Ele Vai Ser Meu

By NaneGrutt

8.9K 1.2K 2K

Até onde você iria para ter a pessoa que ama? E se essa pessoa fosse impossível para você? Quem conhece Lu... More

>Aviso<
Prólogo
Fase 1/Capítulo 1- Mudanças
Capítulo 2- Nadar e Nadar
Capítulo 3- A primeira impressão é a que fica?
Capítulo 4 - A hora da verdade
Capítulo 5-Feliz aniversário
Capítulo 6-BHG
Capítulo 7-Delegacia
Capítulo 8-Banho de mar
Capítulo 9-007 do esporte
Capítulo 10-Amnésia
Capítulo 11-A virgem dos lábios de mel.
Capítulo 12- Apenas amigos
Fase 2/Capítulo 13-TPM
Capítulo 14-Baby Class
BÔNUS-Sonho molhado
Capítulo 15-Verdade ou Desafio
Capítulo 16- Devorador de Almas
Capítulo 17-Disfunção
Capítulo 18-Carnaval
Capítulo 19-Pombo correio.
Capítulo 20-Ritual de iniciação
Capítulo 21-Rápido, intenso e profundo.
Bônus: Prisão
Capítulo 22-Ameaças (Parte 1)
Capítulo 22-Ameaças (Parte 2)
Capítulo 23-Tudo tem um Por que.
Capítulo 24- Segredo não é mentira.
Capítulo 25- Toc Toc. Surpresa!
Capítulo 26-Todo mundo tem segredos.
Me Desculpe. Mil vezes!
Capítulo 27-Voar e Nadar
Capítulo 29-Passional
Capítulo 30-Impulsiva.
Eu voltarei!!!!!!!!!!!!

Capítulo 28-Descobertas

112 14 10
By NaneGrutt


"Todas as verdades são fáceis de perceber depois de terem sido descobertas. O problema é descobri-las".

(Galileu Galilei)


Luna

Acordo com Rigo lambendo meus dedos das mãos. Provavelmente está com fome. Levanto e dou bom dia para minha bolinha de pelos que responde querendo lamber meu nariz me fazendo rir.

Depois de tomar banho e fazer minha higiene ponho meu ropão e saio do banheiro, tomo um susto com o belo e muito sexy homem sentando na minha cama.

As coisas não terminaram bem ontem, apesar de ter sido um dia lindo e incrivelmente renovador.

Nossas brigas sempre me deixam mal, e para piorar teve aquela maldita ligação do tal Pepê. Mas, Ricco não parece muito melhor que eu. Está com olheiras e parece cansado.

Sinto uma imensa vontade de passar as mãos em seus cabelos ainda molhados do banho, roçar meu rosto em sua barba por fazer, beijá-lo até que meus lábios fiquem inchados.

É tão estranho que a pessoa mais importante da sua vida seja exatamente aquela com quem você mais discute e discorda. Somos opostos para tantas coisas, mas ainda sim temos tanto em comum. Por vezes olho para o Ricco e me vejo nele, é uma sensação estranha, mas familiar.

Seus olhos tornam-se escuros enquanto me avalia com desejo, saudade me atinge em cheio, o que eu não daria para ser jogada nessa cama e ter meu ropão arrancado por ele, mas lembro-me de tudo o que disse e isso é mais combustível para minha raiva.

– Vai dizer algo, ou apenas vai ficar me olhando? – digo indo em direção ao closet.

– Estou avaliando os riscos que corro. – ele devolve, me fazendo rir secretamente enquanto me afasto.

– Será que eu não posso nem ficar chateada com você? Precisa mesmo fazer gracinhas quando você é a última pessoa que eu quero ver? – grito do closet vestindo minha roupa.

Quando volto ele está com Rigo em seu colo acariciando sua cabeça, sinto inveja do meu cachorro e o chamo de traidor internamente.

– Então. Já avaliou os riscos? Ou está com medo de mim Ricco Calazans?

– Avaliei que todas as suas frases foram interrogativas. Isso é intencional? Vamos tentar um diálogo normal ou jogar "só perguntas"?

Mordo o canto interno da boca para não rir na frente dele.

– Ok. Só que preciso de café. Assim será mais fácil lidar com você com o humor que estou.

