Halo da Lua [Concluída]

By Astrombunny

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Xiao XingChen era a lua brilhante na vida de Song Lan. Song Lan era a neve não tão distante e necessária na v... More

Prólogo
Capítulo 1: Lua Brilhante
Capítulo 2: Memórias da Neve
Capítulo 3: Primeiro Halo
Capítulo 4: Novo Caminho
Capítulo 5: Vozes ao vento
Capítulo 6: Dor
Capítulo 7: Nova Jornada
Capítulo 9: Memórias do Passado
Capítulo 10: Conversas Noturnas
Capítulo 11: Partículas
Capítulo 12: Poeira de estrelas
Capítulo 13: Sentimentos
Capítulo 14: Declarações
Capítulo 15: BaoShan SanRen
Capítulo 16: Lâmina fria
Capítulo 17: Não foi sua culpa
Capítulo 18: Raios Solares
Capítulo 19: Decisão
Capítulo 20: Acordo
Capítulo 21: Encontro Inesperado
Capítulo 22: Wei Wuxian
Capítulo 23: Irmãos Marciais e Vergonha
Capítulo 24: Vinagre de Maçã
Capítulo 25: Dao
Capítulo 26: Olhos Brilhantes
Capítulo 27: Yin & Yang
Extra: 1. Xue Yang
Extra: 2. Noite de Núpcias
Extra: 3. Vida Atual
Especial Qixi Festival

Capítulo 8: Cultivando laços

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By Astrombunny


~Oi, meus coelhinhos, como estão? Como devem saber, estamos sofrendo com sites espelho, e muitas histórias do wattpad foram parar em um site vietnamita. Denunciem sempre. Se virem esta história em outro lugar que não seja o wattpad, me comuniquem, por favor. Não há autorizações da minha parte para Halo da Lua estar em qualquer outro lugar que não seja aqui.

Este capítulo traz a tona os acontecimentos que ocorreram com Bai Feng no massacre que Xue Yang fez ao Templo BaiXue. Não apenas de tristeza vive o homem, são muitos dias de luta? Sim, claro. Mas também há dias de glória!

Este capítulo marca o início de um pouco de felicidade para todos, então espero que gostem.

Aproveitem e boa leitura! ~

Bai Feng encarou a homem à sua frente com extrema curiosidade e diversão.

Por algum motivo não tão aparente, o pousadeiro tremia nervoso no balcão da pousada, olhando de relance rapidamente para o mestre taoísta, desviando o olhar quando era notado.

Bai Feng bebericava seu chá com tranquilidade, observando o homem que se tornava cada vez mais trêmulo.

–Senhor? Há algo errado? -ele questionou, apenas para observar como o homem perdia sua face para o medo.

–Si... Sim, mestre. Apenas me preocupo por seu amigo.

Oh, era isso.

Eles trouxeram Song Lan de volta a pousada desmaiado, o rosto coberto por um suor frio. Não era de se admirar que o homem estivesse tão amedrontado.

–Senhor, meu amigo está bem. Ele apenas necessita de um pouco de descanso, está bem? -o homem apenas assentiu com a cabeça, incapaz de dizer alguma coisa.

Bai Feng sentia o coração acelerar e os músculos se tornarem completamente tensos. Sua maior felicidade era encontrar seu velho amigo, o seu melhor amigo; e agora Song Lan estava um lance de escadas dele.

Seu problema, entretanto, era a reação de Song Lan quando acordasse novamente.

Na noite anterior ele havia despertado após ouvir as palavras de MeiJiu sobre a projeção de Xiao XingChen, desmaiando em conseguinte. Ele não acordou desde então.

Muitas horas haviam se passado.

Song Lan não acordou e MeiJiu não deixou os aposentos nem mesmo para tomar o desjejum pela manhã. Ele suspirou pesado, suas preocupações se tornando nítida conforme as horas passavam.

–Cultivador, deseja um pouco mais de chá? Pedirei que tragam mais.

O pousadeiro deixou a entrada mais rápido que chuva no verão. Bai Feng riu apesar de tudo, o pousadeiro era um homem engraçado.

Por alguns longos minutos, ele não ouviu sequer ruído, o que passou a deixar o taoísta preocupado. Song Lan ainda estava fraco, mas não compreendia porque a cultivadora desgarrada ainda não havia deixado os aposentos.

Levantando essa questão em pensamento, ele se perguntou o que havia em MeiJiu SanRen que o intrigava tanto.

Havia um mistério em MeiJiu SanRen que o deixava completamente fascinado.

Não haviam mulheres no Templo BaiXue, e as vezes acabava vendo uma ou outra quando era permitido sair do templo para ir a feira da cidade ou percorrer estradas em novas cidades concluindo alguma tarefa de seus mestres.

Mas ainda assim, Bai Feng nunca se viu intrigado como estava agora. Assim como Song Lan, ele não pareceu ter interesse em qualquer um que fosse, por mais que grandes belezas tivessem cruzado seu caminho por instantes.

Mas MeiJiu SanRen era diferente de tudo que seus olhos já haviam presenciado.

Ela possuía uma alta estatura e aparência etérea. Em muito lembrava Xiao XingChen, mas MeiJiu era menos suave em palavras.

Seus cabelos eram negros como a noite, mas possuíam o brilho das estrelas enredado em cada fio longo e fino. Ele observou como os fios dançavam ao vento na outra noite, perplexo.

Sua pele era clara e brilhante como pérolas, e qualquer bom observador diria que MeiJiu SanRen havia caído do céu, talvez até mesmo tivesse sido retirada da lua e colocada na terra para pisar entre os mortais.

Seus olhos eram escuros, mas não de uma maneira total. Ele pode ver. Durante toda uma noite ele viu.

Mas os olhos de MeiJiu talvez fossem o espelho que refletia toda sua dor. Ela possuía olhos muito bonitos, que entregavam a sua feição uma aparência altiva e limpa, como um lírio florescendo no jardim entre tantas outras flores.

Entretanto, Bai Feng pensou que o vazio e a tristeza refletida nos olhos negros eram completamente assustadores.

O único indício de emoção nítida em suas orbes eram a dor de uma alma já muito cansada de sofrer.

Ele se pegou desejando poder ser capaz de dissipar esta dor, varrer do coração dela todo a angústia que carregava, apenas para ser capaz de encontrar no fundo de seus olhos um brilho novo, uma faísca de alegria incendiando aos poucos.

No dia anterior, quando a noite caiu trazendo consigo tentativas frustradas de adormecer, ele sentiu como se uma poderosa magia fosse lançada, algo completamente fascinante, e ele soube que esse fascínio por MeiJiu SanRen atormentaria a sua mente.

Externamente ele sorriu, os lábios se curvando em um largo sorriso, seus olhos semicerrados. Se a mulher seria seu tormento, então esta seria a primeira vez que ele não se incomodaria por ser atingido.

E então ele pode adormecer, pensando que todas aquelas árvores ao redor da pousada estariam rindo de sua tremenda infantilidade e paixão repentina.

Mas agora ele estava só em uma pequena mesa na entrada da pousada em Chyou, aguardando impaciente qualquer sinal de MeiJiu ou o despertar de Song Lan. Esperar era um martírio.

Ele não contou o tempo. O pousadeiro lhe deixou uma nova tigela de chá e alguns doces que possuíam um cheiro estranho, mas o sabor era medianamente bom.

–Estou tão desacostumado a comer bem nesses últimos anos que tudo me parece estranho.

Ele proferiu para si mesmo, sorrindo confuso antes de levar o doce a boca outra vez.

Bai Feng percorreu muitos caminhos procurando por Song Lan, não haviam pausas para uma boa alimentação, e ele pode sentir toda essa negligência quando seu corpo se tornou mais fraco do que outrora foi.

Quando tudo isso enfim acabasse, ele poderia voltar a cultivar outra vez, com mais vontade, pensou.

Um bom tempo se passou até que ela anunciasse sua presença no último degrau do lance de escadas.

MeiJiu carregava em seu rosto uma expressão fria, descontente. Entretanto, sua aparência continuava intocável. Ela trajava vestes claras e simples como todas as outras, um chapéu de bambu com véu, como uma verdadeira espadachim se vestia. Era fascinante aos olhos de Bai Feng.

Ela não se moveu por intermináveis segundos, o que agradeceu Bai Feng, pois lhe era possível admirá-la um pouco mais.

–Song Daozhang está acordado.

Foi tudo o que disse, virando-se de costas para ela e sumindo de vista no corredor do segundo andar. Bai Feng suspirou fundo. Era chegada a hora.

Sentiu seus músculos enrijecendo pelo nervosismo, o medo de ser rejeitado, castigado ou não compreendido por seu melhor amigo.

