Drag Me Down ( Harry Styles F...

By harrydesordeiro

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Harry Styles saiu de casa aos 15 anos, após o anúncio do divórcio de seus pais, algo que o deixou devastado... More

Prólogo
Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Atenção!!!
Capítulo 16.
Parte 2.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Capítulo 24.
Capítulo 25.
Últimos Avisos!!!!!!
Capítulo 26.
Capítulo 27.
Capítulo 28.
Parte 2.
Capítulo 29.
Capítulo 30.
Epílogo.
Agradecimentos!

Capítulo 13.

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By harrydesordeiro

" - Você me dispensou para ficar com aquela criatura? Qual é a sua? Você e eu temos uma lance, você sabe, você só pode estar brincando com a minha cara! - Savannah berra, a música está alta, vários corpos balançam no ritmo da batida barulhenta da boate - você só pode estar brincando, isso é alguma aposta? Alguma pegadinha? - bebo o resto da minha tequila - me diz!

- Não Savannah, isso não é uma aposta e nem uma pegadinha, eu gosto da Emily - berro também - já disse, você não pode se meter na minha vida, nem você e nem os outros, com quem eu fico é problema meu! - olho as horas no celular, são duas e dez da madrugada, já estou caindo de sono, vendi todos os pacotinhos que trouxe.

- Aquela criatura é sem sal, aposto que nunca viu um pênis! - Savannah gargalha, meu Deus, como nunca percebi que ela ri como as bruxas desses filmes patetas?! - é virgem e ninguém vai querer transar com ela, porque ela é muito feia! - é a gota d'água, levanto, esbarro em algumas pessoas e saio da boate, respiro o ar fresco da madrugada, atravesso a rua e tiro a chave do bolso - HARRY! - eu nem me dou trabalho de olhar para trás, sei que é Savannah - HARRY! - ela berra, entro rápido no carro e coloco o cinto.

- Maluca - acelero e viro a rua, diminuo um pouco a velocidade - que sono - bocejo - pior que nem vou poder dormir muito, daqui a pouco tenho que ir para a escola, eu poderia faltar aula, mas aí eu não veria Emily, que porra, estou começando a ficar dependente dela - viro a esquina - eu posso dormir nas aulas! Isso! Vou tirar uma soneca nas aulas chatas. "

[...]

Dormir bem eu não dormi, consegui pegar no sono as três e as seis acordei, cheio de sono. Tomei um banho frio para despertar, mas nem a água fria levou meu sono embora, comi uma maçã e saí meio apressado, na portaria não tinha ninguém, esse porteiro não tem jeito, nem mesmo depois da bronca que levou, ele continua largando a portaria sozinha. Passei em um posto, abasteci o carro e comprei balas e chicletes de hortelã, dei uma olhada no celular, várias mensagens e ligações da Savannah, não respondi nenhuma delas e agora estou aqui na sala, sentado na mesa do professor, olhando as horas no celular, ansioso para ver Emily. Deixei ela em casa ontem com o coração apertado, por causa do padrasto, mas com certeza ele nos viu juntos e não deve ter feito nada e se fez...

- Eu mato ele! - levanto num pulo da mesa, ouço passos e segundos depois Emily aparece na porta.

- Ai que susto! - ela coloca mão no peito, espera, ela está diferente, o uniforme está adequado para o tamanho dela e a saia parece um pouco menor, parece não, está menor.

- Eu estou tão assustador assim? - a olho caminhar até sua mesa, ela está diferente mesmo, até o cabelo.

- Não, é que eu não esperava te ver agora, porque está cedo - ela diz, colocando a mochila em cima da mesa - você não chega cedo - ela me olha e sorri - o que foi?

- Você, você está diferente, mais bonita, não que antes não fosse, mas está mais bonita - ela se aproxima - o uniforme não está largo, seu cabelo não está escorrido, está mais cheio, você está até mostrando as pernas - a olho de cima a baixo - e que pernas... A saia não está muito curta, não como a da Savannah.

- Você já viu minhas pernas, quer dizer, você me viu de short, quando foi na minha casa - suas bochechas ficam vermelhas.

- De saia é diferente - mexo na gravata - você está muito bonita.

- Obrigada.

- Posso saber o motivo de toda essa mudança? - cruzo os braços, encostando na mesa.

- Eu sempre gostei de me arrumar, de estar bem vestida, mas, depois do que aconteceu eu decidi me esconder, criar meu mundo, minha bolha, só que não adiantou me esconder - ela chega mais perto de mim, meio sem jeito - você... Você acabou me achando, acho que não preciso mais me esconder.

- É, você realmente não precisa mais se esconder, não tem motivo, é claro que agora vão cair matando em cima de você.

- Se você quer dizer que vão falar comigo, isso já aconteceu - ela senta em cima da mesa, ajeitando a saia.

- Como é?

- Quando cheguei, agorinha, tinha um grupo de garotos no portão e eles falaram comigo.

- Falaram o quê? - algumas pessoas vão ficar sem os dentes hoje.

- Me deram bom dia.

- E o que mais?

- Oi Emily, bom dia, nossa como você está bonita e assobiaram - vão perder a língua também.

- E você, o que você fez?

- Dei bom dia e continuei andando, não conheço nenhum dos garotos.

- No almoço você me mostra quem são, vou ter uma conversa com eles - passo a mão no cabelo, Emily ri - qual é a graça?

- É divertido ver você assim, meio nervoso, só porque alguns garotos me deram bom dia e com essa cara de sono, fica ainda mais fofo.

- Olha, você e eu estamos... Nós estamos... Você sabe o que estamos - ela ri - não podem mexer com você - paro na frente dela - e sim, estou cheio de sono.

- Não dormiu bem? - encosto a cabeça em seu ombro.

- Não - bocejo - eu trabalhei ontem até tarde.

- Você trabalha de noite?

- Sim, em uma boate - me afasto.

- Boate? Nossa, então você deve ter dormido bem pouco - para minha surpresa, Emily não faz mais perguntas sobre meu trabalho.