Seguimos para a porta e Ricco olha para o criado mudo e franze o cenho quando lê o título do livro que estou lendo atualmente.

– "Você não é tão bonito quanto pensa". Isso é sério?

– É autoajuda.

– Um livro de autoajuda para ser menos narcisista?– inquire boquiaberto.

– Não, idiota. Não é para esse tipo de ajuda. É para pessoas que... Ah! Deixa pra lá. Vamos tomar café.

– Devo me preocupar?

– É claro que não. O livro vai bem mais fundo que a beleza exterior. Ele trata de pessoas que se julgam seres humanos lindos interiormente apenas pelo fato de fazerem o bem de alguma forma.

– Tuuudo bem. Vamos. O café vai esfriar.

Vejo a mesa posta quando entramos na sala, ele deve ter acordado há bastante tempo, isso ou ele comprou tudo. A mesa está farta com tudo que eu amo no café da manhã.

Comemos em silêncio, sem desviar o olhar em nenhum momento, suas expressões dizem tantas coisas. É difícil definir cada uma. Mas, vejo receio, e curiosidade algumas vezes. Ele deve estar tentando me decifrar também.

– Eu entendo seus motivos para não ir comigo. Só quero ter certeza de que está certa sobre todos eles. Você pesou cada razão que a prende aqui?

– Ricco, eu...

– Calma. Ainda não terminei. Eu não quero mais brigar Cariño, não por esse motivo. Se você quer ficar, eu não concordo, mas respeito. Só te peço que tire um tiempo, olhe para todas as possibilidades. Tenha certeza pelo o que você está ficando. Está desistindo de sus sueños por causa de suas responsabilidades, eu admiro isso. Mas talvez seja meio frustrante lá na frente.

– Como assim? Estou vivendo meu sonho. Ajudando meninas que não têm oportunidade de mostrar seus talentos.

– Elas já mostraram e estão mostrando. Você conseguiu uma reportagem para elas em um jornal respeitado. Elas já participaram e venceram diversos concursos de dança. Algumas possuem bolsa em escolas de dança. A comunidade agora possui um teatro que conta com vários tipos de cursos. Parabéns! Você já conseguiu.

– Ricco, meu trabalho ainda não terminou. Eu sei que você se preocupa comigo e meus sonhos, mas minhas responsabilidades vão muito além. Eu tenho olhos treinados para o mínimo sinal de algum tipo de abuso. A professora assistente jamais poderia ver o que eu vejo.

– Eu entendo. Só que você disse que um dos motivos para querer ter uma vida sexual, é não se sentir prisioneira do abuso pelo qual você passou. Passar a vida esperando que uma menina seja abusada não é exatamente ir contra o que você quer? Você se tornou refém Luna. – tento argumentar com Ricco, mas ele ergue a mão pedindo silêncio. – Você pode não admitir, mas é exatamente isso. Aquela Cia de dança prestigiada que você admira está abrindo audições para um grande espetáculo que eles irão realizar em São Paulo.

– Como você sabe disso? – fico surpresa.

– Eu planejei tudo. Sempre vejo você assistindo aos vídeos deles. Está sempre no site vendo se abriram audições. E achei fichas de inscrição uma vez. Não negue. – ele adverte com carinho.

– Eu não vou. Mas obrigada por prestar a atenção.

– Você pode vir comigo e tentar pelo menos uma vez se dedicar ao que você ama, para você, não para outras pessoas. Se não for isso o que quer, você volta para o Rio e continua fazendo tudo do seu jeito, mas tente, por favor. Luna todo esse tempo que você esteve trancada no quarto teve uma professora lá com as meninas, deixe que continue assim, dê oportunidade para essa nova profissional mostrar que pode ser tão bo quanto você na função.

– Eu não sei o que mais posso dizer. Você não entende.

– Não precisa falar nada agora, estou indo resolver algumas coisas, mas estarei de volta à noite, então vamos jantar com meu tio e Ivan.

– Ok. Mas, onde você vai estar o dia todo?

– Preciso ir agora resolver algumas pendências. Pense em tudo sobre o que falamos. – ele se levanta da mesa e me dá um abraço apertado cheirando meu cabelo.

– Vou pensar enquanto faço uma faxina aqui. – falo ainda em seus braços.

– Faxina? Está dizendo que meu apartamento está sujo? – se afasta um pouco, segura um riso divertindo-se.

– Sua equipe de limpeza me processaria por isso. Não, só que... Penso melhor assim. – dou de ombros.

– Ótimo. – depois de um beijo na minha testa ele se vai.

Com isso, nós voltamos ao estado normal da nossa amizade. O que ele não sabe é não estou disposta a perdê-lo para nenhum cara chamado Pepê.

Começo minha faxina ao som da minha banda nacional querida, Jamz. É claro que não vou por todos os cômodos, seria impossível terminar hoje. Por isso Ricco tem uma empresa que fornece uma equipe para limpar seu apartamento. Tem uma funcionária que cozinha e mantém a arrumação também, mas o trabalho pesado a equipe faz.

Quando chego para arrumar o closet do Ricco, sorrio para sua organização. Tudo impecavelmente arrumado e limpo. Faço uma arrumação superficial, troco algumas coisas de lugar, substituo o antimofo de cada parte por novos e bem cheirosos.

Avisto duas caixas organizadoras de papelão que me chamam a atenção, são bem grandes. Subo na escadinha que trouxe comigo e alcanço uma das caixas.

Retiro sua tampa revelando uma imensa quantidade de cartas ainda lacradas. Paro imediatamente para não invadir a privacidade dele.

Isso seria demais até para você Luna!

Deixo sem querer que meus olhos repousem no nome do remetente de uma das cartas, "Belinda Calazans". Essa é a mãe dele, Ricco falou sobre ela.

O que deve conter nessas cartas? Ele nunca as mencionou. Ricco sequer abriu uma das cartas. Travo uma batalha interna para guardar a caixa e não ler nenhuma carta. Minha bisbilhotice guerreia com meu senso.

Seria uma total invasão de privacidade!

Quando fecho a caixa e estou quase guardando orgulhosa de mim, a bendita parece ser possuída por um espírito suicida e se vira da minha mão, criando uma onda de cartas por todo o chão.

– Merda! – deixo escapar.

Pulo da escada às pressas para recolher as provas acusatórias da minha curiosidade. Algumas cartas estão quase fora do envelope que parece rasgado com o tempo e pelo desgaste, são bem antigas, outras nem tanto. Sinto minhas entranhas se revirando com uma curiosidade amarga. Meus dedos imploram para que eu abra e veja pelo menos a data de uma das cartas.

Junto todas as cartas mais determinada que nunca, e guardo a caixa onde estava. Continuo arrumando o que já está arrumado.

Pego a outra caixa, dentro dela avisto todas as medalhas do Ricco, algumas revistas sobre sua carreira e pastas com um logo tipo bem conhecido de uma empresa de iates.

Muitos documentos e revistas espanholas sobre iates e barcos estão dentro da pasta. Leio e releio o nome sem acreditar em como nunca percebi a ligação, a empresa se chama "Ricco Yates", estou bestificada nos documentos consta a assinatura do maior acionista. Ricco é dono de uma das maiores empresas da Espanha, ele não é só um cara cheio da grana ele é milionário.

Depois de me recuperar, arrumo tudo correndo para não ser surpreendida por Ricco enquanto estou bisbilhotando suas coisas. Essa tarde foi de descobertas sem dúvida.

Continuo com a arrumação do que está arrumado, encontro todas as coisas que compramos na sex shop no dia em que começamos a aulas. Lembro imediatamente da professora e das aulas de pole dance e strip tease.

Ligo para ela para marcar uma aula, é tudo o que preciso. Só uma noção de sedução. Algo que deixa qualquer homem louco de tesão e que Deus me ajude que funcione até com gays. Se bem que Ricco se mostrou excitado por mim várias vezes e sem um pingo de esforço da minha parte. Talvez ele seja bissexual, mas prefere não entrar em detalhes.

Seria ótimo se ele fosse bissexual, assim meus planos seriam mais assertivos e as probabilidades de falha seriam menores. E se... O Ricco viesse a me amar, seria, como ele costuma dizer "O Nirvana".

O interfone toca, falo com o porteiro e ele avisa que Jo está subindo. Com certeza foi pelo meu surto de ontem, talvez ligar não tenha sido a melhor das escolhas.

