A Casa de Bonecas

By BlackChesire

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Em uma casa construída com mentiras, onde todas as palavras e reações são falsas, você deve saber reconhecer... More

Epígrafe
Prólogo
Cap. 1
Cap. 2
Cap. 3
Cap. 4
Cap. 5
Cap. 6
Cap. 7
Cap. 8
Cap. 9
Recado da Autora I
Cap. 10
Cap. 11
Cap. 12
Cap. 13
Cap. 14
Cap. 15
Cap. 16 - Um Pedido
Cap. 17
Cap. 18
Cap. 19
Cap. 20
Cap. 21
Cap. 23
Cap. 24
Cap. 25
Recado da Autora II
Cap. 26
Cap. 27
Cap. 28
Alerta de Gatilho
Cap. 29
Cap.30
Cap. 31
Recado da Autora III
Cap. 32
Cap. 33
Cap. 34
Capítulo 35 - Final
Epílogo: All I Want For Christmas - Especial de Natal
Agradecimentos
Booktrailers e mais umas coisinhas
20 Fatos Sobre "A Casa de Bonecas"
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Cap. 22

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By BlackChesire


Rangendo está a porta, tão gentilmente

Lado a lado, chamando seu nome

Nunca, nunca, nunca abra aquela porta

As coisas não serão as mesmas

Rastejando está a mão da aranha

Procurando sua presa

Logo você será a próxima

Presa na teia da aranha

End Credits (Coraline Soundtrack)

◈◇◈

Depois de tomar um longo banho, cozinhar arroz e batatas e fritar frango para que eu e meu irmão pudéssemos ter um almoço decente depois de tanto tempo comendo pão, besteiras e macarrão, tranquei a casa – mesmo sabendo que aquilo não faria muita diferença por conta das janelas estouradas – e fui até a casa ao lado junto de Eliel, mesmo que morrendo de vergonha por saber que teria que falar com desconhecidos e ainda pedir um favor sem ao menos lembrar como se chamavam.

Parei na varanda, toquei a campainha com a mão tremendo e respirei fundo, puxando meu irmão para que ficasse o mais próximo possível de mim. Sabia que gente de cidade pequena geralmente era um amor e, pelas flores na varanda, as cortinas coloridas que balançavam por conta da janela aberta e o tapete felpudo na frente da porta onde estava escrito "Seja bem-vindo!", eu não duvidava que eles fossem somente mais um casal qualquer, normal e simples como Dona Emy era.

Não demorou muito para que a porta abrisse e uma mulher negra, grávida do que pareciam ser uns cinco ou seis meses, com longos cabelos cacheados – e um sorriso maravilhoso, devo confessar – nos recebesse como se fôssemos visitas já esperadas.

– Oi! Desculpem meu estado, eu estava faxinando a casa, a empregada está de folga e meu marido trabalhando, então eu meio que acabei sozinha – ela disse fazendo um biquinho. – Vocês devem ser os irmãos Mitchell, sua mãe passou aqui pouco antes de ir viajar, ela parece ser um amor de pessoa apesar de termos nos falado tão pouco.

– Ah, não, só ele é Mitchell, nós meio que... somos de pais diferentes – eu disse meio sem graça, já sabendo que algumas pessoas não reagiam muito bem a este fato e geralmente passavam a enxergar minha mãe de uma maneira bem ruim.

– Hum, é, eu entendo bem isso – a mulher respondeu calmamente e já me senti mais aliviada. – Bom, sua mãe deve ter dito meu nome, mas, em todo caso, Sou Mary. Vocês são... Marliss e Eliel, certo?

– É... pode me chamar de só de Lis, é mais fácil e menos feio – eu disse e ela riu como se eu realmente houvesse dito algo engraçado. Mary parecia uma daquelas tias doidas por crianças que eram super gentis e não sabiam dizer "não" para uma bela cara de choro. – Então, é que a minha mãe disse que se precisássemos de alguma coisa nós poderíamos vir aqui...

– Claro! Eu não tenho muito o que fazer graças a esse serzinho aqui que me afastou do trabalho e da vida, então ajudarei no que der – ela respondeu cutucando sua barriga com um sorriso enorme estampado no rosto. – O que aconteceu?

– É que eu preciso ir resolver umas coisas sobre... hã... a minha nova escola, e não queria que o Eliel ficasse andando comigo de um lado para o outro porque pode ser meio perigoso, e deixar ele sozinho em casa também não me parece uma boa ideia...

– Quer que eu dê uma olhada nele para você? – Mary perguntou e eu assenti um pouco tímida. – Claro, sem problemas! Adoro crianças, e nós podemos acabar com o tédio um do outro, não é? – Perguntou ao meu irmão que confirmou com um sorriso mais graça que o meu.

– Obrigada! Obrigada de verdade! Prometo que não vou demorar – eu disse como se tudo fosse algo simples e eu estivesse mesmo indo resolver coisas sobre a escola. – E você se comporte ou eu arranco seus dedos um por um – murmurei no ouvido de Eliel antes de me afastar dos dois com um sorriso, acenando até Mary colocar meu irmão para dentro e fechar a porta.

Bom, com aquela alegria toda eu duvidava que ela fosse alguma psicopata que matava criancinhas para fazer ensopado, então conseguia ter um pouco de confiança e imaginar que tudo daria certo e Eliel ficaria bem.

Os mais felizes são os que mais escondem coisas, acho que deveria se preocupar um pouco, sim.

– Ah, que se dane! – Resmunguei irritada e senti meu rosto queimar quando um idoso que passeava com seu cachorro do outro lado da rua parou somente para me olhar com uma cara de confusão.

Podia ouvir meu subconsciente rindo de mim e da minha idiotice, mas ignorei e retomei meu caminho para onde eu já sabia ser o centro da cidade devido ao dia anterior em que saíra com Henri, e, se me lembrava bem, a pé eu não demoraria muito mais que vinte minutos para chegar até lá.

  ◈◇◈  

Ok, demorou muito mais que vinte minutos. Claro que aquela era uma cidade pequena, mas havia sido exatamente este o meu problema: não havia uma única pessoa na rua e as casas e ruas eram praticamente iguais, o que resultou em uma Marliss pegando o caminho errado e entrando em uma rua sem saída que eu não fazia ideia de onde ficava, estava quase entrando em desespero e chorando ali mesmo.

Graças à algum Deus do Sorvete muito piedoso, acabei encontrando uma criança que estava brincando na frente de casa e soube me dizer qual caminho seguir – sim, fui salva por uma criança e não me orgulhava muito disso, não.

Mas pelo menos havia conseguido chegar onde pretendia e, sem querer cometer o mesmo erro duas vezes, fui até uma moça que esperava distraída no ponto de ônibus, perguntando a ela onde ficava a biblioteca municipal.

– É só você ir reto, virar à direita na primeira esquina e ir andando até o final da rua. Fica bem ao lado da padaria – ela me respondeu parecendo quase mais perdida do que eu, mas ainda assim agradeci e segui o caminho indicado, sofrendo um pouco para diferenciar direita e esquerda assim que cheguei na primeira esquina.

Bom, desta vez nada dera errado. Depois de andar um pouco pelas calçadas tortas da rua onde no final havia uma padaria coberta por um toldo azul nada chamativo, dei de cara com um prédio – que parecia moderno demais para combinar com uma cidadezinha como aquela – onde havia um letreiro metálico bem grande formando as palavras "Biblioteca Municipal de Winter Hills".

Aquilo era alto demais e me dava a impressão de que ou desabaria em cima de mim ou me engoliria a qualquer momento, então antes que começasse a ficar tonta, empurrei as portas de vidro escuro e entrei.

