08. Um Enlace

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Após descer do carro em completo silêncio, Charles seguiu atrás de Evelyn, que cambaleava em direção à pequena escadaria. Segurava os saltos na mão esquerda, mas acabou errando o degrau e perdendo o equilíbrio. Por sorte, Charles estava atento e se apressou para evitar que ela caísse.

As mãos grandes dele envolveram sua cintura, pressionando seu delicado corpo contra o dele, o que causou em Evelyn um misto de alívio e constrangimento. O calor do contato os envolveu por um instante, enquanto Charles a firmava com segurança.

— Quem foi que trocou os degraus de lugar? — ela perguntou com a voz baixa, ainda nos braços de Charles. — Já pode me soltar, estou bem.

Um rubor tomou conta do rosto de Charles, mas a pouca iluminação escondeu sua vergonha. Mesmo após ela pedir para ser solta, ele permaneceu logo atrás dela, garantindo que nada de ruim acontecesse.

Evelyn abriu a porta de entrada e atravessou o hall com passos rápidos. Como um verdadeiro cavalheiro, Charles a acompanhou até a porta do quarto onde ela estava hospedada.

O perfume envolvente de Charles parecia preencher o espaço, fazendo com que Evelyn balançasse a cabeça para afastar os pensamentos, consciente de que tinha bebido demais naquela noite. Ao abrir a porta do quarto, virou-se para trás e lançou um olhar analítico a Charles, que permanecia encostado na parede.

Um sorriso curvou os lábios de Evelyn, seus olhos brilhando com uma centelha de diversão enquanto começava a traçar planos mirabolantes em sua mente. Mordendo os lábios, ela decidiu descontrair o clima tenso:

— Eu até te convidaria para entrar, mas sei que é um homem correto e não aceitaria — disse, cortando qualquer possibilidade de resposta. — Mas se mudar de ideia, é só me avisar.

Charles concordou com a cabeça, afastou-se da parede e dirigiu-se até a porta do seu quarto com determinação. Evelyn, mesmo frustrada, sabia que era importante respeitar o momento da sua irmã, principalmente estando embriagada.

Dirigindo-se para a imensa cama, Evelyn notou seus nervos agitados, um péssimo sinal. Optou por tirar o vestido e vestir sua velha blusa dos Celtics. Soltou os cabelos, pegou um maço de cigarros e dirigiu-se à porta de vidro da pequena sacada.

Sentou-se preguiçosamente na cadeira da varanda. Ainda eram dez para as três da madrugada de quinta-feira. Os leves ventos sopravam entre as copas das árvores no campo. Ela pegou o maço e acendeu um cigarro. Inclinou a cabeça para trás enquanto fechava os olhos e deu uma longa tragada. Sentiu o prazer que a nicotina exercia sobre seu corpo.

Permaneceu ali sentada, com os olhos fixos no céu incrivelmente estrelado. Seu coração batia em um compasso lento, e a imensa lua já estava na metade do céu. Pequenas brisas refrescantes erguiam-se dos campos molhados pelo orvalho.

Sua mente a condenava enquanto seus olhos castanhos enchiam de água. Não podia permitir-se ficar emotiva por algo que não fazia mais parte de sua vida. Mas o álcool tinha o poder de trazer os fantasmas à tona.

A madrugada estava silenciosa e calma, ao contrário de Manhattan, que era sempre agitada e corrida. Evelyn sentia falta de tudo aquilo, mas um sorriso nervoso brotou em seus lábios, afastando a vontade esmagadora de chorar.

Rendeu-se mentalmente e controlou a crise de choro que ultimamente a atormentava. Odiava-se por estar naquele estado. Fechou os olhos por um instante, mas o sono se recusava a chegar.

Por outro lado, precisava daquele momento para acalmar a mente, ou acabaria surtando. Afinal, em um mês, voltaria à sua corrida de vida na cidade.

Levantou-se da cadeira e espreguiçou-se. Talvez um banho morno fizesse muito bem. Caminhou até a porta de vidro e a fechou atrás de si. Foi até o banheiro e ligou a torneira de água quente, esperando a banheira encher.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora