A Dama Sem Nome: Um Romance d...

By medjeks

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🚨 A T E N Ç Ã O🚨 R O M A N C E D A R K Este livro está inserido numa classificação de Ro... More

Personagens.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capitulo 6
Capitulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 32
Ele chegou no Amazon!
Curiosity
E se??
O Domínio do Bárbaro

Capítulo 23

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By medjeks

As tempestades de neve pareciam sempre acontecer do meio da madrugada até a metade da manhã. Às vezes, Bárbara podia reparar o barulho de algum caminhão que jogava sal na tentativa de abaixar o volume absurdo da neve.

Estranhamente, os dias pareceram mais leves, quase como um arco-íris no final da tempestade. Thiago estava um pouco mais brando com ela. Não conversavam além do básico, não trocavam gentilezas, mas também não havia mais a costumeira agressividade por parte dele. Das vezes que acordava mais próximo um do outro na cama, nenhum deles tecia nenhum comentário.

Também reparou que ele passou a escolher a casa para trabalhar. Algo tinha a ver com a neve expressa bloqueando as passagens. Por isso, a mansão de repente ficou cheia de visitas, em sua maioria, homens mais velhos, que cumprimentavam Thiago com um beijo no dorso de sua mão direita. Algo que particularmente ela achava bizarro, visto a diferença de idade entre eles. Um entra e sai de homens importantes, quase que o tempo inteiro. Todos parecendo querer tratar algo especificamente com Thiago, ou simplesmente querendo estar no mesmo ambiente que ele e ela só evitava ao máximo esbarrar com algum deles.

Ainda se lembrava de, em um determinado dia, passar com Júlia em frente à biblioteca e escutar barulhos estranhos. Era o barulho de um homem que chorava. Mas não era qualquer choro: parecia lamentar uma sentença.

Não era problema dela, Bárbara sabia, mas não havia como não se comover. Sabia que o marido mexia com assuntos sérios e ilegais, que somente alguém de pulso firme e frieza necessária poderiam lidar. Por este motivo, escolhia manter a filha bem distante dos locais de recepção das visitas, e de forma a entretê-la, brincava a maior parte do tempo nos fundos do jardim da casa, sempre na companhia de Gabriela e de um comboio de homens armados, apesar de odiar estar sendo vigiada.

Elas só puderam sair de casa no décimo dia quando a tempestade de neve finalmente cessou. O céu estava bem azul e a temperatura um pouco mais amena, constando dois abaixo de zero.

Bárbara e Júlia estavam muito animadas para conhecerem o lago congelado. Tinham acabado de comer o pranzo e nonna, antes de se retirar, havia comentado que o lago de águas que havia na propriedade, naquele período, ficava totalmente congelado e era um dos mais belos espetáculos de se ver naquela temporada.

Bárbara havia reparado que Marietta tinha ficado mais aberta e observadora. A maioria dos passeios com Júlia eram acompanhados por ela enquanto Thiago não estava, e, após sua chegada, a mulher parecia ter ficado quase que aliviada. Ela não sabia ao certo explicar se era isso mesmo, ou apenas impressões.

Bárbara colocava as luvas nas mãozinhas da filha quando Thiago apareceu acompanhado de dois homens. Um deles, era Diogo e o outro, ela nunca havia visto, mas quando a viu, estagnou repentinamente parecendo tomar um susto. Diogo e Thiago perceberam e apenas olharam de forma enigmática.

Júlia quando viu o pai, correu para ele abrindo os bracinhos, sendo recebida com beijos e abraços. Thiago era um bom pai, e Júlia o amava. A relação era amorosa e por mais incrível que parecesse, ele era atencioso e gentil com a garotinha.

Naqueles dias de neve, apesar de estarem na mesma casa, Thiago estava ausente, mergulhado no que fazia. Júlia sentia a falta e quase sempre perguntava por ele. Era algo a se pensar e Bárbara sempre se perguntava: Como ela lidava, e o que fazia para sustentar e cuidar de duas crianças sem ajuda do pai? Se é que o fazia isto...

Diogo a cumprimentou com o costumeiro aceno, já o desconhecido homem continuava a olhar para ela fixamente. Não era como se fosse desejo. Era mais como se ela fosse alguma assombração. Bárbara não o cumprimentou diretamente com medo de alguma exagerada reação de Thiago. O homem pareceu em certo momento confuso e ao mesmo tempo intrigado. Thiago astutamente estudava cada reação. Pareciam imersos em uma bolha tensa e que a qualquer momento fosse estourar.