- E você, dormiu bem? - brinco com sua gravata - seu padrasto tentou alguma coisa?

- Eu dormi um pouco, meu padrasto não fez nada, mas ele falou que não devo ficar me agarrando com qualquer um na frente de casa, ele nos viu juntos.

- Foi bom mesmo ele ter visto você comigo, é bom ele saber que tem alguém para te defender - os olhos de Emily começam a lacrimejar - vai chorar?

- Não - ela pisca algumas vezes - é bom ouvir isso, que tenho alguém para me defender - ela sorri, mas parece triste - eu sempre tive que me virar sozinha.

- Isso é passado, agora você tem a mim, não sou grande coisa, mas posso te defender - beijo sua testa e em seguida sua boca - não vou deixar ninguém machucar você - a beijo de novo.

- Você vai me proteger? - ela fala baixinho.

- Vou - a beijo novamente, ela sorri, mas não dura muito, ela me afasta - o que... - olho para a porta e vejo Savannah de cara feia - o que você quer Savannah?

- Ver com os meus próprios olhos o que já estão comentando na escola, a transformação da lagarta - ela entra - você está mudada mesmo, a saia está mais curta, o uniforme não está mais largo, até o cabelo você ajeitou, que foi, Harry pediu para você se ajeitar? Entendo, ele gosta de garotas bem vestidas, vaidosas, cheirosas...

- Savannah, dá o fora - dou um passo, Emily agarra meu braço.

- Ele só quer se divertir com você caipira, você é uma distração, assim como as outras, ele usa e joga fora, logo vai se cansar de você, vai te levar para a cama, usar e abusar de você e depois te chutar e para quem ele vai correr? Para mim - ela bate no peito - ele sempre volta para mim, ele já falou que gosta de você? Deve ter falado, mas se liga no recado: ele fala isso para todas! - olho para Emily rapidamente, ela está mordendo os lábios, se segurando para não chorar - uma hora ele vai te largar e voltar para mim.

- Chega Savannah! - ela ri - sai daqui, agora!

- Tudo bem, tudo bem, eu vou, só quis soltar um pouco do meu veneno - Savannah passa os dedos nos cantos da boca - tchauzinho - ela acena e sai da sala.

- Emily, você não acreditou nela, acreditou? Savannah é venenosa quando quer - Emily solta meu braço.

- Ela falou alguma mentira? Olha, ela me parecia muito sincera.

- Eu não quero me divertir com você, não no sentido que Savannah falou, você não é uma distração para mim, eu gosto de você Emily, de verdade - lágrimas escorrem de seus olhos - só uma coisa que ela disse que é verdade, que eu usava as garotas, eu admito, para mim eram só distrações, mas isso não quer dizer que vou fazer o mesmo com você, você não é como as garotas que eu pegava, você é melhor que todas elas.

- Eu só te peço por favor, não me machuque, não brinque comigo, seja sincero, porque eu já tenho feridas antigas, que ainda tenho que cuidar - ela se afasta de mim e vai para a janela.

- Emily - paro atrás dela - eu não tenho intenção de fazer mal a você, muito menos brincar com você, com seus sentimentos.

- Eu estou tentando reconstruir a minha vida e meu coração, eu estou deixando você se aproximar de mim, estou me permitindo viver algo com você, eu estou rindo e sorrindo de novo - seus lábios tremem - você sabe que minha vida não é um mar de rosas, você sabe o que eu já passei...

- Emily... - ela consegue me deixar sem palavras - vem cá - chego mais perto e nos abraçamos, ela encosta a cabeça no meu peito, seus braços envolvem minha cintura, Savannah deu o bote, sei o que suas palavras causaram.

- Eu sei que você... - ela se afasta e olha para mim - eu sei que antes de mim você viveu outras coisas e eu só tive um namorado, não estou falando que estamos namorando - ela faz beicinho, seguro a vontade de rir - e você sabe o que ele me causou, até hoje me cuido, não quero outra decepção Harry.

- Você não vai ter outra decepção Emily, te prometo, vai, me dá o seu dedinho.

- Hã? Meu dedinho?

- É, seu dedinho - ela continua me olhando, confusa, pego sua mão e enlaço nossos dedinhos - uma vez uma garota bonita me disse que promessa de dedinho é muito séria - ela esboça um sorriso - e eu vou seguir isso, eu prometo que não vou te decepcionar, não vou machucar você, eu sei como é ter o coração partido, prometo ser um bom rapaz - beijo sua mão.

- Eu acredito em você - ela sussurra, com lágrimas nos olhos - eu acredito em você - ela se estica um pouquinho e beija minha bochecha e em seguida seus lábios tocam os meus e o sinal toca.

- Que porra - resmungo - tinha que tocar logo agora? - Emily dá uma risadinha.

- Te vejo depois - ela beija minha bochecha mais uma vez e vai se sentar em seu lugar.

- Até depois - digo, mas a sala começa a encher, com a turma da aula de música.

- Oi oi oi meus queridos e queridas - o professor Daniel diz, entrando na sala, olho para Emily, que parece estar tão confusa quanto eu - vocês devem estar estranhando minha presença, quer dizer, acho que só dois - ele olha para mim e depois para Emily, fico sem graça e sento na mesa - bom, hoje vou dar minha aula mais cedo, tenho uma consulta hoje, sabe como é, a idade vai chegando, chegam as dores, coisas de velho.

- O senhor não é velho professor - digo - ainda é jovem.

- Obrigado pelo jovem - ele ri - mas é bom se cuidar, sendo velho ou não, mas como eu estava dizendo, vou dar minha aula mais cedo, não vai atrapalhar vocês em nada, já está tudo certinho, vamos para o auditório, tenho uma novidade para contar.

O professor contou a novidade todo empolgado, sentados nas cadeiras, ouvimos atentamente a notícia. A diretora o encarregou de cuidar da parte musical da formatura, que ainda está meio longe, mas ela pediu para ele cuidar disso.

