Ville Lumière; Cidade Luz.
Andrew e Natalie haviam ido embora cedo, dizendo que tinha que ir na casa de sua mãe, e que tinha que trabalhar.
Tentei me equilibrar com as duas xícaras de chocolate quente na mão, sem me queimar a caminho da lareira. Já eram cerca de duas horas da tarde, a neve lá fora era branca e bonita, deixando o ambiente com clima de natal, embora faltassem alguns meses. Sentei - me ao lado de Kourt no carpete cinza, na frente da lareira e lhe entreguei a xícara. Ela se encolheu mais no cobertor que envolvia seu corpo.
- Obrigada. - Ela assoprou e bebeu.
- Já se despediu dos seus pais ? - Perguntei dando um gole.
- Já, hoje pela manhã. E minhas coisas já estão prontas.
- Ok. Você vai ficar bem ? - Perguntei.
- Vou. - Ela sorriu.
- Não falte na escola e nem ande descalça. - Falei e depois ri.
- Tudo bem. E quanto a você, já arrumou suas coisas ? - Ela me perguntou com um sorriso meigo e interessado.
- Sim.
Ela arqueou as duas sobrancelhas, depois as abaixou, depois as arqueou de novo querendo insinuar algo.
- O que ? - Eu ri.
- Nada de aparecer grávida. - Ela deu língua e riu.
- Não. - Falei alto, e ri.
Andrew On.
- É o mínimo que você pode fazer. Eu irei viajar com ela e quando voltarmos, você pedirá desculpas. Tire esse tempo para rever suas ações. - Falei alto e claro.
- Andrew, não te quero com ela. Já lhe disse, ela não é boa o suficiente. - Minha mãe suplicava.
- Ela é boa pra mim. Isso é o que importa. A sua opinião e a daquelas duas não farão diferença. - Apontei para Diana e Samantha, que estavam logo atrás de minha mãe, sentadas no sofá.
- Amor, uma hora irá perceber que não existe nada além de nós. No final seremos você e eu. Aproveite, as férias com a sua putinha. - Samantha disse caminhando para a porta de entrada. - Não se esqueça de aproveitar. - Ela bateu a porta.
Meu sangue estava fervendo, eu precisava sair dali antes que fizesse alguma coisa da qual me arrependesse depois.
- VOCÊ VAI SE DESCULPAR E ISSO NÃO É UM PEDIDO. - Sai da casa, depois de bater a porta e entrei no carro.
Ally On.
Depois de um bom tempo na frente da lareira, fui tomar meu banho. Eu nunca havia saído do país, na verdade, o mais longe que eu já fui, foi á Mount Pleasant na Carolina do Sul há três verões passados, quando ainda morava com os meus país. Eu mal podia conter minha felicidade.
Um jeans rasgado, uma blusa preta e uma jaqueta de couro, foram os escolhidos. Penteei meu cabelo em um coque deixando alguns fios soltos na frente.
Andrew havia chegado a cerca de cinco minutos e já havia feito mais de três ligações, estava tão bonito no seu tão cotidiano look casual e o cabelo despenteado.
- Vamos ? - Perguntou-me e pegou a mala da minha mão. - Ou vamos perder o vôo. Sorri e me despedi de Kourtney.
- Natalie vem te buscar daqui a pouco e você já sabe, não ande...
-Descalça nem falte na escola - Ela completou e revirou os olhos. Rimos.
Andrew se despediu e entramos no carro. Depois de algumas horas no pátio do aeroporto, nosso voo foi chamado. E assim, começariam as nossas férias, em Paris e depois Havaí, era inacreditável pensar nisso e pensar no quanto ele me faz bem, mesmo que as pessoas digam o contrário.
Vi pela janela o avião levantar voo, vi o aeroporto e tudo envolta, diminuir e depois toda a cidade. Era como se eu não conseguisse parar de sorrir. Ele ria da minha admiração a tudo, mas não soltou a minha mão por um segundo.
Seus olhos negros brilhavam de uma forma tão intensa e bela, o fazia parecer uma criança. Seus cabelos pendiam para o lado esquerdo e o fazia parecer desesperadamente encantador e desejável.