O lado de dentro parecia muito mais antigo e aconchegante que o de fora, com estantes de madeira que iam do chão ao teto, sofás e pufes com seus tecidos desgastados e lustres com lâmpadas de luzes alaranjadas pendurados no teto. Eu não podia reclamar, adorava lugares com aquela cara de anos 20.

Fui até a recepção para pedir informações à mulher com cara de professora sentada do outro lado do balcão com um livro em mãos – era como se ela fizesse parte da decoração.

– Com licença – eu disse baixinho e ela levantou os olhos escuros desinteressados para mim. – Boa tarde, eu... Eu queria saber se vocês guardam jornais antigos da cidade ou coisas assim...

– Olha garota, são documentos e não podemos sair disponibilizando isso assim para qualquer um sem um propósito – ela disse e fiquei em silêncio por alguns segundos, quase me dando por vencida até ter minha mente iluminada por alguma divindade.

– São para um trabalho de escola – retruquei um pouco rápido demais, realmente esperançosa de que aquela desculpa daria certo.

– Uma semana antes das férias? – Perguntou desconfiada e eu apenas encolhi os ombros e dei meu melhor sorriso de "Posso fazer o quê?", o que fez com que ela revirasse os olhos e me estendesse um caderninho e uma caneta. – Nome completo e telefone, por favor. Nada que for pego pode sair do prédio sem minha autorização, e se sumir algo saberemos quem foi.

– Tudo bem, eu só vou dar uma lida – confessei enquanto escrevia meu nome e celular no caderno, um pouco assustada e com receio de que batessem na minha porta me acusando de furto de documentos.

– Última prateleira, final do corredor.

– Obrigada – respondi tão baixo que duvidei que ela pudesse ter escutado.

Quase me perdi no tanto de livros e estantes que haviam ali, até um pouco intrigada por saber que ainda haviam ainda mais andares provavelmente cheios com mais e mais livros. Estava tão maravilhada com aquilo que quase havia esquecido do meu real objetivo, então fui até o final do último corredor com passos mais do que apressados.

Quando cheguei onde queria, encontrei uma estante inteira preenchida com somente dezenas de pastas de cores diferentes, gordas de tanto papel que havia dentro delas, e com etiquetas indicando o que havia ali e de quando eram os documentos/seja lá o que fosse.

Mas o que eu deveria procurar? Nem sabia se realmente encontraria algo ali, e saber que haviam dezenas de pastas onde poderia procurar diminuía minhas esperanças de encontrar algo que me ajudasse a desvendar aquele mistério todo.

Uma pasta velha, com a capa esverdeada meio amassada, foi puxada o meu lado, fazendo com o que eu pulasse com o susto e logo em seguida quase caísse no chão de medo e surpresa por ver que quem havia pego a pasta era um garotinho que aparentava ser pouco mais novo que o Eliel, vestindo uma camiseta branca perfeitamente limpa, calça social preta e suspensórios.

Seu rosto parecia transparente de tão pálido e não deixava transparecer qualquer emoção que fosse, e eu sabia que ele não pertencia a esta época com quase tanta certeza quanto sabia que eu não era normal.

Ele estendeu a pasta para mim e, com muita relutância e medo, a peguei com a mão trêmula e suada.

Arquivos do jornal local de Winter Hills, outubro de 1892, li o que estava escrito na etiqueta apesar de não querer tirar os olhos daquele menino nem por um segundo, imaginando que ou ele sumiria ou algo pior e mais assustador aconteceria.

– Tão antigo... – murmurei e me assustei novamente assim que ouvi o menino abrir a boca para me responder.

– Ela não gosta de lembrar, mas foi onde tudo começou – ele disse com sua voz rouca que mal passava de um sussurro, até isso nele era fantasmagórico e suspeito.

– O que começou? – Perguntei, pela primeira vez me sentindo mais curiosa do que assustada.

– A tortura, o ódio – respondeu e franzi as sobrancelhas, abrindo a pasta para dar uma olhada e me deparando com mais de cem páginas de jornal que quase voaram para fora.

– É sobre Abelle, não é? – Perguntei novamente mas não houve resposta alguma, então levantei os olhos e senti meu corpo inteiro estremecer ao ver que o menino não estava mais lá.

O corredor era grande, enorme na verdade, e eu não tinha demorado mais do que cinco segundos para arrumar aquelas folhas todas, não tinha como ele ter simplesmente sumido.

Não teria como ter simplesmente sumido se estivesse vivo, você quer dizer.

Jesus.

Apertei a pasta contra o peito e fui praticamente correndo até a entrada, onde estavam amontoados os sofás, pufes e mesinhas de centro. A bibliotecária ficou me encarando por um tempo com desconfiança, provavelmente devido à minha cara pálida de desespero, mas eu preferia mil vezes alguém me olhando como se eu tivesse feito algo errado do que ficar sozinha em um lugar onde um espírito havia acabado de conversar comigo como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

Sentei em um dos vários sofás vazios e abri a pasta sobre o colo, pegando o primeiro jornal. Não havia nenhuma notícia grandiosa ou interessante, apenas coisas sobre o prefeito, uma coluna para contos – que eu me esforcei muito para não ler e voltar a focar no que realmente interessava – e coisas bem bobas do cotidiano.

Pensei que o segundo seria igual, mas logo na segunda página anunciavam o falecimento da mulher do dono de uma grande loja de brinquedos da cidade – a única que havia na época, na verdade. Ela se chamava Evelyn Rose, havia morrido devido a complicações no parto de sua primeira filha, seu marido e dono da loja era Victor Le'Follie, que, segundo a notícia, estava planejando fechar a loja e encerrar seu trabalho como fabricante de bonecas devido ao falecimento de sua esposa.

Uma foto em preto e branco cobria uma pequena parte da página logo abaixo da notícia, mostrando uma mulher de cabelos cacheados claros e um sorriso que não deixava dúvidas de que ela estava realmente feliz, eu tinha quase certeza de que ela não passava dos vinte e cinco. Ao seu lado, um homem de terno, cabelos escuros penteados para o lado com o mais puro perfeccionismo e óculos de grau quadrados sobre seus olhos.

Minha garganta se fechou ao lembrar do homem que eu havia visto nas lembranças de Abelle. Não podia dizer com certeza por conta da máscara que cobria o rosto do homem que eu vira, mas quase não restavam dúvidas de que ele e o homem da foto eram a mesma pessoa.

E avistar ao fundo do casal uma enorme casa de madeira de dois andares, com seis janelas e uma pequena varanda na frente, fez com que meus ossos terminassem de congelar e meu coração disparasse de vez. Minhas mãos formigavam e eu tinha dificuldades para fazer com que o ar entrasse em meus pulmões da forma correta.

Eu sabia que não podia mais ficar adiando as coisas, tinha que resolver logo aquela coisa toda, mas, por mais que parecesse idiota para quem observava de fora, eu estava realmente apavorada depois daquilo, então fechei o jornal e o guardei de volta na pasta, tremendo mais do que quando andava em brinquedos de parque.

Tudo só piorou quando um trovão soou do lado de fora, fazendo-me voltar os olhos arregalados para a janela mais próxima, onde mostrava as ruas já escuras e uma chuva forte caindo enquanto raios iluminavam o céu mais ao longe. Por quanto tempo eu ficara encarando aquela foto?

Não, para mim já bastava daquela loucura toda, minha cota diária de bizarrices já havia até sido excedida.

Peguei a pasta e me levantei – provavelmente mais rápido do que deveria, pois minha visão escureceu e senti o mundo inteiro girar ao meu redor. Me apoiei sobre a mesa mais próxima e tomei um tempo para me acalmar.

– Tudo bem? – A bibliotecária perguntou se levantando pela primeira vez desde que eu chegara ali, ela parecia prestes a correr até mim para me segurar e evitar uma queda por um possível desmaio que estava por vir, mas desistiu assim que eu respondi que estava bem sim, que só não aguentava ficar em lugares fechados por muito tempo.

