♦
Em total silêncio, os olhos de Evelyn deslizavam com uma precisão lenta sobre a paisagem deslumbrante que se estendia diante da estrada. Seus pés, relaxados, repousavam despreocupadamente sobre o estofado do banco do passageiro. Enquanto isso, Anna e George decidiram acompanhar outros dois convidados em um segundo Jeep, confiando ao experiente motorista o transporte de Charles e sua irmã.
Ao longo de toda a jornada, a quietude de Charles era tão marcante que se tornava desconcertante, deixando sua companheira de viagem em um estado crescente de agonia.
A estrada serpenteante seguia seu curso, levando-os cada vez mais longe da agitação da cidade e mais perto do destino desconhecido que os aguardava. A respiração de Evelyn tornava-se mais pesada a cada minuto, enquanto ela lutava para quebrar o gelo que se formara entre eles.
Charles, por sua vez, mantinha-se imperturbável, perdido em seus próprios pensamentos, seus olhos fixos no horizonte distante.
O som suave do vento que soprava pelas janelas abertas era o único ruído que permeava o interior do veículo. A cada curva, a cada colina, a paisagem em constante mudança servia como um lembrete silencioso do movimento implacável do tempo e da natureza.
No entanto, dentro do carro, o tempo parecia ter desacelerado, suspenso entre o passado e o futuro, entre o que foi dito e o que ainda estava por vir.
― Santo Deus! Fale algo, esse silêncio está me matando — ela queixou-se enquanto fazia uma enorme bola de chiclete.
Charles a encarou rapidamente com sua típica indiferença.
― Seja sincero, eu sei que essa ideia de ir até a casa de praia para uma festinha não é bem o seu estilo, mas diga algo, ou proteste, sei lá. Qualquer coisa.
Sem dizer uma palavra sequer, Charles apenas moveu a cabeça e permaneceu em completo silêncio. Não era do feitio dele frequentar boates, principalmente as americanas. Ele prezava algo mais reservado.
Evelyn virou-se com uma expressão de espanto no rosto. Ela não disse mais nada, pois sabia que não teria resposta, e já estava cansada de tentar ser gentil.
― Creio que esse tipo de diversão não seja conveniente para mim — a voz rouca de Charles quebrou o silêncio.
Evelyn arqueou a sobrancelha e virou-se para observá-lo, ajeitando-se no assento. Por alguns minutos, o silêncio reinou dentro do veículo, enquanto o motorista seguia as instruções do GPS fixado no painel do belo Captiva. Já podiam sentir as leves brisas da maresia.
O motorista fez uma conversão acentuada para a esquerda, adentrando uma área privada onde só havia casas de luxo. Assim que parou na imensa portaria, ela abaixou o vidro e sorriu cativante para o porteiro, que sem hesitar abriu o portão.
― Seja bem-vinda, srta. Collins ― saudou ele.
Ela agradeceu com um gesto de cabeça e logo levantou o vidro. Byron estacionou em frente a uma imensa mansão de cor creme, com um jardim bem cuidado e iluminado.
Assim que Evelyn colocou o pé para fora do veículo, agradeceu o gesto do chofer e sentiu-se envolvida pelos aromas e ruídos do mar da Baía de Massachusetts, que a convidavam a sair e explorar. Não estava apenas do outro lado do país em relação à sua vida na agitada Manhattan, parecia estar em outro mundo. Ela espreguiçou-se, já podendo sentir o suave aroma de tequila.
Paul, o caseiro, a cumprimentou tirando o quepe. A jovem aproximou-se do velho caseiro de confiança de sua família e mostrou um largo sorriso.
― Seja muito bem-vinda, srta. Collins ― saudou Paul com um sorriso.
ESTÁ A LER
Amor Por Acaso
RomanceA mudança de Boston para Nova York havia sido sua tentativa de escapar do passado, de deixar para trás as lembranças dolorosas que insistiam em assombrar seus dias. No entanto, a vida tinha uma maneira irônica de tecer caminhos inesperados. O convit...