Drag Me Down ( Harry Styles F...

By harrydesordeiro

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Harry Styles saiu de casa aos 15 anos, após o anúncio do divórcio de seus pais, algo que o deixou devastado... More

Prólogo
Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 13.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Atenção!!!
Capítulo 16.
Parte 2.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Capítulo 24.
Capítulo 25.
Últimos Avisos!!!!!!
Capítulo 26.
Capítulo 27.
Capítulo 28.
Parte 2.
Capítulo 29.
Capítulo 30.
Epílogo.
Agradecimentos!

Capítulo 12.

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By harrydesordeiro

- Eu estou morta, sério - Savannah se apoia em Julian, estamos sentados na mureta, no corredor.

- Também, você se acabou de dançar ontem irmãzinha - Julian empurra Savannah - até que ontem faturamos uma boa grana na outra boate e Nate foi bem generoso.

- Verdade - Mike boceja, ele está um caco, assim como os outros.

Como eu não trabalhei ontem, estou bem disposto e cheio de energia, acho que por causa da ligação da Emily, nossa conversa não durou muito, mas foi o suficiente para me fazer dormir como um anjo.

- Olha quem está chegando - John diz, com um sorrisinho nos lábios - é a caipira - olho para o lado e vejo Emily, cabelos soltos, uniforme arrumado, sapatos limpos e meias branquinhas.

- Que tal uma brincadeira? - Julian passa a mão no cabelo, fico tenso.

- Eu topo! - Savannah sorri, Emily se aproxima, Mike, Julian e Savannah a param no corredor - oi caipira.

- Com licença - Emily diz.

- Não - Savannah ri - meu Deus, como você é horrorosa - Mike e Julian dão risada, John continua perto de mim, sentado na mureta, parece não saber se entra na provocação - criatura esquisita.

- Prefiro ser esquisita do que ser uma vaca como você - para a minha surpresa Emily responde Savannah, pulo da mureta.

- Como é? - Savannah saca um canivete e empurra Emily para a parede, colocando o canivete em seu pescoço - repete se tiver coragem!

- Savannah, para! - digo, Emily está branca feito papel.

- Ela merece um sustinho Harry - Savannah mexe o canivete.

- Savannah, guarda essa porra de canivete - me aproximo, John faz o mesmo - guarda agora!

- O que deu em você? Vai deixar ela falar assim comigo? Essa esquisita mostrou as asinhas!

- Não vou repetir Savannah - Emily está a ponto de desmaiar - guarda a porra desse canivete.

- Por que você está defendendo a caipira? - Mike pergunta.

- Emily não é caipira, estamos ficando - todos olham para mim, de olhos arregalados, menos Emily, ela fechou os olhos.

- Como é? Você, você só pode... Harry, isso é alguma piada? - Savannah ri, ainda com o canivete no pescoço da Emily.

- Não tem piada nenhuma, Emily e eu estamos ficando - Savannah aperta mais a mão no canivete - Savannah, deixa ela ir, agora - Savannah abaixa a mão e se afasta da Emily - vocês, Mike e Julian, saiam da frente, deixem ela passar - os dois abrem caminho e Emily passa correndo por eles.

- Você deve estar drogado, usou muito pó ontem? - Savannah enfia o canivete na cintura e me olha - fumou quantos baseados? Ou está injetando agora? Você e a caipira? Juntos? Fala sério!

- Bizarro - Julian faz careta.

- Calma gente, deve ser mais uma brincadeira, não é Harry? - John olha para mim, assim como os outros, esperando uma resposta.

- Não é, eu estou ficando com a Emily, quer dizer, estamos nos conhecendo, já até nos beijamos - estou super calmo dizendo isso.

- É mentira - Savannah range os dentes - você está mentindo! - John, Mike e Julian estão incrédulos, cochichando entre si - você está mentindo, você nunca ousaria beijar aquele troço porra, nunca!

- Aconteceu, eu beijei e vou deixar um aviso, fiquem longe dela, se eu souber que algum de vocês falou ou fez algo com ela, vão se ver comigo e vocês sabem que eu cumpro o que eu falo - olho para cada um deles e paro em Savannah - principalmente você Savannah, principalmente você.

Passo por Mike, Julian e John, não olho para trás, me apresso, viro o corredor, três salas depois, entro na minha sala, Emily está sentada em seu lugar, de cabeça baixa, me aproximo devagar.

- Emily? - toco seu ombro, ela levanta a cabeça - você está bem?

- Sim - suas bochechas estão molhadas, arrasto uma cadeira e me sento perto dela - foi só um susto.

- É seu pescoço? - quando faço menção em tocá-lo, ela retrai - calma, só vou ver se ela não te machucou, fica calma - jogo seu cabelo para trás e olho seu pescoço - nenhuma marca, não achei que ela fosse fazer algo, devia ter me metido logo - pego suas mãos - me desculpa.

