Desejo Perigoso

By Carolinepereira__

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Ele voltou. Mais intenso. E mais quente do que nunca. Cassie é uma detetive particular que tem uma vida solit... More

Nota da Caah
PROLOGO
CAPÍTULO 1 - PASSADO NEGRO
CAPÍTULO 2 - SEGREDOS
CAPÍTULO 3 - DESCOBERTAS
CAPÍTULO 4 - BEIJA-ME
CAPÍTULO 5 - ÁNGEL
CAPÍTULO 6 - FUEGO
CAPÍTULO 7 - PARCEIROS?
CAPÍTULO 8 - MONTREAL
CAPÍTULO 9 - CINZAS
CAPÍTULO 10 - HOT NIGHT
CAPÍTULO 11 - DESIRE
CAPÍTULO 12 - VICIO
CAPÍTULO 13 - CACHOEIRA
CAPÍTULO 14 - CALIENTE
CAPÍTULO 15 - NOSTALGIA
CAPÍTULO 16 - A CASA DO LAGO
CAPÍTULO 17 - MORNING
CAPÍTULO 18 - CAOS
CAPÍTULO 19 - PISTAS
CAPÍTULO 20 - PASSADO
CAPÍTULO 21 - CIÚMES
CAPÍTULO 22 - ABRIGO
CAPÍTULO 23 - MEU
CAPÍTULO 24 - SINAIS
CAPÍTULO 25 - A CARTA
CAPÍTULO 26 - RASTROS
CAPÍTULO 27 - DESCONFIANÇAS
CAPÍTULO 28 - INCERTEZAS
CAPÍTULO 29 - TEXAS
CAPÍTULO 30 - A INVASÃO
CAPÍTULO 31 - BRECHAS
CAPÍTULO 32 - A REVIRAVOLTA
CAPÍTULO 33 - NEW YORK
CAPÍTULO 34 - SAN ANDRES
CAPÍTULO 35 - SWEET DESIRE
CAPÍTULO 36 - MI AMOR
CAPÍTULO 37 - DESESPERO
CAPÍTULO 38 - A DOR
CAPÍTULO 39 - 48 HORAS
CAPÍTULO 40 - O SEQUESTRO
CAPÍTULO 41 - A REVELAÇÃO
CAPÍTULO 42 - SURPRESAS
CAPÍTULO 43 - ONE LOVE
CAPÍTULO 44 - SEX & WINE
EPILOGO

CAPÍTULO 45 - IDAS E VINDAS

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By Carolinepereira__

||CASSIE||

ESTOU A MAIS de dez minutos sentada no vaso encarando os dois testes a minha frente atônita, a minha cabeça está a mil e eu não consigo levantar daqui e acho que se eu tentasse fazer isso cairia sentada novamente.

Um filho.

Eu estou esperando um filho.

Parece mentira ou mais uma brincadeira sem graça da Louise mas não,não é mentira e muito menos uma pegadinha. Bem que eu queria que fosse. Eu não me sinto preparada, eu não sei criar uma criança e muito menos ser mãe. Perdi a minha aos 16 anos e desde então sou independente e até poucos meses atrás morava sozinha.

Deus, acabamos de nos mudar, tem pouco mais de três meses que decidimos dar um passo enorme em nosso relacionamento e agora um filho. Eu não sei como irei contar, não imagino qual será a sua reação e a minha cabeça está uma loucura.

Queria que Louise estivesse aqui comigo.

Queria que a minha mãe estivesse aqui, me abraçando e dizendo que vai ficar tudo bem...

Meus olham se enchem de lágrimas e eu começo a chorar, não sei se é pela gravidez ou se é por ter a certeza que a minha mãe não poderá me amparar. Respiro fundo, jogo os testes no lixo e me enfio debaixo do chuveiro. Minhas lágrimas escorrem junto com a água e eu espero que esse choro ao menos alivie a tensão que tomou meu corpo.

(...)

October 14, 2018.

ACORDO NO MEIO da noite assustada após ter um pesadelo horrível com Sebastian, me sento na cama quase sem fôlego e observo o quarto todo escuro com as cortinas se movimentando por causa da janela aberta. Me levanto e a fecho, viro para o lado dele na cama e me deito agarrada ao seu travesseiro.

O dia no escritório foi entediante, não consegui avançar muito no caso do hacker que invadiu o sistema de uma das maiores empresas de Toronto por tudo que aconteceu ontem mas já tenho alguns suspeitos e já estou em busca da localidade de cada um. Minha cabeça ainda não está funcionando 100% mas preciso ficar melhor por que amanhã Stacy virá passar o dia comigo antes de ir viajar com os pais e depois de amanhã Sebastian estará de volta.

Quando chego no carro Mark já está me esperando, eu odeio ter que andar com segurança e não poder andar na minha moto mas eu aceitei essa condição que Sebastian propôs por tempo indeterminado. Na época eu bati o pé assim como Stacy mas depois compreendi o seu receio de nos deixar andar sozinhas pela cidade depois de tudo que aconteceu. Eu não me meto em seus negócios mas sei que ele tem muitos inimigos e agora que estamos juntos também sou um alvo.

- Boa noite Srta. Cassie.

- Boa noite Mark, irei passar no mercado. - digo antes de entrar no carro.

- Ok.

Fico mais de meia hora andando pelo mercado com um carrinho com quatro ingredientes, na verdade eu não preciso comprar nada a dispensa está cheia mas precisava ir até algum lugar para me distrair. O lugar não está muito cheio e eu estou passando na sessão de carnes pela quarta vez.

- Cassie?

Quando reconheço a voz grave que revirou a minha adolescência o meu corpo trava por alguns segundos, engulo seco e tomo coragem de me virar. A primeira coisa que eu encontro são os olhos castanhos claros de Andres, está como da última vez que o vi em Kingston há 6 meses atrás.

- Andres... - digo quase em um sussurro, ele abre um sorriso e se aproxima.

- Oi, como você está? - me abraça e eu não reajo, eu só consigo ver o rosto fechado de Mark no final do corredor - Que bom te reencontrar.

- Estou bem, o que você está fazendo em Toronto?

- Vim a trabalho, lembra que te disse que estou morando em Hamilton, há duas horas daqui. - ah é verdade.

- Lembrei.

Ele abre um sorriso e balança a lasanha congelada.

- Vim embusca de uma comida prática.

- Ah, essa lasanha é uma ótima companhia para pessoas que não se dão bem na cozinha.

- Obrigado pela dica. - ele olha ao redor - Está sozinha?

Percebo o duplo sentido nessa pergunta e resolvo falar a verdade.

- Não, estou com o Mark. - aponto com a cabeça e ele olha o homem enorme de terno e com cara de poucos amigos.

- Ele é o seu...

- Não, é só o meu segurança. - ele franze o cenho e eu continuo - Se puder não perguntar sobre isso eu agradeço.

- Tudo bem. - abre um sorriso nervoso, o mesmo que ele deu na primeira vez que veio falar comigo no ensino médio - Será que o seu segurança mal humorado deixaria você tomar um café comigo?

Engulo seco pois sei que isso não acabaria bem mas ao mesmo tempo tomar um café na companhia de alguém nesse exato momento é tudo que eu preciso para me distrair.

- Claro. - ele abre um sorriso enorme - Tem uma cafeteria aqui do lado. - ele assente.

Quando chegamos na cafeteria, Mark entra junto com a gente e senta da mesa ao lado da nossa e suspeito que tenha feito isso para ouvir toda a nossa conversa. Não me sinto confortável mas isso é melhor do que ficar em casa sozinha. Quando a garçonete trás o nosso cappuccino de mocca com chantily, Andres se vira pra mim preocupado.

- Como você está Cass?

Nada bem.

- Levando a vida. - bebo um gole da minha bebida e vejo ele abrir um meio sorriso ao ouvir a frase que ele sempre diz pra mim - E você?

- Eu estou bem mas percebi que você não está bem no instante em que te vi encarando o nada no mercado.

Ele me conhece tão bem.

- São só alguns problemas.

- Posso te ajudar com algo?

- Não, mas irei resolver isso. - digo encarando minha xícara - Vamos mudar de assunto, me diz se está gostando da cidade.

- Cheguei há 2 dias e ainda não tive tempo de conhecer muito bem a cidade mas o pouco que vi eu gostei. É completamente diferente de Kingston e Hamilton e entendo o por que você veio pra cá, a cidade não dorme, é movimentada, tem tudo que você precisa na esquina da sua casa e as pessoas são muito receptivas. - abro um meio sorriso.

- Sim, sem duvidas o cartão postal da cidade são as pessoas mas se eu fosse te indicar dois lugares para conhecer seria a Torre CN, você precisa almoçar nesse restaurante a vista de lá é linda, como você não tem medo de altura encararia o chão de vidro tranquilamente e o segundo lugar... Eu falaria o Ripleys Aquarium mas como você ama esporte você vai gostar de conhecer o estádio Rogers Centre. - ele sorrir e me encara sem falar nada - O que foi? - pergunto ficando sem graça com o seu olhar.

- Você falou de um jeito tão natural que meus pensamentos voltaram no tempo em que nós dois éramos um casal. - ele coloca a sua mão sobre a minha e eu engulo seco.

E naquele momento eu tive a certeza que eu não sinto mais nada por Andres, ele ficou no passado assim como a minha adolescência tórrida. Afasto a minha mão da dele e me questiono "o que estou fazendo aqui?"

- Eu preciso ir. - me levanto e ele faz o mesmo.

- Não Cass, me desculpa eu não queria te chatear.

- Não foi você Andres, sou eu. O que tivemos há dez anos atrás ficou há dez anos atrás, eu estou feliz com outra pessoa e tenho certeza que encontrará alguém tão bom quanto eu encontrei no Sebastian. - ele engole seco - Eu te desejo toda felicidade do mundo Andres, me desculpe por ter quebrado o seu coração várias vezes, eu era quebrada também mas alguém me ajudou a superar tudo aquilo.

Seus olhos enchem de lágrimas e uma dor cresce em meu peito, merda eu preciso sair desse lugar.

- Não se vá Cassie.

- Eu preciso ir, se cuida. Tchau Andres. - engulo seco antes de virar de costas e sair da cafeteria.

Era necessário e sei que encontrar Andres hoje foi para que eu pudesse encerrar esse ciclo do meu passado, assim como Sebastian me ajudou a superar todas as coisas ruins que aconteceram comigo. Mark me utrapassa e chega no carro primeiro que eu para abrir a porta de trás, entro em silêncio e quando ele sai com carro vejo Andres na calçada olhando em minha direção com as mãos na cabeça.

- Me desculpe. - sussuro antes de virar pra frente.

(...)

RESOLVO TOMAR UM banho enquanto espero Stacy para tomar café da manhã, hoje ela passará o dia comigo no escritório. Termino de me secar e fico encarando a minha barriga no espelho, viro de lado e passo as mãos sobre ela mesmo não aparecendo muito eu consigo ver o pequeno formato. Deus, que loucura.

- Cass, cheguei!

Engulo seco ao ouvir a voz de Stacy e coloco a minha roupa com pressa com medo dela entrar aqui e desconfiar de algo. E quando estou colocando minha calça ouço ela bater na porta.

- Só um minuto. - me olho no espelho e vejo que a blusa larga irá ajudar por algumas semanas - Pode entrar.

- Oi cunhada. - me abraça.

- E ai prepara para viver um dia como detetive particular? - ela passa as mãos uma na outra e abre um sorriso animada.

- Preparadissíma, quem sabe eu não me identifico e trabalho com você. - gargalho.

- Até parece que os seus pais deixariam. - ela revira os olhos e se joga na cama.

- Eles querem que eu faça Direito, Deus me free.

- Vamos tomar café por que temos muito trabalho hoje.

- Eba!

O dia passou rápido, foi bom passar o dia com a minha cunhada, ela é esperta e se saiu muito bem para a primeira vez. Jantamos em um restaurante japonês do centro sob a vigilância dos nossos 4 seguranças na mesa ao lado e quando chegamos escolhemos um filme para ver mas Stacy dormiu com meia hora de filme.

Amanhã ela voltará para a casa dos pais pois irá viajar e Sebastian chegará a noite, ele me ligou mais cedo e pelo seu tom eu acho que Mark não contou nada sobre o Andres e espero que não digo até nós dois conversarmos.

(...)

ESTOU FAZENDO A minha tourtière quando ouço o barulho do carro de Sebastian, meu coração acelera e as minhas mãos começam a tremer.

Deus, preciso me controlar.

Não vou até a porta lhe recepcionar como sempre faço, dessa vez é diferente e nem sei por onde começar a contar os últimos acontecimentos.

- Cass?

- Estou na cozinha amor.

Poucos segundos depois sinto seu perfume suave que senti tantas saudades invadir o comonmytdo, respiro fundo e coloco um sorriso no rosto, em seguida suas mãos envolvem a minha cintura e o seu corpo gruda ao meu.

- Olá mi angél. - beija meu pescoço e eu me viro.

- Oi lindo, senti saudades.

- Eu também. - ele beija meus lábios suavemente por alguns segundos e depois que desgruda sua boca da minha - Está tudo bem?

Merda.

- Sim. - minto e disfarço mudando de assunto - Estou fazendo tourtière. - ele sorri ainda com a desconfiança em seu olhar - Seu prato preferido.

- Você é o meu prato preferido. - lhe dou um tapa no braço.

- Safado.

Ele segura meu rosto e beija meus lábios novamente, sinto que está fazendo isso querendo descobrir o que está me deixando aflita mas prefiro conversar no jantar.

- Vou tomar um banho e já volto.

- Ok.

Quando ele sai da cozinha eu respiro fundo, eu sei que falar sobre a gravidez seria a primeira coisa que eu deveria contar a ele mas eu preciso de alguns segundos.Estou colocando os pratos na mesa quando Sebastian surge na sala de jantar e junto com ele um silêncio surreal, não sei por que mas eu fico ainda mais tensa principalmente com o seu olhar duro.

- O que foi?

- Está acontecendo alguma coisa Cassie? - engulo seco ao ouvir o tom da sua voz.

- Não. - minto novamente.

- Então me diz de quem é aquele teste de gravidez na lixeira?

Puta que pariu.

Fico sem reação, sem saber o que falar e pisco varias vezes com meu coração na boca. Tudo que eu ensaiei pra dizer a ele nesses últimos dois dias foi de ralo abaixo.

- E-eu ia te contar Sebastian, só estava esperando o momento certo. - digo com a voz trêmula.

- Não me diz que... - ele fecha os olhos por alguns segundos - Um filho? Um filho agora Cassie? - ele passa as mãos pelos cabelos - Isso... Porra.

- Calma sebastian, daremos um jeito. - ele anda de um lado para o outro.

- Como você deu um jeito antes de ontem? - franzo o cenho sem entender - O que você estava fazendo com a porra do seu ex na cafeteria?

Agora fudeu.

- Nos encontramos por acaso.

- E ai você resolveu tomar um café com ele por acaso?

- Eu estava mal Sebastian, Louise está fora da cidade e eu precisava me distrair, foi só um café.

- Se distrair com a porra do seu ex? - ele grita me assustando.

- Não grita comigo porra. - me altero - Mark estava comigo o tempo todo e você não tem o porque de desconfiar de mim. Você acabou de chegar em casa depois de dois dias fora, eu passei por muita coisa quando eu descobri a gravidez, passei esses dois dias em claro pensando em como iria te contar e é assim que você me trata caralho? Que porra de homem você é? - ele trava o maxilar e vejo a ira em seu olhar.

- Não coloque a culpa disso em mim. - diz apontando para a minha barriga.

Sinto o impacto dessas palavras como se alguém tivesse me dado uma porrada, as lágrimas surgem em meus olhos e eu desabo no choro.

- Eu não fiz esse filho sozinha. - seco as minhas lágrimas com as mãos mas não adianta - Você está sendo cruel Sebastian, cruel comigo e com tudo que construimos juntos. - ele passa as mãos na barba e se vira de costas sem ter coragem de me encarar.

- Eu... Eu preciso de um tempo. - ele vai em direção a porta.

- A onde você vai?- pergunto desesperada.

- Respirar um pouco.

Quando ouço o barulho do carro me escoro na parede e as lágrimas escorrem pelo meu rosto sem parar. Eu não esperava essa reação, imaginava que ele ficaria assustado por causa da gravidez mas jamais pensei que agiria desse jeito, tudo bem que junto com o encontro do Andres mas nada justifica aquilo e me deixar sozinha só piorou tudo.

(...)

Encaro o relógio ao lado da minha cama e vejo que são 0:30h, já está tarde e nem sinal de Sebastian. Minha cabeça está a mil pensando no que ele está fazendo essa hora na rua e o meu rosto está inchado de tanto chorar. Mas se ele pensa que eu ficarei em casa chorando e mal por causa da sua atitude idiota, ele está muito enganado.

Me levanto, pego minha mochila e coloco algumas roupas nela. Pego minhas chaves e vou em direção a garagem, assim que subo na minha moto Mark aparece junto com Josh outro segurança para me impedir.

- Srta. Cassie, não temos permissão de deixar a senhora sair com a moto, eu levo a senhora de moto.

- Eu vou com a minha moto e ninguém vai me impedir, o Sebastian não manda em mim e eu vou fazer o que eu quiser. Agora saem da minha frente.

- A senhora está alterada, é melhor voltar pra casa.

- Eu estou bem e não quero ninguém atrás de mim.

Ligo a moto e acelero na direção dos dois, que logo saem da frente e correm até o carro mais próximo. Abro o portão com o meu controle os dois seguranças que vigiam a entrada me olham sem entender o que está acontecendo, Mark grita para eles não me deixarem sair mas quando os dois percebem já sai.

Vinte minutos depois estaciono a moto na minha garagem, entro na minha casa empoeirada e tranco a porta. Não quero que ninguém me perturbe, eles não tem o direito de fazer isso, estou na minha casa e quem dá as ordens aqui sou eu. Pego um copo de água para acalmar a adrenalina que ainda percorre em minhas veias como a muito tempo não acontecia. Vou até meu quarto tiro o lençol branco que cobria a minha cama da poeira e me deito sobre ela.

Dói saber que estou sozinha novamente, dói saber que o Sebastian me me machucou muito e principalmente dói saber que ele não quer ter esse filho. Eu só quero dormir e esquecer de tudo que aconteceu nas últimas horas.

- Cassie.

Acordo com um grito, ainda não amanheceu e parece que eu dormir apenas por dois minutos. Batidas fortes na porta me fazem sobressair da cama.

- Cassie abre essa porta.

Sebastian.

|| SEBASTIAN ||

8 HORAS ANTES.

ASSIM QUE VOLTO para Toronto passo na fábrica para certificar que a próxima encomenda será entregue. Estou exausto e tudo que eu quero no momento é voltar para minha casa e ficar com a Cassie. Percebo a preocupação no rosto de Russel quando desço até a área de produção.

- Galvani, como foi a viagem?

- Estressante, aqueles russos são muito ruim de jogo. E aqui? O que houve?

- As tintas das máquinas 2 e 5 misturaram, a produção está parada por causa disso e estamos tentando fazer a separação novamente.

- Tentando não, vocês vão corrigir esse erro até amanhecer. Essa encomenda é das grandes e não posso deixar meus sócios na mão.

