Ao entrar no Shopping mando uma mensagem para Ivy avisando que cheguei e que esperarei por ela no Starbucks, Santo Lugar! Vejo algumas vitrines e rumo para meu ponto de encontro, entro na fila para fazer o pedido e logo chega minha vez. Peço um cappuccino com calda de caramelo e vou ao caixa pagar. Aguardo até chamarem meu nome e pego meu delicioso cappuccino indo para uma mesa.
Estava distraída navegando nas minhas redes sociais quando um corpo ocupa a cadeira em frente à minha. Levanto a cabeça e vejo um rapaz de pele pálida, olhos castanhos escuros, esguio, cabelos quase pretos, tatuagens cobrindo os braços, pricing no lábio inferior...
Entrei em estado de choque e ele notou, abriu um sorriso quase demoníaco o fazendo parecer pura trevas.
-O que v-você está fazendo aqui?-balbucio sentindo minhas mãos ficarem trêmulas e instintivamente largo o que segurava.
-Olá, amor - diz ele com desdém. -Como vai? Continua linda...
-Vá embora, Anders - digo tentando ser firme, mas acho que não soou convincente o bastante, pois ele alargou mais o sorriso em seus lábios.
-Eu sei que lá no fundo, você não quer que eu realmente vá embora, Lauren - diz ele pegando meu cappuccino e bebendo.
-Só se for no fundo do inferno -digo entre os dentes, mais para evitar gaguejar do que qualquer outra coisa.
-Ouvi falar que lá é quente, então...
-O que você está fazendo aqui seu parasita? - esbraveja uma voz suave, porém firme. Nem preciso virar para saber quem é.
-Ah, olá Ivy... - dizia Anders.
-Corta essa! Não me venha com esse papinho de merda, seu filho de uma... - gritava Ivy, me levantei e coloquei a mão em sua boca.
-Você está fazendo um escândalo Ivy... e ele não vale a pena - digo olhando para Anders com desgosto.
Ivy respira fundo.
-Tudo bem - diz Ivy pegando meu celular. - Vem, vamos embora e você - aponta para Anders - fique longe dela!
Ivy me puxa pelo braço e seguimos para fora do Shopping, deixando as pessoas olharem Anders como se ele fosse um animal de zoológico.
-Não acredito que ele conseguiu estragar nosso dia... - murmura Ivy irritada.
-Nunca vi você tão brava antes -comento e ela me olha com a expressão mais suave.
-Eu mesma não me reconheci - disse ela dando sinal para um táxi. - É que aquele parasita realmente me tira do sério.
Solto um suspiro e entro no táxi logo atrás de Ivy.
-Por favor, leve-nos a um outro Shopping - diz Ivy ao motorista, ele apenas assente.
-Sabe, às vezes me surpreendo o quão protetores você e León conseguem ser - digo com um leve sorriso. - E eu gosto disso.
Ivy pagou a corrida sobrando para mim pagar o almoço hoje. Mas antes de comermos vamos ao principal foco, o motivo pelo qual estamos aqui: roupas novas!
Eu amo fazer compras e sou viciada em moda, tanto que pretendo cursar moda no ano que vem. Ivy também vai fazer faculdade de moda, mas ela não é tão fã assim, apenas faz porque temos um objeto que trilhamos desde os quatorze anos de idade.
-Esse Shopping é bem melhor que o anterior, não acha? -pergunta Ivy enquanto entramos em uma loja.
-Concordo... nós já viemos aqui antes? - pergunto incerta.
-Não sei, talvez sim...
-Que lástima... nós vamos a tantos Shopping's que parei de decorar seus nomes... também faço isso com os garotos - digo e rimos.
-Oi, moças bonitas - diz simpático um atendente bonito. - Posso ajudar?
-Olha, confesso que meu quarto precisa de uma bela faxina, especialmente minha cama - digo fazendo-o sorrir, Ivy me dá uma cotovelada na costela e rio. - É brincadeira, Ivy.
-Desculpa moço, minha amiga gosta de ser engraçadinha - diz Ivy e o rapaz sorri.
-Sem problemas, fiquem à vontade - diz ele simpático. - Se precisarem de ajuda meu nome é Casey.
-Com certeza iremos precisar de ajuda, Casey - digo com um sorriso e ele se afasta rindo.
Olho para Ivy e vejo suas bochechas vermelhas.
-Eu vou te matar... - murmura ela me agarrando pelo braço e indo para o fundo da loja.
-Eu amo fazer você passar vergonha! - digo gargalhando.
-Você faz isso de propósito, não faz? - pergunta Ivy olhando as araras com vestidos.
-É claro que faço, não tem preço te ver assim! - digo sorrindo e ela me olha feio. - Okay, agora vamos procurar pelo nosso look de hoje.
Experimentamos diversas peças de roupas e só para deixar Ivy com mais vergonha pedi a ajuda dos atendentes disponíveis e por incrível que pareça aqui só trabalha homens. Ivy ficou parecendo uma cereja, ela é tão fofa com vergonha que não pude deixei de rir por um só momento.
-Você é uma tremenda vaca! - diz ela quando estávamos pagando as compras.
-Não seja mal educada Ivy, ou eu não pago seu almoço - digo com um sorriso.
Estávamos saindo da loja quando me viro para a mesma e coloco um largo sorriso no rosto.
-Tchau garotos! - digo em tom alto acenando para os atendentes, eles correspondem ao meu aceno. - Se quiserem ligar para minha amiga deixei o número dela no provador três!
Olho para Ivy e ela está de olhos arregalados, ela segura meu braço e me arrasta para longe da loja. Eu, como a boa amiga que sou, gargalho até ficar completamente sem ar.
Depois de ter deixado Lauren no Shopping fui para o meu trabalho, uma empresa de consultoria. Meu pai fundou ela para mim, há cinco anos atrás, na época ele disse que queria investir seu dinheiro em alguma coisa que desse lucro e quando tivesse responsabilidade o suficiente eu assumiria as rédeas da empresa. Não demorou muito para que isso acontecesse, meu QI sempre foi mais alto do que a maioria das pessoas. Com quinze anos terminei o ensino médio e desde então faço faculdade, mas antes de gerenciar a empresa tive que fazer alguns cursos e hoje estou aqui administrando tudo.
-Bom dia , Sr. Cooper - diz minha secretária Rosie, uma mulher de trinta anos que agora está grávida.
-Bom dia, Rosie - digo a caminho da minha sala.
Tentei deixar minha sala o mais confortável possível, há uma longa janela com vista para a cidade, uma escrivaninha longa e preta, cadeiras confortáveis, prateleiras com livros, alguns portas retratos e outras coisas. Lauren me ajudou a "decorar" e confesso que fizemos um bom trabalho.
Estava analizando alguns papéis quando alguém bate à porta, levanto o olhar e vejo minha secretária.
-Com licença, Sr. Cooper - diz ela e vem até minha mesa. - Como o senhor sabe, estou grávida há quase oito meses e minha licença começa a partir da semana que vem.
-Sério? O tempo passou tão rápido, parece que foi ontem que você me deu a notícia de sua gravidez - digo e ela abre um sorriso.
-Verdade... Bom, sabendo que o senhor não teria tempo de ir atrás de uma secretária temporária eu separei alguns perfis para o senhor dar uma olhada - diz ela me entregando uma pasta.
-Ah, obrigado - digo abrindo a pasta. - Pode ir, depois te chamo para dar minha resposta.
-Sim, senhor - diz Rose e me deixa só.
Dou uma olhada no curriculum das três candidatas e escolho a que apresenta mais qualificação para o cargo.
Nome: Suzanne Garcia
Sexo: feminino
Idade: 23 anos
Estado civil: solteira
Formação: ciência da computação
Universidade: University of Oxford
Cursos complementares: administração e design gráfico
Objetivo: contribuir para o desenvolvimento da empresa e o meu crescimento profissional.
Email de contato: **************
Entreguei o currículo para Rosie e a instruí para que a moça comece a trabalhar na segunda-feira.
