CAPÍTULO 32 - A REVIRAVOLTA

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||CASSIE||

FECHO A PORTA e fico procurando coragem para falar com Sebastian, coragem que me falta. Ele deve estar puto pra caralho, além de vir para o Texas sem avisar eu simplesmente não trouxe meu celular de propósito.

Fecho os olhos e trago o celular até meu ouvido.

- Alô?

- Cassie? - diz com a voz suave.

Deus!

Minhas pernas ficam bambas, meu coração quase sai pela boca e meu corpo acelera da cabeça aos pés ao ouvir sua voz grave. Me recomponho e lhe respondo.

- Oi Sebastian.

- Como você está?

Ah que saudades!

- Estou bem e você?

- Com saudades. - engulo seco e me sento na cama sentindo o impacto dessa pequena frase - E o corte na perna?

- Não foi nada de mais.

- Mais eu me preocupo com você Cass.

Oh coração, se acalma ai.

- Eu sei que se preocupa.

- E a operação como está indo?

- Por pouco não pegamos o Mascarenhas no primeiro dia, ele esteve na casa horas antes da gente invadir. Pegamos alguns bandidos mas eles não falaram nada que nos ajudasse e ainda não conseguimos pistas da onde está Stacy. - ouço ele bufar e sei que tinha esperanças que nós tivéssemos conseguido algo - Mais não vamos desistir, sei que iremos conseguir acha-la.

- Soube que a policial Sanders pegou um dos bandidos... Bom trabalho. - sorrio.

- Obrigada, teria sido melhor se tivesse percebido que ele estava com uma faca.

- Você deu o seu melhor, é isso que importa.

Meu coração acelera e sorrio novamente com seu jeitinho fofo de falar comigo.

- Cassie, você precisa voltar para casa.

- Sebastian eu estou em uma operação.

- Não, você está machucada e não pode fazer parte das operações como a médica mesmo disse.

- Já está quase sarando, e outra você sabe que não deveria ter mandado alguém para me vigiar.

- Eliott está ai para que eu me certifique que nada de ruim aconteça a você.

- Mesmo assim, ele também está aqui para me vigiar.

- O que você queria que eu fizesse? Você foi para o Texas com FBI e a CIA e eu só soube quando você já estava ai. - altera a voz.

- Mais foi você que se afastou. - digo no mesmo tom.

Silêncio.

Ouço ele respirando fundo.

- Me desculpe, eu agi errado.

- Desculpas não vai apagar o que você fez.

- Cassie por favor, esqueça a raiva que está de mim e volte para casa. Terá um jatinho a sua espera no aeroporto de Houston hoje a tarde.

- Não Sebastian, você precisa entender que enquanto você achar que manda em mim isso não vai funcionar.

- Eu só não quero que nada aconteça a você Cassie. - estranho seu tom.

- Por que você está falando isso? Você sabe de alguma coisa Sebastian?

Silêncio.

- Sebastian, me fala o que você sabe. - peço novamente.

- Nunes já descobriu a onde vocês estão alojados e está convocando um exercito para ir atrás de vocês. Você precisa sair dai o mais rápido possível Cassie. - arregalo os olhos.

- Co-como você sabe disso?

- Você sabe que eu tenho as minhas fontes no Texas. - engulo seco - Você precisa voltar para casa agora.

- Meu Deus, eu preciso avisar a todos.

- O que? Tá louca?

- Sebastian a equipe está correndo risco de vida, eu não posso deixar que isso aconteça.

Ouço ele suspirando novamente e ouço passos, aposto que está andando de um lado para o outro.

- Saia dai junto com Eliott sem falar nada disso pra ninguém. - passo as mãos nos cabelos.

- Sebastian eu não...

- Cassie pelo menos uma vez me escuta, se você falar isso eles vão questionar como você descobriu.

Merda, é verdade.

- Mais eu não posso... Eles vão morrer Sebastian. - ele suspira mais uma vez e diz contrariado.

- Eu vou pedir que o Eliott se encarregue de avisar a eles, agora arrume as suas coisas e vá para o aeroporto, o Steve estará esperando vocês dois.

- Tudo bem.

- Eu estarei aqui te esperando. - engulo seco.

- Sebastian acho melhor... - ele me interrompe.

- Hasta luego detective.

Porra.

Desliga a ligação me deixando sem rumo depois dessa pequena conversa. Me jogo na cama em um empasse enorme, dividida entre a razão e o coração. Me sobressalto ao ouvir batidas na porta, provavelmente é Eliott. Respiro fundo e abro a porta, para minha surpresa encontro Liam parado a minha frente.

- Olá policial Sanders.

Escondo o nervosismo que me invadiu e a indecisão que me bateu desde a hora que soube o que está por vir.

- Olá comandante, aconteceu alguma coisa? - pergunto com uma leve preocupação.

- Não, vim saber como você está?

- Estou bem, a perna está quase 100%.

- Que bom, também vim avisar que terá uma reunião daqui a meia hora no salão principal para repassar como iremos agir na proxima operação que será hoje a noite. - engulo seco.

- Terá operação hoje a noite?

- Sim, como pegamos mais três bandidos ontem, tenho quase certeza que hoje pegaremos o Nunes. Recebi informações de que ele está no lado sul.

A vontade de contar tudo que eu sei vem com força total mas logo lembro que colocaria Sebastian em risco e a mim também e me contenho.

- Ta bom, estarei presente.

Liam me encara por alguns segundos e abre um pequeno sorriso.

- Lembre-se do que eu disse, você é mais do que pensa que é policial.

- Obrigada! - forço um sorriso querendo que vá logo embora.

- Mesmo que você ainda não possa estar conosco, poderá acompanhar a operação junto com os outros policiais que ficaram na base analisando as câmeras ao redor do local e avisar caso veja algo suspeio. Tenho certeza que as suas aptidões serão de muito bem utilizadas.

- Com certeza. - minto.

- Até daqui a pouco. - assinto e ele se afasta.

Fecho a porta e respiro fundo tentando me acalmar depois se omitir na cara dura o que irá acontecer. Eu não me sinto bem mentindo, ainda mais sabendo que muitas pessoas podem morrer, pessoas que não merecem já que estão aqui com o mesmo objetivo que eu... Mas confio no Sebastian e sei que ele impedirá que o pior aconteça.

Minutos depois Eliott me chama e abro a porta pela terceira vez nessa manhã agitada. Ele entra e fecha a porta atrás de si.

- O que Liam queria?

- Veio avisar da reunião.

- Hum.. Você não deu indícios do que sabia de algo não né? - pergunta me analisando.

- Claro que não. - reviro os olhos - Eu sei o que está em risco.

- Aja naturalmente na reunião e avise ao comandante que você precisará voltar pra casa, inventa alguma coisa mas seja convincente.

- Ok.

- Preciso do celular.

Pego o aparelho em cima da pequena comoda e lhe entrego.

- Sebastian quer falar com você sobre o que está prestes a acontecer.

Eliott trava o maxilar e parece saber o que Sebastian vai pedir e que é por minha causa.

- Tabom, vou ligar pra ele. Agora arrume suas coisas e antes de sair tranque a porta, não podemos confiar em ninguém aqui.

- Ok.

(...)

DEPOIS DE ORGANIZAR as minhas coisas, certifico que a porta está trancada e caminho em direção a sala de reunião. Encontro Valerie no caminho e conversamos como anda a operação até chegar na sala principal, consegui descobrir que o plano de encurralar Mascarenhas está dando certo, fechei os olhos ao imaginar que Nunes está fazendo com que achamos isso mas na verdade é ao contrário, é ele que está nos encurralando.

Ao entrar na sala a primeira coisa que reparo é o semblante sério de Liam, normalmente ele é assim mas meus instintos me dizem que aconteceu alguma coisa, e eu espero que seja o que estou imaginando... Quando a sala está relativamente cheia, ele pega o microfone e começa a falar.

- Conseguimos avançar bastante na operação nos últimos dias, capturamos alguns bandidos mas infelizmente teremos que abortar a missão.

Todos ficam chocados e surpresos, eu finjo a mesma reação.

- Recebi um aviso agora pouco que Nunes já sabe da nossa localização e que está preparando seus homens para nos atacar. – todos começam a falar na sala – Silêncio, deixem eu terminar de falar. – todos fazem silêncio – Peço calma a todos, não sabemos a dimensão do exército que ele está preparando, Nunes conhece cada canto do Texas e pra gente ficaria inviável ir para uma guerra com ele nesse momento. Temos no máximo 100 policiais no total e provavelmente ele já deve ter essa informação... Então, arrumem as suas coisas que iremos evacuar o local em duas horas, já temos policiais da fronteira nos dando cobertura até que todos já estejam a caminho do aeroporto. Voltaremos para Toronto e a missão está abortada até segunda ordem.

- Nossa, eu vou arrumar minhas coisas agora, esse Mascarenhas não está para brincadeira. – Valerie diz ao meu lado.

- Vai indo, eu preciso falar com o comandante antes. – ela assente e se afasta.

A sala desvazia em poucos segundos, apesar de todos serem policiais bem treinados não sabemos o que Mascarenhas está preparando e entrar em uma guerra com eles agora não seria nada bom.

Liam está com cara de poucos amigos e conversando com mais dois homens, que sempre estão com ele. Visto a minha máscara e me aproximo do seu pequeno grupo.

- Com licença, comandante posso falar com você um instante? É urgente. – ele assente e nos afastamos dos outros policiais.

- Pode falar.

- Eu sei que a sua cabeça deve estar a mil agora mas eu não poderei esperar para ir com vocês, ocorreu uma urgência na minha família e preciso voltar agora para Toronto.

- Tudo bem, depois de todo esse caos não tem problema algum. Você já conseguiu as passagens?

- Sim, consegui vôo para daqui 1h. – ele assente.

- Ah, é capaz de Eliott ir no mesmo vôo que você, ele se ofereceu para ir na frente para agilizar algumas coisas para mim na central do FBI. É uma pena que a nossa operação não tenha dado o resultado esperado.

- Tenho certeza que vamos conseguir pegar o Nunes e achar Stacy, nem sempre as coisas saem como planejamos. – ele abre um sorriso em meio ao semblante sério.

- É verdade, de qualquer forma foi um prazer trabalhar com você. Espero te ver mais vezes policial Sanders. – forço um sorriso.

- Tchau comandante Liam.

- Até mais Sta. Joplin. – sussurra a última palavra.

Chegando no quarto, calço minhas botas e pego minha bolsa me certificando que não esqueci nada. Eliott bate na minha porta e avisa que está na hora de irmos, caminhamos lado a lado e quando chego ao carro preto que está nos aguardando do lado de fora, agradeço aos céus por não encontrar Liam ou Valerie no caminho.

Olho ao redor receosa de que tenha algum bandido à espreita esperando para dar o bote, quando entro no carro e vejo o motorista eu tenho a impressão que conheço ele de algum lugar, pouco depois eu lembro que ele foi o motorista do Sebastian quando estivemos no Texas.

Chegando no aeroporto de Houston Eliott me leva até uma sala privada e minutos depois uma aeromoça nos chama para o vôo. Não fico surpresa em ver o jatinho nos aguardando na área de vôo e os pilotos do lado de fora para dar as boas vindas.

- Bem vindo senhores, meu nome é Steve e irei leva-los até Toronto ao lado do meu co-piloto Ryan.

Aperto as mãos dos dois logo após Eliott cumprimenta-los, depois a aeromoça nos encaminha para dentro da aeronave e nos acomodamos em nossos lugares.

Durante as três horas tensas de vôo eu não consegui parar de pensar na possibilidade de ver Sebastian novamente. A última vez que nos vimos não foi muito agradável, não estávamos bem e a decorrência de vários fatores acabou nos afastamos. Ainda continuo muito chateada com ele e isso só poderá ser resolvido quando nós dois conversarmos e colocarmos alguns pingos nos is.

Quando o jatinho pousa em Toronto o meu nervosismo só aumenta, atravesso o saguão do aeroporto ao lado de Eliott e a cada passo que eu dou o meu coração parece que vai sair pela boca. Ao chegar no estacionamento e encontrar Russel do lado de fora do carro preto de vidro fume que por tantas vezes andei, eu quase dou meia volta. A minha reação foi parar na mesma hora mas ao ver a testa de Eliott franzida eu voltei a me recompor e continuei caminhando até o carro.

- Srta. Joplin. - Russel me cumprimenta antes de pegar a minha bagagem.

- Olá. - forço um sorriso enquanto ele coloca na mala do carro.

- Eliott eu te levarei pra casa, não é bom que vejam vocês dois juntos. Pode entrar no carro da frente.

Fico parada por alguns segundos até Russel abrir a porta do carona, meu coração acelera pois sei que ele está no volante.

Eu consigo sentir o famoso cheiro de menta misturado com cigarro daqui de fora e a tensão que o seu corpo lança ao meu pela aproximidade depois de tantos dias longe.

Russel fica me olhando esperando que eu entre, por fim respiro fundo e entro no carro de uma vez. Não tenho coragem de virar para ele, ouço sua respiração ao meu lado e sinto os seus olhos cravados em mim. A tensão tomou conta do pequeno espaço entre nós dois.

- Olá detective. - engulo seco.

- Oi Sebastian.

- Como você está?

Sinto que essa pergunta não é uma pergunta qualquer, é mais profunda do que parece.

- Estou bem.

Encaro as minhas mãos sobre meu colo tentando não me desestabilizar emocionante diante dele.

Ainda sinto como se fosse hoje, as noites em que ele simplesmente não ligou ou apareceu na minha porta para me ver.

- Por que não vira pra mim? - pergunta quase em um sussurro - Cass?

Vejo sua mão fazer menção de alcançar meu rosto e na mesma hora me viro para ele evitando o contato mas era melhor que não virasse.

Desejo Perigoso Where stories live. Discover now