- Pode deixar, irei cuidar disso pessoalmente.

- Se precisar de mais homens na produção, pode chamar, só quero que resolvam isso. - ele assente - Agora eu vou pra casa ver a minha mulher e descansar, amanhã pela manhã volto
aqui para ver como estão as coisas.

- Ok Galvani.

Chego em casa e Cassie não me espera na porta como sempre faz, estranho pensando que talvez esteja ocupada fazendo algo e quando entro na cozinha a encontro cozinhando de costas, tem algo de errado. E confirmo que tem alguma coisa acontecendo quando beijo seus lábios, sinto ela tensa e sei que está me escondendo algo. Ela não me diz agora e decido não forçar a barra até o jantar. Aviso que vou tomar um banho e que já volto, no caminho para a escada vejo Mark do lado de fora e decido sonda-lo para ver o que aconteceu nesses últimos dias que passei fora. Vou até lá fora e o chamo.

- Mark.

- Sr. Galvani, espero que tenha feito uma boa viagem.

- Não tanto quanto eu achava, e por aqui? Aconteceu alguma coisa? - ele engole seco e abaixa a cabeça.

- Não contei nada ao senhor porque não era algo muito sério, achei que a srta. Cassie iria conversar com o senhor.

- Fala logo que porra aconteceu.

- Há dois dias atrás a srta. Cassie foi até o mercado e encontrou um homem, a princípio fiquei receoso mas vi que os dois se conheciam. - travo o maxilar odiando essa história, Mark vê a minha reação e pára de falar.

- Continua.

- Conversaram um pouco e ele chamou a srta. para tomar um café, acompanhei os dois e fiquei na mesa ao lado. O nome do rapaz é Andres e... Ele é um ex namorado da Srta. Cassie.

Minha feição muda completamente, estou com raiva por Cassie ter ido tomar café com o seu ex e principalmente ter me escondido isso.

- O que mais aconteceu?

- Mais nada, não demorou muito pois a Srta. Cassie pediu desculpas por algo que aconteceu entre os dois no passado e logo depois fomos embora.

Passo as mãos pelos cabelos e respiro fundo.

- Mais alguma coisa senhor?

- Não, pode ir.

Subo as escadas contrariado, minha vontade é voltar na cozinha e perguntar onde ela estava com a cabeça quando aceitou ter um encontro com o ex namorado mas me controlo e me enfio debaixo do chuveiro na tentativa de esfriar a cabeça. Quando saio do box escorrego mas não caio e acabo derrubando a lixeira no chão.

- Droga.

Quando a levanto de novo vejo no meio do lixo dois testes de gravidez, engulo seco e paraliso na mesma hora que eu vejo os testes apontar positivo.
Minha boca fica seca e eu fico sem acreditar no que estou vendo.

Esse teste é da Cassie... Porra ela tá grávida.

Desço as escadas correndo e a encontro colocando os pratos sobre a mesa. Lhe encaro por alguns segundos até ela perceber a minha presença.

- O que foi?

- Está acontecendo alguma coisa Cassie? - pergunto entre dentes.

- Não. - ela mente de novo.

- Então me diz de quem é aquele teste de gravidez na lixeira?

Ela empalidece, seus olhos estão arregalados e se ela estivesse com alguma coisa na mão teria deixado cair.

- E-eu ia te contar Sebastian, só estava esperando o momento certo. - sua voz emite medo.

- Não me diz que... - fecho os olhos sem acreditar - Um filho? Um filho agora Cassie? - passa as mãos pelos cabelos - Isso... Porra.

- Calma sebastian, daremos um jeito.

Começo a andar de um lado para o outro, a ficha ainda não caiu.

- Como você deu um jeito antes de ontem? - ela não entende então explico - O que você estava fazendo com a porra do seu ex na cafeteria?

- Nos encontramos por acaso.

- E ai você resolveu tomar um café com ele por acaso?

- Eu estava mal Sebastian, Louise está fora da cidade e eu precisava me distrair, foi só um café.

- Se distrair com a porra do seu ex? - grito irritado fazendo com que ela se assuste e na mesma hora me arrependo.

- Não grita comigo porra. - Cass altera a voz - Mark estava comigo o tempo todo e você não tem o porque de desconfiar de mim. Você acabou de chegar em casa depois de dois dias fora, eu passei por muita coisa quando eu descobri a gravidez, passei esses dois dias em claro pensando em como iria te contar e é assim que você me trata caralho? Que porra de homem você é? - travo o maxilar e lhe encaro feio.

- Não coloque a culpa disso em mim. - aponto para a sua barriga.

As palavras saem da minha boca sem pensar e vejo que era melhor ter ficado calado quando vejo as lágrimas escorreram por seu rosto.

- Eu não fiz esse filho sozinha. - passa a mão no rosto, ela está muito irritada mas eu estou mais - Você está sendo cruel Sebastian, cruel comigo e com tudo que construimos juntos. - passo as mãos na barba por que ela não consegue entender que errou em não me contar e me viro de costa de costas para não encara-la.

- Eu... Eu preciso de um tempo. - caminho até a porta.

- A onde você vai?

- Respirar um pouco.

Pego o carro sem rumo, ando pela cidade por minutos ou horas. Fui até a fábrica e Russel ficou sem entender quando me viu ali, tentei distrair a minha raiva ajudando a recuperar a tinta mas só piorou. Russel viu que eu não estava bem e me mandou de volta pra casa, mas eu não fui. Parei o carro em uma das poucas praias que existe em Toronto e que tem visão para a nossa casa. Caminho pela areia e sento encarando o mar, minha cabeça ainda está a mil e mesmo com raiva da Cassie eu sei que errei em ter alterado a voz e ter falado besteira mas estou muito nervoso para voltar pra casa agora.

Porra, um filho.

Eu serei pai.

Eu pai? Como eu vou criar essa criança? O mundo em que eu vivo essa etapa da vida não tem lugar. Como será daqui pra frente? O mais próximo que cheguei de um criança foi a Stacy e aquelas crianças abandonadas no orfanato. Eu não estou preparado pra isso e nem sei quando vou estar.

Eu não sei o que fazer, e a incerteza do futuro me abala emocionante. Eu sei que não deve estar sendo fácil pra Cassie mas ela tem que entender que pra mim também não é. Principalmente pelo que já passei nessa vida.

Respiro fundo e encaro nossa casa longe nas montanhas, onde decidimos viver juntos há poucos meses atrás. É tudo muito novo pra mim, pra gente e ter uma criança tão cedo em nosso relacionamento pode desestabilizar tudo.

Não porra, eu não quero pensar assim, isso já foi. Eu sei que posso ser uma pessoa melhor ou até mesmo um pai melhor. Eu agi por impulso, fui idiota de mais e caguei a porra toda quando não escutei a minha mulher e sim a raiva de saber tudo isso ao mesmo tempo.

Volto a realidade quando me celular começa a tocar.

- Galvani.

- Sr. Galvani a sua esposa acabou de sair de moto e estamos procurando por ela. - me levanto e travo o maxilar.

Mierda.

- Porquê vocês deixaram ela sair caralho? - grito.

- Ela iria nos atropelar. - fecho os olhos irritado.

- Vocês tem uma hora para encontra-la, uma hora. - desligo.

Puta que pariu, agora eu fodi com tudo.

Rodei a cidade durante uma hora tentando pensar a onde Cassie iria depois de tudo que aconteceu e o único lugar que me vem a mente é a sua antiga casa. É claro que ela iria pra lá, se não estiver lá provavelmente estará em seu escritório mas aposto todas as minhas fichas que estará em casa.

Quando chego em frente a sua porta, vejo a luz da cozinha acesa e bato na porta.

- Cassie. - bato novamente na porta. - Cassie abre essa porta.

Ela não responde e nem abre a porta mas sei que está ai.

- Cass..

Quando vou bater novamente ela abre e me encara feio, com muita raiva e com os olhos inchados. Minha vontade é de abraça-la e pedir desculpas mas isso é a última coisa que ela quer no momento.

- O que você quer? Já não basta o que fez mais cedo?

- Graças a Deus está aqui, estava preocupado com você.

- Não foi o que pareceu quando você gritou comigo há horas atrás e saiu feito um covarde. - engulo seco pois sei que ela está certa.

- Vamos voltar pra casa Cass.

- Eu já estou em casa e você não é bem vindo aqui, então por favor me deixa sozinha. - ela tenta fechar a porta mas a impeço e entro.

- Não! Eu não saio daqui enquanto não resolvemos isso e você voltar comigo. - ela bufa e sei que está exausta.

- Sebastian sinceramente, eu não sei se voltarei aquela casa.

Meu coração pára e a minha respiração falha ao ouvir isso.

- Não fala isso Cassie, não digo isso jamais. - falo desesperado.

- Foi você que preferiu assim.

- Cassie me desculpa, eu errei por que fui pego de surpresa... Porra um filho é uma coisa séria e não esperava por isso agora.

- É, eu também não mas nem por isso fudi a porra toda.

- Eu não deveria ter agido daquela maneira.

- Foi ridículo, covarde e cruel. - suas palavras secas atingem meu peito.

- Me perdoa Cassie, me perdoa por cada palavra mal dita, me perdoa por ter gritado com você e principalmente por ter te deixado sozinha.

Ela balança a cabeça e vejo que ela ainda está muito chateada.

- Eu não sei se o perdão será o bastante.

Me aproximo desesperado e lhe abraço, ela não reage mas eu não vou lhe soltar.

- Não diz isso, vamos conseguir passar por isso. - beijo sua cabeça sentindo as lágrimas em meu rosto - Vamos ter essa criança e cria-la juntos, eu sei que não sou o pai mais certo do mundo mas juro que não faltará nada pra ele. - seguro seu rosto e encaro seus olhos - Só me diz que ficará tudo bem entre nós dois, eu prometo jamais alterar a voz com você e nunca mais te deixar sozinha como eu fiz. Eu fui um babaca, infelizmente a vida me tornou uma pessoa ruim mas estou aprendendo a ser uma pessoa melhora com você. Me perdoa Cassie, você é tudo pra mim eu não posso viver a minha vida sem você. Eu não sou nada sem você.

Ela abaixa a cabeça e por alguns segundos eu penso que a perdi pra sempre mas quando seus olhos voltam para os meus eu vejo que eu estava errado.

- Eu te perdou Sebastian, mas essa é a primeira e última vez que você faz isso comigo.

Abro um sorriso e lhe abraço.

- Nunca mais meu amor, me desculpe. - beijo seu rosto inteiro - Eu te amo tanto Cassie. - deixo um beijo em seus lábios e coloco minhas mãos sobre a sua barriga - E irei amar muito o nosso filho. - ela abre um sorriso emocionada e abaixo até sua barriga e deixo um beijo - Iremos te dar todo amor do mundo.

____________________
NOTA DA CAAH: AH MEU CORAÇÃO NÃO AGUENTA, eu sei que o de vocês quase saíram pela boca.
1. Por que demorei semanas pra postar, me desculpem está sendo muito complicado ter idéias para finalizar esse livro😓
2. Por que esse capítulo foi um turbilhão de emoções, Jesus Cristo.

Quem sobreviveu diz "bebê a bordo" hahaha
Brincadeiras a parte, espero que tenham gostado. Entendam que um casal precisa enfrentar barreiras e Cassie e Sebastian não são um casal comum por isso todo drama é bem vindo desde que não seja exagerado.

Eu já tenho uma base do que será o epílogo e já adianto para vocês prepararem os lencinhos 😭😭

Eu não estou preparada para o final, e vocês? Estão?

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