Ele Vai Ser Meu

By NaneGrutt

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Até onde você iria para ter a pessoa que ama? E se essa pessoa fosse impossível para você? Quem conhece Lu... More

>Aviso<
Prólogo
Fase 1/Capítulo 1- Mudanças
Capítulo 2- Nadar e Nadar
Capítulo 3- A primeira impressão é a que fica?
Capítulo 4 - A hora da verdade
Capítulo 5-Feliz aniversário
Capítulo 6-BHG
Capítulo 7-Delegacia
Capítulo 8-Banho de mar
Capítulo 9-007 do esporte
Capítulo 10-Amnésia
Capítulo 11-A virgem dos lábios de mel.
Capítulo 12- Apenas amigos
Fase 2/Capítulo 13-TPM
Capítulo 14-Baby Class
BÔNUS-Sonho molhado
Capítulo 15-Verdade ou Desafio
Capítulo 16- Devorador de Almas
Capítulo 17-Disfunção
Capítulo 18-Carnaval
Capítulo 20-Ritual de iniciação
Capítulo 21-Rápido, intenso e profundo.
Bônus: Prisão
Capítulo 22-Ameaças (Parte 1)
Capítulo 22-Ameaças (Parte 2)
Capítulo 23-Tudo tem um Por que.
Capítulo 24- Segredo não é mentira.
Capítulo 25- Toc Toc. Surpresa!
Capítulo 26-Todo mundo tem segredos.
Me Desculpe. Mil vezes!
Capítulo 27-Voar e Nadar
Capítulo 28-Descobertas
Capítulo 29-Passional
Capítulo 30-Impulsiva.
Eu voltarei!!!!!!!!!!!!

Capítulo 19-Pombo correio.

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By NaneGrutt





"Tenho fases, como a lua. Fases de andar escondida, fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha."

(Cecília Meireles) 

Luna

Estou dirigindo para almoçar com a Jô, ela voltou de viagem e precisamos colocar o papo em dia. Sinto tanta saudade, sempre estivemos juntas e aproveitei meu horário de almoço para nos encontrarmos. Difícil será esconder dela as emoções que me atravessam.

Deus eu não estou acreditando. Eu não acredito em tudo o que aconteceu naquela boate entre o Ricco e eu. Só em pensar fico sem fôlego. Como tudo chegou naquele ponto eu não sei, mas... "se eu soubesse antes o que sei agora erraria tudo exatamente igual" Engenheiros do Havaí define o momento com esse trecho.

Inicialmente eu acreditei ter sonhado, então fui ao banheiro lavar meu rosto e senti a escuridão me envolver. Acordei com os dois sóis em chamas me olhando com tanta preocupação e cuidado.

Depois ele me levou para a casa, ajudou-me a tirar a roupa, o clima estava diferente, Seu olhar havia mudado e só aí eu entendi tudo. Flashes do nosso tórrido momento piscaram e me bateram para a realidade. Eu continuei fingindo, apenas deitei em minha cama sem nenhuma palavra. Até que ele se foi e eu recordei-me de tudo.

A música, o clima, seu toque. Deus, e seus beijos. Fiquei tonta após o orgasmo. Meu corpo ficou entregue a mercê dele.

O que eu não imaginava é que alcançar o êxtase fosse tão parecido com ter uma síncope. Pelo menos a parte de perda momentânea de consciência, pois eu fiquei desorientada. Visão turva, não sei se foi a escuridão ou o orgasmo que nublaram minha visão. Suores e sensação de calor, e que calor, pensei estar em chamas. Fraqueza nos músculos, tenho certeza que Ricco foi meu alicerce nesse momento ou eu teria desabado. Em alguns casos, como o meu, convulsões, meu corpo verteu-se em espasmos.

E com essas lembranças mais uma vez eu mergulhei nos braços de Morfeu e sonhei de verdade com tudo o que rolou.