Todos saíram do devaneio de tensão quando Júlia chamou a atenção do pai para mostrar as luvinhas nas mãos e apontar para a neve acumulada. Ele ainda a segurava no colo quando se aproximou de Bárbara, olhando sempre para suas feições atentamente. Entregou-lhe a menina e dizendo:

— Deixei ordens para que vocês duas não passem mais de trinta minutos lá fora.

Ainda atordoada pela forma intensa como ele a encarava, demorou alguns segundos para assimilar. Achou curtíssimo o tempo e estava pronta para refutar, mas Thiago percebeu e virou-se com os homens caminhando para a porta.

Saíram para fora e o vento cortante foi o que as recebeu. O sol tímido lançava seus raios sob o gelo e criava pequenos espectros brilhantes. Júlia estava animada, Bárbara e Gabriela nem tanto, afinal depois de um tempo, andar sob o gelo cansava.

Estavam sendo acompanhadas por dois homens de, como sempre. Alguns outros, armados, podiam se ver ao longo da propriedade. Chegaram ao lago bastante ofegantes e cansadas, menos Júlia, que estava empolgada chamando a mãe a todo momento para que ela visse o grande bloco congelado, apesar da fina neblina que o cobria.

Elas chegaram à beirada e viram que aparentemente estava sólido, mas em algumas outras partes nem tanto.Essas partes, mostravam por baixo do gelo a água correndo límpida, enquanto alguns peixes brilhantes passavam por debaixo do gelo. Havia uma aura mágica que somente aquela visão da natureza proporcionava e as encantava.

Bárbara tentou imaginar se por acaso alguma vez, já havia visto neve. Olhar para a paisagem de dentro de casa com limite até o jardim, era completamente diferente de presenciar a cena de todo o lugar coberto de branco e completamente congelado. Era lindo.

Testou o peso no gelo pondo um pé em cima e pressionando, enquanto segurava em Gabriela e ria divertida com a falta de confiança dela.

— Será que é seguro subir em cima? — Questionou Bárbara desconfiada pondo mais força.

Júlia, que apenas observava em pé, agachou-se na beirada sem que nenhuma delas percebessem. De longe,  o soldado que acompanhava gritou para advertir a criança. Mas foi no momento que Júlia girou o pescoço em direção do homem que vinha correndo, que se desequilibrou e caiu no gelo.

O jeito com que caiu, fez com que o corpinho saísse deslizando para um pouco mais longe da beirada. Bárbara levou as mãos à boca com o susto, soltou um grito e correu para a beira do lago à espera de que o gelo não quebrasse e a filha afundasse.

Apavorada, pensava a todo instante que cada segundo dentro d'água era fatal, principalmente para uma criança tão pequena! Bárbara tinha o coração disparado e o rosto pálido. No desespero do momento e ao ouvir o choro da filha, foi até a beira do lago. Quando ia entrando, escutou um dos soldados gritar:

Signora! O gelo vai quebrar com seu peso!

Bárbara não ligava. Queria apenas a filha. Ela era a única chance de salvação de Júlia e não havia tempo para vacilações. Deitou-se de bruços e começou a deslizar em direção ao lugar onde a filha estava, assim como um surfista em sua prancha em alto mar. Enquanto fazia isso e ia movimentando-se, o gelo embaixo de si estalava.

Júlia não havia ido parar muito longe.  Estava sentada coçando o olhinho esquerdo, chorando muito, com um galo na testinha e os lábios tremendo. Como mãe, desesperou-se sem saber se a criança chorava de medo, frio ou somente se era por causa do tombo. Para acalmar, começou a conversar com ela enquanto ia se movimentando.

Gabriela gritava desesperada para elas fazendo menção de também entrar no lago, mas um dos soldados a agarrava enquanto falava algo pelo rádio. O outro soldado, corria dando a volta no lago segurando algo, Bárbara não sabia o que ele estava fazendo, apenas se concentrava tentando distribuir o peso por igual, porém, mesmo assim, ouvia o gelo rachando cada vez mais.

Estava a alguns poucos metros de onde Júlia estava, que não era muito, mas na prática, parecia uma imensidão, quando deixou a segurança de lado e começou a engatinhar.

Conseguiu agarrá-la pela gola da japona térmica e a puxou para perto. O peso das duas juntas fez com que o gelo trincasse ainda mais.

