She keeps me warm

Por lotusfl0wer

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Valéria Monteiro é uma mulher poderosa, dona da maior rede de seguros do Brasil, mãe de Lorena, uma garotinha... Mais

capítulo 1
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
AVISO
NEW YEAR'S RESOLUTION
capítulo 22

capítulo 2

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Por lotusfl0wer

A criança saiu pisando forte em direção ao seu quarto enquanto Valéria ligava seu IPad para terminar o trabalho. Viu que havia uma notificação de Dalila com o número da psicóloga e dizendo que estava à caminho de mais uma festa, e não perdeu tempo em contatar a tal psicóloga. Por sorte, ela tinha um horário vago na sexta-feira. O quanto antes, melhor.

Minutos depois, Lorena voltou de seu quarto para a sala, os cabelos molhados e já vestida com seu pijama.

"Hm, que cheirosinha!" Valéria colocou o IPad de lado, junto com o celular e as pastas do trabalho e pegou sua filha no colo, enchendo-a de beijinhos.
"Eu não quero ir pra escola amanhã."

"Ué? Porque não? Amanhã é quarta-feira, não é dia de aula de artes?" A ruiva esperou sua filha confirmar com a cabeça. "Então! Você adora a aula de artes."

"Não gosto mais."

Valéria suspirou pesado e arrumou a filha em seu colo, de modo que ela pudesse olhar de frente pra ela.

"Lolô, eu sei que você não queria que as coisas fossem assim, que você queria o papai aqui, que você tava pedindo um irmãozinho. Só que não foi assim. Eu e o papai brigamos e não vamos mais morar juntos. A gente já conversou com você. Mesmo assim, ninguém vai esquecer de você, ninguém vai deixar você de lado. O papai pode vir te ver sempre que quiser e você pode ir ver ele também. Mas não pode ficar assim, brigando na escola, faltar, ser mal-educada com a tia Dalila e nem bagunçar no meu trabalho, filha."

"Eu queria o papai aqui."

"Eu sei, mas não dá. Ele me deixou muito triste, muito mesmo, e eu não consigo desculpar ele, tá bom? Por favor, tenta entender, meu amor..." Valéria deu um beijo demorado na testa de sua filha e levantou-se com ela em seu colo, caminhando para a cozinha. "Vamos jantar que a tia Missade fez uma comida bem gostosa pra gente."

Elas jantaram em silêncio, Lorena ainda estava entristecida com aquela situação e com a conversa na sala, então não fez questão nenhuma de contar sobre o dia na escola, como fazia geralmente. Depois do jantar, enquanto a cozinheira arrumava tudo antes de ir embora, Valéria caminhou até o quarto de sua filha e a fez escovar os dentes.

"Pronto, agora já está na hora de dormir, né?"

"Fica aqui comigo?"

"Oh, meu amor, a mamãe precisa tomar banho e ligar lá no escritório ainda."

"Eu espero você tomar banho."

"Não, senhora. Você tem que dormir pra acordar cedo amanhã. Boa noite, minha princesa." A mãe depositou um beijo na testa de sua filha e apagou a luz, deixando o quarto em seguida.

Durante seu banho, uma das poucas horas do dia que passava sozinha, ela sentiu a água doer em todos os músculos de seus ombros e costas, como se levassem embora uma tonelada de problemas pelo ralo. Parecia que, depois que decidiu se separar, as suas preocupações dobraram de proporção e ela quase não conseguia lidar com tudo aquilo. Demorou um pouco mais em sua banheira, pedindo pelo final de semana enquanto lava seus cabelos. Ao sair de seu banho, se sentindo um pouco revigorada, encontrou um relevo na cama que não estava lá antes.

"Parece que tem uma almofada a mais na cama... Poxa, que bom, eu estou mesmo com dor nas costas." Ela sentou e se recostou na tal almofada, colocando pressão.

"Ai, ai"

"Minha nossa! A almofada falou! Oi, dona almofada. Tudo bem? Não era hora de estar dormindo?"

"A dona almofada não precisa dormir."

