Máscaras

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Masha não teve dificuldade para conseguir permissão para realizar horas extras de trabalho. Com a situação da guerra cada vez pior, esforços como os que ela fazia eram vistos com bons olhos. Ela havia sido extremamente cuidadosa em relação a suas visitas a Clarão. Trabalhava também com experimentos em outros prisioneiros para desviar a atenção. Seus relatórios tratavam de diversos menodrols evitando foco nele. Era tarde da noite e Masha estava sozinha com Clarão.

– Ainda está aborrecida comigo – indagou Clarão.

– Como vou me aborrecer com você, meu bem? Por ser tão verdadeiro comigo? De forma alguma! – Masha sorriu, abraçou e beijou o objeto de seus desejos.

– Fico contente, pois gosto muito de sua companhia e de ter contato físico.

– Eu tenho uma nova teoria a testar. Se importa se eu ligar os sensores em você?

– Não me importo.

– Ótimo, agora, dispa-se.

Clarão obedeceu. Masha conectou uma dúzia de cabos ao corpo de Clarão. Havia pontas com sucção e outros eram pinças. Ligou metade na cabeça, um par no peito e nas costas, nas mãos e nos pés. Ligou os aparelhos e tomou as medidas. Estava tudo em ordem. As vibrações eram suaves, como de alguém bastante relaxado ou em profunda concentração. A pulsação era de oito por segundo, sincronizada à pulsação planetária.

Masha despiu-se e Clarão observou-a com atenção. Retirou dois objetos de sua bolsa. Eram máscaras prateadas que mandou confeccionar segundo especificações fornecidas por uma prisioneira menodrol chamada Gota de Orvalho Quarenta. Ela colocou a máscara no rosto de Clarão e em seguida, vestiu a sua. 

A respiração de Clarão se alterou e pela primeira vez Masha viu que o corpo do menodrol reagia demonstrando desejo. Ela sentiu-se excitada com a situação. Estava nua, usando apenas uma máscara, assim como o menodrol. Eram máscaras que não cobriam toda a face, apenas a testa, olhos e nariz. Masha aguardou. Estava curiosa quanto a reação do menodrol. Ele agiu. Logo estavam ambos entregues à volúpia sexual. Havia muito desejo reprimido entre os dois e as máscaras de acasalamento libertaram Clarão do forte embaraço que sentia junto a Masha. Eles se amaram por horas madrugada adentro. Ela sentiu-se feliz e completa como nunca antes. Quase relaxando para dormir levantou-se num sobressalto.

– O que houve, minha Masha? – ele nunca a havia chamado assim.

– Percebi que poderia adormecer e estremeci ao pensar nas consequências de sermos descobertos.

– Compreendo.

Masha levantou-se e vestiu-se e guardou as máscaras. Do lado de fora, examinou o longo rolo de papel com as leituras e arregalou os olhos ao constatar um novo estado vibratório. Ela sorriu – Eu estava certa!

– Sobre o que?

– Isto aqui pode ser a chave para o que vinha buscando! – Ela entrou e beijou Clarão antes de se despedir.

Ela estava animada. – Vamos ver! Amanhã será um longo dia.

Retornou para casa eufórica. Mal pode dormir pensando sobre sua noite maravilhosa com Clarão e também nos ajustes que faria nos aparelhos de frequência, logo mais, assim que o dia raiasse.

A Queda de DurkheimWhere stories live. Discover now