Infelizmente estou evitando o Ricco. Domingo eu disse que iria para a terapia e fiquei fora o dia todo na casa da Nana. O Hugo foi embora ontem e eu menti que não poderia acompanhá-los ao aeroporto, porque eu estou com medo. Medo que ele diga que está arrependido e que foi um grande erro e blábláblá. Eu não iria suportar, estou há meses sonhando com esse homem e com tudo o que ele me faria sentir quando finalmente cedesse.

Bendito seja o seu dom para beijar e tocar uma mulher. Se ele tocou os homens com a mesma fome que estava comigo, esses homens foram felizes. Ele foi tão intenso e gentil ao mesmo tempo. Preocupou-se apenas com o meu prazer. Seus olhos pediram permissão para cada coisa, apesar de seu toque ser possessivo.

Sinto um calor subir pelo meu corpo imediatamente com a simples lembranças de seus lábios nos meus, percorrendo meu corpo com tanta urgência e precisão. Suas mãos estiveram por toda a parte, como se fosse um mágico habilidoso, manipulou meu corpo até o clímax.

O telefone toca mais uma vez no painel do carro, mais uma vez o ignoro. Ricco está me ligando desde ontem, não estou pronta para ele ou seu arrependimento e toda a conversa de como a culpa é da bebida. Só preciso pensar um pouco. Minha ideia com a reportagem deu certo e não quero regredir agora. Preciso me manter um passo a frente dele.

Quando Ricco contou que a matéria havia saído tive muito medo de ter estragado sua carreira. Eu apenas quis dar uma ajudinha no destino. Ok, não no destino foi mais para a minha situação. Nunca quis prejudicá-lo muito menos acabar com seu sonho de voltar a nadar. Ricco é uma das pessoas mais importantes da minha vida, jamais quero magoá-lo.

Não sei definir o que sinto por ele, é muito forte disso eu sei e parece ganhar forças a cada dia. Talvez seja apenas nossa amizade criando laços mais profundos ou talvez seja aquele sentimento que todos dizem ser lindo e cego, mas eu não posso ter certeza, pois não tenho uma referência de casal apaixonado para comparar.

Não pretendo ter um relacionamento sério agora, isso é fato. Porém quando isso acontecer quero estar pronta. Acredito com todas as minhas forças que o Ricco seria a pessoa perfeita para me ensinar tudo. Somos amigos acima de tudo e existe essa tensão que não sei definir o que é.

Se ele ao menos aceitasse.

Quando entro no meu restaurante favorito próximo ao escritório avisto a Jô sentada com toda a sua classe, mexendo no celular e tomando seu drink. Ela está bronzeada e com o cabelo mais curto. E mais linda que nunca.

– Chuchu! Que saudade. – Ela diz me abraçando. Ela está bem alegre aparentando ter ingerido vários drinks

– Chuchu. Também morri de saudade. Você está linda. – abraço-a de volta.

– O sol do Caribe me fez muito bem. E os caribenhos ainda mais. – ela sorri e pisca ao mesmo tempo.

Senti tanto sua falta. A Jô é especial, quem olha apenas para sua riqueza não imagina pelos momentos delicados que passou. Como eu gostaria de ver minha amiga feliz e realizada.

– Nota-se. Você está com uma cor incrível, seu cabelo está com um corte diferente, mas ao mesmo tempo ainda é você.

– E você não está nada mal também. Está com aquele brilho diferente. Será que perdi algo?

Ela não poderia ter acertado melhor no alvo que isso, ainda que o mesmo estivesse a um palmo do seu nariz. Não quero mentir para minha melhor amiga, mas ainda não processei o que aconteceu entre o Ricco e eu. Como eu poderia explicar-lhe?

– Você está achando que sou sortuda como você? – me faço de inocente.

– Ah! Para Luna. Você esteve cercada por dois dos homens mais gatos do planeta, tá o Ricco é gay eu sei, mas eu vi o olhar do Hugo para você, confesso que me deu até uma pontinha de inveja. O homem ouvia tudo o que você dizia com admiração genuína, como se cada palavra que saísse da sua boca fosse um mandamento.

