A Queda de Durkheim

By carlosmrocha

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Segundo livro da série Crônicas Delorianas. O Estado de Durkheim sofre uma grande invasão e Ilya Gregorvich a... More

Segundo livro
Recruta Gregorvich
O mago genista
A frente de batalha
Viagem para Nergorod
Major Haivan Drakeen
Na casa de Masha
A criatura
Há quatrocentos e setenta e dois anos
O Sono de Mil Ciclos
Agulhas de Estanho
Beijo quente, beijo frio
Elipses
A hipótese de Drakeen
A tumba dos wlegdars
A mente de um menodrol
A serpente de vento
Retorno da escuridão
Máscaras
Correspondência
Convite
Embate
O Covil dos Vorn-Nasca
Sinal
Reunião
Retorno à tumba
Horror na montanha oca
Meias verdades
O melhor mecânico do mundo
Chegar ao próximo dia
Futuro sombrio
Preparativos
Ruínas sob a neve
Batalha dos milhares
Sala de comando
Gênio das sombras
A torre gotejante
Fuga
O legado do Professor Mikhail
Epílogo

Colosso de metal

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By carlosmrocha

Durkheim mergulhava no caos e desordem. As cidades litorâneas estavam todas perdidas, exceto Zalle. Mais tropas dos invasores continuavam chegando por mar. Reforços vindos de Karisheim e Horff, aliados de Durkheim, chegavam a tempo de equilibrar a situação e atrasavam uma derrota definitiva. As notícias da guerra repercutiam em outras nações e temia-se que o conflito pudesse tomar todo o globo.

As nações vizinhas, o Reino de Sisqua e a República de Salzbragg recusaram enviar auxílio, ao passo que as nações de além mar, Perz Mawl e Perz Quonzil foram persuadidas a tomar partido de Makluskey.

Em pouco tempo o conflito poderia crescer para uma grande guerra mundial. Durkheim resistia separada em duas regiões quase isoladas. Ao sul, junto a Zalle e a nordeste, uma larga extensão do país ainda intocada pelo conflito, nas imediações de Nergorod. As redes de comunicação de Durkheim funcionavam de modo precário, mesmo assim, Drakeen conseguiu trocar algumas mensagens com Argos e com o agente Oleksei. Ele recebeu notícias do confronto deles com os Vorn-Nasca e que os feridos estavam sob tratamento no laboratório médico do Departamento D. Haviam recebido os tratamentos experimentais, mais avançados e caros disponíveis no estado.

Sendo assim, não demorou mais que duas semanas até que estivessem em condições de viajar. Com a ferrovia parcialmente desativada, era preciso ir de carro. Um pequeno comboio de três veículos se formou. Viajavam seis agentes, dois técnicos, um médico e Argos Vseldoff. Ele seguia no mesmo carro de Oleksei e os dois engenheiros thaumatônicos. Era um mini caminhão com a traseira repleta de equipamentos. Os dois outros veículos eram de um tipo militar, com pneus altos e canhões manóticos montados na capota.

— Que barulho é esse? Uma tempestade? — Argos olhava ao redor, preocupado.

Oleksei balançou a cabeça... Não tinha certeza. Um dos engenheiros, Monodivchky, virou-se inquieto no banco.

— Seja o que for, está ficando mais alto...

Havia uma colina esverdeada adiante no rumo da estrada coberta por cascalho.

— Pode ser o som de uma batalha — arriscou Oleksei.

Monodivchky, que tinha volumosos bigodes alaranjados, tomou o mapa do colo colega engenheiro que dormia com a cabeça pendendo para a frente e balançando.

— Parece que adiante está Cobaymorza.

— Eu tinha um tio lá, mas já faleceu. — comentou Oleksei.

O pequeno comboio avançou até o cume da colina, os carros se esforçando para subir a parte final íngreme e cuspindo cascalho e poeira enquanto avançavam. De lá, puderam ver fumaça ao longe iluminada por baixo, tingindo-se de tons vermelhos e alaranjados. A cidade estava em chamas. Parecia uma tempestade, mas era o sinal de mais um massacre. O interior de Durkheim estava repleto de pequenas cidades e vilarejos como Cobaymorza.

— E agora, Mono? — Indagou o médico, que estava ao volante.

— Não vai dar para continuar — retrucou o bigodudo.

— Temos que dar um jeito de seguir — Argos tremia um pouco, com ansiedade.

O médico, um sujeito magro, barbudo e muito reservado, colocou a cabeça para fora e acenou para o líder do comboio.

Como resposta, um gesto indicando que deviam seguir adiante.

— Isto não pode ser nada bom... — lamentou-se Mono. — Eu preferia dormir o tempo todo como o Pulgão.

Como se adivinhasse que falavam dele, o outro engenheiro despertou bocejando, se espreguiçando e empurrando Argos e Mono para os lados.

— Já chegamos? — disse com a voz embargada.

— Chegamos sim, seu tolo! Ao lugar onde vamos morrer! — resmungou Monodivchky.

— Que ótimo, essa viagem estava mesmo um tédio. Entendam, estou muito curioso para ver uma das máquinas de batalha dos menodrols. Será que aquela fumaça cinzenta vem deles? — apontou Pulgão.

— Talvez — Mono encolheu os ombros — Os couraçados deles não usam energia manótica, no lugar disto, queimam carvão.

— Eu já os vi — disse Argos. — Antes de ir até Zalle, estive em Dusseloris... Vi uma centena daquelas coisas enormes. Caminhões de metal enormes, pintados de preto e com um par de chaminés, uma na dianteira e outra na traseira. Cuspiam muita fumaça cinzenta como aquela. As coisas rugiam como dragões e carregavam centenas de menodrols. Em toda a lateral, serras e espetos giravam trucidando qualquer um que se aproximasse. Na dianteira, pás móveis com espetos, gordas como pinças de um escorpião, moviam-se para cima e para baixo, controladas pelos menodrols na cabine frontal. As coisas eram grandes como navios, dotadas de enormes rodas metálicas da altura de dois homens. Máquinas de morte cruéis e cuspidoras de fumaça. Eu preferiria não vê-las novamente e tão pouco ouvir os gritos agonizantes dos soldados que foram comandados a marchar contra elas.

— Viu alguma sendo destruída? — quis saber Oleksei.

— Não. Os canhões de fogo não penetravam na dura couraça e os disparos de relâmpago, pareciam ser absorvidos pela estrutura metálica sem ferir os tripulantes.

— Eles tomaram Dusseloris em apenas dois dias com aquelas coisas.

Seguiram por mais algum tempo até que puderam avistar Cobaymorza.

O carro da frente parou e fez sinal para ficarem emparelhados.

Slovany, o agente mais graduado, falou — Ao que parece a resistência está cessando. O melhor a fazer um rápido mergulho através da cidade e seguir pela estrada do outro lado.

— Não seria melhor contornar? — retrucou o médico.

— Não dá! Eu conheço a região. A única passagem para essa banheira é através da cidade. Os menodrols não devem ter meios para nos perseguir. Seus gigantes de metal são muito lentos, e fora isto, estariam à pé ou no máximo, à cavalo. Para atravessar é melhor nos dispersarmos um pouco, mas não muito. Manteremos sempre contato visual, entendido?

***

Quando chegaram no perímetro da cidade, os sons e sinais de batalha eram esparsos. Parte dela estava em chamas e o rugido dos motores dos couraçados soavam bem alto. Ainda na parte alta, antes de entrar na cidade, identificaram uma rota. Circulariam o local onde se concentravam os couraçados.

— Olha o tamanho daquelas coisas — Pulgão estava de queixo caído. Os demais, não apreciam menos surpresos. Aquelas coisas pretas e espinhudas davam medo.

Conseguiram contar oito, mas podia haver mais. O motor relativamente silencioso dos veículos manóticos apenas zumbia era facilmente suprimido pelos sons das enormes máquinas. Quando atravessaram uma das avenidas principais, foram avistados por um couraçado que surgiu por de trás do antigo edifício rosado onde funcionava um hospital. Algo entre doze e quinze soldados menodrols foram notificados por um apito grave que soou à partir de uma das chaminés do colosso. Suas máscaras metálicas formavam expressões de terrível frieza. Poucos cabelos escapavam pela lateral dos capacetes. Usavam uniformes cinzentos escuros, cheios de faixas e fivelas para carregar os equipamentos de campanha.

O carro de Slovany havia passado e o mini-caminhão de Argos e Oleksei foi alvejado por tiros dos rifles da infantaria. Do alto do couraçado, dois canhões dispararam. Um tiro explodiu logo à frente e outro passou direto estilhaçando uma das árvores que se enfileiravam no canteiro central. Tiros dos rifles atingiram a carroceria fazendo buracos e atingindo equipamentos. Um forte odor de borracha queimando veio em seguida. O carro que vinha logo atrás disparou uma rajada de gelo picado contra os soldados. Alguns foram atingidos levando os demais a se dispersarem.

O colosso continuou com os disparos de seus poderosos canhões, mas conseguiram sair da avenida, ainda que com problemas. O interior da carroceria estava em chamas.

— Vai lá atrás, Mono, e apague esse fogo!

Ele subiu no banco e abriu a portinhola que separava a cabine dupla da parte traseira. O fogo ainda não havia se alastrado. Mono entrou lá cobrindo o rosto e abriu a porta traseira.

— Mas que merda! Íamos precisar disto! E disto! — ele atirou os equipamentos que estavam em chamas para fora.

Mono observou, apreensivo, os menodrols surgindo na esquina. Mas já estavam distante demais para que seus disparos os atingissem. O carro que seguia atrás respondeu ao fogo, mas um dos agentes foi atingido e caiu. A velocidade dos carros suplantou a lerdeza dos couraçados e conseguiram sair da vila. No final das contas, atravessar o local com apenas uma baixa pode ter sido uma grande sorte.

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