Julya abriu o espelho do banheiro para pegar sua escova de dentes, quando fechou, viu uma figura sinistra atrás de si.
Soltou um grito e correu.
— Quem é você, quem é você? — bradou para todos os cantos do calmo apartamento.
Quando fora morar sozinha, não tinha pensado na possibilidade de uma coisa dessas acontecer. É certo que ouvia uns grunhidos aqui, uma conversa interminável lá, mas a rotina é tão maior que essas situações bobas. Agora, assustada, trancou-se no quarto.
— Cadê meu celular, merda! — gritou.
Estava no banheiro.
Não vou voltar lá, ela pensou. Sentou no chão do quarto e começou a rezar. Nesses momentos, lembramos de tudo e tornamo-nos perfeitos cristãos. Tiramos a maldade do coração, junto com a inveja e os outros pecados. Entregamo-nos perfeitamente ao inseguro.
O som parou.
E ficar no chão com o tempo pareceu inútil. Foi mais fácil convencer que a mente estava criando a situação e voltar para tudo desde o princípio, pensar de forma lógica e considerar que monstros e assombrações não existem. Voltou ao banheiro.
Poderia ser apenas o cansaço, lembrava estar muito ocupada com seu livro "Festas, Drogas & Problemas", que publicava no wattpad. A mente pregava peças.
Pegou o celular onde tinha deixado, trocou mensagens com um grupo e novamente abriu o espelho para guardar a escova e a pasta. Quando foi fechando, o medo tomou conta de si. E se aparecesse de novo pelo espelho?
Não apareceu.
Virou para o lado. A criatura estava lá.
— Olhe para mim.