The Real Side

By hiddles-evans

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Segredos e mentiras fazem parte do nosso dia-a-dia. Em alguns momentos, simplesmente mentir ou ocultar fatos... More

Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36¹
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40

Capítulo 2

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By hiddles-evans

  Quando Sam disse que em cinco minutos Avril conseguia arrumar suas coisas, a expectativa havia sido friamente calculada. Tudo que a garota precisava estava a fácil acesso, o que agilizou na hora de fazer suas malas.

Quanto mais rápido ela chegasse, mais rápido ela voltaria.

J.A.R.V.I.S. continuava o mesmo, pensou ela. Sua passagem de primeira classe para NY tinha sido reservada às 17h36, dois minutos depois de Avril ter desligado. Era nessas horas que ela questionava o motivo de nunca ter criado uma inteligência artificial semelhante, mas algo lhe dizia que seria impossível manter a mesma relação com outro sistema que não fosse J.A.R.V.I.S.

Já no voo, antes de adormecer, mesmo que não tivesse planejado tal ato, Avril acabou refletindo sobre a trajetória que a levara até ali.

Sua mãe morrera poucas semanas depois de seu nascimento. Lauren não tinha mais ninguém no mundo, então Avril não tinha o menor conhecimento sobre sua família materna. Um pouco depois disso, foram seus avós que morreram, restante apenas ela e o pai como os últimos membros da família. Pepper entrara na história como assistente de Tony anos atrás e ganhara de brinde a função de supervisora da mais nova dos Stark – ela nunca gostara do termo babá, embora fosse assim que se sentisse na maioria das vezes, ainda mais quando era algo relacionada a escola. De forma silenciosa e consistente, Pepper foi ganhando seu espaço entre a dupla, se tornando sem dificuldades a pessoa com que Avril tinha mais contato, junto com Happy, até atingir a maioridade.

Seu pai não era o mais presente do mundo, mas não chegava ao ponto de ser considerado ausente. Tony fora sempre sem jeito, desde o começo. Ele tinha sérios problemas para se expressar de forma clara, característica que Avril talvez tivesse herdado mais do que o recomendado. Sua infância havia sido cercada de máquinas e livros, que com a mente privilegiada de família, ela se entendia sem dificuldades. Sangue Stark. Adolescência isolada até o ponto em que ela passa a agir muito como o pai, se tornando a perfeita garota problema para a mida: sair escondido, festa seguida de festa... E a ida para Oxford.

O ato de liberdade que durara cinco anos. Nem quando Tony desaparecera no Oriente Médio fez com que ela retornasse. Pepper quase perdera a cabeça, mas entendia o lado da garota. O que ela poderia fazer naquela situação? No máximo, assumir a empresa, o que ambas podia concordar que não era uma boa ideia. Uma criança comandando as Indústrias Stark não daria muito certo. O reinado de Tony nas Indústrias já era o suficiente.

Quando ele foi resgatado, Avril devia ter voltado ao menos por alguns dias, mas o lado Stark falou mais alto. O que ela faria quando o visse? O abraçaria? Choraria? Ela não tinha saído de casa em uma boa situação, tudo aquilo lhe parecia falso demais, então ela se absteve. Ter mandado uma mensagem escrita "O passeio foi divertido? Bem-vindo de volta, Sr. Stark" foi o máximo que ela conseguiu fazer, e, embora tenha lhe rendido várias reclamações de Pepper, ela ainda acreditava ser uma boa escolha de palavras até hoje. Depois veio toda a história do Homem de Ferro e Avril se sentiu tentada a ir analisar a armadura pessoalmente, mas ela estava apenas começando suas pesquisas e ainda precisava dividir suas horas com os treinamentos da S.H.I.E.L.D., não havia como ela abandonar Oxford.

E agora ela estava mais uma vez em NY, sentindo seus olhos arderem com todo aquele excesso de luz solar ao sair do avião. Verão. Se não a colocasse novamente em um espaço com ar-condicionado, ela logo começaria a ficar irritada. 

Localizar Happy na área de desembarque não fora tarefa difícil, o homem logo abrindo um largo sorriso animado ao avistá-la, e ela pode apenas retribuir.

– Meu Deus, é você mesmo? Tony vai ficar bem ocupado tendo que te vigiar nesses dias que você vai ficar aqui... – brincou ele, pegando de Avril a mochila que ela carregava – Vamos, vou te levar para a Torre.

