Céus azuis para aliviar a dor
Acho que eu estava me sentindo deslocado,
Mas continuei sem dizer palavra.
Parado em frente a um espelho,
Me perguntando mais de uma vez se eu era infeliz.
Minha mente costumava dizer,
O tempo é um conceito que desbota quem o vive,
Eu não tenho muitos caminhos,
sou guiado por sonhos e talvez memórias.
Eu estou muito cansado,
Da forma que meus ares parecem confusos,
As pessoas permanecem
Mas acho que mudaram um pouco.
Quero uma canção para cantar,
De alguma forma levar,
Esses dias de escolhas parecem mágicos,
Perigosos, encantadores,
Não quero lhe dizer as coisas que aprendi nas escolas.
E quando amanhecer novamente,
Talvez eu tenha minhas decisões formadas
No caminho
Errado.
Já faz tempo eu os vi me olhando de cima, sorrindo ao me acariciarem na bochecha,
Logo, me vi andando.
O que cala meu peito com punhal animado de desilusões,
É perceber que na ferida viva,
Ainda se cantam as canções.
Logo, ando,
Talvez eu pense demais,
Me sinto um pouco deslocado, mas continuo
Não me peça que eu lhe diga o conceito da vida,
Enquanto ainda me pego no toque da adolescência inquieta dentro nas noites;
Talvez, talvez...
Eu ainda me pergunto,
Se ando infeliz.
Você teria coragem de conviver com suas próprias escolhas?
- -
Logan
**
Me viro mais rápido que Sam. Não há nada além da luz que ascendemos alguns segundos atrás.
- Mas que porra... - A garota do meu lado se volta totalmente, olhando freneticamente para os lados, indo para o lado da parede, como se quisesse se esconder ali. Me mantenho atento aos barulhos ao redor, embora não houvesse nada que pudéssemos ouvir.
- Hey - Sam diz, aos poucos. Me viro para ver seus olhos cravados no chão à frente de nós. Chego a ter leve relutância de ver o que ela via, mas olho quando ela aponta - São seus documentos.
Pisco, confuso. Permaneço no mesmo lugar por segundos bastantes para pensar em como aquilo poderia ter ido parar ali (embora simplesmente não houvesse explicação lógica).
- Eu não... - Balbuciei, olhando. Eram meus, minha foto estava para cima, de um primeiro que deixava o resto espalhados pelo chão, como se simplesmente tivessem caído ou tivessem sido jogados por uma criança levada.
Enfio as mãos nos bolsos.
- Não estavam comigo, eu procurei milhões de vezes! - Agacho, olhando como se fosse pular na minha cara de uma hora para a outra (o que talvez não fosse uma ideia tão inaceitável assim, se julgando pelo que havia acabado de acontecer).
- Eu pensei que as coisas haviam melhorado - Ouço ela dizer atrás de mim. Junto os documentos aos poucos, cuidadosamente, hesitando de leve na resposta.
- Não quero que se preocupe com isso. - Devolvo, por fim.
- Por que?
- Você já teve porcaria demais pra se preocupar nos últimos meses.
- Não são porcarias, são coisas sérias - Ela rebate. Eu coloco os documentos no bolso, me levantando e a olhando.
- Mas hoje, essa semana, não. Por favor. Não me lembro de tê-la visto tão bem quanto estava na praia. Agora já está nervosa de novo. - Encosto o ombro na parede. - Ninguém merece isso. Muito menos você, depois de tudo que aconteceu.
- Já me acostumei o suficiente, Logan - Ela sorri suavemente, passando por mim e descendo as escadas.
**
- Acha que devemos falar isso para alguém? - Questiono, assim que ela entra no carro, puxando o cinto.
A vejo negar.
- Por que não? E se realmente for alguém?
- Não é alguém, Logan. É o que.
- E não parece preocupada com isso.