– O Hugo é um homem incrível...

– Mas... Ele não é o Ricco. – ela arqueia as sobrancelhas e abaixo o queixo como é sua marca registrada.

– Não é isso que eu ia dizer – minto.

– Mas pensou. Eu conheço você Chuchu. Aquele homem pode ser cego e não perceber os olhares que você dá somente para ele. Mas eu vejo. Você esteve assim desde que o conheceu. Não sei se ele é muito burro ou se apenas finge não enxergar. Graças a Deus eles só possuem cérebro em uma das cabeças apenas, caso contrário seriam dois cérebros e um pênis desperdiçado. Os neurônios dos homens só não são mais inúteis porque a cabeça do pênis não tem cérebro.– ela bufa e caímos na gargalhada.

Ricco escolhe esse momento para me ligar. De novo. Viro a tela para baixo, mas é tarde demais, pois a Jô viu seu nome na tela e seu cenho franzido me diz que ela estranhou a minha atitude.

– Luna. Está tudo bem com vocês? – sua voz é baixa e gentil.

– É claro que sim. – sorrio para disfarçar meu blefe.

– Então não aconteceu nada demais para você está ignorando seu grande amigo?

– É isso que estou tentando descobrir. – a voz familiar e sensual surge atrás de mim.

Ele está aqui. Meu Deus dei-me forças para não desmaiar.

Enrijeço de imediato. Ricco cumprimenta Jô sem desviar os olhos dos meus. Sua expressão é impassível, mas obstinada. As palavras fogem quando sinto seu perfume enquanto ele beija minha bochecha e se senta ao meu lado. Os dois encaram-me em busca de respostas. Sinto a boca seca de repente e bebo a água que está ao meu lado como se minha vida dependesse disso.

– E então Luna? Eu fiz algo para você está me evitando de forma deliberada? – seu tom é impaciente.

Olho entre um e o outro decidindo qual seria a resposta mais neutra nessa situação. Preciso de algo que valha para os dois.

– Só não queria gastar o pouco tempo que tenho com Jô falando com você já que estivemos juntos por tanto tempo ultimamente que não me lembro de um momento em que eu estivesse sozinha. – retruco em um único fôlego.

Ricco estuda minhas expressões em busca de algo que desminta minhas palavras. Mantenho minha poker face e volto meus olhos para Jô que olha entre nós dois com os olhos orientais ainda mais apertados em desconfiança.

– Então está tudo bem? – Ricco questiona.

– E por que não estaria Ricco?

Chamo o garçom para fazer nossos pedidos, quando ele dá as costas voltamos a nos encarar os três num silêncio desconfortável.

Ufa! Tá calor aqui ou é só essa tensão entre vocês? – Jô salienta apontando para nós dois.

Nossas bebidas chegam e em seguida os pratos. Faço uma oração de agradecimento por essa interrupção mais que bem vinda. Jô não pode interpretar que tenha acontecido algo, pois isso iria complicar as coisas ainda mais. Tomo meu vinho concentrada como em uma missão. Ricco não desvia seu olhar do meu rosto.

– Se eu não os conhecesse diria que vocês transaram. – Jô diz me fazendo engasgar com o vinho.

Pego o lenço para me secar e dou-lhe um olhar furioso. Ricco parece ter notado que está muito óbvio e desvia o olhar.

– Jolene!

– Maldito seja!

– Acho que já bebeu muitas margaritas. Devemos saber o nosso limite, essa é a nossa regra número um. – uso minha expressão controlada

–Vocês estão muito estranhos. Se o Ricco não fosse gay e agora com esse papo de brocha... Eu diria que rolou algo quente e intenso com certeza.

– É só um boato maldoso ao meu respeito Jô. Eu não sofro realmente de disfunção erétil. Foi tudo parte de um circo para promover alguém. E quanto a sua acusação... – ele me olha – Luna é minha amiga. – diz sem negar.

– Eu imaginei isso Ricco. Desculpe a brincadeira. Eu sei que você está mais para disputar alguém com a gente. – Jô ri de sua própria piada.

O tempo parece estar atrasado ou se arrasta de propósito. Quando finalmente o motorista da Jô leva-a para casa fico sozinha com a fera. Ricco me segue até o meu carro em silêncio, mas a tensão está tão presente como uma terceira pessoa.

Alcanço meu carro e tento me despedir como se nada tivesse acontecido. Ele segura meu braço parando minha atitude indiferente.

– Eu preciso saber que porra está acontecendo. Até quando você vai evitar-me? Sinto muito se passei dos limites. – Ricco diz próximo ao meu rosto.

– Do que você está falando? Qual limite você ultrapassou? – finjo inocência

Sua expressão agora é magoada. Ele encara-me por um tempo, estudando meus olhos em busca de algo que está bem guardado. Não sei se suportaria outra rejeição sua. Ele praticamente já está se desculpando.

– Luna... Você e eu... Do que exatamente você se lembra do carnaval naquela boate? – diz com falso controle.

– Bom. Agora que você falou nesse tom suspeito estou com medo de ter matado alguém. Eu matei alguém Ricco? – tento aliviar o clima, mas estou uma pilha de nervos.

– Você só pode estar brincando. Nós quase... – ele fecha o punho na frente do rosto e morde com força. – Nunca houve uma mulher mais frustrante que você. Diga-me que você está fingindo novamente como fingiu a amnésia no hospital. – seu tom é quase suplicante.

– Ricco. Eu tenho que trabalhar agora, podemos conversar mais tarde?

Ele mexe no bolso e tira uma caixinha preta de veludo, meu coração salta no peito, parece que tomei uma injeção de adrenalina. Ricco abre a palma da minha mão e deixa a caixinha pousar lá. Quando abro meu coração se parte ao meio por ele.

– Eu comprei ontem. Tentei te ligar, mas seu telefone que à propósito funcionou perfeitamente no restaurante, ontem devia estar com algum problema.

Por isso ele me ligou e logo depois apareceu na minha mesa no restaurante. Foi um teste. Ele sabe onde gosto de almoçar. Almoçamos lá várias vezes juntos.

Ricco queria ter me dado o presente ontem enquanto eu queria fugir para o Alasca apenas com a lembrança de tudo. Um par de brincos com gotas de Ágata verde estão presos na caixinha. O brinco possui brilhantes em volta dele. Esses são os brincos mais lindos que eu ganhei na vida. Arfo com a visão do presente. Olho para Ricco sem que saia uma sílaba por meus lábios.

– Eles me lembram seus olhos – sussurra dando de ombros.

– Ricco... Eles são perfeitos. Obrigada. Obrigada. Obrigada. – digo abraçando-o

Ficamos assim por um tempo, abraçados. Nossos corpos relaxam um no outro como se agora tudo estivesse certo. Sinto seu perfume amadeirado e ele está fazendo o mesmo em meu pescoço. Imagens de nós dois na boate passam como um filme. Meu corpo se arrepia com a lembrança.

– Me desculpe eu tenho sido uma grande cadela. Podemos conversar mais tarde. Eu juro que meu telefone funcionará.

– Tudo bem. Eu preciso mesmo conversar com você sobre o que aconteceu naquela noite. Eu fui muito idiota e preciso me desculpar, posso esperar algumas horas. Só por favor, não fuja mais. – ele diz confirmando minhas suspeitas de seu arrependimento.

Mais uma vez a rejeição vem como uma criança má na hora do recreio estapear-me e explodir minha bolha de felicidade. Ele beija meu rosto e sorri, mas eu não consigo devolver-lhe o sorriso. Saio com o carro apressada. Dirijo feito uma louca, ultrapassando o semáforo. Uma pontada de dor fere meu orgulho. Preciso superar isso. Ele é meu amigo gay pelo amor de Deus será que meu juízo derreteu?

Chego em cima da hora ao escritório e graças a Deus estou sozinha. Todos estão em audiência. Melhor assim pelo menos posso lamber minhas feridas.

Á noite quando chego da faculdade tomo um banho e penso em preparar algo para jantar. Estou fazendo hora para encontrar o homem que permeia meus sonhos. Não tenho pressa para ter meu orgulho jogado na lama novamente como há quase um ano atrás na praia.

A campainha toca e estranho que o porteiro não tenha avisado nada, Ricco possui a chave. Ando até a porta e quando abro não vejo ninguém, mas algo chama a minha atenção para o chão. Um pombo. Ele está na minha porta comendo milho e possui algo amarrado em uma das patas. Pego-o no colo e ele fica quietinho como um bom pombo Caseiro. Tiro o envelope amarrado em sua pata e o levo para dentro com seu milho junto. Abro o envelope e vejo que possui uma carta, a caligrafia é conhecida. Sorrio com essa atitude dele.

Ricco.

Buenas noches Luna Llena.

Imagino que esteja estranhando tudo isso. Pois bem. Há uns meses atrás você confessou que achava que a tecnologia havia afastado as pessoas. A priori não entendi, mas posteriormente parei para analisar, e hoje só puedo estar de acuerdo. Ficamos tão acomodados com a disponibilidade que possuímos para falar com quem está longe na hora em que bem quisermos, que não falamos mais. A facilidade de escrever um texto on line é tão grande que aposentamos as cartas. As fotos são postas na "nuvem" e dificilmente saem de lá. Perdemos aquela alegria de esperar para que elas fossem reveladas e guardadas em álbuns ou porta retratos. Em datas comemorativas simplesmente pegamos nossos aplicativos e mandamos um hermoso texto de la internet que alguém fez, mas ouvir a voz da pessoa desejando-lhe feliz aniversário com as próprias palavras ficou secundário. E os lindos cartões de natal, aqueles que costumávamos escolher uma mensagem para cada um, esses sim são pobres vítimas da tecnologia.

Enfim, você me disse que sentia saudade de mandar cartas e perder tempo escrevendo e pensando no destinatário de sua carta. E gostaria de receber cartas e saber que alguém dedicou alguns momentos pensando em você. Você disse que sentia falta de todos os meios antigos de comunicação. Logo, estou te enviando um dos mais antigos e poéticos meios de comunicação. Um pombo correio ou como chamamos na Espanha, Paloma mensajera.

Você pode não saber, mas eu aprendo com você todos os dias e isso não poderei te agradecer como devo. Mas, obrigado. Obrigado por ser minha amiga e ir além do seu papel muitas vezes. Pode não parecer, mas quando estou calado e fecho-me para o mundo não quer dizer que sua presença não me ajude. Você está sempre sendo o que eu preciso e não apenas o que eu quero

Basta de hablar. Esse definitivamente não é seu presente de hoje. O mesmo aguarda por você na piscina do edifício neste exato momento. Estou muito honrado em ser aquele que te presenteia como seu pai fazia.

PS: Não demore ou vou te buscar.

Bezos e abrazos.

Ass:R

Corro para trocar de roupa, não posso ir até ele com essa camisa velha. Confiro o visual no espelho e passo um brilho. Tento me animar com a surpresa mesmo sabendo o que estar por vir. Mas nossa amizade irá continuar e é o que importa. Pior seria se ele quisesse se afastar. Isso sim seria muito triste.

Quando saio do elevador no andar da piscina uma melodia suave me envolve. Continuo andando e vejo Ricco de costas sentando em uma manta xadrez forrado no chão e uma cesta de palha repousa ao seu lado.

Um piquenique! Ele fez um piquenique.

Chocada continuo andando e ele me olha quando o alcanço. Sinaliza para que eu me sente, obedeço ainda sem palavras.

– Vejo que finalmente deixei a falante Luna sem palavras. – debocha sorrindo.

Ele estuda meu rosto por um momento e seu sorriso desvanece. Ele abaixa a cabeça e parece procurar por palavras.

– Vamos fazer nossa refeição, depois conversaremos.

Ele pensou em tudo. Um delicioso lounge toca e sua batida é tranquila, mas também é sensual. A lua está perfeitamente redonda e iluminada refletindo na piscina toda sua beleza. Ele apagou as luzes em volta da piscina por isso a atmosfera está mais intimista. A cesta está farta com uma boa variedade de comida. Ricco me serve com tudo o que eu mais gosto.

Deus como eu desejo esse homem.

Comemos em silêncio. O vinho que ele escolheu é perfeito. Nossos olhares se encontram em alguns momentos, mas continuamos assim como dois estranhos. Mas o que poderíamos dizer? Eu gostaria de ficar presa a esse momento, pois está tudo perfeito, apesar de não falarmos muito. Eu só queria poder aproveitar tudo isso sem essa sensação de que tudo irá desmoronar em poucos minutos.

Quando enfim terminamos de comer eu recolho tudo arrumando na cesta novamente. Tento levantar-me, mas Ricco segura meu pulso e pede para que eu deite ao seu lado na manta xadrez. Faço o que ele pede e olhamos para a lua. Sinto o arrepio familiar com a proximidade do seu corpo. Estamos fisicamente próximos, mas emocionalmente vagamos em mundos opostos. Ele no arrependimento e eu na rejeição.

– Você está muito calada. – sua voz grave e sensual quebra nosso pacto de silêncio.

– Estou apenas aproveitando o momento. – umedeço os lábios apreensiva.

– Você gostou da surpresa? – sinto seus olhos presos ao meu perfil.

– Como eu poderia não gostar? Estava tudo perfeito.

– Então porque estou com essa impressão de que você está decepcionada comigo?

– Isso é tudo o que é. Uma impressão. Nada mais.

Ele balança a cabeça lentamente em concordância, mas não parece acreditar. Ficamos deitados olhando para o céu mais uma vez. Decido aliviar o clima.

– A noite está maravilhosa. – arrisco olhando para a lua.

– Sim. Muito linda. – ele diz em tom terno.

Quando viro para olhá-lo surpreendo-me por perceber que ele estava falando de mim. Fico ainda mais confusa. Se ele está tão arrependido, por que está fazendo tudo tão perfeito para depois se desculpar pelo erro. Eu sei que ele é assim. Um lorde por natureza. Ricco poderia fazer qualquer um cair aos seus pés apenas com poucas palavras e seus olhares misteriosos. Continuo fingindo que está tudo bem.

– Então, obteve algum avanço na piscina? – jogo casualmente.

– Teremos que tocar no assunto em algum momento Luna.

– Qual assunto?

– Realmente? Você vai continuar com isso? Como se fosse apenas um sonho?

– Eu não sei do que você está falando. Tenho que agradecer novamente pelos brincos, ele são incríveis. – mudo de assunto.

– Para Luna. Porra... Cristo! Como você consegue dissimular assim na cara dura?

– Nós já passamos por aqui Ricco. Não vou continuar por esse caminho. Eu sei exatamente o que você vai dizer.

– Sabe?

– Sei! – digo um pouco mais alto do que deveria e fico sentada.

– Ok. Então compartilhe comigo. – ele fica sentado também e gesticula com as mãos para que eu prossiga.

– Você vai se desculpar. Vai dizer que foi algo idiota. Não deveria ter deixado chegar naquele ponto.

– Sim. – ele diz derrotado e meu estômago retorce com sua confissão. – Sinto muito por tudo. Eu fui um grande idiota e...

– Tudo bem Ricco. – apaziguo como sempre, mas meu interior ferve.

– Deixe-me terminar. Realmente não foi minha intenção. Eu só queria...

– Bem, foda-se. – explodo não me contendo mais.

– Desculpe. O quê?