Bai Feng então se levantou, deixando ao lado sua tigela com chá, lançando um último olhar sorridente ao pousadeiro antes de subir os lances de escadas no encalce de MeiJiu SanRen. O homem o encarou perturbado até o mestre taoísta desaparecer de seu campo de visão.

No corredor estreito e longo, ele observou a cultivadora parar de frente a porta dos aposentos destinados ao seu melhor amigo, sem vacilar ou virar para encará-lo uma única vez.

–MeiJiu... -ele suspirou seu nome em palavras suaves.

–Bai Feng Daozhang, entraremos juntos se esta é sua preocupação. Apenas esconda seu nervosismo de Song ZiChen, pois ainda seu corpo e mente estão fracos.

Ele apenas foi capaz de assentir, não encontrando palavras necessárias para formular uma frase. MeiJiu se varreu para dentro dos aposentos como uma sombra. Seguindo seus passos, ele enfim entrou.

Os aposentos em que Song Lan descansava em sua loucura não possuía um grande tamanho, nem mesmo era muito iluminado. As paredes cheiravam a madeira úmida, e ele imaginou que o cheiro se devia ao fato do inverno estar se aproximando e o ar estar mais denso e frio.

Ainda assim, o cheiro não era desagradável. Pelo contrário, era muito familiar. A madeira úmida possuía o mesmo cheiro da madeira que foi utilizada para erguer a Torre da Neve no Templo BaiXue, quando o inverno chegava, molhando o telhado com seus flocos finos e extremamente gelados.

Era uma tremenda nostalgia. Ele cerrou os olhos para sentir em seu coração a lembrança tão quase esquecida.

Em uma cama de madeira, um corpo permanecia imóvel, os braços para frente e os olhos abertos olhando diretamente para o telhado que se curvava ligeiramente sobre sua cabeça. Ele engoliu em seco, se não soubesse de antemão do estado emocional de Song Lan, diria que o mestre taoísta imortal, em tempos remotos, agora abraçava a morte.

Apenas algumas velas estavam acesas próximas à cama, sobre uma lareira velha que queimava madeira rapidamente, aquecendo o corpo frio que lutava por alento.

–Song Daozhang... Sou eu, MeiJiu. Não gostaria de que eu abrisse estas janelas?

A cultivadora perguntou com notas de preocupação ecoando em cada final de palavra.

–MeiJiu Dajie... Por favor...

Sua voz não possuía vida ou alegria, como se há muito tempo perdesse sua motivação.

Suas próprias sombras tremeluziam no chão.

–É um dia bonito, não gostaria que desperdiçasse isso. Mas farei aquilo como você pede.

Ela falou por fim, caminhando para um lado com rapidez para assim abrir caminho para a passagem de Bai Feng.

Quando ele olhou fixamente para Song Lan, seu coração se apertou.

Seu melhor amigo não possuía uma expressão alegre, seus olhos estavam inchados, muito provável pelo choro causado por seus pensamentos e sonhos. Sua pele estava ainda mais pálida do que Bai Feng havia visto na noite anterior, as linhas negras que marcavam sua maldição, ainda mais aparentes e brilhantes.

Ele não soube o que Song Lan enfrentou na última noite, mas decerto o destruiu por completo.

Quando os olhos negros e sem vida encararam Bai Feng, não houve surpresa. Por um momento, ele imaginou que seu amigo voltara a ser apenas um cadáver.

–ZiChen...

Ele pronunciou seu nome com dificuldade, a amargura invadindo seus lábios e atravessando sua língua até a garganta.

–Bai Feng...

Sua voz não era mais que simples murmúrio.

–Feng-Xiong... Bai Feng...

O mestre taoísta em pé sentiu como se o seu coração fosse tirado de seu peito à força e seu corpo atravessado por milhares de espadas.

–Se aproxime, Bai Feng Daozhang.

O homem enfim consentiu, se tornando claro no campo de visão de Song Lan. O mestre taoísta nada falou, mas seus olhos inundaram-se em lágrimas quando ele enfim pode ver um rosto conhecido outra vez, marcado em sua infância.

Bai Feng dobrou seus joelhos e caiu à sua frente, sustendo em suas mãos a mão direita de Song Lan, pálida e fria como as nuvens no primeiro amanhecer que anunciava o inverno.

–ZiChen, por favor, perdoe-me...