- Você não fez nada Harry, não tem que se desculpar.

- Tenho culpa, sei que tenho - suspiro.

- Estou bem, não se preocupa, mas... Você me deixou...

- Surpresa? - completo.

- Sim, não achei que você fosse falar algo.

- É bom que eles saibam logo que estamos ficando, nós estamos ficando não é? Ou você não quer rotular o que temos?

- Estamos nos conhecendo melhor, do nosso jeito - aperto seu nariz - mas é tão estranho você falar isso, antes você me humilhava e agora estamos mais próximos, você me defende, vai demorar para me acostumar.

- Eu sei que fiz coisas horríveis para você e acredito que bilhões de desculpas não vão apagar o que eu fiz, me arrependo muito de todas as merdas que fiz com você, quer saber uma verdade? - ela balança a cabeça - eu gosto do seu sotaque, acho um charme - aproximo o rosto do dela e beijo sua bochecha.

- Mentiroso.

- É sério - aperto sua mão - acredita em mim - sussurro, beijo o cantinho de sua boca e levanto, coloco a cadeira no lugar - olha para mim - ela olha - você não vai mais passar por nada daquilo tá? Eu vou cuidar de você, aqui e fora da escola - ela esfrega as mãos e balança a cabeça - a gente se fala depois - o sinal toca, como eu já tinha previsto, caminho até o fundo da sala, que começa a encher. Savannah e Julian me olham de cara feia e ocupam seus lugares.

- Bonjour! - diz a professora Catherine ao passar pela porta.

- Bonjour professora Catherine - todos respondem.

A professora Catherine até que não é tão chata assim, ela só é meio estranha, quer dizer, ela parece ter saído de uma dessas histórias de época, não que ela use aqueles vestidos bufantes e chapéus extravagantes, suas roupas são muito chiques, ela está sempre arrumada, cabelos impecáveis, nem um fio fora do lugar.

- Bom meus queridos - seu querido soa como Querrido, por causa do sotaque Francês e até hoje não sei se ela é francesa - hoje faremos um exercício em dupla, escolham com quem vão fazer, sem confusão por favor - levanto e arrasto minha cadeira até a mesa da Emily - senhor Styles, sem barulho por favor, mon Dieu!

- Foi mal professora, desculpa - ajeito minha cadeira e me sento, sei que estão me olhando, sinto os olhares sobre mim.

- O que você está fazendo? - Emily sussurra e olha para mim.

- Vou fazer o exercício com você - digo sorrindo, ouço as pessoas cochichando - posso? - ela não responde.

- Já escolheram seus parceiros? - a professora Catherine para na frente da mesa da Emily - vocês vão fazer juntos?

- Sim professora - Emily diz, olha para a professora e em seguida para mim - vamos fazer juntos.

Fazer o exercício de francês com Emily foi divertido, assim como na vez que sentamos juntos na aula de biologia. Ela fez a maior parte do exercício, eu sou bom em Francês, mas preferi deixá-la ler os exercícios, seu sotaque misturado com Francês foi uma das coisas mais adoráveis de se ouvir, diversas vezes me peguei olhando a boca dela se mover, porra, foi difícil me concentrar no exercício, ela até me deu umas broncas por isso. Terminamos antes dos outros, continuei sentado ao seu lado, vendo-a fazer anotações, pelo menos antes dela me surpreender com um bilhetinho amarelo, com uma bela caligrafia.

" Gosto do seu cabelo e de ver você de touca, você fica muito bonito "

Ela não olhou para mim, mas pude ver um sorriso escondido atrás dos fios de seu cabelo, retribuí seus elogios com um bilhetinho também, peguei seu bloquinho amarelo e escrevi:

" Você tem os olhos mais doces que já vi e é praticamente impossível me concentrar em algo, quando sua boca está tão perto da minha "

Coloquei o bilhetinho debaixo de sua mão, ela demorou um pouco para olhá-lo e quando o fez, olhou para mim e sorriu, muito sem jeito. A aula de Francês foi tão tranquila, assim como as outras, o que não foi tranquilo, nem um pouco, foi o almoço, meus amigos buzinaram nos meus ouvidos, principalmente Savannah.

“ Você não pode estar ficando com aquela criatura, aquela garota é horrorosa, já reparou como ela se veste? E o sotaque? Ela é uma caipira! ”

Ouvi todos os absurdos em silêncio, só prestava atenção na minha deliciosa maçã vermelha. Antes eu falava coisas feias sobre Emily, ria dela junto com os meus amigos, vivia pensando qual seria a próxima maldade que faria com ela, mas depois de ficarmos mais próximos, tudo isso mudou. Meus amigos falaram tanto, aguentei tudo até o final do almoço. As outras aulas seguiram tranquilas, só os meus amigos que não, me olhavam de cara feia sempre que podiam. Emily olhou para mim vez ou outra, de forma discreta, poderia ter ficado com ela no almoço, em vez de ter ficado ouvindo as merdas que meus amigos falaram, mas eu queria ouvir o que eles tinham para falar e como me arrependi por querer dar uma chance para eles.

