SEGUNDO ATO
Apesar de todas as provas, a Srta. King tinha ainda a esperança de se ver livre da acusação de assassinato, mas esta confiança foi se dissipando conforme os fatos foram ocorrendo.
Primeiro seu advogado não quis seu testemunho, após o Dr. Bennett acabar com ela no banco das testemunhas, com a história da fabricação do veneno.
Depois foi a expressão no rosto dos jurados, os quais ela encarou, conforme retornava para junto do Dr. Griffiths, que não lhe deu nenhuma explicação convincente.
A sua alegação final então, depois de outro show de interpretação do Dr. Bennett, poderia nem ter existido, pois não colaborou em nada para ajudá-la.
Ele foi apático, simplório e rápido, quase que dizendo para todos: levem ela presa logo e vamos almoçar...
Tudo isso Agatha foi pensando e chegando a conclusão óbvia que seu destino já estava traçado.
Assim, quando o juiz pediu que se levantasse para ouvir a sua sentença, ela já sabia da sua condenação e também já estava preparada com um último argumento.
— Isso não termina aqui! Vocês estão prendendo uma inocente! — a Srta. King se fez ouvir enquanto os policiais a conduziam para uma saleta lateral.
Seus pais tiveram a permissão de vê-la antes que ela fosse levada.
— Nós vamos apelar para a Suprema Corte! — disse seu pai de forma abatida.
— E vamos contratar um advogado melhor — completou sua mãe em lágrimas — O Dr. Griffiths é um incompetente...
Esse foi o momento mais triste da sua vida — pensou Agatha, e nada do que dissesse parecia poder reduzir aquele sofrimento, mas, mesmo assim, tentou.
— Eu sinto muito por tudo isso...
Os três se abraçaram e pouco tempo depois ela foi conduzida para uma viatura que a aguardava nos fundos do prédio.
Ouviu os policiais comentando que o percurso seria rápido até chegarem a HM Prison Bronzefield, localizado na cidade de Ashford, condado de Surrey, a uma hora de Luton.
Essa instituição era uma conhecida prisão feminina de segurança máxima do Reino Unido, reservada para criminosos perigosos.
Durante o trajeto a Srta. King ficou imaginando todos os passos que a conduziram para aquela situação e mentalmente foi formulando o que poderia fazer para reconquistar a sua liberdade ou ao menos amenizar sua pena de prisão perpétua.
Teria que continuar se utilizando da sua inteligência e do dinheiro dos seus pais para isso, tinha certeza, mas imaginou, disfarçando um sorriso, que se ao menos não conseguisse atingir o seu objetivo, existia outra pessoa que ela faria de tudo para prejudicar, uma pessoa tão covarde e astuta que arranjou um meio para escapar da audiência.
Agatha sabia que isso poderia levar tempo e isso despertou uma raiva quase incontrolável dentro de si e teria tranquilamente gritado, caso ainda não estivesse atuando, numa peça de incontáveis capítulos.
Em vez disso respirou profundamente e olhou para a estrada velha que seguiam e que rapidamente deixaram para trás, para acessar a via de trânsito rápido, que a levaria para o seu destino.
— Não pense que acabou professor Green! — sussurrou ela para si mesma ao observar a cidade pela janela traseira, que ia ficando menor conforme a viatura avançava — Antes desta história terminar eu vou fazer você evaporar como pó...
E conseguiu...