– É isso. Foda-se seu arrependimento. Eu sei que não sou experiente e você não gosta de mulheres, mas daí me inferiorizar dessa forma já é demais. Se você quer pegar o momento e se enfiar como um tatu em um buraco do arrependimento, ótimo. Eu não me arrependo Foi gostoso pra cacete e se eu pudesse faria tudo de novo.

– Luna estou pedindo desculpas pela forma como te tratei a noite toda e não por tudo o que houve naquela porta de metal.

– Exatamente. Você... Espera, como assim? – fico surpresa após processar suas palavras. Ele sorri de lado para minha confusão.

– Eu sinto muito por não ter dito em cada porra de segundo como você estava linda. Eu sinto muito por tê-la ignorado a noite toda por ciúme. Mas eu nunca vou me arrepender por ser o primeiro homem a lhe dar um orgasmo. – honestidade transborda em cada palavra.

Me calo diante de sua confissão. Estou atordoada com tudo. Ele estava com ciúme? Mas de quem? E por quê? Eu não conseguia pensar em nada além de sua distância após sua declaração de que eu estava ofendendo as dançarinas de flamenco. E ele gostou de ter me levado ao clímax?

– A mulher mais frustrante do mundo. – ele sorri e balança a cabeça.

O silêncio retorna, mas agora não possui a camada espessa de incerteza. Estamos em concordância. O beijo e tudo o que ele propiciou não foi um erro. Mas e agora? O que vem a seguir? Eu não esperava por isso. Inferno, eu não esperava por nada do que aconteceu desde sábado até agora.

– Você ainda quer? – ele me olha em expectativa?

– Q-Quero o que? –gaguejo como uma colegial.

Venho seu pomo de Adão subir e descer conforme ele engole em seco. Seu olhar é cauteloso e ele suspira e solta o ar, seu dedo indicador bate nervosamente na manta enquanto ele decide como vai dizer as próximas palavras.

– Peça. Peça seu presente de aniversário. Qualquer coisa.

Meu coração acelera de repente e já não tenho certeza se estou respirando. Mil pensamentos nublam a minha mente. Incerteza sobre o significado de suas palavras. Eu estou quase crendo que ele quer que eu faça a proposta novamente.

– Posso pedir algo que já pedi antes? – insegurança é o tom que regi minhas palavras.

– Você me ouviu. Qualquer coisa. Desde que não atrapalhe minha carreira.

Tomo uma profunda respiração. Seus olhos estão em chamas. Tenho a impressão que ele pode ouvir meu coração. Ricco não desvia o olhar do meu, aguardando minha pergunta. Engulo nervosamente.

– Você... Poderia me ajudar... Você pode me ensinar tudo o que sabe sobre sexo? – disparo de uma vez.

– Apenas sexo. Você sabe que seria apenas isso certo? Duro e cru, desprovido de sentimentos? Reconhece que no momento em que eu for chamado voltarei para a Espanha e tudo acaba sem mágoas ou arrependimentos? Você entende que somos amigos acima de tudo e não tenho intenção de ultrapassar essa linha e perder sua amizade a qual eu prezo muito?

– Sim. – falo com palavras e o olhar.

– Nesse caso vizinha, teremos muita coisa para fazer daqui para frente. Quando você quer começar? – seus olhos tornam-se escuros e cheios de promessas.

Leva um tempo para a ficha cair, recupero meus sentidos e digo a única resposta para essa pergunta. Ainda que meu cérebro ordenasse outra coisa meu corpo não obedeceria e como um rebelde apenas diria...

– Agora.

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Oie Chuchuzinhos!

Eita que esse capítulo começou devagar quase parando hein! Mas eis que surge ou melhor ressurge a proposta. 

Então... Que comecem os jogos.

Preparadas?

Na próxima semana TEM!!!!!! 

Aja banho frio pra vcs kkkkkk

  Comenteeeeeem por favor.  

Beijos

Até a semana que vem.

Fui . . . 

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