- Eu fiquei muito contente com essa missão - o professor caminha pelo palco - vocês podem ver a minha animação, bom, como se trata da formatura, pensei em fazer algo diferente e divertido, um coral com os formandos, então isso significa que vou precisar de vocês.

- É obrigatório? - alguém grita do fundão.

- Não é obrigatório, mas eu ficarei muito contente se puder ter alguns de vocês, vou fazer testes, todas as outras turmas que vão se formar esse ano vão participar, mas primeiro, quero que façam uma lista, com músicas que vocês gostam, começando agora! - começam os cochichos.

- Você vai participar? - pergunto a Emily, que está sentada ao meu lado.

- Não sei - ela pega um caderno e uma caneta - acho que vai ser legal ter um coral de formandos na formatura, mas eu sou tímida, cantar para muita gente me assusta um pouco, já fiquei mega nervosa quando cantei aquela vez aqui, imagina esse auditório cheio de gente que nem conheço? Acho que eu passaria mal e você? Vai participar?

- Eu? Nem pensar, acho isso uma grande besteira - coloco as mãos atrás da cabeça.

- Que pena - Emily rabisca em seu caderno - se você participasse, eu também iria, acho que seria legal fazer algo assim com você - ela olha para mim por uns segundos e volta a rabiscar em seu caderno. Pronto, a sementinha já foi plantada, Emily conseguiu despertar minha imaginação.

[...]

A empolgação do professor Daniel pareceu contaminar a turma, a mim não, quer dizer, talvez um pouco. Passei uns minutos da aula imaginando Emily e eu cantando juntos, qualquer música, bem, na minha imaginação só mexíamos a boca e andávamos pelo palco, sendo aplaudidos pelo público, depois achei tudo muito brega. Todos entregaram a lista, até eu, só coloquei algumas músicas, pouco menos de dez, incluindo Macarena, só para sacanear o professor, que achou graça da minha sugestão. Me despedi da Emily, com olhares curiosos da turma em nós, não me importei, até porque só toquei no ombro dela e sorri, mas a minha vontade era de dar um beijo na boca dela, mas isso a deixaria muito envergonhada.

Voltamos a nos encontrar na terceira aula, mas não nos falamos, teve um teste e cada um ficou na sua, mas eu já tinha me decidido, iria ficar com ela no almoço. O sinal toca, jogo minhas coisas na mochila e saio da sala, o corredor cheio me irrita um pouco, esbarro em algumas pessoas, vou direto para a biblioteca e Emily não está, ao caminhar para o refeitório, a encontro cercada de marmanjos, estão cercando perto da máquina de refrigerantes.

- Algum problema? - paro atrás deles e encontro os olhos da Emily, ela está assustada - esses caras estão te incomodando Emily? - os quatro caras me encaram, são do meu tamanho e talvez mais fortes do que eu, são do time de futebol da escola.

- Imagina cara, só estamos querendo pagar um refri para ela - um deles diz, não sei como se chamam - nós meio que estamos brigando para ver quem paga.

- Eu tenho dinheiro para pagar, mas eles estão... Muito insistentes - Emily chega perto de mim e agarra o meu braço, os quatro idiotas arregalam os olhos - foram eles que mexeram comigo - Emily sussurra no meu ouvido.

- V-vocês... - um outro gagueja.

- Olha só, vou dar um único aviso, não quero nenhum de vocês perto dela, nenhum, se eu souber que algum de vocês se atreveu a mexer com ela, vai levar uma surra - digo de forma bem ameaçadora - entenderam? - eles balançam a cabeça e se afastam, Emily solta um suspiro de alívio.

- Obrigada - ela encosta a cabeça no meu braço.

- Eles fizeram mais alguma coisa?

- Não, só queriam me pagar um refrigerante, mas eu me recusei, eles estavam insistindo muito e me olhavam de um jeito... Não gostei da forma como me olhavam - ela aperta meu braço.

- Eu também não gostei, pareciam uns... - resolvo não falar, mas eles pareciam um bando de lobos famintos acuando a presa, o bichinho indefeso - esquece, vamos, eu vou pagar seu refri, eu posso?

- Você sim - ela solta meu braço, tiro moedas do bolso, coloco na máquina e aperto o botão - ainda bem que você chegou, eu me senti tão acuada, não sabia o que fazer.

- Você é uma garota bonita Emily, se antes não reparavam em você, era porque você se escondia, o uniforme que você usava te deixava esquisita, desculpa a sinceridade - pego as duas latinhas de refrigerante e entrego uma para Emily.

- Obrigada, tudo bem, gosto de pessoas sinceras, continue.

- Você estava se escondendo no seu mundinho, na sua bolha e agora que você resolveu sair da sua bolha e se mostrar, é natural que te olhem, principalmente os garotos - dou um gole no refri - você vai ter que se acostumar, vão te olhar de várias formas, vão te querer, te desejar, assim como eu - Emily engasga com o refrigerante - é serio, você agora vai entrar para a lista das garotas mais bonitas da escola.

- Aqui tem uma lista? - começamos a andar pelo corredor.

- Tem, não sou eu quem faz, mas se eu fizesse, você estaria no topo - bebo mais um pouco de refri - e nas outras posições também - rio - também existe uma lista dos garotos mais bonitos e é claro que eu estou no topo.

- Imaginava - Emily ri.

- Ah é? - paramos e sentamos na mureta que fica de frente para o pátio, onde alguns alunos estão conversando.

- É, eu já olhei alguns garotos da escola, um ou outro, mas você é o mais bonito, já achava, mesmo você fazendo todas aquelas coisas comigo, eu dizia a mim mesma, como pode ser tão bonito e tão ruim?

- Eu era um idiota não era? - ela balança a cabeça - fui muito ruim com você, muito mais do que já fui com os outros.

- Sim, você foi, mas isso já passou, você tem se comportado, merece até uma estrelinha.

- Prefiro um beijo, pode ser? - chego mais perto dela.

