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Ao saírem para a área onde se encontrava a piscina, Thomas ergueu o rosto na direção do céu, verificando se alguma nuvem ameaçadora pairava sobre eles. As últimas luzes do dia iluminavam o ambiente, pintando o céu com tons de laranja e rosa, enquanto sombras se estendiam pelo chão da área da piscina.
Enquanto isso, George e o futuro sogro avançavam à frente, imersos em uma conversa animada sobre os planos de Evelyn para a despedida de solteira de Anna no Rouge, um local conhecido pelos notívagos. Charles seguia em silêncio, observando que Michael havia interrompido a conversa com os demais e agora parecia aguardar por ele. Sua mente começou a divagar, perdendo-se em pensamentos dispersos sobre a dinâmica do grupo e as expectativas para a noite que se aproximava.
— Estava observando que anda de conversinha com Eve — disse Michael, lançando um olhar curioso na direção de Charles.
Charles franziu a testa, sentindo uma imensa vontade de mandá-lo para o quinto dos infernos, mas se conteve, mantendo-se educado.
— Anda observando demais — respondeu com acidez na voz.
Michael não resistiu a uma risada irônica; era evidente que estava corroído por ciúmes por dentro. Parou, deixando Charles alguns passos à sua frente.
— Acho que não preciso lhe dizer novamente que Evelyn não é para homens como você.
Charles sentiu seu sangue ferver dentro das veias, parou e respirou profundamente, tentando se controlar.
— Lentos e mal-humorados. Aliás, sei muito bem que ela continua caidinha por mim. Então é melhor se afastar e começar a ignorá-la — continuou Michael, aproximando-se de Charles, mas parando a alguns centímetros dele. — Não vai querer sair mal dessa história.
Michael mostrou um sorriso de deboche para ele e tratou logo de se afastar na direção da quadra. Charles franziu a testa; aos trinta e cinco anos, nunca tinha se deparado com alguém tão hipócrita e cínico quanto Michael Bolton, mesquinho e desaforado. Francamente, preferiria ter ficado com seus relatórios do que ter que ouvir tais asneiras.
Soltou um longo e penoso suspiro e continuou o trajeto. Ao terminar de subir os pequenos degraus na direção da quadra, sentiu uma leve tensão ao encarar Michael, que estava sentado em um dos bancos.
— Rapazes, decidi que não iremos jogar com nossos pares — anunciou Thomas em alto e bom som. — Irei jogar com Charles e George com Michael. Está bem? — perguntou, encarando cada um dos três.
— Por mim está ótimo — disse Michael, erguendo sua raquete.
— Sem problemas para mim também — anunciou George.
Faltava apenas a resposta de Charles, que ainda permanecia encostado junto à grade. Thomas se virou na direção do rapaz, que era evidentemente 10 cm mais alto que ele, e, pelo que George tinha comentado, jogar tênis era o passatempo favorito de seu irmão e raramente perdia.
— Tanto faz — resmungou Charles, movendo a cabeça com desdém.
Thomas assentiu e avançou em direção ao centro da quadra, retirando uma moeda do bolso e fazendo um gesto para que George se aproximasse, o que ele fez sem hesitar. Thomas então propôs a tradicional escolha de "cara ou coroa"; George optou por coroa e Thomas, ficando com a "cara", lançou a moeda para o alto. Após pegá-la e virá-la sobre as costas de sua mão esquerda, Thomas abriu a mão para revelar o resultado. Era "cara". George concordou e aguardou a próxima decisão de Thomas.
— Iremos começar e ficaremos com o lado esquerdo.
George concordou e se afastou na direção dos bancos que ficavam logo atrás dos alambrados onde Michael estava sentado. Pegou sua raquete e entrou novamente na quadra. Thomas se aproximou do banco, pegou sua raquete e também a de Charles. Ao se aproximar do rapaz, estendeu-lhe a raquete.
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Amor Por Acaso
RomanceA mudança de Boston para Nova York havia sido sua tentativa de escapar do passado, de deixar para trás as lembranças dolorosas que insistiam em assombrar seus dias. No entanto, a vida tinha uma maneira irônica de tecer caminhos inesperados. O convit...