35. Reconciliando

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No sofá, sob o aconchegante edredom, Evelyn permanecia imersa em sua própria bolha de nostalgia. A enorme tela de plasma reproduzia, pela segunda vez, um filme antigo que reacendia memórias e emoções. Enquanto o sorvete de creme derretia lentamente em um imenso pote ao seu lado, um travesseiro macio envolvia seu corpo, proporcionando conforto naquela tarde gelada de inverno. Era um momento de entrega total aos prazeres simples da vida, em um verdadeiro refúgio de tranquilidade e deleite.

De repente, o celular tocou e Evelyn tateou a mesinha central para alcançá-lo. Era uma nova mensagem. "Não se esqueça do nosso encontro esta noite para comemorar", dizia a mensagem. Um sorriso brotou no rosto de Evelyn enquanto ela bloqueava a tela e recolocava o celular na mesinha. Ela balançou a cabeça e, pegando o celular novamente, abriu a caixa de mensagens.

Digitou o nome de Hailey para informar à amiga sobre sua promoção. "Desculpe por não ter respondido suas mensagens ou atendido suas ligações... Aliás, fui promovida, acho que agora minha vida vai começar a melhorar", escreveu ela.

Logo em seguida, uma nova mensagem chegou. "O que aconteceu? Tentei te ligar várias vezes e você nem me respondeu, mas fico feliz que algo bom tenha acontecido. Você sabe que não precisa passar por isso sozinha, estou aqui para ajudar. Sou sua amiga e os amigos estão aqui para isso.", respondeu Hailey.

Um sorriso fraco se formou nos lábios da morena. "Precisava desse momento sozinha, desculpe mesmo por não ter dado notícias.", digitou e enviou Evelyn.

Logo em seguida, recebeu uma resposta. "Está bem, mas não desapareça novamente, entendeu? Ou vou até aí te dar uns puxões de orelha. Cuide-se."

Suspirando, Evelyn deixou o celular cair no chão e voltou a fixar os olhos na tela da televisão. O som da campainha a fez sobressaltar do sofá. Ela colocou o pote de sorvete na mesinha central e levantou-se, com um sorriso breve nos lábios pálidos. Vestida com seu pijama, calçou as pantufas e caminhou lentamente até a porta. Por um momento, pensou que seria Liam Miller do lado de fora, segurando uma garrafa de vinho para começar a comemoração mais cedo. No entanto, quando a morena olhou pelo olho mágico, não havia ninguém. Ela franziu a testa e, relutantemente, abriu a porta.

— Você não! — Disse incrédula, encarando Anna parada no corredor. — Será que não tem o que fazer? Talvez bater um papo com o ex-noivo de sua irmã barraqueira lá no... Quinto dos infernos não? Acho que não temos assuntos, então aconselharei que dê meia-volta e me deixe em paz para sempre, que tal?

Anna não disse uma palavra sequer. Evelyn cruzou os braços e ameaçou fechar a porta, mas a loira colocou a ponta do pé para impedir.

— Não vou embora até você me ouvir — rebateu Anna.

— Mas que droga, Anna! Vai embora, não quero olhar para sua cara. — Resmungou, forçando a porta.

— Já disse que não vou embora, sem antes me ouvir. Pelo menos uma vez em sua vida, dê uma chance para os outros se justificarem, por Deus, Eve.

Evelyn fechou os olhos e respirou fundo. Relutante, abriu a porta, dando passagem para sua irmã entrar.

— Está bem, seja breve — grunhiu e bateu a porta com tanta violência que a chave acabou caindo sobre o carpete.

Anna permaneceu de costas para ela e observou a sala um pouco desorganizada. Não era do perfil de Evelyn deixar suas coisas espalhadas. A loira girou sobre os saltos e encarou-a.

— Sei que está me odiando nesse momento, pelo fato de ter pedido para que partisse antes do meu casamento, mas veja pelo lado positivo, não teve que aguentar o discurso eufórico da tia Suzy, bêbada como sempre. — Ela pausou. — Estava me martirizando por dentro. Precisava conversar com você, tem que me entender.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora