– Conte-me como foi a sua viagem a Paris – pediu a psicóloga.
– Foi divertido – deu de ombros.
– Você foi com seus amigos, certo? Hélio e Lizandra.
Como ela se lembrava dos nomes deles era um mistério, mas Selena completou.
– E Hannah, a namorada da Liz. – Ela mordiscou o lábio, ponderando suas próximas palavras. Ela decidiu-se pela verdade. – Ele foi também... Marcus.
– Seus amigos sabiam que ele iria?
– Sim, eu os disse que ficaria com Marcus. Ele tinha um apartamento lá.
– Ele não convidou seus amigos para ficarem hospedados lá?
– Eles praticamente não se conhecem.. Seria estranho.
– Se Marcus tivesse decidido não ir à Páris, você teria contado aos seus amigos sobre ele?
– A Liz já o conhecia – deu de ombros. – Não é como se eu estivesse escondendo a existência dele dos meus amigos. Eu só acho que não seja importante. Ele mal faz parte da minha vida.
– Você disse que ele vai à sua casa toda sexta-feira.
De onde essa mulher tirava essas informações? Selena deveria ter falado isso uma vez em alguma sessão que acontecera há semanas.
– Nós transamos. Ele vai embora.
– Eu pensei que tivéssemos superado essa face de negação sobre o que ele significa a você.
– É a verdade! Não há ponto em fingir que nós poderíamos ser algo a mais do que estranhos.
Selena esperou a mulher retrucar. Mas ela apenas ficou em silêncio. Selena ergueu os olhos para a prateleira de livros. Ela leu Crime et Châtiment na lombada de um livro verde, em letras douradas cursivas.