Tem Alguém Ai? - Volume 3

By SOFGDS

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[Oi! Bem, se você está aqui e não leu os primeiros livros, aconselho muito que você leia antes, para melhor e... More

Dedicatórias
Coisas boas vs Coisas ruins - Capítulo um
Bruxaria
Ainda há tempo
Acorde!
Teclas de piano
Satisfação*
Inferno
Sensitivo
Provas
Descubra
Um passo por vez
Eu era
Igual a você
Entrevistas? Sim!
Respostas
Perdão...?
Vida
Tempo certo
Padre
ALOOO
Promessa
Dormiu bem?
Irei rezar por você, mais tarde
Ok, como vocês pediram:
Cegos e calados
Frágil
Férias
Irreconhecível
Bons modos
Arrogância
Não há saídas
Lado forte
Distúrbio
Agindo bem?
Grupo
Vazio
Proteção
Possível?
Procura-se um corpo
Alerta
Á esquerda de nós
Viagem de uma última hora
Última chance
Ok, ok
Sem saída
Em alta madrugada, assassinatos e injustiças são as principais atrações do circo
Vida no necrotério
• Wait for it •
Tempo
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Até mais!
Eu?
No name
É isso aí, gente

Unicamente, feliz

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By SOFGDS

Amanhece negativamente mórbido. O mar cinzento ecoa agitado, prenuncio de chuva inesperada e assassinato na Street Fuze lion, 68.

É antes das sete quando o local está rodeado de viaturas e ambulâncias. Desconfortavelmente silencioso, as árvores guardam sombras de moradores e turistas, que entre um vento e sussurro curioso, relanceia a casa aberta aos ares. 

                       • Narrador •

- Parece que essa família teve uma noite conturbada - Roberts, observa, suspirando, enquanto examina as janelas arreganhadas do segundo andar.

Mark consente.

- Duplo homicídio. Ainda não há informações suficientes, porém vítimas conscientes - O segundo adiciona - Já é um começo - Apoia o braço na porta entre aberta da viatura, se voltando para o paramédico que se aproxima.

O mesmo faz uma referência, colocando as mãos para trás respeitosamente.

- A vítima ferida tem seus dezessete anos, senhor. Chama-se Logan. O adulto presente diz se chamar Carlos; viúvo. Explicou por cima de muita coisa, alega não estar em condições de falar nada agora e procura por seus filhos. Uma adolescente e um bebê. - Explica, minuciosamente baixo, como se confidenciasse um segredo.

- Bem - Roberts começa, abaixando a cabeça para os documentos que tinha em mãos - Precisamos que ele fale. Achamos uma garota quase sem vida no andar de cima. - Ergueu os olhos - A perícia constatou reações inicialmente alérgicas em seu corpo - Suspira - Uma agulha visivelmente esquecida ou propositalmente deixada foi confiscada para maiores aprofundamentos. - Continuou - O corpo dela já foi retirado e levado para o hospital às pressas.

- O garoto também - O outro devolve.

- Os donos da casa foram encontrados mortos há dois quarteirões daqui - Mark completa - A marteladas. Seja lá o que tenha acontecido aqui, foi algo prolongado. Um crime planejado, ou tentativa.

                         • Carlos •

O desespero quase me tomava por inteiro. Eu gostaria de voltar no tempo, totalmente, não só na viagem, mas em tudo. Que adulto desiludido com expetativas de vida já não quisera?

Levo o copo de plástico preenchido por café amargo até os lábios enquanto encaro o extenso corredor esbranquiçado do hospital. Espero há horas à fio por uma informação, um cuidado, sinal. Explicação.

"Porra" - Penso. Eu não fizera nada minha vida inteira. Eu pensara apenas em dar uma vida para Arya desde o começo e perdi um por um. Eu tinha mesmo que fazê-lo? Que esperar, profano, até que a morte me leve também?

  - Senhor Carlos? - Uma das médicas me chama em inglês. Ergo os olhos para ela, concordando.

- Tem informações dos pais dos pacientes, Logan e Sam, senhor? Ambos os casos são gravíssimos, precisamos dos responsáveis de ambos os menores aqui para maiores acompanhamentos e cuidados. - Fala.

Penso por alguns segundos. Depois olho para a parede, inquieto.

- Samanta é órfã - Devolvo, mais relutante do que eu pretendia - É uma história complicada, eu não tenho conhecimento de nenhum histórico hospitalar dela - Ergo os ombros. Era inútil, sempre disseram-me que nada sobrara do incêndio. Obviamente com Alyce nada fora feito realmente.

A médica pareceu confusa com a resposta.

- Não temos nenhum documento da mesma. Para nós ela é totalmente desconhecida, se é que me... - A corto com o balançar afirmativo de minha cabeça. Eu estava cheio daquilo, eu tinha uma filha desaparecida e, mesmo que eu devesse contar tudo com os meros detalhes de meu conhecimento, eu simplesmente não conseguia. Ou não queria pensar mais ainda naquilo tudo.

- Eu buscarei a mãe de Logan. Ela é uma senhora e não poderá vir sozinha - Digo, me levantando, jogando o copo com o resto de café no lixo - Ela saberá lhe dar as informações necessárias. Desculpe qualquer inconveniente expressado se minha parte. Não estou em boas condições - A olho - Se é que me entende - Ironizo, dando meia volta.

                            • Arya •

O sangue incrimina minhas mãos e mancha a alma de Miguel. O olho com a respiração acelerada por inúmeras vezes; eu queria tanto que ele não tivesse visto aquilo, mesmo que de relance. Eu queria tanto que nada daquilo tivesse acontecido e, Deus, como eu roguei para que todos estivessem vivos.

Eu lembro de meus golpes com o martelo. Sem querer, em meio a uma tentativa de me esconder do horror, tornei-me a pior parte dele.

Minhas lágrimas tem um sentimento de remorso e nervoso. Embrulho Miguel contra mim com os braços. Em determinados momentos, o perdi. Lembro bem de seu choro enquanto, às cegas, foi tirado de meus braços por Henri. Melissa tenta me apunhalar com um martelo.

Penso em como eu consegui me esquivar de tudo aquilo e lutar por meu irmão e por mim. Minhas mãos tremem em volta dele agora e tenho medo de voltar até a casa, onde sei que os policiais dominam totalmente.

Um passo em falso de Melissa e consegui roubar o martelo para mim. Sem pensar muito, o que consegui fazer foi erguer a mão ferozmente e enterrar em seu peito.

O horror me tomou totalmente na hora. Mas eu não tinha tempo para o choque. Lembro de como Jack chegou logo em seguida, Henri atônito com sua esposa que quedara seca no chão.

Eu estava horrorizada, apavorada, enojada. O que me livrou foi um grito inexplicável vindo da casa, que fizera Jack desistir de me matar e correr, perturbado, de volta para o caminho de onde veio.

Então eu desferi o último golpe em Henri. Eu me sentia um monstro, eu me sinto, um monstro que ama. Talvez o melhor tipo de monstro. Ou pior.

- Hey! Você! - Ouço uma voz masculina em inglês atrás de mim. Gelo.

Arregalo os olhos, me desencostando da árvore que me acolhia e voltando os olhos para trás, apertado Miguel contra mim, que começa a choramingar, igualmente assustado.

O policial corre em minha direção, descendo a pequena parte de terra. Estávamos atrás das casas de praia, onde o matagal se erguia ferozmente. Eu me contenho parada ao vê-lo correr, mas minha lágrimas aumentam.

                         • Carlos •

Chego dentro de uma hora. O trânsito e o rebuliço daquela hora da manhã estavam discordantes de minha pressa, mesmo que não fosse o esperado.

Não guardo as chaves, apressado para entrar ao abrir a porta da frente.

Marisa dorme no sofá da sala com a televisão ligada; porém sem volume. Suspiro, nervoso; não quero deixa-la preocupada (não que não tivesse motivos), de qualquer forma é algo que fará mal à ela.

Ascendo a luz e me aproximo cuidadosamente, agachando à sua frente e tocando-lhe a mão.

- Marisa - Chamo, tentando controlar a voz. Ela dá um suspiro demorado em resposta, remexendo levemente o corpo, sentada de forma provavelmente desconfortável.

Balanço sua mão. Sinto um cheiro ruim vindo dela, mas procuro não demonstrar. Era visivelmente que ficara sem tomar banho, provavelmente até antes de viajarmos.

- Marisa, eu preciso que acorde - Chamo, com mais firmeza e volume. Remexe os olhos por de baixo das pálpebras, os abrindo aos poucos.

- Carlos - Constata. Seu mau hálito denuncia os maus cuidados - Já voltaram? - Sorri.

- Eu... - Gaguejo. Como?

Desvio os olhos, em um sinal de fraqueza recorrente, balançando uma das pernas dobradas em ansiedade. Como dizer?

- Nós voltamos, mas... - Tateio os olhos pela sala, tentando ganhar tempo. Ela não percebe minha inquietação, por algum motivo.

- Deram muito trabalho? - Brinca.

Eu a fito novamente, perplexo.

- Nós... sofremos um acidente, senhora Marisa. Seu filho, na verdade. - Digo, permanecendo impassível à sua feição que desmancha aos poucos.

- Como assim? O que houve com meu filho? - Ela tira a mão de baixo da minha, se endireitando no sofá.

                          • Mark •

- Está dizendo que invadiram a casa de madrugada? - Questiono. A garota retraída e suja de sangue concorda com a cabeça; o que mais pareceu seu corpo tremendo.

- Quem invadiu? - Prossigo, cruzando os braços de frente para ela, que senta no banco de passageiros da viatura.

- Alyce... ela... adotou Sam e queria matá-la - Responde, fungando.

- Pode informar quem são as duas e nomes completos?

- Eu não sei o nome completo da Alyce. A garota é Samantha Costa Oliveira - Responde. Parece ficar uns segundos pensando. Estreito os olhos.

- Nacionalidade? - Questiono.

- É Brasileira.

- Por que ela está aqui? - Apoio uma das mãos no carro.

• Carlos •

O choro da senhora ao meu lado é entrecortado e compulsivo. Ela não me dirige palavra por todo o trajeto. Não consegui fazê-la tomar banho (tampouco escovar os dentes) para voltar comigo ao hospital. 

É horário de pico e estou batendo a porta do quarto quando meu celular toca.

Dou a volta rapidamente para acompanhar Marisa enquanto atendo a chamada, indicando o local para a senhora.

- Pronto - Digo, na linha.

- Senhor Carlos? Sua filha está bem. Ela foi encontrada com seu filho. Estava escondida, porém nos deu as informações necessárias. Precisarei que testemunhe mais à frente, como o senhor já deve pressentir.

Deixo os ombros caírem levemente de alívio com a notícia.

- Eu entendo. - Respondo enquanto guio Marisa pelos hospital, gesticulando para a secretária - Espero que não haja maiores problemas. - Acrescento.

- Bem, esse é um caso a parte, senhor. Alyce, pelo que vimos, está desaparecida. Precisamos de um retrato falado, nenhum outro corpo foi encontrado. Porém estão sobre proteção. Deveriam ter feito isso antes, pelo que ouvi da história, inclusive - Frisou a última parte, em leve tom de repreensão.

- Concordo, senhor, foi total irresponsabilidade minha. Espero que minha filha tenha contado tudo direito.

- Contou, pelo que vi e, confesso que estou bastante... surpreso. Não é algo que aconteça todos os dias, afinal.

- Sei disso. Se não se importa, tenho de desligar agora. Depois de resolvido algumas coisas, eu vou para a delegacia. - Respondo.

Mais algumas palavras e desligo o celular.

- Pode chamar o médico responsável pelo paciente... - Digo, ao parar na frente da secretária.

- Senhor Carlos Clark? - Sinto uma mão em meu ombro.

Me viro para ver um homem de meia idade com seu jaleco branco e medidor de pressão enroscado em uma das mãos.

- Sim

- Preciso que me acompanhe. - Ele começa, em tom sério. - Sozinho. - Acrescenta.

Pisco, concordando e virando para Marisa com o olhar tranquilizador. Percebo o olhar da secretaria para a mesma; provavelmente sentira o cheiro.

- Tem de ser rápido, não tenho muito tempo - Digo, me afastando aos poucos com o médico do meu lado. Ele para ao virarmos em um corredor vazio.

- O senhor é o responsável que assinou a ficha de Samantha Costa de Oliveira.

- Sim, eu sou - Concordo, cruzando os braços e o olhando.

- Bem... ela fora medicada com fortíssimos antibióticos misturados e, ao que parece, desencadeou violentas reações físicas - Ele continua, calmamente. Concordo pausadamente com a cabeça.

- Há alguns minutos atrás, ela teve uma convulsão. - Continuou - Isso é compreensível, a julgar pela forma que ficou seu estado...

- Sim, sim, mas e daí, o que houve, ela está bem agora? - Apresso, sem poder expressar gestos ignorantes. Ele faz uma pausa diante de meu nervosismo, claramente pedindo que eu fique calmo com o olhar.

- Lamentamos muito. Nós fizemos de tudo, mas nada foi o suficiente, senhor. A paciente não resistiu. - Dá a última palavra.

Gelo, perdendo as ações, vendo o médico que me olha em um misto de compreensão e frieza. Quantas vezes já dera aquela notícia detestável para tantas famílias destruídas?

- Eu... lamento. A história dela compadeceu a todos. Foi algo... trágico. - Ele tentou. Mas eu não considerava suas frases.

• Agatha •

- Eu não entendo - Júnior sussurra para mim - Há algo errado. - Estamos no sótão, onde tudo começou. A escola carrega mais almas do que nunca.

- Eu também estou confusa - Respondo olhando para meus próprios pés - Acho que depois disso tudo... - Ergue os olhos para mim - Todos sabem a verdade. Todos sabem que eu matei... os seus pais e...

- Eu não preciso ouvir tudo de novo. Já conversamos sobre isso. - Me corta.

- Você sabe que eu não queria... - Fungo - E agora? Tudo aconteceu, não sabemos como acabará para Sam nem para ninguém.

- Eu acho que pela primeira vez... - A criança parece inquieta. Olha seu corpo inúmeras vezes - Pela primeira vez, eu sinto como se tudo estivesse certo - Ergue os olhos para mim.

- E Alyce? E Sam?

- Eu já cuidei de Alyce. Ela está desaparecida, mas Helena se lembrou e tudo - Se vira para o piano velho - Lembrou quem a matou, do desespero e da solidão. A mente de um perturbado já morto há muito tempo, sempre reconhece seu assassino. Alyce teve o pior fim que já pôde imaginar. - Conta - Eu sinto... sua influência sobre mim já é zero - Parece deslumbrado, dedilhando os dedos sobre o piano, uma sonoridade antiga e triste.

- E a Sam?! - Insisto. Eu não quero me sentir mais culpada do que já estou. Eu sei que ele sabe disso.

Então ele se vira bruscamente, me parando.

Sua feição já não é mais infantil. Seus cabelos parecem ganhar mais volume, negros e rebeldes, com seu corpo se alinhando aos poucos, ganhando uma altura lentamente adulta. Me percebo boquiaberta ao encarar a figura corpulenta de um Júnior com seus dezenove para vinte anos. Os olhos cinzentos de seu avô são igualmente desafiadores e, pela primeira vez, sinto que é aquele pianista que conheço.

- Sam agora terá de provar o que aprendeu depois de tudo isso. - Sussurra, com um meio sorriso.

Unicamente, feliz.

**

  Me peça para falar da beleza soturna que percebi entre covas,
Para descrever as inúmeras andanças em círculos,
Do tipo que só se ouve seus próprios passos calando suas palavras entaladas.
Pergunte-me como é imaginar
O sangue se esfriar nas veias dos recém nascidos do além.
Como é simplesmente não conseguir mais sustentar o contato visual,
Com os cansados olhos secos de vida.
Mas não me peça para relembrar tudo,
Tudo que senti.
Não me peça para dizer palavras que,
Apenas metade de mim poderia.
Não me peça para ser tão fria
A ponto de esquecer o quanto chorei e não voltar a chorar.
Ou talvez não me peça para ser tão forte,
No momento não sei diferenciar.
Eu ainda posso descrever
As correntes frias que senti rodear,
Os momentos que esqueci o motivo de ali estar,
E como eu piscava sempre que voltava a ver
O corpo inerte à minha frente,
Tentando me decifrar.

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