— A corda! Agarre a corda!

Escutou alguém gritar ao fundo e olhou para trás. Viu que ao longe um comboio de homens corria até elas. Thiago estava junto, e inexplicavelmente Bárbara se sentiu aliviada.

De repente o barulho de um helicóptero ecoou ao longe. Apesar da confusão, viu que alguém havia conseguido jogar uma corda para elas. Olhando para o rostinho da filha, viu que Júlia já tinha os lábios azulados e trêmulos, enquanto olhava para ela  assustada e chorosa. Bárbara falou palavras tranquilizadoras a fim de acalmá-la enquanto esgueirava-se pelo gelo, alcançando a ponta da corda. Naquele momento o barulho do helicóptero chegava mais perto, junto com a sensação congelante que emanava do chão de gelo.

Olhou assustada e viu apenas Thiago fazendo alguns movimentos, a neblina de gelo a impedia de enxergar o que acontecia.

Optou por ficar em casa a fim de estabelecer seus planos sem precisar ficar muito longe da mulher misteriosa. A neve que caíra sem trégua, impossibilitava que comparecesse até a sede da máfia, por isto, ele recebia cada vez mais visitas constantes. Soube na hora que precisava de um outro lugar para ficar em paz, ou não o deixariam cuidar dos assuntos.

Recebeu a visita de pessoas influentes no ramo da política e de traficantes fronteiriços e odiou a cada momento, porque expunha sua família. Alguns capos também vinham lhe prestar esclarecimentos e informações valiosas. Mas a visita que mais lhe requereu paciência foi a do governador da Calábria, neto de Bertholo. O homem chorou feito criança ao ouvir sua sentença, e a vontade de atirar nele ali mesmo dentro de sua casa, com Júlia, Surya e Marietta estando ali, foi grande, mas o que era dele estava guardado.

Às vezes quando os compromissos davam trégua e enfim ele desfrutava do silêncio do escritório, escutando o barulho de Júlia brincando no jardim e através das câmeras de segurança acompanhava o que acontecia.

No momento, Surya estava parada à frente de Júlia e movimentava os braços para cima, como flexões. Júlia imitava enquanto Surya apontava para o chão coberto de gelo. A cena era de uma mãe ensinando a filha a deixar marcas de anjos na neve, e era leve demais para a compreensão dele.

Ela era totalmente o oposto de Bárbara e suas reações maternas eram completamente voluntárias e naturais. Nada nela parecia forçado ou de ações falsas, mas e então o que ela estaria fazendo envolvida em toda aquela história?

Surya havia virado a obsessão de Thiago desde que ele descobrira sua verdadeira identidade. Por horas a fio, encarava a ficha com as informações tentando juntar as peças a partir do pouco que sabia sobre ela.

Às vezes, olhava a fotografia de Bárbara e de Surya, comparando-as fisicamente com a cabeça cheia de indagações. A mente maquinava planos e jeitos de se alcançar o objetivo que ele queria: achar Bárbara, saber o grau de envolvimento de Surya com eles, e o principal: achar Pedro.

Foi quando decidiu que a estudaria de perto e a conheceria melhor, a ponto de saber se era uma pessoa influenciável e manipulável, se agia daquele jeito mesmo ou se apenas se escondia atrás de algum véu de impunidade e bondade, que ele estava mais que disposto a arrancar.

Tudo em Surya parecia novo para ele. A maioria daqueles sentimentos doces e espontâneos ele não conhecia. Era como se as atitudes dela não condissesse com a criação dura e severa que ele teve. Recostou-se na cadeira e recordou de todos os sentimentos e sensações que os pais lhe haviam passado ao longo da vida.

Lembrou-se da educação regida a punho de ferro por um pai rígido e impaciente, e de uma mãe fria e completamente depressiva. Seu único contato com algum tipo de sentimento que não fosse a costumeira frieza e solidão, vinham das leves passadas de mão na cabeça que sua avó Marietta lhe fazia. Fora isto, o contato físico e o aconchego familiar eram ínfimos e os que existiam eram gerados a partir de meros cumprimentos formais e respeitosos.

Ele foi filho único durante sete anos e assim que pôde suportar, foi batizado no fogo do combate. Assim, foi ensinado  a nunca recuar, a nunca se render, a assumir o posto de chefe da Máfia Calabresa, aniquilando os inimigos ou tomar um tiro certeiro num confronto. Morrer lutando pelos interesses da famiglia, poderia ser a maior glória que ele poderia alcançar em sua vida!