– Obrigada – eu disse deixando aquela pasta dos infernos sobre a bancada e quase me virando para ir embora, mas parei e me voltei à mulher. Ela com certeza já estava na casa dos quarenta, devia saber algo sobre aquilo. – Desculpe, mas você sabe sobre a casa da rua Sanchez? Número 33?

– Era sobre isso a sua pesquisa? – Perguntou com um sorriso debochado e, embora eu não tenha respondido, ela não precisou de qualquer confirmação para continuar. – Entendo o porquê de ter ficado assim. Tudo de ruim que já aconteceu nessa cidade veio daquela casa. Assassinato, suicídio, desaparecimento... Tudo acontece lá.

Algo me dizia para parar, que eu já havia tido o suficiente daquela merda toda, mas burra como sempre, resolvi insistir mais um pouco.

– E os primeiros donos? Victor e Evelyn? – Minha voz falhou um pouco ao perguntar e ela pareceu realmente em dúvida sobre se deveria continuar aquele assunto.

– Olha garota, ninguém aqui vai querer te falar sobre isso, até mesmo a imprensa tenta cobrir o caso o tanto quanto pode. Victor era um doente, psicopata, e isso é o suficiente para você saber que o que aconteceu no passado, deve permanecer lá.

– E se o passado volta por conta própria? Sem precisar de ninguém para trazer tudo de volta? – Retruquei e me arrependi na mesma hora pois, pela primeira vez desde que a vira quando entrei naquela biblioteca, pude ver o rosto sério daquela mulher ficar algo que não fosse sério, ela parecia quase mais assustada do que eu.

– É você, não é? A garota que se mudou com a família para a casa das bonecas? – Ela perguntou e pulei quando sua mão sardenta e ossuda agarrou meu braço. – Você não sabe com o que está mexendo, entende? Você não pode consertar o que aconteceu lá, ninguém pode, e os que tentam sempre acabam da mesma forma...

– E-eu não sei...

– Não sabe do que estou falando? – Ela completou com um sorriso amargo e minhas pernas fraquejaram ainda mais, sendo a mão dela que me segurava a única coisa que me impedia de cair naquele momento. – Você viu as bonecas, você ouviu as vozes, eles sempre chamam... Não seja burra, vá embora enquanto ainda dá tempo.

– Me solta! Eu tenho que ir! – Gritei com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas, puxando meu braço com força e quase caindo para trás quando os dedos gélidos da mulher me soltaram.

Assim que saí daquele lugar corri o máximo que minhas pernas aguentavam, sem me importar com caminhos certos para casa, a chuva forte que caía ou se tinham pessoas me olhando como se eu fosse uma maluca.

Só parei quando cheguei ao primeiro ponto de ônibus que encontrei, sentando-me no banco vazio e afundando o rosto entre as mãos enquanto tentava absorver tudo o que havia descoberto. Meu peito parecia apertado e meus pulmões ardiam, juro por todos os Deuses existentes que eu só não estava chorando ali mesmo porque minha ficha ainda não havia caído totalmente, eu ainda não conseguia acreditar por completo em tudo o que tinha visto num único dia e parte de mim ainda tentava me convencer de que tudo não passava de um pesadelo e logo eu acordaria em nossa antiga casa, com minha avó gritando com a minha mãe às sete da manhã enquanto fazia café.

Eu estava tão imersa nesse tipo de pensamento que mal notei quando meu ônibus chegou. Tirei algumas moedas do bolso, deixando escapar dez centavos que com certeza não me eram importantes naquele momento, então apenas subi no ônibus praticamente vazio, entregando o dinheiro para o cobrador e indo diretamente para o fundo, onde não havia ninguém e eu poderia refletir sobre tudo quieta enquanto deixar meu cabelo molhado de chuva pingar em paz.

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