Tem Alguém Ai? - Volume 3

By SOFGDS

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[Oi! Bem, se você está aqui e não leu os primeiros livros, aconselho muito que você leia antes, para melhor e... More

Dedicatórias
Bruxaria
Ainda há tempo
Acorde!
Teclas de piano
Satisfação*
Inferno
Sensitivo
Provas
Descubra
Um passo por vez
Eu era
Igual a você
Entrevistas? Sim!
Respostas
Perdão...?
Vida
Tempo certo
Padre
ALOOO
Promessa
Dormiu bem?
Irei rezar por você, mais tarde
Ok, como vocês pediram:
Cegos e calados
Frágil
Férias
Irreconhecível
Bons modos
Arrogância
Não há saídas
Lado forte
Distúrbio
Agindo bem?
Grupo
Vazio
Proteção
Possível?
Procura-se um corpo
Alerta
Á esquerda de nós
Viagem de uma última hora
Última chance
Ok, ok
Sem saída
Em alta madrugada, assassinatos e injustiças são as principais atrações do circo
Unicamente, feliz
Vida no necrotério
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Até mais!
Eu?
No name
É isso aí, gente

Coisas boas vs Coisas ruins - Capítulo um

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By SOFGDS

Um por do sol fraco, mas mesmo assim colorido, despontava atrás das árvores à frente da casa. As cores variadas e suaves pareciam me vidrar o olhar. Talvez me colocasse mais devaneios na cabeça, talvez me salvasse da situação ao meu redor, tirando um pouco minha atenção do mundo ao meu redor.

Eu permanecia sentada, em inércia, em uma das escadas que davam para a entrada da casa de Arya. Eu conseguia ouvir os passos preocupados e intrigados dentro da casa, mas minha expressão talvez não ligasse muito. 

Ah, algum momento de paz? Algum momento de nada?
Eu estava me distanciando do mundo, estava entrando apenas nos meus problemas. Não, eu não queria mais. Por favor. Sem problemas, não preciso de mais.
Desejei poder tirar meus olhos do por do sol, mas minha mente parecia saber que talvez eu morresse sem olhar as coisas belas que eu não olhava à tanto tempo. Eu não conseguia parar de olhar.

Suspirei. Uma pequena borboleta passou à minha frente, mas não a segui com os olhos. Eu sairia do meu transe de divagações se assim o fizesse.
"Havia uma semana que a escola tinha fechado" - Eu pensava - Na verdade não estava mesmo fechada, mas não havia mais aulas. Óbvio. Depois de um massacre ali, talvez nunca mais aquela escola voltasse a abrir. 

Mas eu sabia que as pessoas estavam dispostas à tudo para conseguir o que queriam. Eu sabia que algumas delas ainda iam me pisar e rir da minha cara, mais do que já estavam.
Meus pais morreram, e eu percebia que vinha esquecendo a fisionomia deles. Seus traços não se focavam mais em minha memória. Estavam sumindo completamente. 

E as coisas ruins continuavam ali, presentes. Os passos preocupados, aflitos, ainda ecoavam.
Tirei a mão lentamente de minha bota, desviando meus dedos da borda da mesma e cruzando os braços, me encostando ao lado da base da varanda. Eu nem ao menos piscava. As luzes do sol não estavam fortes. Pareciam aconchegantes e quentes. O que será que tinha ali? Eu poderia seguir seus raios?

Não, por favor, sem problemas. Não quero mais problemas.
Minhas sobrancelhas se ergueram novamente contra minha vontade. E meus olhos não conseguiam tirar as lágrimas que insistiam ali. Mas não era por muito tempo sem piscar. Era por tudo que acontecia. 

Um nó na garganta, estava ficando difícil respirar sem ter o fôlego entrecortado.
Eu passava pelas ruas, as pessoas me olhavam, como se soubessem que eu não estava bem.
Nem ao menos sentada ali, eu tinha sossego. Talvez porque minha mente fosse meu próprio castigo enquanto eu estava sozinha, comigo e meus pensamentos.
Para onde eu queria fugir?
Não havia para onde ir. 

Meus amigos também tinham problemas, ultimamente maiores. Somos apenas adolescentes, mas não dizem que é nesta idade que mais se tem problemas?
Engoli em seco, tentando parar o choro. Os passos apressados saíram da casa, parando atrás de mim. Eu não tirei os olhos da luz do sol. Ele parecia querer chamar minha atenção.

- Hey - A voz de Arya soou mais forte do que estava nos últimos dias. Talvez ela estivesse melhor que eu. - Vamos, você quase não comeu nada hoje. - Aconselhou. Eu não me movi.

- Estou sem fome. - Respondi, baixo. A voz saiu preguiçosa. Era isso que eu queria mostrar. Triste? Não, eu não estou triste, apenas estou cansada, não se preocupe.
Arya não caia no meu papo.
Sabia que ela estava sentando do meu lado, franzindo os lábios e olhando para onde eu olhava, tentando buscar a coisa interessante que tanto me prendia.

- Olha, eu... Sei que tudo está difícil agora - Ela tentou, vagamente. Eu não a impedi. Vamos, diga seus consolos, Arya. Eu realmente preciso. - E sei que tudo parece piorar a cada segundo. - Continuou, afinal. Eu não via sua expressão. Mas sabia que estava tentando ser mais forte que eu. Verdadeiramente para me mostrar que estava comigo. E pra me mostrar que tinha mais pessoas comigo.
Balancei a cabeça pausadamente.

- A Lolla sumiu, Arya - Falei, minimamente - Faz uma semana que sumiu. Depois que teve aquele massacre na escola. Me diga se é apenas coincidência, por favor. - Fechei minimamente a mão em meu joelho. A luz do sol se esvaia calmamente, como uma pequena paz. Arya se retraiu de leve.

- Eu sei - Falou, baixo. E seu namorado morreu faz uma semana. E eu estou esquecendo a fisionomia de meus próprios pais. E sua mãe está dando a luz em algum hospital à essa hora - Eu queria dizer. Mas não disse. Ela já sabia. Eu não ia repetir e repetir para tirar suas tentativas de esquecer.

- Mas parece que não sabe - Ela falou, por fim. - O Logan está preocupado com você. - Aliás, todos estamos. - Suspirou. Eu finalmente olhei para o chão à minha frente.

- Eu vou ficar melhor. - Falei. Ela riu em meio a respiração, de leve, e balançou a cabeça.

- Samantha, você entende que não está sozinha nisso? Tudo bem, nada está indo como nós queremos, mas não se isole com seus problemas. Você vai acabar de afogando neles. E não vai adiantar saber nada para se livrar depois. - A seriedade agora era percebida em sua voz. Eu não respondi de primeira. Talvez ela achasse que eu estivesse tentando achar palavras.

- Não é só isso - Falei, baixinho. Poxa, além de tudo que estava acontecendo, eu não tinha meus pais do meu lado. Será que alguém pode me ouvir gritar silenciosamente?! Por favor!

Ela brincou com os cadarços do próprio tênis, deixando o celular no chão, ao lado. Só agora eu percebi que ela o carregava.

- Seus pais. Não? - Se voltou para mim. A luz dourada do sol fraco, refletia em seus cabelos. Agora eu estava a olhando totalmente.

Concordei com a cabeça, aos poucos. Ela tentou sorrir.

- Eu sei que nada que eu disser vai melhorar ou mudar alguma coisa, Sam. Mas... Eu não quero, não preciso, ninguém quer e ninguém precisa te ver assim. Por mais que seja justo, é horrível. Você é minha melhor amiga, e eu te amo. Tudo bem, você não tem seus pais do seu lado, mas não pense nisso como algo ruim. Não... esqueça as coisas ruins. - Ela me olhava bem nos olhos. Eu via que o sol terminava de sumir por de trás das árvores, pelo reflexo na garota à minha frente.

- E você se sente só. Não é? Precisa de família? Alguém para te ouvir? - Foi perguntando. Eu olhei para o outro lado. Bem, quem cala consente.

- Sam - Ela apoiou a cabeça na mão, estreitando os olhos - Sempre que se sentir só, lembre que tem a mim. E tem outras pessoas também. Podem ser poucas, mas podem fazer seu mundo ficar melhor. E nós... Bem... Não vamos para lugar algum. - Sorriu - Estamos aqui. O mundo inteiro está. - Ergueu os ombros. Eu suspirei, abaixando a cabeça, depois ergui os olhos de novo, dando pequeno sorriso.

