Após o corpo do terceiro homem cair no chão com um tiro certeiro na testa, Thiago aproximou-se e ainda atirou à queima roupa duas vezes na cabeça. Com ódio, abriu a porta pesada de ferro e saiu da sala abafada, completamente transtornado. Pela visão periférica viu que Spencer também saia de uma das salas de testemunhas.
A sala de testemunhas era acoplada ao galpão de ferro. Os vidros fumês contribuíam para manter escondido o membro da famiglia que presenciasse alguma tortura. Era regra: Nenhum membro jamais torturaria alguém estando somente ele e o inimigo sozinhos. Era um ato para manter tudo limpo e sem segredos.
Subiam as escadas lado a lado, de volta para o térreo da casa quando Spencer quebrou o silêncio:
— Estou varrendo toda a área de Tijuana procurando informações de buscas que liguem à Itália. Como a cidade é a maior de todo o México e faz fronteira com Los Angeles, levaremos um certo tempo para mapearmos algo.
Sem medir força, Thiago partiu para cima de Spencer e o imprensou na parede, segurando-o pelo colarinho da camiseta. Olhava-o nos olhos possessos de raiva.
— Você faz ideia de que é a vida do meu filho que está em jogo? Não quero demoras, porra! Quero achar meu filho e pôr as mãos na Bárbara e no Lang, não importando o preço que eu tenha que pagar!
—E você não acha que estou fazendo tudo o que posso, Thiago?! Ele também é meu sobrinho! — Spencer demonstrou compartilhar da mesma angústia. Trocaram um olhar longo e silencioso até Thiago o soltar.
— Existem traficantes e coiotes que trabalham para mim naquela cidade. O chefe deles, se chama Carlo de La Fuente. Contate-o e diga que Thiago Guerra precisa de um favor. E depois... quero que faça um investimento direto no mercado organizado na área de agronegócio, direcionado especificamente para os Lima. É hora de chamar atenção deles.
Spencer assentiu anotando tudo mentalmente e mudou de assunto.
— Bertholo, Patrício e os outros já estão aí. Acham que vamos fazer alguma reunião.
— Ótimo. —Thiago respondeu — Estou precisando mesmo matar mais alguém.
Sentia muita dor e desconforto na lateral do corpo onde levou o tiro, mas a cada degrau que subia indo em direção ao escritório era sadicamente instigado a amar a sensação. Ao adentrar, viu que todos os membros estavam reunidos e em conjunto, ficaram de pé em respeito à sua presença.
A casa tinha um mecanismo especial de segurança que derrubava qualquer tipo de ligação ou conexão de internet particular que não fosse as cedidas pela própria rede de Spencer. Era um modo de defesa para roubo de dados, hackers e vírus. Todos eram revistados, mas nem por isso deixavam de correr o risco de vazar alguma informação. Era um erro grave, e Thiago não perdoava delatores e traidores.
Fizeram a cerimônia solene de iniciação. Um juramento que consistia em honrar a máfia Calabresa. Thiago estava aparentemente calmo, mas por dentro a angústia e o ódio chocavam-se, fervilhando a ponto de corrompê-lo.
— Espero que os senhores tenham lido a matéria da revista Excus desta manhã. — Disse após todos manterem o silêncio após o juramento. Todos assentiram, e murmuraram algo. Menos Bertholo, este baixou a cabeça.
— Acho que Bertholo tem algo a nos dizer.
Ao ouvir seu nome, o homem deu um pulo na cadeira e o olhou de olhos bem abertos. Thiago apenas o encarava, aguardando o que ele teria a dizer.
— Eu vendi informações para a anti máfia italiana em troca da estabilidade de reeleição, para que meu neto continuasse no cargo de governador da Calábria e vencesse as próximas eleições.
Os homens ao redor soltaram impropérios e indignações.
— Pois bem. — Thiago completou depois de um momento. — Seu neto não terá a chance de se reeleger, e nem você de estar vivo para vê-lo morrer.
Como um rato amedrontado, Bertholo colocou-se de pé, tremendo, mas sentou-se novamente, preferindo morrer de forma digna já que claramente não conseguiria sair dali vivo. Thiago caminhou até ele, ficando atrás de sua cadeira, e numa velocidade impressionante, puxou a adaga do coldre, e rapidamente passou a parte afiada na garganta do delator, fazendo abrir um longo corte horizontal e jorrando sangue em cima da mesa.
Enquanto limpava a adaga na roupa de quem acabara de matar, Thiago via o semblante de aprovação e contentamento de cada membro. Todos permaneceram inabaláveis, mas era visível que alguns vibravam internamente através do olhar de admiração.
