Gênio das sombras

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Clarão havia cruzado um oceano de menodrols e seguiu o caminho que fizeram quando esteve ali antes, com Masha.O zumbido em sua cabeça era forte e irritante, mas seus pensamentos e decisões permaneciam sob seu controle. Aquele grupo que viera com ele não sobreviveria, mas poderia fazer algo em relação à guerra. Libertar seu povo daquele maligno instrumento de controle dos antigos wlegdars.

Caminhou só pelos corredores e escadarias do complexo. Teve a sensação de que era seguido por uma sombra e virou-se para procurá-la, mas não havia nada lá. Ele não conseguia ver, mas algo veloz moveu-se e agora estrava atrás dele. Quando virou-se para seguir o caminho, a sombra moveu-se como um borrão para se esconder novamente. A sombra o seguiu mal tocando o solo com seus passos.

As pernas dele reclamavam após subir longas escadarias, sempre alerta com seu rifle pronto para acertar qualquer oponente. O caminho estava iluminado por uma sutil luz azulada que não parecia vir de lugar algum. Talvez, o brilho emanasse das próprias paredes, ou do chão, o menodrol não conseguia identificar. Chegou a um recinto pequeno que conectava dois grandes salões e deparou-se com três Vorn-Nascas. Tinha um deles na mira, mas antes que pudesse disparar a sombra lhe passou uma rasteira. Pretendia derrubá-lo, mas apenas tirou seu equilíbrio.

— Ali! — apontou um deles.

Disparos de pistola vieram em direção a Clarão. Ele atirou-se no chão e rolou. De joelhos, retomou a mira e atirou. Um Vorn-Nasca teve o joelho esquerdo destroçado pelo disparo. Clarão sabia bem que tiros de mana-igna não os mataria, mas ao menos poderia deixá-los mais lentos. Além disso, viu que usava placas peitorais metálicas.

Clarão atingiu outro na coxa, mas sem derrubá-lo. Ao mesmo tempo, recebeu um disparo no peito que aqueceu sua armadura, quase a ponto de queimá-lo. A diferença de potência entre uma pistola e um rifle era imensa. O que foi atingido na coxa era um mau atirador, o outro, regular. O Vorn-Nasca ainda ileso, percebeu que os disparos de pistola não fariam grande estrago na armadura, correu na direção do menodrol, saltou quicando na parede como um gato e precipitou-se sobre ele. Clarão disparou, mas errou. A colisão entre os dois atirou Clarão contra a parede e fez morder a própria língua, enchendo a sua boca de sangue. Clarão seguiu os instintos de combate de sua espécie, largou o rifle e agora com uma adaga em mãos, desferiu um golpe certeiro na fenda da armadura do oponente. A adaga de estanho atravessou o pescoço fazendo o monstro entrar em convulsões. Clarão, agarrou-o e tomando-o como escudo, avançou contra o outro, que mancava com um ferimento na coxa. Se retirasse a adaga do pescoço do monstro, sabia que ele voltaria a combatê-lo. Atirou o corpo sobre o oponente e rolou para trás para alcançar seu rifle. Deitado no chão, voltou a disparar. O que ficou sem uma das pernas se arrastou para fora dali e se escondeu.

Clarão foi atingido no ombro, onde a placa peitoral era presa por tiras de couro. O ombro sofreu queimaduras e a placa peitoral ficou frouxa. O outro também decidiu recuar. Clarão disparou para garantir cobertura enquanto se movia. Haviam alcançado uma situação de impasse, separados agora por uma pequena câmara com cerca de seis metros de comprimento por dois de largura.

— Maldito, deixe-me sair! — veio um sussurro abafado atrás de Clarão. Virou-se e lá estava a sombra encostada na parede, tremendo. Os contornos das mãos de uma pessoa magra se torciam.

— Sou seu mestre! Ordeno que retorne! — veio a voz abafada saindo de dentro da sombra.

Clarão franziu o cenho sem entender o que acontecia.

A sombra moveu-se, escorrendo da parede e deslisando pelo chão para aproximar-se do menodrol.

— Cale-se! — uma voz horripilante saiu da sombra — Você agora é meu! Meu! Meu! Meu!

A Queda de DurkheimWhere stories live. Discover now