- Aqui? - chego ainda mais perto.

- Aqui, agora.

- Vão ver, tem certeza que você quer isso? Que nos vejam?

- Qual é o problema? - bebo o resto do meu refri - já nos viram conversando na aula música, já devem desconfiar de alguma coisa e os caras do time de futebol já sacaram que estamos de rolo e além do mais, é só um beijo, estou com tanta vontade...

- É melhor não.

- Eu sei que você quer - jogo a latinha de refrigerante no meio das plantinhas, Emily faz cara feia - eu pego depois.

- Pega agora e me dá, vou jogar no lixo junto com a minha.

- Só se você me beijar - tento uma chantagem.

- Chantagem? - ela levanta e cruza os braços - você está muito grande para isso, não acha?

- Nunca se é grande demais para tentar uma chantagem - pego a latinha entre as plantinhas e entrego a Emily.

- Que feio - ela ri e vai jogar as latinhas no lixo, dois garotos passam olhando para ela, que nem se deu conta - viu só? Não quebra a mão ir jogar no lixo - ela pega a mochila no chão - você não vai comer no refeitório?

- Não estou com fome, mas você quer ir?

- Não, também estou sem fome, achei que talvez você quisesse ir - ela ajeita a saia.

- Se você quiser, podemos ir - levanto, pegando minha mochila.

- Não, tudo bem - ela passa a mão no cabelo e começamos a andar.

- Bom, agora acho que você pode me beijar, eu fiz o que você queria, peguei a latinha e te dei - Emily anda mais rápido - Emily... - ela ri - só um beijo, eu sei que você também quer, vi nos seus olhos - antes que ela possa fugir de mim, me apresso e agarro seu braço, a encosto na parede, do lado da máquina de refrigerantes - eu sei que você também quer - sussurro.

- Eu não disse nada disso, é você que está falando - ela tenta me empurrar, mas fracassa.

- Diz que não quer, diz olhando para mim - nenhuma resposta - viu, você quer.

- Só um e rápido.

- Uma coisa que você precisa saber é que comigo as coisas não são rápidas, gosto quando são demoradas - beijo sua bochecha - bem demoradas - largo minha mochila no chão, Emily faz o mesmo - quando as coisas são demoradas, eu aproveito muito mais - sorrio - aproveito muito o momento, acho que estou perdendo tempo falando, é melhor te mostrar - me inclino na direção de sua boca, encosto meus lábios bem devagar nos dela, só um toque, ela sorri envergonhada e apoia as mãos no meu peito, a puxo pela cintura e dessa vez a beijo.

Se me dissessem que eu estaria beijando Emily Hilliard Tooley no corredor da escola, eu daria risada e diria que a pessoa estaria bêbada, cheia de droga, mas agora estou beijando Emily Hilliard Tooley no corredor da escola e não estou me importando com os outros, não me importo se vão falar de mim.

- Gostoso - recuo um pouco - tem gosto de refrigerante de limão com bala de hortelã - passo a língua nos lábios - gostoso demais - a encosto na parede, afasto alguns fios de seu cabelo da frente de seus olhos, ela está com o rosto vermelho.

- É melhor a gente sair daqui, se nos pegarem vão nos suspender.

- Relaxa, não tem ninguém no corredor - encosto a boca em seu pescoço - posso?

- Não - ela ri e me afasta, o sorriso que estava começando a se formar em seus lábios rosados se desfaz, quando olho para o lado, entendo o motivo, Savannah, Julian, Mike e John estão nos olhando.

- Agora acreditam em mim? - diz Savannah, de braços cruzados.

- E-essa aí é a c-caipira? - John gagueja.

- É ela sim - Savannah chega mais perto.

- Eu já vou - Emily pega a mochila, seguro sua mão - me deixa ir, por favor.

- O bichinho do mato já quer correr.

- Harry, por favor - Emily suplica.

- Não Emily, fica, eles não vão fazer nada com você, eu estou aqui - pego minha mochila - o que vocês querem?

- Savannah contou que a caipira tinha mudado, nós não estávamos acreditando - Julian diz e olha Emily de cima a baixo, John e Mike fazem o mesmo.

- Quem diria, ela é até gostosinha - John assobia.

- Cala essa boca! - esbravejo.

- Foi mal, foi mal - John levanta as mãos.

- Eu não quero ficar aqui Harry, falo com você depois - Emily se solta da minha mão e anda apressada pelo corredor.

- Você nunca foi de trocar seus amigos por uma garota e agora está fazendo isso? Por quê? - Savannah pergunta, respiro fundo.

- Não troquei ninguém, hoje eu quis ficar com ela, eu posso fazer isso, posso fazer o que eu quiser.

- Dá para entender o motivo de você querer ficar com ela - Mike diz, seu tom é malicioso.

- Se você quiser preservar seus dentes, é melhor manter a boca fechada, isso vale para vocês também, John e Julian, eu arrebento vocês, sem pena nenhuma.

- Viu? Agora até maltrata seus amigos, tudo por causa daquela caipira nojenta!

- Não fala assim da Emily - ando até Savannah - vocês já viram que eu e ela estamos numa boa, espero que respeitem, não quero ter que me afastar de vocês, somos amigos, eu nunca impliquei com as garotas que vocês ficam, agora eu espero o mesmo de vocês, gosto da Emily, de estar com ela, ela é legal, muito diferente do que eu imaginava, se vocês dessem uma chance para ela seria legal.

- Nunca, nunca vou fazer isso, ela pegou meu macho! - dou risada.

- Savannah, eu nunca fui seu macho, nós ficávamos, transávamos vez ou outra, só isso, você nunca foi a única para mim, você sabe e eu nunca fui o único para você - Savannah morde o lábio inferior e pisca algumas vezes, não acredito que ela vai chorar, ela não é de fazer isso.

- Eu... Eu te... Argh, EU TE ODEIO! - ela berra, me empurra e sai correndo.

- Ops, acho que alguém ficou magoada...