Indo ocupar seu lugar de chefe à mesa, anunciou:
— A mulher do neto de Bertholo, ficará desposada assim que eu o sentenciá-lo. Quem se apta a casar-se com ela?
Thiago girou a cabeça e viu que Alexandre Capitolo, um dos capos, se manifestou. Alexandre era viúvo, tinha filhos pequenos e seria bom para eles a companhia de uma mulher. Aprovando a decisão, Thiago maneou a cabeça.
— Aproveito para informar-lhes que o castigo de Bárbara será adiado. Um burburinho alastrou-se na sala e Diogo lançou um olhar de alerta pelo ambiente.
— Desconfiei desde o início quando a vi de pé, sendo recepcionada pelo cachorro e não amarrada junto à estaca sendo chicoteada por traição. —Patrício Zimolo manifestou- se atraindo a atenção dos demais.
—Quer falar sobre traição, Patrício? — Thiago colocou-se de pé e ajeitou o paletó. — Então vamos contar a sobre seu fetiche medonho em crianças? Fotos e filmagens de crianças salvas em seu computador, e perfis falsos na internet sob pseudônimos que atestam seu fetiche doente e maníaco, além de vídeos estuprando prostitutas...
Rapidamente o ambiente mudou. Homens furiosos colocaram-se de pé querendo partir para cima de Patrício, fazendo extrema balbúrdia em comoção. Com um levantar de mão, Thiago fez com que os homens se calassem e se afastassem.
— Não acho que esta seja a conduta certa para um membro da famiglia. Ainda mais com este risco podendo atingir nossos filhos.
Todos os homens ali concordavam indignados. Patrício empalideceu.
— Sabemos bem qual a punição para isto, certo? — perguntou retoricamente.
Olhou para André, um dos mais novos integrantes, e ordenou:
— Hoje, sua missão será em demonstração à atitude honrosa que teve, Ragazzo.
André em resposta abriu um sorriso orgulhoso, que apenas um rapaz em sua idade poderia ter. O jovem foi o responsável por identificar o que estava acontecendo através do comportamento da irmãzinha mais nova.
Com atenção aos diálogos com a garotinha, o irmão havia descoberto que durante as visitas de Patrício até sua casa, a menina foi constantemente molestada por ele. Não bastou para que os chefes descobrissem.
— Tatue dois pontos entre o dedo polegar e o indicador. — Quando Patrício abriu a boca para falar, Diogo lhe deu um murro certeiro. — Tatue também uma borboleta no pescoço e levem-no diretamente para o chefe antimáfia. Patrício terá o tratamento especial e que precisa, dentro da prisão. — Antes que tudo fosse feito, Thiago caminhou para perto de Patrício e completou. — E se abrir o bico lá dentro, já sabe.
Os homens vibravam e gritavam instigados com a punição. Cada desenho ou símbolo de tatuagem tinha um significado dentro da prisão. Os membros da Calabresa tinham de seguir regras caso quisessem se tatuar para que nenhum traço passasse alguma informação ou código errado. Eles sabiam que dois pontos tatuados entre o dedo polegar e o indicador, significavam que a pessoa era estupradora, e a borboleta, que cometia pedofilia. Aquilo era um prato cheio para alguns dos detentos. Certamente, Patrício seria feito de submisso.
Ao levarem o homem da sala para ser tatuado pelos soldados, os ânimos se acalmaram e Thiago retomou a palavra:
— Reiterando o que eu dizia... — Todos olharam com atenção e se sentaram. — Todos sabemos o que ocorreu com minha família. E não é da conta de ninguém o que acontece dentro de minha casa ou o que deixa de acontecer. Sei muito bem o que fazer e como proceder em relação a Bárbara e meus filhos, não preciso da instrução ou de lembrete de ninguém quanto a castigá-la. Afirmo a vocês que no momento certo ela terá o que merece, mas enquanto a amnésia não volta, minha mulher está acima de qualquer decisão que outro, além de mim, tome.
Thiago olhava para cada rosto com determinação e seriedade. Diogo disfarçou o cenho franzido demonstrando confusão com a atitude do primo em chamar Surya de esposa, mas fora isso, todos pareceram considerar e levar com suma importância o que ele dissera, afinal, prezavam a famiglia, e quem a tentasse destruir, levaria fim igual ou pior que Patrício.
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Viu como se combinar direitinho todo mundo sai ganhando?
Obrigada por cada estrelinha ☆ e eu sinceramente espero ter mais daqui para frente.
Se continuarem a votar bonitinho volto com um capítulo super emocionante!
Bjokas!