~Bem pessoal, este é oficialmente o primeiro capítulo e se passa um ano após Song Lan estar com as bolsas prende espíritos com A-qing e Xiao XingChen, espero que gostem. Boa leitura!~
Song Lan, Song ZiChen, Daozhang... ZiChen...
Song Lan quase podia ouvir a voz suave de Xiao XingChen chamando por seu nome, quase podia ouvir os mínimos ruídos que os pés de XingChen faziam quando caminhava por estradas como se pisasse em nuvens, como se pudesse flutuar acima do chão. Mas ele não estava ali.
Mais de um ano ele caminhava só, carregando consigo as duas bolsas prende espírito na manga de sua túnica. Mais de um ano ele carregava ShuangHua, a espada de XingChen em suas costas, ao lado de FuXue, sua própria espada.
Song Lan não poderia se estabelecer em alguma cidade próxima, não haveria forma de se aproximar de qualquer ser mortal antes que tremessem de medo e continuamente se afastassem. Ele era um cadáver feroz agora, ainda que mantivesse sua consciência, seu corpo já não possuía vida. Ele não sentia dor, medo, angústia, calor ou frio. O único sentimento que carregava consigo era a culpa, culpa por não ter salvo Xiao XingChen, por não falar com ele antes de confrontar Xue Yang. E esta culpa ele carregaria consigo para sempre.
Song Lan retirou FuXue e ShuangHua de suas costas, unindo-as junto de seu batedor de rabo de cavalo sobre a mesa velha de madeira. Havia encontrado uma pequena casa abandonada na montanha, usando-a como um refúgio quando lhe era necessário cultivar as almas que trazia consigo. Muitas vezes ele conseguia algum sinal da senhorita A-qing, que movia seus pequenos pedaços na bolsa prende espírito quando passavam secretamente por alguma cidade agitada perdida entre as cinco grande seitas. Song Lan não possuía sua língua, e sendo retirada tão friamente por Xue Yang, não havia como comunicar-se por palavras e sons com a alma de A-qing. Mas ela parecia desejar retornar aquele mundo.
Xiao XingChen não desejava retornar.
Quando Wei Ying, Wei Wuxian, o tão temido Patriarca Yiling lhe entregou as bolsas prende espíritos para ele, Song Lan pode sentir que retornar ao mundo não era um desejo de Xiao XingChen.
Com um corte limpo e preciso, uma perfeita curva de lâmina em um pescoço pálido colocava fim a vida de Xiao XingChen. Ele havia se suicidado. Xiao XingChen desistiu de sua vida frente à ele e por muito tempo Song Lan não pode fazer nada. Ele não possuía consciência, era um mero fantoche sendo usado pelas mãos de Xue Yang, que o controlava com os mesmos parafusos que Wen Ning, o General Fantasma, foi controlado antes da libertação de Wei Wuxian. E foi este mesmo homem que libertou a sua consciência. Ele seria eternamente grato ao Patriarca Yiling, filho de CangSe Sanren, a irmã marcial de Xiao XingChen na Montanha Celestial de Baoshan.
"XingChen, não foi sua culpa..."
Song Lan passou as noites mentalmente concentrando suas palavras em energia na esperança de que Xiao XingChen pudesse, de alguma forma, ouvi-las.
"XingChen, não foi sua culpa.
Você não é o culpado, Xue Yang é o culpado. XingChen, por favor, volte."
Se seus olhos pudessem chorar, suas túnicas se encharcariam tão rapidamente quanto as folhas das árvores em um dia de muita chuva.
Song Lan tomou as bolsas em mãos, levando-nas consigo para fora da pequena casa de madeira. Uma árvore crescia ao lado, não muito maior do que ele; e foi ali que se sentou junto das duas almas fracas. Primeiro, ele conversou com a senhorita A-Qing, usando sua mente e energia para formar palavras, implorando para que suas palavras pudessem ser ouvidas e sentidas sem que um ruído fosse vocalizado por ele. Como em todas as noites, a bolsa prende espírito se mexeu devagar e um raio de esperança brilhou depois de muito tempo para Song Lan. O mestre taoísta então colocou A-qing ao solo, pegando a outra bolsa prende espírito.
"XingChen, aqui estou eu. Não foi sua culpa. A noite está bonita, há muitas estrelas no céu e alguma neblina começa a se formar. Você teria gostado de estar aqui, mesmo que eu acredite que você tenha nascido para ser um grande senhor de seita e não um mortal varrendo o chão de uma casa velha."
Seus lábios se curvaram no que poderia ter sido uma doce risada se ele pudesse emitir sons, certamente seria a primeira vez que Xiao XingChen o ouviria rir.
"Me desculpe, XingChen. Acho que fui exagerado."
Em um pequeno impulso nas mãos frias de Song Lan, a bolsa prende espírito moveu-se devagar, fazendo com que seu corpo tremesse como se estivesse sido pego de surpresa por uma imensa tempestade violenta.
Xi...xing... XingChen?
Após alguns segundos, os pequenos movimentos cessaram.
O que havia sido? Pensou Song Lan, confuso, atordoado. Ele podia sentir em suas mãos como aquela alma quebrada se forçou a lhe dar uma resposta. Se a alma de XingChen assumisse uma forma corporal agora, seria apenas uma aura envolta em fumaça, triste, com muitas e muitas lágrimas vermelhas. Song Lan quase podia ver aquele ser belo e etéreo, em roupas tão claras quanto as nuvens, coberto por linhas de sangue que corriam por seu rosto pálido e o fio fino e brilhante carmesim jorrando de seu pescoço... como gotas de chuva derrentendo a neve com a chegada do verão. Mas a chuva de Xiao XingChen era resultado de sua morte.
Song Lan pode sentir o peso em seus olhos incapazes de chorar, segurando a bolsa com tanta delicadeza e cuidado ao mesmo tempo, como se a alma de XingChen pudesse se esvair para sempre e deixá-lo só no mundo.
"XingChen, eu não culpo você. Por favor, volte."
Ele atingiu a imortalidade por um meio que nunca imaginou, perfurado pela lâmina brilhante e fria de ShuangHua, nas mãos daquele a quem ele mais feriu, a quem ele expulsou de seu lado. Se não tivesse dito aquelas palavras...
"A partir de agora não precisamos nos encontrar novamente"
Se tivesse de fazer a escolha daquilo que mais se arrepende, então ZiChen escolheria aquelas palavras. As nove palavras que afastaram Xiao XingChen para sempre e que consequentemente o levaram ao suicídio.
"XingChen, eu o trarei de volta. Não foi sua culpa. Eu... eu... cometi um erro. Seus olhos... Você me deu os seus olhos e eu lhe dei a morte."
Song Lan forçou seus olhos para fechar, apertando as pálpebras com certa força. Não importava, um homem incapaz de derramar suas lágrimas as teria vagando por seu coração por toda eternidade. Pegou as pequenas bolsas nas mãos, levantando-se da grama que começava a se molhar devido a fina geada. Olhou de relance para a lua, grande e imponente no céu estrelado, com sua bela auréola divina e clara... ele sorriu.
"Xiao XingChen, Daozhang... eu terei a minha lua brilhante outra vez."
~Nem acredito que estou finalmente dando vida a essa história...
SongXiao sempre foram os meus favoritos, e muito tempo guardei meus escritos apenas para mim, fosse original, fosse fic... eu ainda estou no início, e sei que não se pode agradar todos. Eu não sou fã de XueXiao, mas irei explorar muito das memórias de Xue Yang nesta história.
Lembrem-se, esta história pertence a mim, então anda conforme os meus pensamentos. Desculpe se algo não agradar, aceito sugestões, mas não pedido para que algo mude ma história.
De novo eu agradeço. Agradeço a linda da Ellie por me fazer essa capa tão fofa, a Yanligranger por me apoiar a entrar para a escrita no wattpad, meus amigos lindos e maravilhosos (wei e wangji fofinhos) e meu parceiro "ZiChen", que tem desenrolado cada parte desta história comigo.
Prometo trazer capítulos maiores. Amo vocês! Até a próxima. ~