- Sua irmã? Magoada? Até parece - digo - Savannah sabe que o que tínhamos não era nada sério, ela pegava outros caras, já ficou até com o John.

- É, isso é verdade - John sorri - Mike até tentou ficar com ela, mas nem bêbada ela quis - rio, Mike dá um tapa na cabeça do John.

- Já disse tudo e repito, não troquei vocês, eu só estou ficando com a garota que eu gosto, qual é o problema? Estamos nos conhecendo, ela é legal, é bonita, não impliquem com ela, é só o que peço.

- Você parece estar sendo sincero - John coça o queixo - por mim tudo bem e foi mal aí, chamei sua mina de gostosinha.

- Ela é gostosa, mas só eu posso falar isso, saindo da sua boca soa um pouco sujo - John sorri e estende a mão para mim - tentem falar com a teimosa da Savannah ok? Vejo vocês à noite.

- Beleza - os três respondem juntos.

[...]

Tentei falar com Emily antes da aula começar, mas ela não quis, não insisti, fui para minha aula e tentei me concentrar nos exercícios, o que não deu muito certo. Agora faltam dez minutos para o sinal tocar, minha folha está em branco, ainda não consegui escrever nada, na verdade nem estou me importando com isso, Emily está na minha cabeça, ela sempre está. Estou torcendo para que ela não esteja chateada, eu me importo com o que ela pensa sobre mim, não quero que ache que estou brincando com ela, que vou voltar a ser um idiota com ela, isso nunca mais vai acontecer.

- Entreguem suas folhas - o professor levanta e começa recolher as folhas, a minha continua em branco, nenhuma questão foi respondida, ele se aproxima da minha mesa e olha para mim - é assim que você quer passar na minha matéria? Vai ficar aqui até terminar - não questiono, sei que estou errado, o professor volta a recolher as folhas dos outros alunos, o sinal toca - quem já me entregou pode sair - a cambada sai correndo, sou o único que fica na sala - tenho todo tempo para esperar seu exercício - o professor senta em sua cadeira, me olha rapidamente e sorri.

- Com licença professor - olho para a porta e vejo Emily - a Inspetora Theresa me pediu para avisar que tem uma pessoa esperando pelo senhor na sala dos professores, disse que é urgente.

- Urgente? - o professor levanta - Harry, termina esse exercício em casa e me entrega amanhã - ele recolhe suas coisas e ao passar por Emily diz obrigado.

- Não conseguiu fazer o exercício? - ela vem até minha mesa.

- Não, não consegui - fico envergonhado.

- Posso dar uma olhada? - ela senta na cadeira da frente, analisa as questões e diz - quer ajuda? Não estão muito complicadas.

- Eu quero, mas, hoje você tem aula de balé, não vai te atrasar?

- Eu teria aula, minha professora cancelou, ela não quis colocar uma substituta, então hoje não tenho aula.

- Ah - ela coloca a folha na mesa.

- Vamos lá, vamos responder essas questões!

Leio as questões e Emily começa a discuti-las comigo, com sua ajuda começo a responder uma por uma, colocando até minha opinião na parte das observações. Me sinto até orgulhoso, antes nem estava me importando com o exercício e se fosse fazer em casa, acabaria amassando a folha e jogando no lixo.

- Até que não foi tão ruim assim - termino de assinar meu nome no exercício - obrigado pela ajuda, sem você eu não conseguiria fazer.

- Me agradeça depois que o professor corrigir - ela sorri.

- Que cena mais linda! - Savannah entra na sala batendo palmas - que lindos os dois pombinhos juntos! - Emily levanta.

- Savannah, de novo não, por favor.

- Só vim falar umas coisinhas para a sua caipira - Savannah coloca as mãos na primeira mesa, da segunda fila - Harry já falou tudo sobre ele para você?

- Savannah... - ela sorri.

- Será que ela vai te querer quando souber o que você faz Harry? - ela olha para mim - você nem contou para ela né?

- Do que ela está falando Harry?

- Você não sabe mesmo! - Savannah gargalha - ai Harry, que feio, escondendo da sua caipira que você...

- CALA A BOCA PORRA! - grito, caminho na direção de Savannah, derrubando as mesas e as cadeiras - cala essa maldita boca - agarro o braço dela e arrasto-a para fora da sala.

- Você não contou para ela o que você faz? Está com medo dela deixar você? É o que ela vai fazer quando souber como você se sustenta, ela é toda certinha, não vai querer ficar com um traficante, por mais gostoso que você seja - largo seu braço - ela não é garota para você, eu sim te aceito do jeito que você é.

- Eu vou contar, mas você não tem que ficar se metendo nisso - na verdade isso não estava nos meus planos, eu inventaria algo, porque sei que Emily não vai querer mais ficar comigo se souber de toda a verdade.

- Ela vai te chutar, isso sim - Savannah pode estar certa, mas quero ser otimista e pensar que isso não vai acontecer.

- Vai embora Savannah, vai embora, cuida da sua vida, da minha cuido eu.

- Tudo bem, eu sei que logo você vai voltar para mim - ela sorri e sai andando.

Espero ela virar o corredor e solto um suspiro longo, volto para a sala e todas as mesas e cadeiras que derrubei estão no lugar e Emily está sentada na minha mesa.

- Savannah está meio perturbada hoje.

- Deu para notar - Emily diz, mas não olha para mim.

- Emily, eu...

- Tem algo que não sei não é Harry? Acho que muitas coisas, estou certa? - não consigo responder - seu silêncio já me respondeu, Savannah tem razão, você não falou tudo sobre você, eu sei muito pouco, sei mais da boca dos outros do que da sua.

- Podemos conversar? Não aqui, em outro lugar.

- Não sei, como não tenho aula de balé, pensei em praticar em casa, se você quiser, podemos ir para lá e depois que eu fizer minhas coisas, podemos conversar - ela olha para mim.

- Por mim tudo bem.

[...]

Emily não falou nada quando saímos da sala, saímos em silêncio, no corredor consegui entregar meu exercício para o professor, ele estava conversando com uma mulher que parecia ser irmã dele e talvez fosse, os dois são bem parecidos. Entramos no carro em silêncio, eu não sabia o que dizer, estava pensando como iria me explicar, como iria contar para ela o que eu faço, como me sustento, provavelmente ela vai me chutar, como Savannah disse. Tentei ser otimista durante o trajeto até a casa dela, mas as gotinhas de otimismo secaram todas quando chegamos em sua casa e o nervosismo só aumentava com seu silêncio.

- Desculpa pela demora, eu não estava achando minha malha - Emily desce a escada mexendo no cabelo, ela está com uma espécie de maiô, pelo menos se parece um, está usando também uma saia branca, que vai até os joelhos, a meia-calça também é branca, me levanto do sofá - você está com fome?

- Um pouco - passo as mãos suadas na calça jeans.

- Vamos para a cozinha, vou esquentar um pedaço de torta para você - a sigo até a cozinha, ela faz sinal para que eu me sente, arrasto uma cadeira e me sento, ela abre a geladeira e pega uma travessa pequena, acompanho seus movimentos, ela parece estar calma, apesar de estar um pouco séria.

- Você está com raiva de mim? - resolvo perguntar.

- Não, raiva não, só não gosto de ser a última a saber das coisas, não gosto que mintam para mim - ela coloca a pequena travessa no micro-ondas.

- Eu não menti para você, eu só não falei tudo sobre mim, não tivemos tempo para conversar sobre nós, eu também não sei muito sobre você.

- Você sabe sim, muito mais do que deveria, contei coisas para você que nem mesmo minha mãe sabe, mesmo nós dois não tendo uma amizade, eu contei - ela pega um pano vermelho e tira a travessa do micro-ondas e coloca na mesa - ai ai!

- Se queimou? - levanto rápido e pego a mão dela.

- Foi só o dedo, a pontinha, nada grave, está tudo bem - olho para seu dedo, não foi nada grave, mas está um pouco vermelho, coloco seu dedo nos meus lábios e dou um beijo.

- Vai curar - ela fica me olhando, está com vontade de sorrir, mas está bancando a durona - eu sei que não tínhamos uma amizade, no início não, mas agora temos.

- Eu sei - ela suspira - vamos falar disso depois, não quero discutir com você.

- Nem eu quero isso - também suspiro, dou mais um beijo em seu dedo - está tudo certo? - ela assente, solto sua mão e volto a me sentar, ela pega um prato e talheres e coloca na minha frente - você não vai comer?

- Estou sem fome - ela me serve um pedaço de torta - você quer salada?

- Não não, obrigado - o cheiro da torta invade meu nariz, um cheiro gostoso.

- Quer suco ou refrigerante? Tenho suco de caixinha, de pêssego e laranja e refrigerante de limão - ela deixa escapar uma risadinha ao abrir a geladeira - o que você vai querer?

- Refrigerante de limão, meu favorito - vou tentar amenizar o clima, ela pega uma latinha e me entrega - obrigado - ela senta de frente para mim, dou uma garfada na torta - qual é o seu refrigerante favorito?

- O mesmo que o seu - rimos - está boa?

- Muito - acabo falando de boca cheia - você tem mão boa para cozinhar.

- Eu gosto de cozinhar, tudo que sei aprendi com a minha avó, tenho alguns livros de receita e gosto de ver programas de culinária, sempre aprendo algo novo.

- Quando não tem nada mais interessante na tv, também assisto - bebo um pouco de refri - sua avó fisgou seu avô pelo estômago?

- Mais ou menos - ela ri - eles se conhecem desde sempre, estudaram juntos e no ensino médio começaram a namorar e logo se casaram, minha avó sempre soube fazer de tudo - enquanto ela fala, vou devorando meu pedaço de torta - meu avô se encantou pelo jeito da minha avó, ele conta que quando eram namorados a minha avó fazia bolo de nozes com chocolate para ele e na primeira vez que ele comeu esse bolo, teve certeza que era com ela que queria passar o resto da vida, é claro que é uma brincadeira, mas meu avô adora contar essa versão da história.

- Você fala deles com tanto carinho, me parecem ser legais.

- Eles são, sou louca por eles, sou completamente louca pela minha família, amo meus avós, meus tios, meus primos, minha família é tudo para mim.

Sinto um nó na garganta, bebo o resto do refrigerante, família... Será que a minha ainda se lembra de mim?

- Terminei, estava muito gostosa, muito obrigado - Emily levanta e cobre a travessa com o pano vermelho.

- Vem, vamos para minha sala de ensaio, depois eu lavo essas coisas - sigo Emily novamente e paramos na frente da porta que tem uma bailarina na maçaneta - é aqui que eu ensaio - ela abre a porta, é um pouco maior que o quarto dela - era um quarto, mas minha mãe transformou ele em uma sala de balé.

Entramos, as paredes são de um tom de rosa mais escuro, tem uma janela comprida, com cortinas brancas, um puff vermelho e enorme está perto da parede, o piso parece de madeira, deve ser feito com algo antiderrapante, em uma das paredes tem um mural cheio de fotos, um pouco adiante uma cristaleira cheia de bailarinas, de vidro, de porcelana, todas muito delicadas, no cantinho perto de um par de sapatilhas tem um rádio e o que mais chama atenção na sala é o espelho, com uma barra comprida, parece mesmo uma sala de balé, nunca vi uma de verdade, só na tv.

- Maneiro - digo, Emily abre as cortinas, raios de luz penetram a sala - você faz coleção? - aponto para a cristaleira.

- Fazia, mas como você pode ver, não tem mais espaço aí - ela senta no chão e começa a calçar as sapatilhas, olho mais as pequenas bailarinas e passo para o mural de fotos, Emily vestida de bailarina na maioria das fotos, com algumas pessoas - eu era gordinha - olho para o lado e Emily está sorrindo - eu era a mais gordinha da turma, depois fui emagrecendo.