-O senhor não vai entrevista-lá primeiro? - perguntou Rosie.
-Não será necessário, apenas diga que eu espero um trabalho tão bom quanto o seu - digo e ela abre um sorriso como forma de agradecimento.
Volto para meu escritório e continuo de onde parei até a hora do meu almoço. Depois do almoço volto para o escritório e fico nele até terminar todo meu trabalho. Minha semana se baseia praticamente nisso e é tão monótona que enche o saco. Odeio tudo o que é monótono.
Hoje a noite está fria e quase não há estrelas no céu, a lua aparece tímida entre as nuvens. Era quase onze horas quando virei a esquina do Memi's Choco, a rua estava vazia, as casas e os estabelecimentos cheios com pessoas tentando se manter aquecidas. Além de fria, a rua está escura, todos os postes de iluminação estão apagados sobrando assim só os faróis do carro e a luz da lua para iluminar brevemente.
Virei a cabeça para pegar minhas chaves, o que durou pouquíssimos segundos, e quando tornei a voltar minha atenção para a rua um corpo estava a menos de um metro de distância do meu carro, pisei no freio instantaneamente. O carro parou bruscamente. Soltei meu cinto e saí do veículo.
-Você está bem? - pergunto indo com cautela até a pessoa petrificada na frente do meu carro. - Ei, você se machucou?
Identifiquei ser uma garota por causa dos longos cabelos, ou pelo menos acho que é uma. Ela virou lentamente o corpo em minha direção, seus olhos estavam arregalados e assustados.
Cruzei os braços e abri um sorriso, ela abriu os braços e disse:
-Surpresa?
A mãe de Ivy, Dianna, foi nos buscar no Shopping às quatro da tarde. Estávamos de barriga cheia, mas a mãe de Ivy insistiu para que fossemos a uma doceria nova e nos empanturramos de doces. Às seis da tarde cheguei em casa, minha mãe estava na sala com nossos cachorros: Lola, Tom, Rupert, Molly, Bob e Sheik.
Eles são os netos de Ruffs e Mel.
-Lauren, querida - chama minha mãe, paro na escada e me viro.
-Hum? - digo e ela faz um sinal, desço os degraus e vou até a sala.
-Você ainda está brava comigo? Por que não te deixei ir àquela festa? - pergunta minha mãe em seu tom maternal.
-Não, está tudo bem - digo com um meio sorriso.
-Tem certeza? - pergunta com desconfiança.
-Sim, León me disse uma coisa que tirou toda minha vontade de ir - digo e volto a fazer meu percurso.
-E o que ele disse?
-Que sendo a festa de Evans, provavelmente o melhor amigo dele estará lá. E eu não quero ver Anders nem pintado de ouro.
Subo para meu quarto e deixo minhas compras no chão, vou para o banheiro e tomo um banho relaxante até as pontas dos meus dedos enrugarem. Coloco um pijama para me aquecer do frio e depois de secar meu cabelo desço para a cozinha.
-Olá, meu casulo - diz meu pai e vou até ele para lhe dar um beijo.
-Oi pai - digo e vou até a geladeira. - Não vai trabalhar hoje?
-Vou sim, mas passei aqui antes para ver como as coisas estão -diz ele e olha de mim para minha mãe e novamente para mim.
-Oh, está tudo bem - digo pegando um pedaço de pudim. -Nós já conversamos e está tudo certo.
-Está mesmo? - pergunta meu pai se dirigindo à minha mãe.
-Sim, Lauren está finalmente amadurecendo - diz minha mãe e reviro os olhos discretamente.
-Ótimo, agora tenho que ir - diz meu pai e deixa um beijo no topo da minha cabeça e vai até minha mãe.
-E eu vou me deitar, amanhã acordo cedo - digo terminando meu pudim e subindo.
-Por quê? - perguntou minha mãe.
-Vou sair com Ivy e a mãe dela, iremos visitar o vovô San - digo e subo novamente para meu quarto.