- Estaria mais caso eu estivesse sozinha nessa - Ela se voltou para mim - Mas não vou mentir para ninguém; me conforta saber que não sou só eu perdida na mesma rua. É necessário tentarmos achar a saída juntos. Não vale a pena preocupar ninguém apenas com isso. Já aconteceu coisas piores. - Cruza os braços.
- ...Se você estiver errada ou algo der errado mais tarde, posso dizer a frase "eu avisei"? - Ela abriu um sorriso lentamente.
- Talvez. - Devolve, ligando o rádio.
- Desde quando ouve músicas? - Pergunto, abrindo um sorriso aos poucos.
- Desde que comecei a aproveitar as coisas que não se referem apenas a se preocupar - Ergue os ombros.
- Desde quando é tão otimista assim? - Dessa vez provoco propositalmente.
- Logan, liga logo esse carro, já perdemos tempo suficiente pra estar mais que na metade do caminho - Ri, respondendo e balançando a cabeça.
**
Narrador
A música parecia monótona ao passo da viagem. O bom daquilo para a garota era que gostava de paisagens urbanas. As luzes das cidades ao redor da estrada, coberta pela leve neblina dos fins de tarde que se transformavam frios. O carro era aconchegante e apesar do que aconteceu a pouco tempo, talvez fosse aquilo que deixava Sam calma, pelo menos naquele momento.
Logan dirigia bem; porém mais rápido do que o habitual, talvez um pouco mais nervoso e pensativo nos problemas que a viajem parecia apresentar. Não falava muito, mantendo as mãos apertadas no volante, indicando certa ansiedade soturna, com os olhos agitados pelo caminho.
Estava com um mal pressentimento, talvez. A garota ao seu lado não percebia seus movimentos inquietos e se aproximavam rapidamente da cidade, levando em consideração que Califórnia era próxima de várias praias (embora inexplicavelmente o caminho de ida para eles da primeira vez pareceu muito mais longo).
Já é próximo da madrugada quando finalmente alcançam o ponto mais próximo do destino. Sam permanece acordada, parando os olhos no viaduto que ia se alongando, modelando a visão da mesma enquanto o carro se aproximava.
Porém o barulho alto de algo batendo, faz o carro brecar abruptamente, diante dos olhos assustados de Logan e da garota, que se sentou direito automaticamente, olhando para frente, enquanto Logan olhava para o viaduto e em seguida para os lados, freneticamente ao tirar o cinto e abrir a porta.
- Puta merda, Logan, o que aconteceu?! - Ele ouve a garota chamar enquanto sai do carro com o coração batendo mais forte do deveria e enquanto os carros desviavam para passar lentamente, alguns motoristas abaixavam os vidros para tentar enxergar o que acontecia; mas ninguém parecia machucado...
**
Logan
Tento me livrar do cinto rápido demais antes de perceber a batida. Só conseguia ver o corpo caindo do viaduto, então deixo minhas mãos já nervosas dos últimos acontecimentos abrirem a porta em nervosismo, pulando para fora do carro. Penso ter ouvido Sam dizer algo, porém não entendo nada muito bem. Paro perplexo em frente ao carro. No capô, mostra que algo pesado caiu em cima, o amassando, denunciando a queda violenta.
Então estreito os olhos para baixo. Não há nada além da marca no capô do carro. Não há corpo nenhum.
Pisco, erguendo a cabeça e olhando para os lados.
"Mas que porra..." - Penso.
Demoro alguns segundos para perceber Sam cutucando meu braço, aturdido.
- Logan?! O que houve? - Ela insiste e pelo seu tom, não era a primeira vez que chama meu nome.
Me volto para ela totalmente. Está assustada, provavelmente como eu parecia.
- Eu... - Balbucio, perplexo, tornando a olhar para o chão - Alguém se jogou do viaduto e... E caiu aqui em cima - Apontei com os braços para o capô do carro e não pude me sentir mais idiota. Pois não havia nada. Literalmente nada, apenas o capô amassado. E pela expressão em resposta de Sam, ela via aquilo muito bem, provavelmente me chamando de maluco em pensamento. Olha para o carro da frente lentamente, como se quisesse ter certeza de que eu não havia batido no mesmo. Mas não havia como; era o capô que estava amassado.