– Torre? – estranhou ela, principalmente quando Happy riu de leve e continuou caminhando – Você não vai me levar para a mansão?

– Não vou estragar a surpresa. 

---

Happy poderia ter descido para o estacionamento, mas ele optou por parar na área de embarque e desembarque na frente da torre, satisfeito ao ver uma Avril completamente surpresa descer do carro quando ele lhe abrira a porta. Ela mal conseguia contar quantos andares aquele prédio devia ter.

– Isso é tão... 

– Alto? – sugeriu Happy, sinalizando para que ela entrasse no prédio.

– A cara do meu pai. 

Happy a guiou até o elevador, onde ele disse que ali ela teria um guia mais adequado. Sem entender, Avril apenas apertou o botão para chamar o elevador e entrou, ouvindo logo em seguida uma voz conhecida dizer "bom dia, Srtª Stark".

– J.A.R.V.I.S.! Querido, senti sua falta! – exclamou ela rindo. 

– Posso dizer que também senti sua falta, senhorita.

– Tony tirou a modificação que eu tinha feito no seu sistema, não é? Você tinha aprendido a me chamar de Avril – resmungou a garota – Vai ter que ser do jeito clássico mesmo. Não me chame de Srtª Stark e diga que também sentiu minha falta.

Também senti sua falta, Srtª Stark.

– J.A.R.V.I.S., qual é! – insistiu ela – Não é um nome difícil. 

Seu nome não é difícil, Srtª Stark.

Antes que Avril pudesse continuar sua pequena discussão com J.A.R.V.I.S., a porta do elevador se abriu revelando uma mulher ruiva com roupas impecáveis, com uma prancheta nos braços e olhos claros.

Não fazia tanto tempo que vira Pepper, mas quando seus olhos escuros se encontraram com os dela, foi como se os anos que ela passara longe de Tony ela também tivesse passado longe da ruiva.

– Oi, mamãe – sussurrou Avril, sentindo o ar lhe fugir quando Pepper a abraçou – Você me chamou aqui para me matar sufocada com um abraço?

Pepper riu enquanto se afastava. Aquela garota não mudaria nunca. 

– Estou abraçando o que seu pai não vai abraçar – explicou a ruiva, fazendo a garota revirar os olhos – Vem, ele está te esperando.

A sala em que Tony estava era ampla, quase toda aberta com vidros, dando uma visão privilegiada da silhueta da cidade. Avril poderia passar o resto da sua vida ali, observando as estrelas à noite. Tony estava em pé perto da janela, com seu já comum copo com alguma bebida em mãos. Ele não se assustara muito quando vira Avril. Já havia se acostumado com a ideia de que sua filha estava crescida. 

– Olá, Avril – disse o homem simplesmente, acenando para a filha – Aceita um drink?

– Talvez mais tarde – disse ela, seu olhar desconfiado em nenhum momento deixando a figura de seu pai – Tem certeza que Tony não está mesmo morrendo, Pepper? 

Tony revirou os olhos.

– Bom, a viagem foi longa. Depois conversamos mais – murmurou ela, já começando a recuar. 

– Nós conversaremos ou você falará comigo pela Pepper? – perguntou Tony, ouvindo a filha dizer "talvez" antes de retornar para o elevador. Pepper, por sua vez, esperara o elevador se fechar para permitir que seu sorriso rapidamente sumisse de seu rosto, se virando para Tony com ambas as mãos na cintura. Ele erguera as mãos em sinal de rendição – Eu estou me comportando, nem vem.

---

J.A.R.V.I.S. guiara Avril para que o que ele chamara de quarto temporário na Torre Stark, caso não fosse de seu agrado. A maior parte do prédio era composta de laboratórios e salas de reunião, mas ele possuía também alguns apartamentos para os cientistas que residiriam no prédio, assim como os donos. Os últimas andares eram setores de uso privado Stark, onde a suíte de Avril estava localizada. A organização do quarto era uma mescla bem equilibrada de seu quarto na mansão de Malibu e da mansão de NY, fazendo com que ela se sentisse mais em casa do que esperava. Cópias de seus livros favoritos na estante, a mês ampla de estudo próxima as janelas altas que lhe entregavam uma bela vista da cidade, as mesmas fotos de família e amigos espalhadas pelas paredes claras junto com seus quadros favoritos.

Sobre a mesa, havia uma cópia digital do projeto da Torre aguardando sua análise. Sofrendo de jetleg ou não, seria impossível ela conseguir fazer qualquer outra coisa agora. Talvez ela tivesse concordado com aquilo tudo muito rápido, afinal, em nenhum momento Tony considerara envolvê-la antes naquele projeto e seu ego estava ligeiramente ferido. Uma torre autossustentável. Ela não queria apenas seu nome de família envolvido, ela queria seu primeiro nome encabeçando o projeto.

Avril estava prestes a começar a fazer seus apontamentos no projeto quando seu celular começou a tocar na mochila, o toque bastante familiar fazendo com que ela parasse toda sua atividade.

Se sua intuição estivesse certa, ela estava com problemas.

– J.A.R.V.I.S., impeça qualquer um de entrar nesse quarto, até mesmo a Pepper. Diga que eu estou trocando de roupa, Não fale nada a partir de agora.– ordenou Avril, ficando de pé, apenas aceitando a ligação quando a IA concordou.

Bela vista a da torre, não? – disse a voz do outro lado da linha – Adorei saber que você saiu da sua base e foi para outro país sem me avisar.

– Eu avisei o Selvig, pedi para ele te avisar.

Ah, ele avisou. Quero você na base junto com ele para acelerar as pesquisas – ordenou Fury.

– Qual é, diretor... Considere como as minhas férias que eu não tirei! – lembrou ela – Passei quatro anos inteiros em Oxford entre treinos, missões e pesquisas. Acho que mereço uns dias de férias. E não se atreva a descontar isso do meu salário. E ele desligou. Acho que eu perdi o emprego. J.A.R.V.I.S, pode voltar.

Problemas, senhorita? – perguntou J.A.R.V.I.S, quase que inocentemente.

Sem ter necessidades de se explica, Avril apenas desconversou, logo começando seus preparativos para ir dormir. Se Fury não voltasse atrás, não seria difícil ela ir embora mais cedo e fazer o bendito acompanhamento das pesquisas pegando as informações direto da fonte, como o Diretor exigia agora. Precisava apenas de um dia inteiro sem desgrudar de Tony para que Pepper ficasse satisfeita, e talvez tal tarefa não seria o fim do mundo, já que tinha bastante coisa para estudar ao lado do pai.

---

Avril acabara de deixar a sala de aula, mais frustrada do que nos dias anteriores. Ela tinha criado toda uma ilusão de como seria sua vida agora que quebrara a ligação com seu pai, só que o que vivia não chegava nem perto de suas expectativas. O semestre já estava na metade, introduções há muito ficaram para trás, mas o conteúdo ainda era de aprofundamento superficial para a garota. Quando aceitara a oferta de Oxford, acreditava que seria um curso minimamente desafiador. Ela devia ter dominado aquele conteúdo quando tinha uns dez anos, não iria perder tempo com aquilo, por isso agora Avril andava pelo campus sem preocupação alguma, as mãos bem protegidas no fundo do bolso de seu agasalho.

Era meio da tarde, mas o sol tímido não era o suficiente para manter uma temperatura agradável, o ar mais frio do que o de costume mesmo para o fim do verão. Não era raro Avril perambular pelos arredores da Universidade, sem tanta preocupação de ser reconhecida ou abordada por alguém. Seu nome não era tão conhecido fora dos Estados Unidos, assim como seu pai também não era. A situação apenas se tornava um problema quando alguém vinha com a intenção de a encontrar, um ou dois fotógrafos americanos tendo sido convidados a se retirarem pela segurança do campus por terem conturbado atividades. Os outros estudantes não podiam ligar menos para a novata, mesmo depois de descobrirem que ela vinha de uma família importante. Então Avril acostumava andar tranquilamente pelo campus, os arredores estando desertos pelo frio ou não.

– Senhorita Stark? – chamou um homem ao longe, correndo para alcançar a garota. Avril logo adotou uma postura mais desconfiada, embora tivesse permitido o estranho se aproximar. Ele não era aluno, isso era certeza – Você estaria ocupada? Sou o Agent Phill Coulson da S.H.I.E.L.D. 