– Oi Chuchu. – sorrio enquanto abro a porta.

– Oi Luna. – ela me dá dois beijos nos rosto, parece chateada.

– O que houve? – digo seguindo-a até o sofá.

– Eu pensei muito no que você me disse ontem. Não comprei sua história de que queria Nutella. E então lembrei da última vez em que você fez uma grande besteira. Luna, por favor, me diga que não está fazendo algo que vá prejudicar a carreira do Ricco novamente.

Droga! Ela é boa. E me conhece.

Ela acertou em cheio. É melhor não mentir, Jo é minha melhor amiga nunca ficaria contra mim, mesmo que não concorde ela não me deduraria.

– Ok. Eu fiz algo terrível.

– Ai meu Deus. O que você fez dessa vez Luna? – Jo esconde o rosto com as mãos deixando suas palavras quase incompreensíveis.

– Nada definitivo. Mas vou fazer.

Conto em detalhes tudo sobre a noite anterior, a praia com a surpresa, nossa briga e finalmente sobre o tal Pepê, a testosterona sintética e todo meu plano de trocar os comprimidos de vitaminas que ele toma por testosterona.

– Você não pode fazer isso Luna, é sério. Eu te imploro.

– Jo, isso vai ajudá-lo em alguns pontos, principalmente no rendimento na piscina.

– Luna, não existe um ponto positivo nisso. Se houvesse você contaria para ele. Não dê esses malditos comprimidos para ele Luna.

– Mas Jo, eu o amo, não quero perde-lo. Não posso.

– Eu sei Chuchu, mas quando agimos contra nossos princípios para benefício próprio, nossa recompensa perde o valor. Só que não se pode fugir da própria consciência.

– Nada vem fácil pra mim. Se eu quero algo tenho que lutar, sempre tive.

– Isso é lutar com as armas erradas. Você quer tomar um atalho para ganhar algo, mas esse atalho pode ser o caminho que te leva a perder tudo. – seus olhos umedecem e lágrimas caem.

Choro com ela, pois, sei que ela está lembrando-se de sua própria história, Jo errou muito no passado com alguém que era muito especial para ela. E esses erros tiveram trágicas consequências para ambos.

– Ouça Luna, se no final disso tudo você não conseguir, além do amor terá perdido a amizade dele também. E eu te pergunto, vai valer a pena?

– Claro que não.

– Eu já quis tanto uma pessoa que pus tudo a perder. Você sabe disso. Mas isso só levou-me a um grande nada. Ele não está mais aqui não importa o que eu faça.

– Eu sinto muito Jo. Gostaria que tivesse sido diferente. – seco suas lágrimas e ela as minhas.

–Recomponha-se! – sorrimos juntas. – Recolha seus soldados, trace outro plano, eu te ajudo se quiser. Mas lute com as armas certas. Porque assim, caso perca a guerra, pelo menos não terá se perdido no processo também. Você ainda será você.

– Você está certa. Quando ficou tão sábia? – balanço a cabeça sorrindo.

– Ei! Eu sou descendente de japonês, moça. A sabedoria está no meu DNA. E a modéstia também – ela ergue os ombros fazendo expressão de "o que posso fazer", gargalhamos e nos abraçamos.

– Obrigada por isso. E já tenho até um novo plano e você virá comigo agora.

– Posso saber para onde?

– Aulas de pole dance e strip tease. Vamos aprender técnicas profissionais.

– Isso garota! É assim que se faz. – ela abre a mão para um high five.

– Se ele realmente não se excitar nem um pouco por mim dançando de calcinha e sutiã ao som da diva Beyoncé, realmente terei que desistir.

E traçar outro plano mais objetivo.


Ricco

Parado aqui, agora, em frente aos extensos muros, sinto toda e qualquer dúvida se esvair. Minha sede é maior por justiça, mas alguns diriam vingança, foda-se, é apenas semântica.

Sei que o que pretendo é um tanto infantil, quem me conhece diria que eu nunca teria essa atitude, mas estou sem opções. O que eu poderia fazer? Chamar a polícia? 

Encomendar uma surra ou mandar matar o hijo de puta seria pior do que o que estou fazendo e sairia mais ainda dos meus princípios, logo, só me restou isso. Não é louvável ou algo que contamos na mesa do jantar, mas novamente, estou sem opções.  

Esse verme precisa que alguém o pare, eu sei exatamente o que fazer. O ex padrasto e abusador da Luna é um doente, ou é uma doença, e serei seu tratamento de choque. Darei o que ele merece na mesma medida em que ele a perturba. Esse cara vai deixá-la em paz por bem ou por mal.

– Você sabe que não pode tocá-lo, não é Ricco? – meu advogado me alerta. – Ele estará algemado.

– Não sou criança. Sei exatamente como me comportar para não ser preso também.

– O cara não é um zé ninguém, Ricco. Ele era professor de filosofia na universidade que a Luna estuda atualmente. O cara tem cela especial e gente importante fazendo visitas. Você entende que esse cara é perigoso Ricco? Preciso que me confirme isso.

– Eu entendo Dr. Fábio. Não farei nada que vá nos colocar em problemas. Agora, me dê essa pasta.

– Tudo bem, mas tire esse clipe de papel. Meu contato vai te revistar, mas não prenderá nenhum objeto seu. Então não será bonito se o detento tiver acesso a qualquer ferramenta que o faça livre das algemas.

Mas é exatamente o que eu quero!

Pego a pasta e sem mais palavras ou explicações entro no covil que aquele verme reina. Tudo aqui fede muito, são imagens assustadoras até para um adulto imagine para uma criança.

Faço todo o caminho que as visitas devem fazer, mas no último minuto sou redirecionado para uma sala cuja porta está trancada com um guarda do lado de fora.

Após ser revistado pelo guarda sou autorizado a entrar na sala. Aqui não é menos desagradável que o resto do presídio, possui grades que dividem a sala ao meio, do outro lado das barras de ferro possui uma saída para onde acredito ser o resto do presídio, a parte dos detentos.

Sento na cadeira que está em uma mesa com lugar para prender as algemas dos detentos, coloco a pasta com as informações que me advogado forneceu. Estou apreensivo, meu corpo está tenso, mas não pretendo desistir. Mantenho a frieza aparente.

Alguns minutos se passam e ouço a porta do outro lado ser aberta. Primeiro, um agente penitenciário muito alto entra, logo depois o verme passa pela porta com o segundo agente.

Sinto todo o meu corpo ser tomado por fúria, minha vontade é de mata-lo de porrada, esse sentimento é como um tumor, crescendo em mim e se apossando de tudo. Aperto meus punhos embaixo da mesa para que ele não perceba que consegue me afetar de alguma forma.

Nossos olhos se encontram e ele abre um sorriso no canto dos lábios e abaixa a cabeça balançando como se soubesse que eu viria. Quase não me contenho, mas me forço a me manter imóvel entre os meus pensamentos infecciosos.

Finalmente ficamos frete a frente, os agentes prendem suas algemas no espaço que existe na mesa para esse propósito. Ambos dão uma olhada para ele, e fica claro que são seus comparsas aqui dentro.

– Vocês terão vinte minutos, nada mais. – o agente mais alto diz rudemente.

Os agentes se afastam o suficiente para que não sejamos ouvidos, mas não o suficiente para que eu o deixe desacordado como eu quero nesse momento.

– Finalmente ela recebeu meu pacote. – ele atira erguendo o queixo com orgulho.

– Não estou aqui para lhe trazer notícias. – devolvo contendo minha raiva.

– Você deve ter bons contatos. O pau de quem você chupou para estar aqui agora?

Seu sorriso é debochado e vitorioso, preciso ir com calma ou ele levará a melhor.

– Sabe, eu sempre quis saber de um pedófilo, se ele é estuprado todos os dias ou existe um revezamento?

– Nenhum filho da puta encosta em mim aqui, o único que tentou morreu engasgado com a escova de dente. Sou uma pessoa importante, você deve saber o que é isso, tem várias pessoas babando o seu ovo. – ele estala os dedos como se lembrasse de algo – Ah não! Espera, você é quem baba os ovos não é mesmo?

– Parece mesmo que você deve ser importante para alguém. A pergunta é... Quem? – abro os braços para evidenciar que ele está sozinho. – Que pessoa é essa que o tem em alta e mesmo assim o mantém aqui.

– É temporário. Como ela está? Sente minha falta?

Vejo tudo vermelho, meu sangue sobe imediatamente, o que me impediria de mata-lo agora? Eu seria preso, mas ela estaria livre. Seria tão reconfortante esganá-lo e ver em seus olhos a vida deixando seu corpo. Tiro sangue do canto da minha bochecha com uma mordida.

– Eu já disse que não vim aqui para lhe trazer notícias.

– Então que porra você veio fazer aqui? – ele diz sem se alterar batucando com os dedos.

Eu vim aqui conhecer suas fraquezas e medos, verme!

– Me diga o que pretende com isso? Você inferniza a vida dela e o que? O que vem depois nesse seu maravilhoso plano?

– Não sou do tipo amador que revela os planos de executá-los.

Solto a pasta com o clipe de papel sobre a mesa enquanto coço meu olho esquerdo como um inocente, ele olha a pasta e tenta disfarçar sua felicidade, tudo está correndo perfeitamente.

Só preciso acertá-lo onde doa mais, preciso saber qual é o seu ponto fraco, para que ele cometa erros, e todos os seus planos para tirar Luna do eixo sairá dos trilhos.

– Não. Você não é desse tipo. Você é do tipo que abusa de uma criança durante seis anos, dentro da casa dela enquanto a mãe dela confia a segurança da filha a você. Esse é o seu tipo.

Ele ri novamente. Esse cara é frio, calculista. Não mostra arrependimento. Não vou conseguir nada nesse campo também.

– É. Pode-se dizer que eu seja desse tipo. Mas você já olhou para ela? Não que você goste da fruta. Ela é uma joia, um anjo delicado, uma obra de arte esculpida pelo melhor artesão. Luar é... Minha deusa. E é só minha. Nunca nenhum outro homem a tocará. Quando eu sair daqui, teremos nossa família, porque ela é tão insana quanto eu. Ela não é o que você pensa.

É isso! Eu o peguei. Luna é seu ponto fraco.

É minha vez de sorrir arrogante, parece que ele acredita que realmente Luna está intocada desde que ele a estuprou pela última vez. Tenho que entrar nesse jogo insano com ele, detesto fazer isso, só que ele merece.

Terei que me sujar para jogar seu jogo.

– É isso? Você realmente acredita em tudo isso? – gargalho como um louco. – Ay Cristo! Ayúdame es tan patético – levanto da cadeira dando a ele a oportunidade de se livrar das algemas.

Vejo seu sorriso desvanecer aos poucos, ponto para mim. Ele parece incerto do que eu disse. Vejo quando ele sinaliza para um dos agentes, e os dois saem da saleta, nos deixando a sós, como eu queria.

– Veremos. – sua calma é forçada.

– Você realmente acha que aquele mulherão não tem ninguém para tocá-la? Beijar seus lábios macios, e sentir seu perfume doce com um toque de canela?

– O que você quer dizer com isso sua bicha louca? Luar nunca deixaria que a tocassem, vítimas de abuso dificilmente ficam sem sequelas, além do que, ela me prometeu muitas e muitas vezes enquanto estávamos juntos.

– Vocês nunca estiveram juntos. Você a estuprou e abusou dela por anos enquanto ela só precisava de um pai. Ela disse o que você mandou que ela dissesse. Ela fez as promessas para te enganar.  É com imensa felicidade que digo que a Luna quebrou a promessa que você acha que ela fez.

– É MENTIRA! Você não sabe, não pode saber nada sobre o que tivemos e temos, ela está com raiva de mim porque fomos descobertos por um erro que cometi.

– Que erro? – inquiro desconfiado. Esse cara é completamente insano.

– Parece que ela não lhe contou tudo, não é mesmo? – seus olhos arregalam como se fosse um psicopata. – Quem poderia ser o cara que a fez quebrar a promessa?

– Eu. – sinto a bile na garganta, me contenho, pois estou conseguindo irritá-lo.

Ele cai na gargalhada, fico parado onde estou de pé com uma distancia. Ele parece fora de si, mais ainda, se isso for possível.

– Você? Jura? – ele gargalha. – E quem foi o macho? Todos sabem que você é gay. Essa foi muito boa, a putinha espanhola dando um de macho. É mentira.

