21. Pés na Areia

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Em total silêncio, os olhos de Evelyn deslizavam com uma precisão lenta sobre a paisagem deslumbrante que se estendia diante da estrada. Seus pés, relaxados, repousavam despreocupadamente sobre o estofado do banco do passageiro. Enquanto isso, Anna e George decidiram acompanhar outros dois convidados em um segundo Jeep, confiando ao experiente motorista o transporte de Charles e sua irmã.

Ao longo de toda a jornada, a quietude de Charles era tão marcante que se tornava desconcertante, deixando sua companheira de viagem em um estado crescente de agonia.

A estrada serpenteante seguia seu curso, levando-os cada vez mais longe da agitação da cidade e mais perto do destino desconhecido que os aguardava. A respiração de Evelyn tornava-se mais pesada a cada minuto, enquanto ela lutava para quebrar o gelo que se formara entre eles.

Charles, por sua vez, mantinha-se imperturbável, perdido em seus próprios pensamentos, seus olhos fixos no horizonte distante.

O som suave do vento que soprava pelas janelas abertas era o único ruído que permeava o interior do veículo. A cada curva, a cada colina, a paisagem em constante mudança servia como um lembrete silencioso do movimento implacável do tempo e da natureza.

No entanto, dentro do carro, o tempo parecia ter desacelerado, suspenso entre o passado e o futuro, entre o que foi dito e o que ainda estava por vir.

― Santo Deus! Fale algo, esse silêncio está me matando — ela queixou-se enquanto fazia uma enorme bola de chiclete.

Charles a encarou rapidamente com sua típica indiferença.

― Seja sincero, eu sei que essa ideia de ir até a casa de praia para uma festinha não é bem o seu estilo, mas diga algo, ou proteste, sei lá. Qualquer coisa.

Sem dizer uma palavra sequer, Charles apenas moveu a cabeça e permaneceu em completo silêncio. Não era do feitio dele frequentar boates, principalmente as americanas. Ele prezava algo mais reservado.

Evelyn virou-se com uma expressão de espanto no rosto. Ela não disse mais nada, pois sabia que não teria resposta, e já estava cansada de tentar ser gentil.

― Creio que esse tipo de diversão não seja conveniente para mim — a voz rouca de Charles quebrou o silêncio.

Evelyn arqueou a sobrancelha e virou-se para observá-lo, ajeitando-se no assento. Por alguns minutos, o silêncio reinou dentro do veículo, enquanto o motorista seguia as instruções do GPS fixado no painel do belo Captiva. Já podiam sentir as leves brisas da maresia.

O motorista fez uma conversão acentuada para a esquerda, adentrando uma área privada onde só havia casas de luxo. Assim que parou na imensa portaria, ela abaixou o vidro e sorriu cativante para o porteiro, que sem hesitar abriu o portão.

― Seja bem-vinda, srta. Collins ― saudou ele.

Ela agradeceu com um gesto de cabeça e logo levantou o vidro. Byron estacionou em frente a uma imensa mansão de cor creme, com um jardim bem cuidado e iluminado.

Assim que Evelyn colocou o pé para fora do veículo, agradeceu o gesto do chofer e sentiu-se envolvida pelos aromas e ruídos do mar da Baía de Massachusetts, que a convidavam a sair e explorar. Não estava apenas do outro lado do país em relação à sua vida na agitada Manhattan, parecia estar em outro mundo. Ela espreguiçou-se, já podendo sentir o suave aroma de tequila.

Paul, o caseiro, a cumprimentou tirando o quepe. A jovem aproximou-se do velho caseiro de confiança de sua família e mostrou um largo sorriso.

― Seja muito bem-vinda, srta. Collins ― saudou Paul com um sorriso.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora