversar sobre novidades da sua viagem a Salvador, quando Pérola disse:
- Amiga. Eu posso te contar um segredo? Questiona ela com um semblante preocupado.
- O que foi amiga, aconteceu alguma coisa enquanto estive fora?
- Aconteceu! Diz Pérola com um semblante assustado.
- O que aconteceu Pérola, por favor, você está me deixando ansiosa com esse semblante! Diz Maria se mostrando assustada.
- Eu vou falar baixo, porque se a nossa dona imaginar ou sonhar com isso ela em mata!
- O que foi Pérola, me conte logo menina. É tão sério assim?
- Sim. Artur me pediu para se relacionar com ele enquanto a nossa dona estava fora.
Maria abre a sua boca assustada e coloca as suas mãos sobre ela como se quisesse a tampá-la, quando ela assustada diz:
- Você não aceite isso de maneira nenhuma Pérola. Se a nossa dona te pega com ele, eu não sei do que ela será capaz. Eu temo muito pela sua vida. Você sabe o que ela fez com a mãe de Artur por se sentir traída. E olha que depois daquilo ela ficou muito pior. Eu não sei o que ela pode fazer com você. As opções dela aumentaram muito. Vai por mim! Diz Maria completamente horrorizada.
- Eu tenho que te dizer uma coisa. Diz Pérola extremamente assustada com a fala da amiga.
- Diga Pérola, pelo amor de Deus.
- Eu já cedi!
Maria em reação, cai em cima da cama de Pérola fingindo estar desmaiada. Então ela diz:
- Que loucura é essa Pérola? Perdeu completamente o juízo? Quer morrer?
- Foi mais forte do que eu amiga!
- Mais forte do que você! Mais forte do que você! Você vai ver é a punição da nossa dona quando sonhar que você pode ter feito isso! Ela vai te mostrar o que é força!
Pérola se mostra perplexa ao refletir sobre a fala de Maria e fica com um olhar triste para ela. Quando Maria complementa a sua fala:
- Pérola, acho que você não tem noção onde está se metendo. Vai por mim. Scarlett é implacável quando se sente traída, ainda mais por uma escrava. Ela vai acabar com você se descobrir isso. Acabe com isso agora pelo amor que você tem a Deus.
- Eu sei disso amiga. Mas, eu estou completamente apaixonada por ele.
- Pérola, o que bem tem nesse mundo são homens para você se apaixonar. Tinha que gostar logo do homem da nossa dona? Você enlouqueceu? Questiona Maria demonstrando irritação.
- Eu não sei o que deu em mim Maria. Mas, aconteceu.
- Vocês são dois malucos. Se continuarem com essa história vão morrer os dois! Eu quero que você acaba com isso imediatamente, promete pra mim agora Pérola, pela nossa amizade, que nunca mais se encontrará com esse escravo?
- Eu não sei se vou conseguir te prometer isso Maria. Eu estou apaixonada! Diz Pérola com um semblante triste.
- Pérola, você está mesmo maluca. Vou refrescar a sua memória, lembre-se da última punição da nossa dona quando estava furiosa. O que você sentiu?
- Dor Maria, muita dor mesmo. Ela me bateu muito com aquele chicote!
- Aquele chicote não dói nada se comparado ao que ela usa para castigar aqueles escravos no tronco. Você nunca viu ela usando, porque há anos os escravos não são punidos por produtividade aqui e ultimamente ela está tão gamada no Artur que nem está ligando mais para castigos aos escravos, mas, vai por mim. O chicote pega na pele e rasga ela. Tem metais cortantes espalhados por toda a parte dele. Eu não quero ver você sendo castigada por uma coisa assim. Acho que franzina como é e delicada, você poderia não suportar.
Pérola pensa naqueles detalhes e se desespera. Quando diz:
- Acho que você está certa. Eu tenho mesmo que me afastar de Artur. Eu não posso correr esse risco e ele também não. Nesse último castigo de Scarlett eu pensei que não fosse suportar, imagine só apanhar com esse instrumento que você diz. Eu não posso me arriscar assim. Eu vou fazer o possível para me afastar dele.
- É assim que se fala Pérola. Isso que está fazendo é suicídio. Scarlett não te perdoaria se te visse a cometer tamanha afronta a ela. Certamente ela cumpriria o que está a prometer, que se souber que Artur está a se envolver com qualquer escrava, a colocará no tronco e a chicoteará até a morte.
Pérola engole seco ao se imaginar naquela situação e abraça a amiga fortemente, quando diz:
- Muito obrigada por me alertar amiga. Eu vou fazer o que me diz, o que é prudente, muito obrigada mesmo. Você é a melhor amiga que eu poderia ter.
Então, depois daquela conversa Maria vai preocupada para o seu quarto, a pensar na loucura que aqueles dois jovens estavam a fazer. Maria estava convicta que Pérola não iria arriscar mais a sua vida e que tudo voltaria ao normal naquela casa.
Aquela semana passa sem maiores acontecimentos, com Artur a passar ao lado de Pérola em alguns momentos, mas sem esboçar qualquer reação que pudesse levantar desconfianças. Para não ter problemas, nos dias recomendados por Scarlett, Artur comparecia em seu quarto e os dois faziam sexo. Por dentro, aquele jovem não queria mesmo se relacionar com aquela senhora, não sentia mais o mesmo prazer, mas não poderia mudar as suas ações, pois, isso poderia gerar desconfianças a ciumenta Scarlett, o que colocaria a vida dele e de sua amada Pérola em risco.
Pérola escutava aqueles gemidos vindos do quarto de sua dona e ficava extremamente triste. O amor de sua vida estava a se relacionar com uma senhora porque havia sido obrigado a fazer aquilo. Em certa medida, Pérola estava a começar a ter ciúmes de Artur, mas sabia que não poderia fazer nada para evitar aquela relação.