- Até a próxima aula - o professor Grey diz, saindo da sala, que começa a esvaziar, Emily ainda está arrumando a mochila.

- Emily? - a chamo, ela olha para trás, Julian e Savannah estão parados na porta, de cara feia - quer carona?

- Hmm... - ela olha para Julian e Savannah - não, obrigada, eu vou ir trabalhar hoje, mas agradeço sua gentileza.

- Posso te levar - me aproximo de sua mesa - aceita.

- É melhor não, não quero piorar as coisas entre você e seus amigos - ela fecha o zíper da mochila.

- É melhor mesmo, você já estragou coisas demais caipira!

- Cala a boca Savannah, por que você e Julian não dão o fora? Estão esperando o quê? Hoje não tem carona para vocês, nem para ninguém, podem vazar! - Savannah me fuzila com os olhos, assim como Julian - VÃO! - grito e os dois saem da sala - aceita minha carona, vai ser legal.

- Não sei...

- Por favor - me ajoelho e abraço suas pernas.

- Harry! - ela ri - deixa de ser bobo, levanta!

- Só se você aceitar minha carona - continuo ajoelhado.

- Ok ok, eu aceito - me levanto - você é maluco.

- Um pouco - rio - vamos.

Saímos juntos da sala, ninguém nos corredores, não vejo nem os meus amigos, já devem ter ido embora. Caminhamos até o estacionamento, ao chegar no meu carro, abro a porta para Emily entrar.

- Obrigada - ela diz, fecho a porta, dou a volta e entro no carro - não vou te atrapalhar? Digo, você me levar no meu trabalho? - Emily ajeita o cinto e a mochila no colo.

- Não - jogo minha mochila no banco de trás e coloco o cinto - não vai me atrapalhar nem um pouco - ligo o carro - você vai passar em casa antes?

- Não, vou direto, trouxe meu uniforme - ela dá umas batidinhas na mochila.

- Qual é o endereço? - pergunto - fica perto daquela padaria? Onde te vi a noite?

- Mais ou menos, são duas ruas mais para frente.

- Beleza, quando chegarmos lá, você me guia - ela assente - quer ligar o rádio?

- Posso?

- Claro, um pouco de música é sempre bom - ela ri.

- Não gosto de silêncio, quer dizer, só na hora dos estudos - ela estica o braço e liga o rádio.

- Para encerrar nossa hora só de músicas com a temática filmes, vamos de Love Me Like You Do, do filme Cinquenta Tons De Cinza - o tio da rádio diz, com uma voz engraçada - ah não? Não achou a música? Então solta a primeira que você tiver, qual? Thinking Out Loud, Ed Sheeran, então vamos ficar com Thinking Out Loud, do Ed Sheeran.

- Eu amo essa música, posso deixar aqui? - Emily olha para mim.

- Pode sim - ela sorri, encosta a cabeça no vidro da janela e começa a cantar baixinho, afinado, junto com a música.

Emily tem voz de anjo, pelo menos eu acho, posso nunca ter visto um anjo ou sequer escutado sua voz, mas imagino que saibam cantar. Emily não tem asas e nem auréola, mas pode ser considerada um anjo. Fizemos o trajeto até seu trabalho ouvindo músicas, conversando entre uma pausa e outra da estação de rádio, rindo da voz do locutor, que parecia estar gripado. Ao chegarmos em seu trabalho, uma livraria de fachada antiga, ela me agradeceu pela carona e meio sem jeito, me deu um selinho e saiu do carro, olhei ela entrar e continuei parado por uns segundos, dei a partida, me afastando da livraria, mas eu não queria ir para o apartamento, eu não teria o que fazer lá, dei a volta em uma rua e voltei para o mesmo ponto que estava antes.

- Ah, quer saber, eu vou entrar - passo a mão no cabelo e saio do carro.

Ao passar pela porta, que está aberta, me deparo com uma enorme livraria, por fora nem parece ser tão grande, prateleiras enormes com vários livros, tem um segundo andar, um escada de madeira faz a ligação, no balcão tem um senhor de costas, que não nota minha chegada, caminho entre os livros e perto de uma prateleira, está Emily, de tênis, calça jeans e o cabelo está preso para o lado, me aproximo bem devagar.

- A senhorita pode me ajudar? - falo com a voz fina.

- Claro, só... - quando Emily se vira, coloca a mão na boca.

- Oi - sorrio.

- O que você está fazendo aqui? - ela sussurra.

- