Amor Por Acaso

By Dezinhs

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A mudança de Boston para Nova York havia sido sua tentativa de escapar do passado, de deixar para trás as lem... More

01. Lar doce Lar
02. Beco Sem Saída
03. Seguindo o Ritmo
04. O Passeio Inesperado
05. Fazendo as Regras
06. Apenas um Favor
07. Sob as Estrelas
08. Um Enlace
09. Sobrevivendo
10. Movendo-se
11. Lugar Secreto
12. Há um Lugar
13. Agridoce
14. Montanha Russa
16. O Jogo de Tênis
17. Noite Das Garotas
18. Noite Das Garotas II
19. Entre Conselhos
20. Algumas Decisões
21. Pés na Areia
22. Apenas Sinta
23. A Confusão
24. Diga-me
25. Palavras ao Vento
26.O Casamento
27.Deveria Esquecer
28.E Se Tentar?
29. Manhattan City
30.Uma Distração
31. A Velha Rotina
32. Reuniões
33. A Oportunidade
34. Deveríamos Conversar
35. Reconciliando
36. Conversas
37. Faria-me, um favor?
38. Reencontro
39. Enfim Juntos
Epílogo

15. As Peças

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By Dezinhs


A tarde desdobrava-se em cores suaves, pintando o céu com uma beleza digna de uma obra realista e envolvendo a atmosfera em um clima sereno. Na varanda, a morena estava tranquilamente assentada em sua cadeira, mas algo capturou sua atenção no campo. Levantou-se, inclinando-se sobre a barra de proteção, os olhos fixos em algo distante. Um ruído repentino a fez erguer-se, deixando a xícara de café escapar de suas mãos, quebrando o silêncio aconchegante que envolvia o ambiente.

Do outro lado da varanda, Charles permanecia de pé, vestindo uma camisa social branca que realçava seus ombros largos, segurando o jornal com a mão esquerda. O encontro visual entre os dois foi o único som, em meio a um silêncio calmo, criando uma tensão perceptível no ar, como se a atmosfera estivesse grávida de expectativa.

— Boa tarde para você também — anunciou Evelyn, inclinando a cabeça levemente para o lado, seu sorriso caloroso refletindo sua saudação.

Os olhos de Charles abandonaram o jornal e encontraram os dela, uma expressão de surpresa e interesse se formando em seu rosto.

— Boa tarde, senhorita Collins — respondeu ele, devolvendo-lhe o sorriso.

Evelyn franziu ligeiramente a testa, mas seu sorriso permaneceu. Ela se aproximou da barra de proteção ao lado de Charles, o aroma de seu perfume caro pairando no ar, convidativo e sedutor. Com um movimento gracioso, ela se inclinou provocativamente sobre a barra de ferro, uma onda de confiança irradiando de seus gestos, enquanto afastava uma mecha teimosa de seu rosto.

— Já falei que pode me chamar apenas de Eve — corrigiu, com um tom amigável.

Charles desviou novamente o olhar para o jornal, mas não antes de permitir-se um breve instante de contemplação dos encantos da morena. Evitando seu olhar, ele tentou disfarçar a súbita timidez.

Ele não disse nada, apenas balançou a cabeça levemente, mantendo-se aparentemente concentrado nas notícias do jornal. Evelyn mordeu o lábio inferior, observando-o com curiosidade. Como alguém com sua presença poderia demonstrar tamanha hesitação? A pergunta flutuou em sua mente enquanto ela o estudava.

— Não é nada educado ficar encarando alguém dessa forma — repreendeu-o, com um toque de diversão em sua voz.

Uma risada escapou dos lábios de Evelyn enquanto ela acompanhava a brisa suave que brincava em seu rosto, desfrutando da sensação de liberdade que ela trazia.

— Eu sei, mas é que tenho esse pequeno defeito e adoro ficar analisando as pessoas. Dá para descobrir alguns segredos escondidos em seus movimentos — explicou ela, com um brilho travesso nos olhos.

Charles abaixou o jornal, encontrando o olhar penetrante de Eve, com um sorriso que revelava sua curiosidade. Ela emanava uma aura de encanto e inocência, uma combinação irresistível.

— Me diga o que meus "movimentos" dizem, então? — provocou ele, inclinando-se ligeiramente na direção dela.

Ela correspondeu ao gesto, sorrindo abertamente enquanto se preparava para o jogo de interpretações.

— Sério!? — exclamou, brincalhona. — Ok! Vamos começar. Você é um bom ouvinte e muito cauteloso, digamos que se encaixa no perfil tradicional dos homens que preferem manter sua distância.

O olhar de Charles capturou o dela, ponderando suas palavras com interesse genuíno.

— Boa sugestão, mas prefiro "cauteloso" em vez de inquieto — retrucou ele, mantendo-se descontraído.

— Não! — respondeu ela com espontaneidade, provocando-lhe um sorriso.

Ele descruzou os braços, inclinando-se ligeiramente para trás na cadeira, curioso para ouvir mais.

Evelyn endireitou-se, notando que ele estava bastante atento a ela e, principalmente, às suas palavras. Um sutil aroma de orgulho inglês pairava no ar, dissipando-se lentamente.

— Porque discordo da sua resposta — disse, gesticulando com os dedos indicadores. — Talvez "apreensivo" soe muito melhor do que "cauteloso", pois, de todos os homens com quem já me deparei, você é único.

Charles pegou a xícara de chá que estava esfriando sobre a mesa, deu uma golada e, ao recolocá-la, fez uma leve careta, indicando que estava frio. Enquanto Evelyn distraía-se jogando os cabelos para trás, ele observou-a por um momento.

— Todas as pessoas são diferentes, caso contrário, não teríamos motivos para sermos "únicos", mas agradeço sua observação sobre minha personalidade — respondeu ele, lançando um olhar prolongado para ela.

Ela exibiu um sorriso espontâneo e piscou para ele, inclinando-se mais uma vez sobre a barra de proteção.

— Agora me diga, o que meus movimentos dizem? — Perguntou, com um brilho nos olhos castanhos.

Charles sentiu um arrepio percorreu seu corpo, mas o que poderia dizer sobre ela? Embora tenha ouvido algumas informações "tórridas" sobre a personalidade da morena, que foram passadas por seu irmão, que por sua vez como ouvido de Michael Bolton, ele não se deixou levar por fofocas. No entanto, havia algo nela que o deixava curioso, como se desejasse conhecê-la mais profundamente. Acomodou-se na cadeira, segurando o queixo com a mão esquerda, como se estivesse pensando em algo interessante para falar. Contudo, seria melhor inventar algo para escapar desse questionamento.

— Curiosa e segura de si.

Evelyn franziu a testa, satisfeita com a resposta, porém percebeu que ele estava tentando evitá-la.

— Só isso? Esperava mais.

— Essa foi a minha análise — respondeu, encarando-a. — Por que a surpresa?

— Nem sequer me olhou direito, sou curiosa e, às vezes, me surpreendo. Não mentiu, mas... — Parou, aumentando a curiosidade de Charles, que manteve os olhos fixados nela. Evelyn não resistiu a uma leve risada ao vê-lo franzir a testa, e continuou: — Parece que tem medo de me olhar.

— Por que teria medo? — Indagou ele.

— Pelo simples fato de seu irmão ser amigo do cretino do meu ex-noivo e do detestável Thomas Dickens — ela respondeu com desdém.

Charles arqueou a sobrancelha e, antes de responder, soltou um leve suspiro.

— Está equivocada em seu julgamento. O tal Michael andou me cercando com suas histórias sobre você, mas não me deixo levar pelo que os outros dizem — respondeu ele, cauteloso, com os olhos fixos nos dela. — Prefiro tirar minhas próprias conclusões a respeito das pessoas.

Evelyn manteve seu olhar fixo nele.

— Enfim, alguém tem bom senso nesse lugar! — Exclamou, erguendo ambas as mãos para o alto.

Charles ergueu-se, mantendo seu olhar voltado na direção dela; era 20cm mais alto, esguio e elegante, emanando um aroma agradável de perfume. Talvez não possuísse o brilho dos atores de Hollywood, mas era uma visão marcante, ao menos aos olhos dela.

— Não tenho o mau costume de espalhar informações inadequadas sobre alguém que nem sequer conheço direito. Serei mais direto em minha conclusão: detesto fofocas. Agora, preciso ir — disse, virando-se de costas para Evelyn.

— Espere — pediu ela, fazendo Charles girar sobre os calcanhares para encará-la. Evelyn sentiu o ar lhe faltar nos pulmões devido à intensidade do olhar dele; moveu a cabeça e prosseguiu. — Preciso saber quando irá se decidir, pois não me disse quando iremos ao teatro.

Charles coçou levemente o queixo e, por um momento, desviou o olhar para o campo; aquela tarde estava fresca, com várias nuvens brancas espalhadas pelo céu.

— Tem razão! — respondeu, voltando a encará-la. — Como esta noite estará ocupada com a festa de despedida de sua irmã, e amanhã terei que terminar de organizar alguns documentos para encaminhar para Londres, vamos na próxima sexta-feira, estarei livre.

Evelyn assentiu e estendeu a mão na direção dele, como se quisesse selar aquele pacto. Charles moveu a cabeça e se aproximou da barra de proteção da varanda suspensa de seu quarto, retribuindo o gesto. Ao segurar a delicada e macia mão da jovem, sentiu uma corrente de eletricidade percorrer seu braço.

— Eu irei aguardar — disse ela, soltando suavemente sua mão da dele, um sorriso delicado brincando em seus lábios. — Aliás, não se esqueça do bendito almoço de amanhã com o tal ministro anglicano.

— Não esquecerei — ele respondeu com um aceno, seu olhar transmitindo uma promessa silenciosa. — Até mais ver.

— Até.

Charles assentiu e, por fim, deu as costas e caminhou na direção da porta. As leves brisas começavam a ganhar intensidade, e ele podia ouvir os barulhos abafados dos trovões ao longe. Ao abrir a porta de correr de vidro, o barulho o arrancou daquele transe; entrou, suspirou, permaneceu alguns segundos parado em frente à porta de vidro.

Um estalo ecoou dentro de sua cabeça; precisava terminar de organizar e revisar alguns relatórios para encaminhar para Paul Finn, seu funcionário de confiança e um velho amigo. Balançou a cabeça dispersando aqueles pensamentos e caminhou lentamente na direção da cama onde estava seu notebook.

Ao sentar, as batidas o fizeram virar a cabeça na direção da porta. Resmungou por alguns segundos em silêncio, sabia que daquela forma não iria terminar absolutamente nada. Fechou o notebook e endireitou-se.

— Entre — ordenou com pouca vontade.

George abriu a porta, exibindo um largo sorriso em seu rosto.

— Mas que diabos está pensando, esqueceu que tínhamos combinado de jogar uma partida de tênis? — Perguntou, cruzando os braços sobre o largo peitoral.

— Não lhe dei certeza, esqueceu que preciso terminar os relatórios mensais para encaminhar ao governo?

George descruzou os braços e suspirou enquanto se aproximava da cama onde estava Charles.

— Pelo amor de Deus, Charles — resmungou George, o encarando. — Paul irá fazer isso, é para isso que servem os funcionários de confiança. Agora trate de erguer sua bunda dessa cama e me acompanhar, pois o Thomas já preparou a quadra. Não vai fazer uma desfeita dessas, ou vai?

— Não devemos deixar esse tipo de responsabilidade nas mãos de um mero funcionário de confiança — disse Charles, espantado.

— Já bem diz, "funcionário de confiança". E outra, o Paul Finn consegue se virar com os relatórios, os que você já tratou de deixar quase finalizados. Agora vamos, pois irei mostrar a esses Yankees, como se joga uma boa partida de tênis.

Charles estava pensativo; sabia que não teria outra opção a não ser ceder ao capricho do irmão, caso contrário, George iria lhe infernizar a vida.

— Tudo bem, mas apenas desta vez e não me invente nada para esta noite, pois preciso finalizar os benditos relatórios.

George ergueu ambas as mãos para o ar na defensiva enquanto caía na gargalhada da expressão séria de Charles.

— Tudo bem! Juro que te deixarei em paz — resmungou George ainda parado junto ao umbral da porta.

Charles caminhou lentamente na direção da porta. Estava evidente em sua face que não estava nem um pouco com vontade de participar daquela partida de tênis. Para sua sorte, o sol abrasador estava escondido atrás das inúmeras nuvens brancas que se espalhavam pelo céu, mesclando-se com o azul-claro.

George deu um leve tapinha no ombro do irmão, e ambos caminharam pelo corredor, seguindo na direção da escadaria central e fazendo o pequeno percurso em silêncio. Ao chegar ao topo da escadaria, Charles pôde ver Thomas e Michael parados perto do aparador que ficava a alguns centímetros da porta.

Michael ergueu a sobrancelha como sinal, e rapidamente Thomas parou de cochichar, girando sobre os calcanhares e abrindo ambos os braços enquanto forçava um sorriso.

— Achei que tinha desistido, meu caro — ironizou Thomas, virando-se de frente e encarando-os ainda no topo da escadaria.

George retribuiu o sorriso enquanto descia os degraus, seguido por Charles, que mantinha sua expressão séria.

— Não deixarei que se vanglorie à minha custa, esquecendo que sou britânico. Estamos orgulhosos demais para esse fato.

Thomas assentiu. George se aproximou deles e cumprimentou o futuro sogro. Charles, por sua vez, apenas gesticulou com a cabeça e não disse absolutamente nada, apenas observou.

— Tenho que concordar com suas palavras, mas estamos em terras americanas e iremos sentir uma pequena desvantagem — disse Thomas. — Agora vamos para a quadra antes que a chuva decida cair e nos atrapalhar, mas quem sabe ela também nos ajude a refrescar um pouco.

George não conseguiu conter uma risada diante do comentário de Thomas, seu rosto se iluminou com uma expressão jovial. Os três amigos seguiram em frente, suas conversas animadas preenchiam o ar enquanto caminhavam na direção das portas do fundo da casa de veraneio. A quadra de tênis ficava próxima à pequena capela, à direita, nos fundos da propriedade, cercada por árvores frondosas e coloridas flores silvestres. Era um lugar tranquilo e agradável, com a brisa suave e o canto dos pássaros proporcionando uma atmosfera serena para a prática de esportes e o desfrute da natureza ao mesmo tempo.

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