Haviam muitas palavras a serem ditas entre duas almas quebradas, e MeiJiu SanRen sorriu antes de deixá-los sós nos aposentos, fechando a porta atrás de si ao sair. Bai Feng apenas foi capaz de notar quando ela já não estava mais em sua presença.

Song Lan o encarava com os olhos frios, sem vida. Em seu peito, ele segurava com sua mão livre a bolsa prende espírito com a alma de Xiao XingChen.

–Não foi sua culpa...

E estas palavras carregavam tanta dor que Bai Feng não soube se eram dirigidas para ele ou para a alma que Song Lan cuidava com tanto zelo.

–Eu falhei... Eu falhei, ZiChen! Eu falhei com você e nossos irmãos, eu falhei com Shifu... XianSheng...

Seu grito era estridente e suas lágrimas caíam incessantes em seu rosto de porcelana. Song Lan desejou consolá-lo, mas já se sentia incapaz de fazer isso para si mesmo. Ele conhecia aquela dor, ele a sentiu por muito tempo e ele ainda podia sentir.

–XianSheng! Ele estava tão feliz...

–Me conte, por favor... Como você pode estar aqui agora? Eu varri o templo à sua procura... Você não...

–ZiChen...

–Ainda que eu acredite não poder suportar ouvir.

Os olhos de ZiChen se fecharam e ele suspirou fundo, buscando alguma força.

–Sinto que possa ser demais ouvir, ainda que eu seja incapaz de negar ou esconder.

A determinação em seus olhos era quase sólida.

–Você me permite chorar?

Ele de repente se sentou com dificuldade, inclinando-se para mais perto e fazendo com que Bai Feng se levantasse do chão, sentando-se ao seu lado.

–Jamais o impediria do que é necessário.

E, segurando as mãos de seu melhor amigo nas suas, olhando fixamente para os olhos escuros e sem vida, os olhos de Xiao XingChen, ele iniciou a história do acontecido.

"Havia animação na claridade do mês, anunciando a aproximação do aniversário de Mestre Zhihao do Templo BaiXue.

Como em todos os anos, seus discípulos o acompanhavam durante todo o dia, ouvindo suas boas histórias, bebendo chá e comendo juntos na Torre da Neve, um banquete farto e de requinte .

Os discípulos que já não moravam no templo o visitavam em seu aniversário, e seu mestre e irmãos desfrutavam de um dia alegre, recitando os ensinamentos do mestre e, os mais novos, faziam suas apresentações no pátio do templo, fosse com suas Fuchen ou uma luta amigável de espadas"

–O aniversário de Shifu estava chegando. Mingzhu XianSheng nos dividiu em grupos, para que tudo o que era necessário fosse provido.

"A Torre da Neve era decorada no interior, com fitas brilhantes e lanternas de papel".

–Mingzhu XianSheng me deixou com o pequeno Hēi Lang.

Neste ponto, seu olhar se desviou e havia um fraco sorriso no canto de seus lábios.

"Hēi Lang era um jovem discípulo nascido no templo, uma criança alheia ao mundo, silencioso e misterioso, andando sorrateiramente por entre seus irmãos".

–Hēi Lang... -ZiChen proferiu em sussurros fracos.

–Mingzhu XianSheng o chamava de pequeno Daozhang. Você sabe, ZiChen, ele era muito parecido com você.

Um sorriso pálido e sem vida se formou nos lábios de Song Lan.

–Nós saímos muito cedo, uma semana antes de... de...

–Xue Yang.

Havia uma faísca nos olhos de Song Lan quando o nome saiu por entre a fenda dos lábios. Bai Feng assentiu, suspirando fundo.

–A cidade era distante. Compramos os suprimentos em três dias e era hora de retornar. Hēi Lang estava animado, ele jamais havia saído do templo e desejava entregar seu presente para o Shifu. Ele passou muito tempo escolhendo e não me deixou ver.

Riu, as lembranças mais dolorosas são as mais belas ações que antecedem uma tragédia.

–Então nós chegamos ao templo depois de alguns dias, antes do aniversário do Shifu, mas...

Ele fechou os olhos com força. Bai Feng podia sentir a poeira que se levantava nas portas e ao redor do templo e o silêncio que setenciava o fim de uma seita.

–Continue, por favor...

Ele se sentiu sufocado. As lágrimas dançando em seu rosto.

–Todos estavam mortos, espalhados sobre o pátio. Havia fumaça e o cheiro de sangue fez Hēi Lang vomitar. Ele era apenas uma criança e teve de conhecer a dor tão cedo!

