O enterro tinha acabado há um tempo, eu chorei muito depois que voltei para meu quarto, aproveitando o momento sozinha para me permitir um gesto de fraqueza. Me afastei quando eles levaram seu caixão -vazio- para enterrar, depois que eu me troquei fui para a casa de Kate com Thomas e o Nick, eu já não estou aguentando mais olhar para o meu pai. E acho que nunca mais irei olhar para ele como antes.
Embora a imagem de pai amoroso nunca esteve em questão. Nem nunca passou perto.
Estávamos no quintal da casa de Kate conversando, só que eu não estava prestando atenção em nada daquela conversa, e como boa amiga que é, Kate percebeu que eu estava aérea.
– Rose, o que houve? – Pergunta me olhando preocupada.
– Nada, está tudo bem – Digo percebendo que eu olhava para algo aleatório. Balanço a cabeça em um sinal de negação mas minha cabeça se recusa a pensar em outra coisa. Começo a lembrar do meu sonho o que me leva a pensar em Margareth, aonde será que ela está? Será que aquele sonho significava algo? O que ela disse tem alguma relação com a realidade? Eu devo mesmo fugir? E como ou quando poderei fazer isso?
– Você está realmente estranha Rô – Thomas observa. – O que houve? Pode confiar na gente – a voz dele finalmente me tira de meus devaneios, olho para meus amigos vendo que todos estão com expressões preocupadas. Não sei se devo conta-los sobre o sonho.
– Está tudo bem gente, podem ficar calmos – Minto, não quero preocupa-los.
– Eu sei que você sente falta da Margareth, mas não precisa se preocupar demais com isso – Nick me lança um olhar carinhoso.
– Sim é isso, eu estou sentindo falta dela – Digo, não é mentira, realmente sinto falta de Margareth.
– Nicholas sua mãe está aí, ela veio te buscar, e Thomas, meu amor, seu pai deixou você ir dormir lá então ela veio buscar os dois – Kátia, a mãe de Kate, nos avisa, tirando a atencão que havia sido direcionada a mim.
Ela sorri docemente quando nos viramos para olha-la, seus longos cabelos ruivos estão presos em um rabo de cavalo, fazendo-a parecer mais jovial, Kátia é uma boa pessoa, é carinhosa e uma boa mãe para Kate, é extrovertida e animada, mas quando o pai de Kate está em casa ela vira praticamente outra pessoa, fala pouco e sempre está disposta a fazer tudo para o Senhor Harris como se não fosse esposa dele e sim uma simples criada – E vocês venham lanchar meninas, Thomas e Nick vão embora depois do lanche.
Assentimos e nos levantamos da grama indo em direção a cozinha, nos sentando na frente do balcão vendo a mãe de Kate colocar torradas com geleia por cima do mesmo.
– Eba! Amo a sua geleia caseira mãe! – Diz Kate animada indo pegar uma torrada quando sua mãe lhe dá um tapinha na mão – Aí – Reclama.
– Vá lavar a mão primeiro porquinha. – seu tom é repreensivo mas ela mantém um sorriso que faz contraste com seus olhos azuis tão alegres.
Kate vai resmungando e eu vou atrás dela rindo de sua gula.
– Ei porquinha não reclame, você já vai comer suas torradas com geleia – ela me olha brava – Calma aí ruivinha eu só estou brincando.
Chegamos ao banheiro e só para provocar corro um pouco e passo na sua frente, assim, chegando na pia antes dela, lavo minhas mãos com toda a calma e depois vou lentamente em direção a toalha seca-las.
– Amo o sabonete da sua casa, ele tem cheiro de coco – Ela revira os olhos e faz careta para mim. – O que foi? Desta vez estou sendo sincera, não foi provocação.
– Eu sei, mas eu não havia feito nada por causa da provocação de agora pouco – dou de ombros.
Assim que lavamos as mãos voltamos para o balcão agora encontrando a mãe de Nicholas na cozinha com a mãe de Kate, as duas pareciam engatar em uma conversa bem animada.
– Nicholas vá lavar a a mãos também – Diz sua mãe, Dona Anna.
– Thomas meu bem, vá lá você também – Kátia sorri de forma carinhosa para o garoto de olhos verdes.
Me encanta a maneira como ela trata o Thomas, como se fosse mãe dele, talvez pelo fato de que, por mais que ele não demonstre, ele sofre por não ter uma mãe em sua vida, e viver sabendo que quem mais deveria te amar na verdade mal sabe como você está ou o que gosta de fazer, ou até se está vivo, é bem difícil, como eu já disse, o entendo.
– Meu amor pode comer as torradas agora, espero que você goste, eu fiz com carinho – Dona Kátia sorri para a filha, seus olhos tão azuis como o céu brilham ao olhar para ela. Sorrio triste. Nunca terei isso.
– Obrigada mamãe – Diz pegando uma torrada e passando geleia na mesma.
Depois de um tempo Nicholas e Thomas voltam, se sentam ao nosso lado e começam a comer também.
– Está uma delícia senhora Harris – Elogio.
– Ora, que isso, obrigada querida.
– Mãe? – Kate chama.
– Sim, meu amor?
– A Rose pode dormir aqui hoje? – Seu pedido me pega de surpresa me fazendo encara-la.
– É claro meu amor.
– Mas e se meu pai não deixar? – Pergunto cabisbaixa.
– Não se preocupe, eu vou ligar para ele agora.
– E se mesmo assim ele não deixar? – Pergunto.
– Pode deixar que eu me resolvo com ele querida – diz sorrindo – Você vai ficar aqui – Sorrio, porém por dentro eu estava alíviada por saber que não teria que olha-lo hoje. Pelo menos, não por hoje, não mais.
– Bom acho que já vamos – Diz Anna – Nick, Tom, vamos amores?
– Vamos mãe – o loiro diz se levantando – Thcau meninas – ele então vem em minha direção e me dá um beijo na bochecha, depois dá outro em Kate.
– Até amanhã – Diz Thomas e faz o mesmo que Nicholas.
– Tchau gente – Digo acenando enquanto os via sair.
– Bom, agora vão para o quarto de vocês que eu vou começar a fazer o jantar – Assentimos e fomos em direção ao quarto de Kate.
– Está tudo bem? – Pergunto assim que entramos no quarto – Normalmente quando eu implico daquele jeito com você, você briga comigo e as vezes até me bate – digo vendo-a se sentar na cama, a acompanho.
– Não vou brigar com você – ela me olhava séria o que acabou me deixando confusa. – Pelo menos, não por enquanto.
– O que quer dizer com tudo isso?
– Rose você está triste, eu sei que sente muito pelo que aconteceu com Margareth – faz uma pausa – mas eu te conheço e sei que não é por isso que você estava tão aérea lá no quintal. – Engulo em seco – Então, o que era?
– Nada Kate, está tudo bem, não precisa se preocupar – Digo tentando acalma-la.
– Não minta para mim Rô, sabe que eu te conheço melhor do que ninguém.
– É, eu sei.
– Então...?
Respiro fundo, eu estava pensando em muitas coisas naquela hora, mas principalmente naquele sonho, e eu não sei se devo conta-lo para ela.
– Vai me dizer? – Ela estava começando a perder a paciência.
Vou em direção a porta e abro a mesma, assim que vejo que não tem ninguém no corredor fecho-a, tranco e volto para a cama. Kate me olha confusa, mas faz um sinal com a cabeça indicando que eu devo prosseguir.
– Primeiro de tudo Kate – digo olhando-a nos olhos – Não quero que conte para ninguém o que vou te falar.
– Tá bom... – Diz lentamente, parecendo estar confusa.
– Margareth não está morta – digo vendo o queixo de minha amiga cair.
– Como assim? – ela pisca algumas vezes, perplexa – E-eu fui ao enterro e vi o caixão.
– Sim, mas isso não justifica nada, o caixão estava fechado – ela continua com uma expressão que continha um misto de confusão e pavor – E vazio – Complemento.
– Como assim? Como você sabe disso?
– Essa é a outra parte da história – Digo com calma – E essa é a parte mais importante e eu quero que você guarde segredo mais ainda.
– O-okay – Fala nervosa e engole em seco.
– Na madrugada de ontem para hoje eu acordei com o barulho de alguma coisa quebrando, então me levantei para ver o que era – Engulo em seco e continuo – Quando eu cheguei lá, encontrei o meu pai conversando com alguém – Suspiro – Mais especificamente, a Margareth, ele parecia estar alterado, e quando ela o desafiou, ele... – Sinto meus olhos marejados – ...Ele deu-lhe uma facada – Kate suspira impressionada – ela caiu no chão e foi aí que eu não aguentei e gritei.
“Na mesma hora, tanto ela quanto meu pai dirigiram seus olhares para mim, eu fiquei com tanta raiva do meu pai que apenas olhava para ele furiosa, uns segundos depois eu vi que Margareth já não estava mais caída, o que significava que ela havia fugido – Suspiro – No dia seguinte, quando eu soube que haveria um enterro eu pensei que ela tinha realmente morrido e eles haviam achado o corpo dela no quintal ou talvez até na vila – Neste ponto eu já chorava. Depois de um suspiro, limpo algumas lágrimas com a barra do casaco”
– Como você teve tanta certeza de que ela não estava no caixão? – Pergunta ainda chocada, ela pronuncia cada palavra lentamente, era nítido que se continha para não chorar.
– Assim que eu soube que o caixão ficaria fechado eu pensei nisso e não foi muito difícil juntar os pontos.
– Oh meu Deus Rô eu sinto muito – ela vem até mim e me prende em um abraço apertado.
– Ainda tem mais – falo assim que nos separamos.
– E o que é? – Respiro fundo e conto a ela sobre o sonho que tive no dia anterior.
– E você sabe o que tudo isso significa? – Pergunta assim que eu termino de contar. Nós já não estamos mais chorando.
– Infelizmente não – Digo cabisbaixa.
– Será que você terá mesmo que fugir?
– Também não sei.
– Eu só sei de uma coisa – A olho curiosa – Se você realmente precisar fugir, pela Margareth, eu vou com você.
– E sua família?
– Meu pai, assim como o seu, é um monstro horroroso – Rio sem humor – E minha mãe é uma mulher forte, ela consegue.
– Obrigada Kate – Sorrio sincera – Eu só espero um dia conseguir entender o que é tudo isso.
– Tenho certeza de que você vai, um dia.
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Oiiiiiiii meus amorzinhos!!
Tudo bem?
Eu vou bem ❤️❤️
Well
O que acharam do capítulo heinn???
Será que a Rose vai ter que fugir mesmo???
E Kate? Mesmo sendo tão certinha, vai também??
Quem achou fofo a atitude da mãe da Kate para com o Thomas?
Beeeeeem acho que é só :p
COMENTEM E VOTEM MUUUUUITO AMORECOS
⭐⭐⭐⭐⭐
Amo vocês 😘♥️
Xoxo da Hannie ♥️