- Você faz balé desde pequena?

- Sim, eu sempre gostei, fiz minha mãe achar uma escola aqui, para continuar dançando - ela passa os dedos na foto que ela está no colo de um homem, o mesmo que está em seu porta-retrato no quarto - ele me incentivava muito.

- É seu pai? - ela balança a cabeça e dá um suspiro - você se parece com ele.

- Só não herdei os olhos azuis.

- Seus olhos também são lindos Emily, sou apaixonado por eles - ela me olha - amo seus olhos - passo o polegar em sua bochecha - seus pais são separados?

- Não, meu pai faleceu quando eu era pequena.

- Sinto muito, como ele...

- Morreu em serviço, ele era bombeiro - isso explica o capacete e o carrinho no quarto - dois dias antes do meu aniversário - Emily se afasta um pouco e senta no chão, faço o mesmo - eu era muito pequena, mas lembro de algumas coisas, como o dia que tudo aconteceu, ele entrou no meu quarto de noite, eu estava quase dormindo, ele entrou devagarzinho e me pegou no colo - ela fecha os olhos - disse que ia trabalhar, que voltaria logo, para poder me levar para tomar sorvete, para brincarmos e depois ir comprar meu presente de aniversário - ela esfrega as mãos na saia - ele disse que me amava muito, ele sempre fazia isso, mas naquele dia ele demorou mais, me abraçou apertado, me beijou, repetiu muitas vezes que me amava e " eu te amo muito minha pequena bailarina ", era assim que ele me chamava - ela dá uma risadinha - ele me colocou de volta na cama e eu dormi - pego sua mão - ele foi para a casa que estava pegando fogo, conseguiu tirar os pais e o filho mais velho, o pequeno ficou para trás e meu pai voltou para pegar o menino, conseguiu, mas estava cercado pelo fogo, então ele gritou pela janela do terceiro andar, pediu que estendessem um lençol... Ele salvou o menino, mas ele não se salvou... - ela aperta minha mão.

- Morreu como herói - ela olha para mim e sorri, entre lágrimas.

- Tenho muito orgulho dele, ele fazia o que amava, morreu fazendo isso, mas eu sinto muita saudade dele, muita - beijo o topo de sua cabeça e enxugo suas lágrimas.

- Não chora, por favor - falo baixinho, acariciando seu cabelo - não fala mais disso, não quero ver você chorar - viro o rosto dela para o meu e roço meu nariz no dela.

- Eu vou parar... Eu vou dançar - ela respira fundo e levanta, indo na direção da barra - você vai ficar sentado aí? Pega o puff para sentar.

- Aqui está bom - Emily começa a se alongar toda, se apoiando na barra de ferro.

- Liga o rádio para mim, por favor.

Estico o braço e aperto o play, uma música lentinha começa a tocar e Emily dá uns passos, me encosto na parede, prestando atenção em cada passo, ela está atenta ao ritmo, seus passos são firmes, os giros são perfeitos, fico admirado ao vê-la dançar na ponta dos pés, parece tão difícil e deve doer também. Ela dá um giro e um pequeno salto parando no meio da sala, ela coloca a mão no peito, dou pausa na música.

- Emily? Está tudo bem? - levanto, ela não responde, me aproximo, ela está chorando - o que foi? Você está passando mal? Está com alguma dor? Você está meio pálida - toco seu rosto - e suando frio.

- Aqui, aqui dói - ela continua com a mão no peito.

- Você, você, meus Deus, você toma algum remédio? - começo a ficar desesperado, dou um abraço nela, ao passar a mãos em suas costas, sinto seu coração acelerado - responde Emily, você toma algum remédio?

- Não é dor física Harry, é dor de saudade - ela soluça.

- Entendi - suspiro, um pouco aliviado, ela está se referindo ao pai - fica paradinha aqui - me afasto - vou ligar o ventilador e arrastar o puff para cá, fica aqui - ela balança a cabeça, ligo o ventilador, que é de teto, está bem em cima de onde Emily está, o puff vermelho é enorme e parece pesado, isso se confirma quando começo a arrastá-lo - pronto, senta aqui - ajeito o puff e Emily se senta, ela parece estar mais calma, não está mais pálida e nem suando frio - vou pegar um copo de água para você.

- Não quero água, fica aqui - me abaixo - fica aqui - ela passa as mãos no rosto.

- Vou ficar - levanto, dou a volta no puff - vou sentar atrás de você ok?

- Tá bom - ela desfaz o coque e ajeita o cabelo para o lado, me sento atrás dela no puff, deixando ela entre minhas pernas, coloco meus braços ao seu redor, puxando seu corpo para junto do meu, suas mãos cobrem as minhas.

- Sabe, nunca sei o que dizer ou fazer quando te vejo chorar, nas poucas vezes que te vi chorar fiquei perdido, não sei o que fazer - olho nosso reflexo no espelho, Emily está de olhos fechados.

- Você pode achar que não sabe o que fazer, mas seus gestos dizem outra coisa, você está aqui, me envolvendo com seus braços, me acalmando - ela mexe os dedos e os entrelaça nos meus, isso me faz sorrir - você acha que fica perdido, mas não fica.

- Olha aqueles dois ali - ela abre os olhos.

- Somos você e eu.

- Vamos fazer de conta que não são, vamos fingir que são outras pessoas - encosto o queixo no ombro dela - você acha que eles combinam? Seja sincera.

- Ah, sim, ele parece gostar dela, olha como ele está abraçando ela, como ele aceita que ela segure suas mãos - Emily está entrando na brincadeira - e você, o que você acha?

- Ele parece gostar dela, concordo com você, olha, ela se encaixa perfeitamente nos braços dele, ela parece feliz nos braços dele e ele feliz por ela estar em seus braços - Emily sorri - viu, ela sorriu, ela gosta dele, tenho certeza e você?

- Eu também tenho, ela gosta dele - sorrio - ele também sorriu, aposto que ela gosta do sorriso dele.

- E eu aposto que ele gosta dos olhos dela, do sorriso, ele gosta dela por inteiro - sussurro em seu ouvido, ela se mexe, afrouxa meu abraço, se vira um pouco e olha para mim.

- Ela gosta dele, olha só como ela olha para ele, como ela toca o rosto dele - Emily toca meu rosto com a ponta dos dedos, seus olhos estão meio vermelhos nas bordas - olha como ele fica quando os dedos dela deslizam pelo pescoço dele - conforme vai falando, Emily desliza os dedos pelo meu pescoço - ele fica tímido, nervoso, as bochechas dele estão coradas agora, ela gosta dele, gosta muito dele, gosta de olhá-lo, gosta do cabelo bagunçado dele, dos cachos nas pontas - ele brinca com meu cabelo, enrolando uma mecha em seu dedo e soltando em seguida - ela gosta dele, se sente segura com ele.

- Você se sente segura comigo? - ela pega a minha mão.

- Sim - com a outra mão acaricia meu queixo - fazia tempo que não me sentia assim, você me dá segurança, é estranho, mas em tão pouco tempo já me sinto segura com você.

- É mesmo? Você está falando sério?

- Não tenho motivos para mentir - ela beija a minha bochecha.

- Não sei o que falar - dou uma risada nervosa.

- Eu sei o que falar - ela encosta em mim, passo um braço ao seu redor - eu gosto desse Harry que estou conhecendo, estou gostando muito - olho novamente para o espelho, gosto do que vejo, um cara abraçando uma garota vestida de bailarina, um cara cabeludo, de botas, abraçando uma bailarina, podem achar essa combinação um tanto esquisita, mas eu simplesmente amo essa combinação - você tem me tratado tão bem.

- Você está trazendo esse meu lado bom de volta, faz um bom tempo que não trato ninguém com tanto carinho - suspiro, brinco com seu cabelo - faz muito tempo.

- Você já namorou não é?

- Já, mas faz muito tempo - Emily faz círculos com o polegar nas minhas costas.

- Você era assim com ela? Carinhoso?

- Era, era muito - as lembranças trazem um gosto amargo a minha boca - mas depois do que aconteceu entre ela e eu, hmm, eu parei de ser assim, me tornei frio, a decepção foi muito grande, você quer saber a história?

- Quero sim - ela solta a minha mão e se afasta um pouco para me olhar - eu quero saber o que fizeram com você, quero saber tudo sobre você.

- Você vai saber - encosto meu nariz em sua bochecha.

- Mas hoje não, hoje eu quero ficar assim com você, bem perto de você, só vou me afastar quando você tiver que ir embora.

- E quando eu tiver que ir no banheiro? Você não vai se afastar de mim nem quando eu tiver que ir no banheiro mijar?

- Para seu nojento! - ela dá um tapinha no meu braço.

- Todo mundo mija, você não?

- Para! - rio, ela volta a se encostar em mim - vocêémuitonojento.

- O que você disse? Não entendi - olho para o espelho e vejo que ela está com o dedo na boca, resolvo brincar com ela mais uma vez - está chupando dedo Emily? Eu estou vendo...

- Eu disse que você é nojento e eu não estou chupando dedo - ela se afasta de mim novamente - eu estava mordendo a ponta do meu dedo, olha aqui - ela me mostra o polegar - tem até a marca dos meus dentes!

E tem mesmo, mas para irritá-la digo:

- Nem vem com essa desculpa, estava chupando dedo sim! - falo sério.

- Eu não estava chupando dedo! Já falei que estava só mordendo, deixa de ser implicante garoto! - eu me seguro para não rir, ela está mesmo irritada - olha, vou mostrar como eu estava fazendo... - ela pega a minha mão e leva em direção a sua boca, morde meu polegar, de leve, seu lábio inferior está úmido - viu só? Eu não estava chupando dedo - ela diz, ao tirar meu dedo de sua boca, seu gesto me pegou de surpresa - eu mordi com força? Doeu?

- N-não, não doeu, eu só... - só imaginei por uns segundos sua boca em outro lugar, penso, mas é claro que não vou falar - nada não - ela me olha desconfiada, de testa franzida.

- Espero realmente que não seja nada, por um momento eu achei que você... Que você... Nada não - as bochechas dela ficam vermelhas, será que ela também imaginou alguma coisa?

- Confesso, uma coisinha pervertida passou pela minha cabeça, mas já passou, não durou um minuto, foi rapidinho, bem rapidinho - fecho os olhos, esperando por um tapa, um beliscão, qualquer coisa, abro os olhos e Emily está mexendo no cabelo - não vai me bater?

- Não - ela me olha - imaginei que você tivesse pensando algo, pela forma como você estava me olhando, os garotos tem a mente suja mesmo.

- Ei! Nem tanto assim, as garotas também tem a mente suja.

- Eu não, se você quer saber, nunca tive nenhum tipo de pensamento pervertido, nem quando eu namorava.

- Sério? - ela balança a cabeça.

- Eu sou esquisita?

- Não, é que, uau, eu nunca conheci garotas como você, tipo, você já teve uma experiência, mas ao mesmo tempo te acho tão inocente, vejo isso nos seus olhos, o que você fez agora pouco, foi sem maldade, se fosse uma das garotas com quem já fiquei... Você é diferente de todas.

- Você não se importa por eu ser assim? Não sou como Savannah, nem... - não deixo ela falar, a beijo.

- Não fala mais nada, gosto de você assim e com o tempo eu vou fazer você pensar em mim, de várias formas possíveis - ela belisca meu braço - ai ai ai, isso doeu!

- Idiota - ela beija minha bochecha.

- Você se sente melhor?

- Sim, agora fica quieto e me abraça - obedeço - quero ficar escutando esse som.

- Que som? O rádio está desligado.

- Esse som seu bobo - ela coloca a mão no meu peito - o som do seu coração batendo.

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