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— Isso Angelica desgraçada, pega as procurações da lama coma boca. ACABA COM ELA BELLA — eu disse olhando para a TV enquanto assistia Marimar. Noah estava me olhando e parecia um pouco assustado.
A mulher na TV ficou toda suja de lama e eu me joguei no sofá satisfeito.
— A vingança é doce e tem gostinho de chocolate — ele ainda estava me olhando sem mostrar algum tipo de reação. Criatura perturbada. — Vai começar a Usurpadora, isso sim é novela de verdade. NÃO, NÃO, NÃO, NÃO. Pior que o Carlinhos é a Paulina santa do Pau oco querendo ser condenada no lugar da Paola. Eu odeio essa mulher, olha para aquilo ali Noah, se eu fosse a Paola já tinha jogado acido nessa coisa escrota. Acabou novela pra mim hoje, a unica hora do dia em que eu sou feliz de verdade!
Desliguei a TV e fiquei olhando para o Noah.
— Quantas vezes você já tomou banho hoje?
Ele apenas levantou os braços sem responder.
— Tenho certeza que não foi só uma vez e mesmo assim o Rafael colocou a mesma roupa em você... Você ainda usa fraldas?
Ele negou com a cabeça.
— Tudo bem... Vamos comprar algumas roupas para você, mas não se sinta amado, só estou fazendo caso eu me canse de você e te deixe na porta de alguma família, não posso simplesmente deixar uma criança mulambenta como se fosse filho da Kendra.
Ele mais uma vez ficou me olhando.
— Já vi que bater papo com você é muito divertido. Vem, vamos sair daqui.
Ele mais uma vez levantou os braços pra mim.
— Deus te deu duas pernas, elas não estão ai de enfeite. Vamos aprender como usá-las. Primeiro você.
Ele ficou me olhando, mas passou por mim e eu fui logo atrás, peguei meu celular, minhas chaves e os cartões do Rafael, como era filho dele, o dinheiro gasto também seria, por que se tem uma coisa nesse mundo que eu não sou é...
Bom, vocês já sabem.
***
Quando chegamos no shopping, fomos diretamente para a loja onde vendia as coisinhas de bebê já que Noah é bebê não é mesmo? Enfim, ele ficou olhando para os ursinhos com os olhinhos brilhando.
— Não... Não, vamos comprar roupas primeiro, não adianta olhar com esses olhos de vira-lata sarnento. Viemos aqui vestir você. Aposto que você só tem essa roupa, que sua mãe não te deu roupinhas novas.
Ele ainda ficou me olhando.
— Você é uma criança insuportável.
— Isso não é jeito de falar com seus filhos.
— Ai que susto — eu disse colocando a mão no peito.
— O garoto com certeza não sabe falar muito e você fica xingando ele de insuportável.
— Sim, eu xingo ele de insuportável e xingo a senhora também, vem cá eu te conheço? Não, obvio que não! A senhora é feia, geralmente gente feia mexe com o nosso consciente deixando uma cicatriz irremovível. Por isso eu sempre lembro da cara da Kendra.
Ela e o homem ficaram me olhando como se eu fosse algum ser humano louco, mesmo sabendo que eu sou um ser humano normal.
— Isso é bem a cara de vocês jovens, sempre pensam mais com a cabeça de baixo e e acabam engravidando as meninas, agora fica ai renegando o menino.
— Amor... Ele é gay — o homem disse no ouvido dela.
— O quê?
— Minha senhora, olha pra mim! Eu exalo homossexualidade, eu não sei por que vocês héteros sempre acham que eu faço parte da sua raça ruim. E outra, ele não é o meu filho, é o meu irmão, olha só como somos parecidos. Ele é o bastardinho. E é claro que eu sou mais bonito.
O homem que estava com a mulher me lançou um pequeno sorriso e concordou com a cabeça. Eu meio de dei um sorriso para ele, mas logo em seguida eu me lembrei de que tinha um noivo e estava com um esperma dele do meu lado. O Noah! E que aquele homem com certeza era casado com o retorno da múmia.
— Bom, não estou aqui atoa. Tenho que comprar coisas para o meu irmão.
— Quero chocolate.
— Agora você sabe falar? Quando chegar em casa eu vou te dar remédio.
— Mas não estou doente.
— Eu sei, mas é amargo. Acho que você vai sofrer.
Eu disse sorrindo e pegando na mão dele.
***
Quando chegamos em casa, eu abri a porta e vi que Rafael estava andando de um lado para o outro. Quando ele me viu veio correndo até a minha linda e glamourosa pessoa.
— Onde está o Noah? — ele perguntou enquanto segurava os meus braços.
Logo a pequena criatura entrou no apartamento lambuzado de sorvete de chocolate e tentando puxar uma sacola.
— Só para constar, a sacola estava pesada e Noah de propôs a carregar. E ele disse que é um agradecimento já que eu comprei vários ursinhos para ele. Com o meu dinheiro.
Só que não.
— vem cá... — ele pegou o garoto no colo e lhe deu um abraço apertado.
Eu peguei as outras sacolas e coloquei-as para dentro. Olhei para o Rafael e fiquei esperando um pedido de desculpas, que não veio, mas por que um pedido de desculpas? Por que ele pensou que eu joguei o filho dele no rio.
— Estou esperando.
— O quê? — ele perguntou com as sobrancelhas juntas.
— Um pedido de desculpas.
— Por quê?
— Por que você achou que eu tinha me livrado do seu filho!
— Isso não é verdade!
— É verdade sim, só a maneira que você agiu quando eu cheguei aqui deixou tudo muito claro, mas fica tranquilo, não sou o tipo de pessoa que tenta matar um criança, as únicas pessoas que eu tenho matar são aquelas que sabem se defender, deixa as coisas muito mais divertidas.
— Diego...
— Não quero falar com você. Eu tirei do meu dinheiro para comprar roupas para o seu filho, para comprar comida. Mas tudo bem, é esse tipo de tratamento que eu mereço, será que sou digno de criá-lo? Será que sou digno de cuidar dele ao seu lado... Eu não sei mais de nada... Não... Não diz nada, não piore as coisas.
Eu disse chorando e limpando as lágrimas, quando cheguei na cozinha limpei minhas lagrimas, abri um enorme sorriso e fui procurar alguma coisa para eu comer, Paola dá boa aulas de atuação, eu mereço um Oscar.
Rafael veio logo atrás com o seu filho sujo de chocolate.
— Diego... Vamos conversar... Olha, eu só fiquei assustado, você costuma ameaçá-lo muito.
— Tudo bem... Eu só não quero falar agora... — eu disse limpando as lagrimas, acho melhor cada um ficar na sua no momento, eu... Com licença, vou comer alguma coisa no restaurante da esquina.
Sai de casa batendo a porta.
Mc Donald's era o que eu precisava no momento.
E muitas batatas.
Carregar sacolas me deixou fraco.
XXX
Olá aberras.
Tudo bom?
Que bom....
Eu quebrei meu celular... Eu rasguei o meu pé... Eu ainda não tenho um emprego (na verdade isso eu não tenho por escolha própria, num guento trabalhar não, tenho o psicológico fraco para esse tipo de coisa).
Bom, é isso.
Beijinhos nos corações.
PS: HOJE É UM SÓ.