Peguei um livro que ganhei dos pais da Kourtney, como agradecimento por cuidar da filha deles, dentro da bolsa. A capa era bonita e subliminar, havia uma rosas dos ventos na capa, no fundo um céu estrelado, com o título Easel Red Roses: Troubles escrito em letras grandes que sobressaíam a cima da imagem. Na contra capa estava escrito em letras pequenas: " Uma mensagem escondida* - A rosa dos ventos significa encontrar a direção certa, um caminho certo. Representa um rumo, sorte e bons ventos."
" Capítulo Um
• Destino •
(...) Cada um tem o dever de escrever sua própria história, literalmente é a nossa única opção. Cada passo que damos, estamos mais perto de encontrar a nós mesmos. A cada passo que damos estamos mais perto de encontrar quem estamos destinados a ser, a encontrar a nossa sabia alma. Cada passo que damos, é um passo rumo a um novo presente.
Reescrevemos a nossa história a cada instante, e com convicção afirmo, não há nada que não possamos fazer. Somos infinitos. "
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Acordei com um aperto na minha mão direita, era Andrew.
- Chegamos. - Ele sorriu.
Levantei da poltrona e Andrew passou o braço pelos meus ombros, me puxando para dar um beijo na minha testa. Eu o estranhei, ele estava tão mais ... Feliz.
Esperei que ele pegasse as malas e colocasse no táxi.
- peut nous conduire à l'hôtel regina Place des Pyramides , 75001 plaire. - Andrew pediu em francês, não entendi nem uma palavra do que ele falou, mas não perguntei.
- il est tout droit. - O motorista respondeu alto e risonho. - Américains ?
-Oui, nous sommes en vacances - Andrew respondeu sorrindo.
-Ils ont choisi un endroit idéal pour passer des vacances , vont adorer la ville . L'hôtel regina est un super endroit , ils aiment . - O motorista disse e continuaram conversando. Me virei para a janela, já que eu não estava entendendo nada.
As luzes e a movimentação da cidade eram incríveis, todas as pessoas tão bem arrumadas para o começo de inverno, todas essas placas em francês deviam indicar restaurantes e estabelecimentos, provavelmente tinham haver com comida. O carro deu uma curva e Andrew segurou a minha mão, se abaixando um pouco e apontou para além da janela.
- Olhe, a torre Eiffel, Ally. - Ele disse.
Toquei o vidro e vi, a torre um pouco distante, tão movimentada, as pessoas tiravam inúmeras fotos e todos aqueles sorrisos pareceram a coisa mais sincera que eu via em séculos. Sorri e senti Andrew beijar os meus cabelos. Aquilo era lindo, a torre em si, era tão alta e fascinante, os franceses eram elegantes, exalavam riqueza.
Logo mais à frente, o táxi parou. Estávamos na frente de um hotel chamado Regina, as luzes brilhando eram convidativas e extremamente caras.
- Bonnes vacances couple américain. Good Night. - O motorista disse. Andrew sorriu e acenou, eu apenas sorri, a única parte que eu entendi foi o boa noite, então preferi ficar quieta.
Estava tão fascinada e Andrew tão alegre, aquilo parecia um sonho.
Ele segurou minha mão firme e entramos no hotel, esperei sentada no saguão até ele chegar balançando um chave, sorridente.
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Amarrei meu cabelo e me deitei na cama, de costas para Andrew.
- O que houve ? Por que está tão calada ? - Ele perguntou, se sentando na beirada da cama.
- Nada. - Sorri. - Mas, isso não está muito caro? Olhe só para essa suíte, todas essas velas que eu não sei para que servem.
- Ally, não é com isso que você tem que se preocupar. - Ele disse se deitando ao meu lado, meu corpo enrijeceu. Ficamos um de frente para o outro, sem nem sequer nos tocar.
- Com o que eu tenho que me preocupar então? - Perguntei.
- Em aproveitar. - Ele disse levando a mão ao meu rosto e o acariciando. Fechei os olhos ao seu toque e sorri. - Você é tão especial. - Ele se apoiou no antebraço e me deu um beijo na testa, logo desligando o abajur.