– No que eu poderia ajudá-lo? – perguntou a garota, num tom falsamente educado que não passou despercebido por Coulson. Estaria mentindo se dissesse que esperava uma recepção amigável da Stark, ainda mais considerando toda a hostilidade que se tornara característica de Avril nos últimos meses. Falsa educação já era um bom sinal.

– Gostaria de lhe fazer uma proposta de trabalho. 

– Desculpe, acho que você abordou a pessoa errada – disse Avril, fazendo o caminho de volta para a sala de aula. O estranho não parecia ser alguém que pretendia atacá-la ou algo do tipo, ele estaria apresentando sinal de nervosismo, se estivesse, mas de repente um ambiente mais populado parecia ser mais seguro.

– Você é Avril Maria Stark, tem dezoito anos, nasceu na Califórnia em 20 de agosto de 1989, seu pai é Anthony Stark, dono das Indústrias Stark, sua mãe é Lauren Smith. Sua mente é mais rápida do que a da maioria das pessoas, talvez por isso você está fora da sala em horário de aula e provavelmente vai tirar a nota mais alta sobre a matéria que você está perdendo – o agente despejou todas as informações que tinha da garota, enquanto segurava seu braço, impedindo que ela se afastasse. Avril ficou sem reação em um primeiro momento, seu olhar travado no rosto inexpressivo do homem, ignorando a mão que segurava a manga de sua blusa.

Não era o resumo de sua vida que a pegar desprevenida, mas a praticamente afirmação de que funcionava de forma diferente.

– Como você...?

– Queremos tê-la na nossa equipe, Stark – disse o homem – Você teria grande utilidade para nós e você aproveitaria muito trabalhar conosco. 

– Claro, toda essa exposição pessoal me deixou morrendo de vontade de trabalhar para alguém que não conheço – debochou ela, se livrando do aperto do homem e retornando seu caminho.

– Trabalhamos com pessoas qualificadas, Stark – explicou Phill, a seguindo mais atrás – Acreditamos que você seja mais do que qualificada para qualquer coisa que queria fazer. Temos uma equipe qualificada de cientistas, mas tenho certeza que nenhum se compara a você.

Phill estava a ganhando. Sabia que elogios deixariam a garota mais calma, mesmo que não fosse o suficiente para fazer com que ela aceitasse ser recrutada logo de cara, mas pelo menos a deixava mais receptiva. Avril era esperta, fora criada para não se deixar levar com tanta facilidade, sabia colocar a segurança em primeiro lugar, na maior parte do tempo. Se tivesse a abordado em solo americano, talvez Avril tivesse sido mais fácil de lidar, mais relaxada por ter toda a segurança das Indústrias Stark à sua disposição. Só que agora ela se encontrava em solo estrangeiro, e, como sua arrogância não permitia erros, Coulson suspeitava que ela não facilitaria o trabalho de ninguém em sequestrá-la ou algo do tipo.

– Se você quiser, posso te levar a base da S.H.I.E.L.D da Inglaterra – contou o homem – Não é longe, podemos até ir andando. 

– Como vou saber que você não pretende me sequestrar, senhor Coulson? – brincou ela, embora no fundo estivesse falando sério – Você mesmo disse que sabe quem eu sou. Poderia conseguir uma boa quantia fazendo chantagem com o meu pai.

Phill riu um pouco. Toda a mídia especulava os motivos da mudança de endereço da mais nova dos Stark e não é que parecia ser rancor em sua voz ao se referir ao patriarca? 

– Acreditamos que você seja mais útil na nossa equipe. Você é muito mais do que a filha de um fabricante de armas.

Avril não soube dizer ao certo o motivo, mas a menção a armas fez com que ela voltasse mais uma fez para a defensiva. Um ponto ainda não tinha sido comentado.

– Você ainda não me disse com o que trabalham. 

– Nós asseguramos a paz e bem-estar mundial.

Avril riu. 

– Então estão fazendo um péssimo trabalho.

– Você não faz ideia de como seria o mundo sem nós. Aceita a visita?

---

Avril acordou com o som da voz de J.A.R.V.I.S anunciando que já eram 7hs e desligando a proteção das janelas, permitindo que a luz forte do sol inundasse o quarto. Ela achou estranho o sonho. Fazia anos que Phill a recrutara.

Srtª Stark, a Srtª Potts se aproxima.

