Yan está deprimido, não conversa com ninguém, não se alimenta direito e chora muito as noites, outros presos no começo o achavam presunçoso, mas logo souberam por que ele estava assim tão calado e deprimido, no banho de sol se jogava em um canto encolhido e enterrava a cabeça nos braços e passa o dia assim, muitos chegam e puxavam conversa, mas ele se mantinha calado, o álbum de casamento era sua única companhia, praticamente tirou várias fotos dele com Célia do Álbum e grudou na parede e passava horas olhando e relembrando seus momentos com Célia, a noite que se amaram depois que foi apresentado como marido, as celas ficavam abertas até as dez horas e todos podiam se movimentar livremente e um rapaz para na porta da cela de Yan e olha para a parede onde ele estava com o olhar fixo.
- Ei Cara?... Vamos conversar?... Você precisa falar e tirar essa dor do seu peito!... Você vai ficar doente deste jeito. - O rapaz se aproxima e se senta ao seu lado e o olha e olha para as fotos na parede. - Linda sua esposa!... Deve ter orgulho dela!?... -Ele solta um sorriso triste e olha para Yan que o fita com aqueles olhos azuis. - Sou Steven.
- Yan... - Ele fica encarando Steven.
- Puxa!... Você fala!... - Steven ri tirando um sorriso dele. - Sabemos o que aconteceu com você... Sua esposa foi corajosa meu rapaz, muitas não fariam o que ela fez por você...
- Do que adiantou toda essa proteção... Ela se foi e só restou isso?!... - Ele aponta para os retratos. - Lembranças e mais lembranças...
- Sei a dor que está sentindo!... Mas tem que se fortalecer e por aqueles caras na cadeia definitivamente!... - Ele puxa o ar e olha para as fotos. - Só assim você vai ter paz... Sabendo que estão pagando pelo que fizeram, não só a sua esposa, mas com outras mulheres e pais de família.
- Você diz como os conhecessem!?... - Yan o encara, parecia que o conhecia de algum lugar.
- Estou aqui pelo mesmo motivo que você!... - Steven o olha. - Sim!... Eu também era gerente de um banco, mas na Inglaterra, fugi para cá... E acabei preso... Minha ex-mulher morreu no meu lugar...
- Sinto muito!... - Yan volta a olhar para as fotos.
- Preciso de você bem Yan!... Só você para nos tirar desta prisão... Ter o nome limpo de novo, poder trabalhar e ter dignidade.
Yan não diz nada, apenas puxa o ar pela boca e o solta rápido, não sabia nem como iria se defender, simplesmente o soltaram lá naquela cela e foram embora, nenhum advogado veio falar com ele, só restava esperar e ser julgado junto com os outros.
~~~
Quinze dias se passam, Célia está ao telefone discutindo alguns tramites legais, queria noticias de Patrick e de seu processo e sobre os demais, queria-os na cadeia e pena máxima, Soraia entra e a escuta falar e torce a boca, não queria que ela se intrometesse no processo de Patrick, não queria a filha perto dele novamente e muito menos Gaby, Célia dá instruções e desliga e olha para sua mãe.
- Vamos conversar agora?
- Não quero saber...
- Mas vai me escutar... - Célia se senta com dificuldade na cama, a perna esquerda dói muito, mas ela se senta mesmo assim e dispara a falar. - Eu estava namorando um homem casado mamãe antes de Patrick aparecer na minha vida, não sabe o quanto lutei para ficar longe deste caso... Achei que jamais alguém ocuparia meu coração do jeito que Patrick ocupou... Amo muito e mesmo não o aceitando... Eu vou me casar com ele e vou trazê-lo de volta... Terei a família que eu e ele planejamos... Eu sei que se eu ficar sozinha... Vou ter uma recaída e voltar para os braços de um homem casado com dois filhos pequenos e vou viver assim, sem esperanças e sem uma família... Patrick é bom!... Todos nós convivemos com ele e você o amava como um filho, papai confiava nele e o tempo todo ele me dizia que eu tinha que viver para transformar a vida de Patrick e é o que vou fazer mamãe... Não vou poder ir a audiência, mas assim que eu estiver bem, recuperada e poder viajar...Eu vou buscar o meu marido e eu vou me casar com ele e vou ter o nosso filho como era para ser... Mas desta vez ele tem um nome, um RG... Ele vai poder dar um nome de verdade para o nosso bebê.
- Você acha que vai te esperar Célia?... - Soraia a encara revoltada.
- Eu vou investigar primeiro e se ele estiver bem e feliz... Eu volto e cuido da minha vida... - Célia suspira. - Mas sim!... Acho que ele vai me esperar!
- Você quase morreu por causa de sua tia e por causa deste homem... Perdeu meu neto... - Soraia chora.
- Eles não me jogaram na cova dos leões mãe!... Fui eu quem me entreguei... Tinha todas as chances de me esconder, de não ser pega... Mas eu queria terminar isso e deu certo e mesmo se eu morresse, iria feliz por que... Patrick finalmente estaria livre e eu seguiria com meu pai.
- Você é egoísta!... Você não pensa em mim e nem como sofri em escutar que estava morta...
- Eu sei o que sofreu, mas não tem ideia do que eu sofri na mão daqueles canalhas... Outras mulheres não tiveram a sorte que tive mamãe e penso nelas também... Inclusive em Rarven, a primeira esposa de Patrick... Ela está morta mãe... ficou quinze dias sofrendo tortura e sabe lá mais o que!... Aquele Jacob é um pervertido... Ele estupra e mata sem dó... Ele manteve uma moça por uma semana em seu quarto, amarrada e amordaçada...
- pare!... Não quero escutar!
- Mas vai escutar!... -Diz Célia nervosa e Poe a mão na lateral das costelas. -Vai ouvir por que não pode virar as costas para isso!... Eu dei sim a minha vida para que mulheres como essa garota e como Rarven não sofresse mais esse tipo de abuso!... Eu não sofri abuso por que fui esperta, mas muitas não conseguiram usar suas espertezas... Por favor?... Confie em Patrick e acredite... Ele é um homem bom.
Soraia não responde e continua chorando e vai até a filha e a abraça com carinho e passa a mão em seus cabelos, se sentia tão deprimida pela perda do marido e pela quase morte de Célia, a dor que sentiu era como ter tirado algo dela e temia em perder a filha novamente e temia que Patrick fosse seu fim.