Tranco a porta e vou para o banheiro, pego minha bolsa de maquiagem e começo minha obra de arte. Dez minutos depois finalizo com um batom vermelho. Hora da minha parte preferida... roupas! Vou até minhas compras e analizo minhas opções, acabo decidindo por vestir meia calça preta, uma saia preta curta, uma camiseta colada ao corpo florida e tênis.
Visto um sobretudo por cima e me olho no espelho, estou cada vez mais parecida com meu pai. Os mesmos olhos pretos, cabelos negros, postura imponente, lábios nem finos ou carnudos... nada pertenece à minha mãe. Deve ser por isso que não nos damos tão bem, somos muito diferentes. Quer dizer, a única coisa que herdei, um pouco, da minha mãe foi as curvas, mas nada tão... grande. Mas é o suficiente para me diferenciar da maioria das garotas de minha idade em Miami.
Espero faltar quinze minutos para dar onze horas e desço com cuidado até o hall, me certifico que não há ninguém por perto. Ao sair dou uma corridinha até dobrar a esquina, então paro e respiro um pouco. Volto a fazer meu percurso e tiro meu celular do bolso, noto que a rua está escura e não há mais ninguém. Também noto que meu tênis está desamarrado e abaixo para amarrar.
Dou um laço e me levanto, ao mesmo tempo que eu desço da calçada para atravessar a rua meu celular vibra avisando que uma nova mensagem chegou. Abro a mensagem ao mesmo tempo em que dou mais dois passos, luzes surgem no meu campo de visão fazendo meus olhos se fecharem por conta do brilho forte. Faróis de carro.
Abro os olhos e me apavoro ao ver que o veículo está a poucos centímetros de mim, minhas pernas paralisam e sou incapaz de movê-lás. Meu corpo fica estático, minha respiração entrecortada e minhas mãos trêmulas. Ouço o barulho de pneus sendo freados e depois de passos. Meu coração dá um pulo ao ouvir a voz dele...
-Você está bem? - pergunta León se aproximando de mim com precaução. - Ei, você se machucou?
Droga, agora não tem mais jeito! Fui pega no flagra. Estou lascada, entrei pelo ralo... Santa Prada, me ajude! Me virei para ele lentamente, já temendo pelo pior. León cruza os braços e sorri, ele costuma fazer isso quando vem encrenca pela frente.
-Surpresa? - digo incerta de braços abertos.
Ele suspira.
-Você podia ter morrido sua maluca! - diz León mais sério. - O que você faz aqui a essa hora?
-Bom, e-eu, eu... - pigarreo. - Eu estava dando uma volta... Ah León! Por favor não conta para a mamãe! - me jogo em seus braços.
-O que você está fazendo não é certo, Lau - diz ele me abraçando. - Fugir de casa? O que você tinha na cabeça? Sabe o que poderia ter te acontecido?
-Eu sei...
-Não, você não sabe! - diz ele me afastando para me olhar. - Você poderia ter sido assaltada ou pior, estuprada!
-Me desculpe... - digo olhando para o chão. - Eu não tinha pensado nisso...
-Você nunca pensa antes de fazer as coisas, Lauren - ele suspira e volta a me abraçar. - Vem, vamos embora.
-Mas e a festa? Você poderia...
-Não, Lauren - diz ele severo. -Sabe que eu não me importaria de ter te levado ou ter ido junto, mas o que você fez me aborreceu de verdade. Eu não vou contar aos nossos pais, mas você também não sairá de casa hoje.
-Droga... - digo chateada e dou a volta no carro entrando no banco do passageiro. Pego meu celular e mando uma mensagem para Ivy:
"A festa babou. Meu irmão me pegou no flagra. Te conto tudo amanhã.
Lauren"
Chegamos em casa alguns minutos depois, subi direto para o meu quarto e me tranquei nele. Estou muito brava por León ter arruinado meus planos e ao mesmo tempo estou agradecida por ele ter me trazido de volta, principalmente pelo motivo de que assim não precisarei ter que olhar para a cara do Anders... Afinal, evitar ele é tudo que eu quero, não é?
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O que está achando da história? Está gostando? Odiando? Tem sugestões? Críticas? Comenta aí, quero saber sua opinião, ela é muito importante para mim!