- Logan... - Ela parece confusa. Acho que tanto quanto eu. Com razão, obviamente. Eu procurava o corpo de um suicida. Eu o vi; mas ele simplesmente havia sumido. Que diabos estava acontecendo?!
- Você tem certeza que não bateu em algo? - Ela questiona. Sei que estamos rodeados de carros e pessoas olhando; algumas fora dos veículos, com feições curiosas, mas talvez estivessem ajudando caso tivesse algo para isso.
- Sim! Eu parei antes do som acontecer, você viu, Sam! - A olhei, em busca de compreensão, embora eu soubesse que seria um pouco difícil naquelas alturas. Ela fez menção de concordar, mas não disse nada. Deixo os ombros caírem, suspirando - Eu vi alguém caindo de cima do viaduto. Tentei parar antes, mas o carro derrapou um pouco e em seguida veio o barulho. Eu vi o corpo batendo em cima do capô, Sam. Depois caiu para o chão.
Ela continuou me olhando, talvez tentando entender ou simplesmente pensando em como eu era louco. Talvez a segunda opção fosse a mais possível.
A mesma olhou pelo chão mais uma vez, se distanciando um pouco para ver em baixo do carro. Não havia nada; ninguém via nada. Eu também não. Não mais.
- Olha, acho que... precisamos ir - Ela engoliu em seco - Já está tarde e estamos atrapalhando a passagem. - Aponta para o carro - Vamos parar em algum lugar, já estamos na cidade - Diz, não olhando para as pessoas que passavam confusas, já indo embora com os carros e seguindo viajem. A deixou voltar para dentro, seguindo sua ação em silêncio, vidrado.
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Nota
Eeeentão
Espero que vocês tenham gostado e se confundido bastante nesse capítulo, porque se isso aconteceu, creio que estou conseguindo o que quero. Mete um amei aí, fala o que achou, fala que ficou maluco junto com o Logan, fala se gostou, diga o que acha que vai acontecer porque eu sempre me divirto com isso. Porém não é exatamente sobre que vou falar agora.
Sobre a frequência de capítulos. Eu sei que demoro para postar, eu sei que não gostam de esperar e que ficam ansiosos para saber o que irá acontecer em seguida, mas isso me prejudica um pouco, povo. Eu vou dar uma breve explicada; tenho quinze anos, deveres, trabalhos, vida social e direitos que qualquer um tem. Alguns problemas particulares que me deixam estranha as vezes e é aí que a coisa pega, porque o livro ultimamente vem se tornando uma pressão enorme para mim. Escola, amigos, livro, cursos, problemas psicológicos (porque convenhamos, acho que já sabem que pra escrever esse livro eu não estou em pleno estado psicológico).
Não vou negar que vem pesando para mim e por esses problemas talvez essas pressões se tornem maiores do que devem ser. Então eu peço, paciência e talvez um pouco de compreensão, porque isso tudo tá acontecendo rápido demais e tô tendo muitas crises de ansiedade que me desviam da história (consequentemente prolongando o tempo de postagens).
O que estou querendo pedir realmente?
Que por favor, parem de cobrar capítulos. Isso está fazendo um peso enorme em mim, juntando com outras coisas. Eu amo falar com vocês e respondo todos que mandam mensagens ou comentam, mas quando passam a contar e pressionar para mais quando eu preciso de tempo para outras coisas, eu me sinto deslocada e não sei por onde contornar. Então paciência, eu irei sim, continuar a história, postar mais capítulos e talvez com mais frequência caso isso de certo, porque aí eu faço isso tranquilamente e não encaro como algo obrigatório. Obrigada para todos vocês que acompanham e tentam falar comigo (não parem, em absoluto), apenas não quero pressões, se me entendem.
É isso :')
- BigGhost