Ele agitou suas mãos, acertando com força o beiral da cama.

–Todos os discípulos estavam mortos! Todos os nossos irmãos!

Seu choro era alto, e Song Lan passou a chorar ao seu lado, acariciando a bolsa prende espírito que se movia tão fraco em suas mãos.

–Não foi sua culpa, XingChen...

–Mingzhu XianSheng estava morrendo... Ele foi torturado junto de Shifu...

O corpo jazia frio ao pátio quando Song Lan chegou, havia uma pequena flor em suas mãos e um sorriso quase invisível se pendurava em seus lábios. Ele morreu sorrindo.

–A flor...

–Hēi Lang. Ele entregou para Mingzhu XianSheng antes de abraçá-lo... XianSheng morreu em seus braços.

Song Lan fechou os olhos e uma longa lágrima caiu, fria e dolorosa.

–Shifu...

–Nós encontramos Shifu afastado no pátio, ele não nos permitiu chegar mais perto, gritando conosco para fugirmos e alertar aos outros. Eu não queria deixá-lo sozinho, mas Shifu se recusou a ir embora.

"Meu avô criou este templo, viveu e morreu aqui, assim como meu pai. Este será o meu destino, e quando me for chegada a hora, irei encontrá-los e me juntar a eles".

Song Lan nunca se esqueceu das palavras de seu mestre após uma noite longa de histórias.

–Quando decidi ir ao seu encontro, alertá-lo para que procurássemos o assassino, Hēi Lang havia desaparecido. Eu encontrei dois de nossos irmãos e os alertei. Nós choramos juntos por longos dias e noites.

–Alguém sobreviveu além de nós e Hēi Lang?

Song Lan estava incrédulo.

–Nós cinco, ZiChen. Leng Shen e Tai Yang saíram a sua procura e eu parti do templo para encontrar Hēi Lang.

"Todos eles partiram com medo e dor, sem esperança ou glória em seus corações. Todo o caminho agora era errado, tudo deveria ter ocorrido de forma diferente".

–Eu nunca encontrei Hēi Lang e agora sei que nossos irmãos nunca o encontraram. Eu clamo aos deuses para que estejam vivos.

ZiChen desviou o olhar, pois há muito tempo não clamava a nenhum deus, mas compreendia a naturalidade de Bai Feng em fazê-lo. Afinal, ainda era um taoísta criado no templo.

–Quando cheguei ao templo, Shifu ainda estava vivo. -iniciou ZiChen, fechando uma de suas mãos em punho. –Cuidado. Foi tudo o que ele disse antes de morrer e meus olhos serem cegados por Xue Yang. Eu não sei muito sobre o que ocorreu depois quando XingChen me encontrou.

–ZiChen, nós encontramos nossos irmãos e XingChen retornará. Eu lhe prometo.

Como se o silêncio da dor pudesse ser destruído, MeiJiu SanRen entrou novamente pela porta. O véu claro de seu chapéu era longo, mas Bai Feng pode ver que seus olhos choravam.

–Pedi ao pousadeiro que nós trouxesse comida.

Sua voz era doce e trazia calma ao coração. Bai Feng secou suas próprias lágrimas e Song Lan apenas deixou que se secassem sozinhas.

–Song Daozhang, deveria tentar alimentar-se e sentir os sabores agora que possuí uma língua e um sopro.

Eles não se abraçaram no fim de sua primeira conversa, mas Bai Feng e ZiChen sentiram-se gratos por estarem juntos uma outra vez.

༺═──────────────═༻

"Ele caminhava com lentidão e graça por entre a grama verde e brilhante, suas vestes pálidas esvoaçando junto ao vento.

Song Lan o observava do alto da montanha, sem mover qualquer músculo ou fazer ruído.

Sua pele era pálida e brilhante, como jades e pérolas, e seus cabelos negros caíam soltos na cintura, como uma cascata; alguns fios descansando em seus ombros.

Em seus lábios havia um sorriso perfeitamente esculpido que se tornou ainda maior quando os olhos escuros encontraram seu observador.

Ele caminhou em direção à ele, subindo com cautela pela estrada estreita até a parte alta que se encontrava Song Lan.

ZiChen, por que está parado aí? Todos estão confeccionando lanternas à beira do lago.

Eu estava apenas observando.

Ele se juntou ao outro, Song Lan o apoiando em suas mãos.

A lua está linda, ZiChen.

De fato.

Mas seus olhos não se moveram para cima, estavam fixos à figura etérea ao seu lado.

Song Lan sentiu o corpo estremecer quando suas mãos se encontraram.

Não soltaremos a nossa lanterna?

XingChen o encarava fixamente com seus olhos brilhantes.

Iremos, XingChen. Mas eu não fiz nenhuma.

Eu fiz, ZiChen. Soltaremos a minha, se não se importar...

Sua voz vacilou e seu rosto tingiu-se em vermelho.

Eu não me importo.

Se o fizermos, então poderão especular que...

Não me importo com especulações.

Mas seus irmãos...

XingChen.

ZiChen.

Ele roçou seus dedos levemente na mão pálida sobre a sua.

Eu não me importo.

XingChen continuou a admirar o céu, corado o suficiente para evitar mais olhares.

Soltaremos a nossa lanterna, ZiChen.

Faremos votos e desejos.

Você possui algum desejo, ZiChen?

Sim.

Eu gostaria de saber.

Algum dia.

Algum dia.

༺═──────────────═༻

De todos os seus sonhos e devaneios, aquele inundou seu coração e Song Lan aparentou estar mais feliz para Bai Feng e MeiJiu. Um sorriso era nítido no mestre agora inconsciente.

Após a dolorosa conversa entre Daozhangs, Bai Feng e MeiJiu ocuparam a mesa do pequeno quarto e beberam vinho juntos, atentos a qualquer sinal de Song Lan enquanto este descansava o corpo e a mente em um sono profundo, após MeiJiu o obrigar a se alimentar de sopa de ervas medicinais.

MeiJiu cantou para as almas de XingChen e A-Qing, para que assim como Song Lan eles encontrassem algum descanso.

Bai Feng mostrou seus mapas para MeiJiu, na esperança que definissem lugares e províncias para percorrer, em busca de seus irmãos e de sensações novas e vibrantes para as duas almas.

Para sua surpresa, MeiJiu parecia saber tão mais quanto ele sobre as províncias e cidades, como todas as seitas. Para uma cultivadora isolada, isso chamou sua atenção.

Ela chamava sua atenção de muitos modos.

–O que passa em sua mente, Bai Feng Daozhang? Circulou duas vezes este local. –ela apontou diretamente para o mapa nas mãos do mestre, dois círculos tortos pretos riscados sobre uma pequena cidade.

–Pensei em pedir para você se juntar a mim em um passeio, ou talvez uma caminhada.

–Se ainda está pensando, então se lembre que há trabalho a ser feito.

–Agora não penso. Estou pedindo.

Ela o encarou atônita, tentando compreender suas falas e ações.

–Não distante desta pousada.

–De acordo.

Ela se levantou, guardando as bolsas prende espírito em sua manga. Caminhou em direção a porta sendo seguida por Bai Feng.

–Mestre taoísta, não levará sua espada?

Ela questionou, olhando atentamente a espada que ainda repousava de encosto a cadeira.

Ele corou, tomando a espada em mãos rapidamente.

MeiJiu implorou aos céus que lhe desse alguma sorte maior que senhores esquecidos como este.

Como não esquecia sua própria cabeça?

Ele certamente esqueceria se não estivesse presa ao pescoço.

Com o pensamento, ela riu.


~Ooooi lindos! Mais um capítulo entregue essa semana!

A partir deste capítulo, a história se desenrola para seu clímax final e o esperado final feliz.

Como avisei antes, alguns capítulos contém lembranças e sonhos, assim como serão incluídos momentos da tragédia.

Eu avisarei antes de qualquer capítulo, de toda forma.

Muitas pessoas irão aparecer? Sim! Algo ruim pode acontecer? Talvez.

Mas quero dizer que me sinto cada vez mais feliz pelo rumo que essa história está levando.

Penso em criar alguns extras no fim da história, principalmente para conteúdo explícito (não, não estou falando só de sexo), mas sei como algumas pessoas sofrem com cenas de angústia, por exemplo.

Assim, após o final da história, fica decidido se o leitor deseja saber mais ou apenas se contentar com o fim.

Novamente, obrigada e cuidado com plágio.

A história ainda não foi revisada, perdoem erros e podem mencionar se encontrar.

Obs: as frases em negrito deste capítulo serão apenas compreendidas completamente no final desta história.

Se cuidem e fiquem em casa. Se precisar sair, use máscara!

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