– Eu não minto. E tem mais... Você já olhou para ela? – com nojo jogo suas palavras contra ele. – Que homem não ficaria tentado?

– Você está mentindo. – ele diz sério com olhos apertados.– De qualquer forma... Já valeu sua visita.

– Eu não vim lhe fazer uma visita.

– Você só fica dizendo pelo que NÃO veio aqui. POR QUAL PORRA DE MOTIVO VOCÊ ESTÁ AQUI ENTÃO?

Ando em sua direção com fúria líquida correndo em minhas veias. Deixo todo meu autocontrole fugir dando lugar a ira cega que sinto desse porco. Abaixo meu rosto para que ele veja tudo nos meus olhos.

– Estou aqui para te dar o troco seu hijo de puta. Para dizer que ela está indo embora comigo. Eu a farei feliz. Nunca mais você colocará os olhos nela. Eu serei o melhor dos homens para Luna e apagarei cada lembrança ruim que você deixou, começando por essa música que você mandou. Farei amor com ela de uma forma tão delicada que a fará sorrir e chorar, darei tanto amor ao som dessa maldita música que ela esquecerá do seu nome, do seu cheiro podre, seu rosto nojento e qualquer promessa forçada que ela tenha feito.

Ele finalmente mostra que havia se soltado das algemas com o clipe de papel e parte para cima de mim e fica de pé, só que não sou pego desprevenido bato sua cabeça na mesa e torço seu braço esquerdo para trás enforcando-o com minha mão direita e continuo falando tudo que o fará perder a mente.

– Vou venerar o corpo dela, e amar cada pedaço de sua pele macia. Perder-me em seus beijos todos os dias enquanto ela estiver na minha cama. – continuo o aperto em seu pescoço e ele fica sem ar – Nós teremos uma bela casa, e Luna me dará belas crianças, todas com seus olhos verdes e seu senso de humor. Seremos tão felizes que vai parecer que a vida dela sempre foi assim e você seu verme asqueroso, nunca existiu.

Ele força sua saída, solto-o antes que o mate. Mas meu ódio continua descontrolado sob a superfície. Golpeio-o várias vezes até que o sangue escorra de seu nariz, ele começa a gritar como o grande covarde que é. Permito que ele me acerte uma vez e ele tenta me enforcar também.

Vários agentes entram, começam a espanca-lo para que me solte. Um deles diz que o verme voltará para a solitária por um longo tempo e nem sua quadrilha o defenderá.

Ele sai gritando, esperneando. A cena não é bonita, o que a torna muito gratificante, eles nem mesmo perceberam que eu soquei o infeliz. Fiz o que me propus a fazer hoje.

– NÃO TOCA NELAAAA. EU VOU TE MATAR SEU VIADINHO. VOU CORTAR SUA GARGANTA E VÊ-LO SANGRAR ATÉ A MORTE. VOCÊ NÃO PODE NOS SEPARAR, ESTAMOS LIGADOS PARA SEMPRE. ELA NÃO PODE MAIS TER FILHOS SUA BESTA.

Seus gritos continuam ecoando pelo lugar. Minha atenção fica presa em sua última frase.

Luna não pode ter filhos?

Se Luna não pode ser mãe, como terá a vida normal que desejo para ela. Isso quer dizer que ele a marcou muito mais que supus.

Me choca o quanto isso me decepciona e ao mesmo tempo sinto uma dor lancinante no peito com pesar por ela. Não sei por que disse a última parte para ele, mas me incomoda o quanto falei sério, como quis que isso se realizasse e como visualizei tudo enquanto o enforcava.

Não é possível que eu tenha desejado tais coisas!

Continue Reading

You'll Also Like

2.6M 235K 66
Anelise tem uma paixão platônica desde muito tempo por Theo e decide que irá conquista-lo. Passando o tempo mirabolando planos para sua conquista, a...
325K 14.9K 123
quero a liberdade de ser quem eu sou, amar como eu amei o meu primeiro amor
28.4K 5.5K 63
Você se acha capaz de ajudar uma pessoa a se livrar da depressão? Rebecca Patrícia Armstrong, uma cowgirl que administra a própria fazenda ao lado de...
39.2K 1.6K 25
...