Jean e Sammy abraçam o amigo que sai carregando a pequena mala, usando uma calça social e uma camisa branca, Sammy lhe dá tapas em suas costas, estava feliz em ver o amigo do lado de fora.
- Que bom que saiu Yan!... Feliz em ver você aqui do lado de fora... Não merecia viver isso!
- Vamos para casa!... - Ele sorri, mas ainda triste.
- Animo meu amigo!... Falta pouco e terá sua vida de volta!... -Diz Jean abrindo a porta do carro para ele.
- Que vida Jean?... Não existe mais!
- Claro que existe!... Terá chance para recomeçar tudo de novo!
- Mas não tenho Célia para dividi-la comigo... - Ele se cala e olha para as mãos com a aliança no dedo.
Sammy se senta ao seu lado e seguem calados para o apartamento, Julia está saindo assim que estacionam, mas ela não os vê e entra no Honda Civic estacionado logo em frente, Yan ainda tenta descer do carro, queria vê-la novamente, mas ela sai deixando-o na calçada, mas Julia o vê assim que olha pelo retrovisor, mas segue, estava debilitada demais, mas pega o celular e liga para Sammy.
- Oi Sargento Biderman!
- Sammy... Acabei de passar no apartamento e está tudo limpo e chequei tudo... Podem entrar tranquilamente!
- Obrigado Sargento... Nos vemos logo mais a noite!
- Ok!
Julia desliga e respira fundo, Sammy fala para Jean que o apartamento acabou de ser checado e que está tudo em ordem e livre de perigo e entram calmamente, o perfume de Julia está no ar e Yan o inspira e fecha os olhos.
- Finalmente em casa em?!... - Diz Jean batendo em suas costas. - e que apartamento?... Bom gosto!
- Obrigado!... Mas estava querendo vender, quando tudo aconteceu!
- E por que venderia?
- Por que pretendia me casar e ter filhos queria uma casa com jardim... Como a que... Eu e Célia tínhamos no Brasil!
- Você ainda a tem!... É só voltar e toma-la para si!... - Diz Sammy se sentando no sofá.
- A casa está no nome de Célia... Como morreu... Foi para a mãe eu presumo!
- Soraia?... Jamais vai por a mão naquela casa!... A hora que requerer, ela te entrega... Não precisa daquilo e sabe que você comprou para viverem juntos... - Sammy o encara sentado no sofá.
Yan não responde e vai para o quarto, tudo estava perfeitamente arrumado, abriu seu guarda roupa para guardar suas roupas e pôs a mão na cintura, as camisas estavam separadas por cores como Célia tinha costume de fazer, fechou as portas e respirou fundo, alguém estava querendo o enlouquecer, respirou fundo e abriu novamente e pegou tudo e jogou sobre a cama com raiva e aos prantos, queria gritar e sair correndo dali, Jean escutando o barulho vai até o quarto e o olha surpreso com a bagunça que ele estava fazendo e vai até ele que se senta no chão encolhido, parecia um menino acuado e apenas o consola e deixa chorar.
Meia hora depois Jean está colocando tudo dentro do guarda roupa, mas da maneira dele, sem ordem de cores, Yan o observa ainda encolhido no chão, mas não chorava mais.
- Me conte o que aconteceu?!...Se sente melhor?
- Não!... Quero me jogar desta janela agora!... Posso?!
- Não pode!... Deixe para fazer isso depois do julgamento e quem sabe até lá muda de ideia!
- O que me faria mudar de ideia!... - Ele passa a mão no rosto.
- Mulher!... - Jean sorri e balança a sobrancelha e faz Yan rir desconcertado.
- Nunca mais vou me casar!... - Diz ele desanimado. - Não tenho sorte... Todas que eu me apaixono e quero construir uma vida... Morrem!
- Que horror!... - Jean termina de por á ultima camisa e fecha as portas. - Não generalize assim sua vida!... Pode muito bem encontrar alguém que não vá morrer!
- Só se fosse à loura platinada com raiva do mundo e dos homens!... - Diz ele de supetão.
Jean começa a rir sem parar e Poe a mão na cintura e o olha achando divertido.
- Você tem razão!... Às vezes acho que ela nem de homem gosta!... - Ele ri.
- Puta merda!... - Ele passa a mão no rosto. - Célia quando me apresentou os pais foi uma festa, todos achavam que ela era gay, só por que dividia o apartamento com uma amiga de faculdade... - Ele balança a cabeça se divertindo ao se lembrar daquele dia.
- Jura?!... Célia, Gay?!... - Jean ri mais ainda. - Realmente os pais dela não a conheciam!
- Por que fala isso?... - Yan o olha desconfiado.
- Bom!... - Ele coça a cabeça. - Ela e Sammy tiveram um namorico rápido quando treinou com a gente para se tornar uma agente infiltrada da INTERPOL.
- Então... Ela era agente mesmo?!
- Sim!... Mas era confidencial Yan, para todos ela era apenas uma estudante de advocacia e mecânica.
- Que... Filha da mãe!... E ainda namorou o Sammy?!
- Não foi bem um namoro... Foi... - Ele fica sem jeito.
- O que estão falando de mim?... - pergunta Sammy entrando no quarto.
Yan e Sammy se encaram, e ele acha estranho o olhar do amigo.
-Por que nunca me disse que teve um caso com Célia?... -Pergunta Yan chateado.
-Por que não foi importante!... Só você conseguiu aguentar aquele gênio do cão!... - Diz ele se virando e voltando para a sala, Yan vai a traz.
- Gênio do Cão?... - Yan pega em seu braço. - Me explique esse gênio, por que não o conheci!
- Célia era arredia, Yan!... Não era tudo que aceitava e me encarava quando se sentia contrariada ou pressionada!... Quis Célia como você quis, mas ela me rejeitava e me queria... Até que foi embora, sem dizer adeus!... Essa era Célia!... Mas depois descobri por que era assim!... Um tal de Eduardo vivia perseguindo e não dava paz... Resolvi esquecer... Era doentio ver Célia ser dominada tão fácil.
- Você conheceu esse cara?!... Acha que mesmo comigo o amava?!
- Não!... - Sammy sorri passando tranquilidade. - Ela realmente te amou!... Era visível em seus olhos e o que ela fez por você, muitas não fariam!... Rarven foi uma destas que se mandou e te largou no meio do fogo cruzado, mas Célia!... Essa apanhou muito para não te entregar!
Sammy enxuga o canto do olho ao se lembrar de como ela estava pendurada e praticamente morta e sem conseguir segurar ele chora.
- Nunca mais quero ver o que eu e Jean e Gaby vimos naquele navio... Jamais vou me esquecer da cena. - Ele se senta no sofá.
- Me conte como ela estava?... O que fizeram com ela pelo amor de Deus!... - Yan se senta a sua frente, sua voz era de suplica.
- Não consigo contar!... Mas acredite... Foi horrível e não queira saber, nunca queira saber... - Ele se encosta e olha para fora, o dia estava lindo, mas fazia frio e secas as lágrimas.
- Jean?... Conte-me!...- Yan o olha sobre o ombro.
- Melhor não Yan!... Conserve sua imagem na memória, viva e alegre como sempre foi!
- A ultima vez que vi Célia ela me expulsou de casa...
- Bem!... Essa parte eu explico!... - Jean se senta a sua frente. - Assim que desceu do carro tivemos uma conversa, eu a informei de que você vinha se comunicando com seus pais por e-mail e através destes e-mails você foi descoberto e já sabiam onde acha-lo e precisávamos tirar você de casa, Célia insistiu em ficar e por você para fora, seria a única maneira de te proteger... Falei para não fazer isso, mas ela queria terminar logo com esse sofrimento e fez o que fez.
- Foi minha culpa!... - Ele passa a mão nos cabelos exasperados.
- Não foi sua culpa... Uma hora ou outro eles te achariam, era questão de tempo!
- O que aconteceu?... Como pegaram Célia?
- Ela não conseguiu chegar ao quarto de segurança... Foi baleada superficialmente, mas conseguiu matar um... No navio ela matou três!... - Ele sorri. - Célia era boa no gatilho!
- Imagino!... Gostaria de vê-la em ação, deve ser emocionante!... – Ele sorri. - Essa moça... Biderman!... O que aconteceu com ela?... Me disse que também foi vitima desses canalhas!
Sammy e Jean se olham e Jean volta a olhar para Yan e respira fundo e se cala e balança a cabeça negativamente.
- Também não vai me contar sobre isso?!
- Não!... - Jean baixa a cabeça demonstrando tristeza.
- Ela não namora?... Não tem ninguém?
-Vive para o trabalho e tem sede de vingança que nos assusta até!
Yan franze o cenho, queria entender melhor.
- Diz que só vai esperar o julgamento... E vai matar Jacob... Ela mesma disse isso a ele quando ficou cara a cara no presídio logo que chegou...
- Acha que fará isso?
- Acho!... - Diz Jean torcendo a boca.
- Jesus!... - Yan Poe o braço no encosto do sofá e fica pensativo. - Pode ser presa por isso e perder a patente e o emprego.
- Não tente entender a mente de Julia!... Não vai conseguir!... - Diz Sammy.
- E você conhece bem a mente dela?
- Não!... Mas já vi mulheres vingativas... E são pior que monstros famintos!
Todos se calam, Sammy se levanta e vai para a cozinha e esquenta o almoço que tinha na geladeira de um restaurante próximo dali e chama todos para comer.