"Entendi... Bom, então, eu vou fazer companhia pra Lorena lá no quarto dela, vou deixar a dona almofada aqui acordada e vou dormir com a Lorena, que está dormindo, não é mesmo?"

Lorena saiu debaixo do cobertor.

"Se você já sabia que era eu, porque ficou fingindo?" Ela cruzou os braços em desafio, enquanto Valéria ria ao se deitar do lado da menina.

"Posso dormir aqui hoje?"

"Pode, mas é pra dormir." Valéria arrumou a filha embaixo do cobertor e colocou seu celular pra carregar, apagou a luz e abraçou-a pela cintura, entrando assim embaixo do cobertor também.

"Boa noite, mamãe."

"Boa noite"

Como todas as manhãs, aquela acordou como sempre: rápida. Valéria acordou e enquanto se vestia, acordou Lorena, que foi se arrumar para a escola. Ela desceu e ligou a cafeteira, abriu um iogurte para a filha e foi para a sala juntar suas coisas. Tomou sua xícara de café, escovou os dentes e as duas saíram voando, prontas pra enfrentar um início de trânsito na Marginal Tietê.

Mal deixou a filha no colégio e seu celular tocou, conectando-se imediatamente no circuito bluetooth do carro.

"Bom dia, Valéria."

"Oi. Dra. Aline. Aconteceu alguma coisa?"

"Olha, na verdade, aconteceu sim."

"Ai, meu Deus. O que foi?"

"Um procurador me entregou a pauta da audiência da senhora, na semana que vem, da determinação final do divórcio, e eu li o documento. Seu ex-marido quer brigar pela guarda da sua filha e ele apresentou uma certidão de casamento religioso anterior à data do seu casamento no civil."

"Filho da puta."

"Calma. Sobre sua filha, não tem com o que se preocupar, além da burocracia e das audiências que vão correr depois disso, mas a justiça te favorece e você não tem nada que leve o juiz à crer que a melhor opção é seu marido. Quanto à certidão de casamento no religioso, isso pode comprometer a divisão de bens. E ele pode pedir por uma pensão."

"Pensão?"

"É, é um direito de ambas as partes. Ele não queria assinar o divórcio, então é como se fosse uma garantia de que ele não vai sair perdendo. Você teria que oferecer dinheiro para ele por um tempo que só o juíz vai determinar."

"Tem algum jeito de eu não fazer isso?"

"Tem, se conseguirmos invalidar a certidão que ele apresentou."

"Como é que uma certidão de casamento religioso vale mais que um documento civil?"

"Dependendo dos casos e do que as testemunhas disserem. Infelizmente."

"Ele vai chamar a irmã dele. Puta merda. Você tem que invalidar isso. Eu não vou dar nada pra ele."

"Calma, Valéria. Dar uma pensão seria o menor dos seus problemas."

"Ele me traiu, dra. Aline! Ele me bateu!"

"É isso que você tem que dizer ao juiz. Tem alguma testemunha?"

"Tenho."

"Ótimo. Então vamos marcar uma reunião para nos prepararmos pra audiência. Pode ser na sexta-feira à tarde?"

"Ai, na sexta eu não posso. Tem a consulta da Lorena com a psicóloga."

"A audiência é na segunda-feira!"

"Mas eu tô com o horário apertado essa semana. Além de tudo, semana que vem tenho dois eventos corporativos." Valéria respirou fundo enquanto estacionava o carro na sua vaga de sempre no prédio empresarial. "Eu vou dar um jeito. Pode ser sexta-feira."

"Tudo bem, se eu conseguir outro horário, eu aviso."

"Ok. Obrigada. Bom dia" Ela desligou sem esperar a advogada se despedir e saiu de seu carro carregando pastas e sua bolsa nas mãos, enquanto checava os emails no celular da empresa.

A mesa em sua sala dava de frente para o elevador do andar e ela pode ouvir um pequeno alvoroço do lado de fora, levantando a cabeça de seus papéis para ver o que estava acontecendo, se arrependendo no momento seguinte. Era melhro ter ficado sem olhar.

Dalila tinha acabado de sair do elevador, seu cabelo estava amassado e úmido, ela usava um óculos escuros, sua roupa estava cheia de tinta, glitter e ela trazia sua bolsa toda aberta, um cabide nas mãos, enquanto se arrastava pelo corredor. Valéria segurou a risada e se levantou.

"Parece que alguém vai ter um dia bem difícil..." Ela riu, quando apareceu na porta da sala ao lado da sua.

Dalila havia jogado tudo o que estava em suas mãos na poltrona e estava com a cabeça baixa em sua mesa, com luzes apagadas e cortinas ainda fechadas.

"Me dá 5 minutos." Foi o que a loira conseguiu dizer.

Valéria riu e saiu. Ela sabia o que tinha que fazer, afinal, era corriqueiro ver Dalila daquele jeito, mesmo que nenhum de seus funcionários se acostumasse com aquilo. Ela foi até a copa e ligou a cafeteira, fazendo um café forte sem açúcar em poucos minutos. Também pegou do armário um anti-ácido. Quando voltou à sala de Dalila, a mesma já havia trocado de roupa, secado os cabelos e feito uma maquiagem básica para esconder as olheiras. Também tinha aberto as janelas, acendido as luzes e ligado o computador.

"Obrigada." Ela agradeceu pelo café e o remédio com o resto de voz que lhe sobrara.

Valéria riu de novo, se sentando na poltrona vazia. Um lugar vazio na sala de Dalila era difícil de se achar.

"Como foi a sua noite?"

"Eu não faço a menor ideia. Mas em algum momento eu consegui chegar em casa e olhar no relógio, pegar minhas coisas e vir pra cá."

"Uau." Valéria arregalou os olhos quando viu um objeto bastante estranho na bolsa aberta de sua amiga na poltrona do lado. "Desde quando você usa esse tipo de coisa?" Valéria pegou com a ponta dos dedos uma calcinha fio dental de dentro da bolsa.

"Não é minha." Dalila deu um sorriso debochado por trás da caneca de café e Valéria largou imediatamente a peça no lugar de antes, limpando suas mãos na poltrona.

"Eu queria tanto saber mais detalhes dessa festa."

"Até meio-dia, eu consigo algumas informações pra você." Ela olhou no relógio. "Eu tenho uma análise resposta de apólice pra fazer em 20 minutos via Skype. A sala de reuniões tá aberta? Você viu minha pasta?" Ela ficou em pé, revirando o lixão que costumava chamar de mesa.

"Dalila, como é que você consegue ficar sem dormir, encher a cara e fazer sabe-se lá mais o quê, e depois ir pra uma reunião de análise de apólice?"

"Eu sou cheia de talentos." Ela piscou, rindo. "Cadê a minha pasta, Val?"

"Eu é que vou saber? Bom, boa sorte aí. Passa na minha sala quando a reunião acabar." Valéria se levantou e foi saindo.

"Ei, falou com a psicóloga?"

"Falei. Marquei a consulta pra sexta-feira. Mas surgiu um pequeno problema. Depois te falo."

"Beleza."

Valéria estava lendo um documento infinito de liberação de crédito para uma microempresa quando seu celular pessoal tocou alto, assustando-a.

"Valéria Monteiro."

"Oi, aqui é a Dra. Camila, psicóloga."

"Ah, oi, dra."

"Bom dia, tudo bem? Eu estou atrapalhando? Eu posso ligar outra hora se preferir."

"Não, não. Pode falar."

"Me desculpe ligar assim, eu usei o telefone que entramos em contato ontem porque meu paciente de amanhã cancelou e surgiu um horário no final da tarde. Interessa?"

"Sério? Nossa, perfeito. Pode ser. Eu estava pra ligar e ver se tinha algum outro horário porque tenho um problema pra resolver na sexta-feira. Pode ser sim, ótimo."

"Perfeito, então! Amanhã, às cinco da tarde."

"Marcado. Marcadíssimo. Muito obrigada."

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