– Obrigada, J – resmungou ela, se virando na cama.

Pepper abriu a porta do quarto sem muitas cerimônias. Avril tinha amor a vida e não reclamaria por tal ato que sempre acontecia de manhã, sem exceções.

– Bom dia, Av – desejou a mulher, ajeitando sua prancheta em suas mãos – Não sei o que você pretende fazer nesses dias, mas seria interessante se você ajudasse seu pai com o projeto da Torre. Vocês precisam passar algum tempo juntos, mesmo que seja trabalhando.

– Como você quiser, Srtª Potts – suspirou a morena, se arrastando para o banheiro – Mais alguma coisa?

– Creio que não, senhorita Stark. Olhou o projeto ontem?

– Até olhei, mas acabei dormindo antes de fazer meus apontamentos – contou ela, saindo do banheiro perfeitamente vestida – Depois do café eu me atualizo.

Pepper deixou o quarto sorrindo. Era bom ter Avril de volta, embora fosse cansativo. Aturar dois Stark juntos não era tarefa fácil e talvez por isso a ruiva vivesse preocupada: ela tinha três crianças para cuidar, três crianças instáveis e que precisavam de muita atenção. As Indústrias Stark, Tony e Avril.

Senhorita Stark, seu pai te espera para tomar café.

---

– J.A.R.V.I.S., por tudo que é mais sagrado! Deleta essa parte e me deixe começar do zero! – pediu Avril, quase arrancando alguns fios de se cabelo ao passar as mãos por ele. O sol já sumia no horizonte, às costas de Tony, que ocupava o lugar oposto ao da garota na mesa. A dupla não havia deixado aquela sala por um minuto sequer desde que entraram ali, no começo da manhã, suas refeições nada saudáveis sendo feitas ali mesmo, em meio de discussões sobre aspectos do projeto que parecia impossível eles concordarem.

– J.A.R.V.I.S., não se atreva!

– Mas isso está quase irrecuperável! – insistiu a garota – Esse estabilizador não vai suportar mais de dez minutos quando o reator for ligado. Isso porque eu estou sendo boazinha. Se eu for analisar mais a fundo, não vai suportar dois segundos antes de queimar. 

Tony empurrou sua cadeira até chegar perto da filha. Ela continuava a usar o mesmo modelo de óculos desde que tinha sete anos, até a cor escura ela não mudara. Era estranho ver seus traços no rosto de Avril, era como olhar em um espelho que mostra sua versão feminina e que te rejuvenesce alguns anos.

– E o que você sugere? – perguntou ele calmamente, depois de sacudir a cabeça de leve e voltar a prestar atenção no que Avril dizia. 

– Sinceramente? – perguntou ela, o vendo assentir – Se isso estivesse no papel, eu diria que a única opção é queimar tudo, mas como são arquivos, a solução é deletar e começar de novo.

– Sabe quanto tempo eu demorei para projetar esse estabilizador? – disse Tony, inconformado. 

– Duas horas?

– Três, na verdade – corrigiu o homem, fazendo com que a garota risse com comentários de que "ele estava realmente ficando velho" – Quanto tempo você precisa para terminar? Tenho que ter o estabilizador pronto amanhã cedo. 

Avril pegou o celular para checar as horas. Não gastaria muito tempo projetando o estabilizador, mas o protejo teria que ser testado virtualmente e depois ser revisado por Tony, o que gastaria mais de três horas. Uma mensagem a distraiu quando foi olhar para o relógio.

Clint Barton
> Você é uma cretina, sabia? Bonito isso. Da próxima vez que eu te ver, vou te acertar com uma flecha. Caso queria continuar vivendo, trate de vir nessa porcaria de base me dizer oi.

– Que horas são, Av? – perguntou Tony, quando a filha demorou em responder – Mensagem do namorado?

– Como? – disse ela confusa, vendo Tony com um olhar sugestivo. Um riso divertido lhe escapou, logo depois ela se recompondo – Não! Não, é um amigo. Um... Colega de pesquisa. 

– Ah, claro... – disse o moreno simplesmente, voltando para o seu lado da mesa enquanto sua filha começava a desenhar o novo estabilizador de energia. Depois do jantar ela teria que reservar alguns minutos para ligar para o Barton antes que ele realmente resolvesse lhe acertar com uma flecha.

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