Aos oito anos, como era de costume dentro da máfia, foi retirado da mãe por seu pai e levado para viver em um mundo construído por Apolo Guerra, seu bisavô. Neste mundo, a violência era costumeira e incidente, justamente para criar os mais fortes e destemidos homens que assumiriam posteriormente os negócios da famiglia.

A metamorfose, como é chamado, forçava o menino a lutar, passar fome, roubar e se necessário matar. Com torturas, choques e afogamentos, Thiago foi punido e ensinado a não demonstrar dor ou piedade. Até assumir o posto de chefe, foi constantemente testado, jogado em missões perigosas e deixado nelas para trás ou para morrer sozinho, a fim de pôr em prova sua determinação e astúcia contra a fúria do próprio pai. Esta foi sua iniciação. Esta experiência para ele era um retorno aos membros da máfia como um homem de fibra e honrado a assumir o posto de chefe. Ou não.

Thiago não sentia medo, somente alta percepção das coisas, mas de todas as situações que o envolveram na vida, o que Surya despertou, cuidando da infecção que se alastrou, era completamente novo.

Como podia demonstrar piedade por alguém, mesmo tendo sido tão ferida por este alguém?

A angústia de não encontrar o filho era costumeira; o ódio de Bárbara também, mas o que Surya despertava, era uma incógnita.

Naquele dia a neve havia cessado e a temperatura parecia estar mais receptiva e Thiago teria de ir até a sede. Aproveitaria aquela ida para encontrar-se com Graziela. Para ele, a falta de sexo apenas piorava seu humor e o tornava ainda mais impaciente.

Estava de saída com Diogo e um dos capatazes da vinícola quando viu Surya pondo luvas nas mãos de Júlia. A menina quando o viu correu para seus braços. Por aqueles dias, não tinha dado atenção à filha, mas era o preço que se pagava por ser quem ele era. Olhou com atenção a mulher a sua frente, cada detalhe mínimo. A mudança de cor no rosto quando se deu conta de que ele a encarava, e inclusive o desconforto quando o assistente do capataz a olhou de modo diferente.

Meia hora para elas seria o suficiente. Surya não estava ali à passeio. Apesar de agir como uma doce princesa, cheia de boas intenções, para ele, ainda era preciso cautela e prudência, afinal, ela se mantinha perto demais de Júlia.

Estava Thiago e Diogo no meio do caminho quando receberam um chamado dizendo que a pista principal estava sendo interditada, pois grandes blocos de neve haviam rolado da montanha e bloquearam a passagem. Xingando, deram a volta na pista, acompanhado dos carros de escolta. Seus planos de ir para a sede não seriam frustrados, pois para isso, usariam o helicóptero. Fazia a curva do chafariz totalmente congelado quando o rádio chamada fez chiado. Era um dos soldados responsáveis pela segurança da filha avisando que a menina caíra na superfície de gelo do lago.

Uma troca de olhar bastou para que no momento seguinte, Thiago e Diogo começassem a correr em direção ao lago congelado. Alguns homens, incluindo Shiba, iam à frente carregando cordas e acionando o helicóptero para resgate.

Era insano a urgência que ele sentia, se comparava ao mesmo desespero de quando soube que a filha tinha sido achada no hospital e encontrava-se entre a vida e a morte, por temer que ela tivesse se machucado ou caído na água.

De longe, apesar da névoa que cobria o local, pôde ver Bárbara sobre o gelo com a menina no colo, um soldado dando a volta no lago em busca de ajuda, e o outro soldado que avisara do incidente pelo rádio segurando Gabriela, impedindo-a de entrar no lago.  Aproximando-se, o soldado se afastou de Gabriela, jogando-a no chão de qualquer modo no chão, enquanto prestava assistência ao chefe. Ele ia entrar.

Thiago retirou o terno e os sapatos para não escorregar no gelo, e antes que o primeiro passo fosse dado para dentro do lago, olhou de modo nefasto para babá caída no chão ao sentenciá-la:

— Torça para nada acontecer com minha filha e minha esposa e eu te jogo viva para os cachorros comerem.

Capítulo grande procês! ❤

Ps: Votem como se a estrelinha fosse a corda da salvação da vida de Surya e Júlia!

Volto sexta-feira... talvez antes! 😘

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