- Aqui não tem tantas pipas - Falei, com meus olhos ardendo de leve. Arya franziu de leve a testa. Eu ergui uma mão.

- Meu pai... nos tempos livres, costumava contar as pipas que estavam no céu, comigo - Dei um sorriso triste. Arya deixou os ombros caírem. - Ele nunca foi de me dar muita atenção. Era meio que uma brincadeira. - Olhei para o sol, que agora deixava leves luzes mais escuras tingirem o horizonte - E então, nessas tardes assim, ele me chamava, e íamos para a varanda. Não havia muito o que fazer ali, mas pra mim, era legal. Era um jeito de ficar com ele. Quase não dava - Afastei uma mecha de meu cabelo do meu rosto - E então nós ficávamos rindo e conversando, até minha mãe chamar da cozinha. Queria ajuda para fazer a janta. - Suspirei. - Minha família nunca teve muito dinheiro, mas eu era feliz nessas horas. - Dei de ombros - Mesmo quando aquele amigo deles ia cobrar dinheiro. Minha mãe nunca podia pagar. - A olhei - E então eles foram queimados. - Cruzei os braços.

Arya não tirou os olhos de mim. Eu sabia que ela não queria dizer "Eu sinto muito." E sabia que ela não iria.

- ... Esqueça isso agora? - Fez um sinal de cabeça para dentro da casa. - Seu pai deve estar te olhando agora e tirando sarro de você, por estar assim. Ele está bem. Quer que você esteja também. - Sorriu. Eu não respondi muito bem, talvez eu tenha apenas gaguejado.

- Vem, vamos comer. Temos que ver a Agatha naquele hospital. - Falou, me puxando. Eu me deixei levar vagamente. - E seu namorado tá te esperando lá dentro também - Sorriu. Eu a encarei, fazendo leve careta.

- Que mané namorado - Devolvi, rindo, me soltando dela e levantando depois de alguns segundos. Arya fez um muxoxo.

- Puxa, ninguém tá vendo, tá tão misteriosa essa relação de vocês - Se levantou também, rindo. Eu revirei os olhos, me virando e indo para dentro da casa.

**

Lolla havia sumido desde aquela noite. Ninguém sabe como, nem mesmo por que. Ela simplesmente havia sumido no dia seguinte. Seus pais estavam praticamente desesperados atrás dela. E eu achava lógico que não me queriam mais na casa deles.

Por enquanto eu estava na casa de Arya. O pai dela conversava comigo sobre algumas coisas, como o assassino dos meus pais, ele poderia ajudar, afinal. Eu realmente queria.

Eu não vi mais o Pianista. Agatha fora achada no banheiro dos deficientes (ou o que sobrou dele), e levada para o médico, em estado urgente. Estava realmente muito horrível. As pessoas se perguntavam o que havia causado aquilo, mas ninguém tinha realmente uma resposta a dar. O que diriam? Que fantasmas estavam soltos pela escola naquela noite? Junto com maníacos?

Para a polícia, fora dito apenas que ocorreu um massacre na escola. Assassinos apenas. Talvez insanos, que fugiram de algum manicômio. Eles acataram a ideia, afinal.

Metade dos alunos foram mortos ali. A outra metade nem foi encontrada. Engraçado... Apenas eu, Logan e Arya saímos vivos daquilo. Se bem que... Havia Carol. Mesmo assim, eu não a tinha visto depois daquilo. Nem Logan, pelo que eu saiba.

Os pais de Arya estavam horrorizados. Queriam se mudar, mas não podiam, por causa do bebê que estava quase...

E naquela manhã, finalmente, a mãe dela fora levada para o hospital. Mas Arya praticamente estava pouco se fodendo. Tanto que só iria para o médico por Agatha. Por algum motivo, o fato do irmão ainda a intrigava.

E Taylor, ultimamente, estava atrás de nós. Ela não dizia nada a maioria das vezes. Apenas olhava. Não estava com uma aparência horrível a cada vez que aparecia, como Kate estava quando fingia ser minha amiga. Por isso... Eu acreditava em Taylor. A deixava por perto. Me sentia bem. Segura.

Mas ultimamente, eu tenho sonhado com...
Pianos.

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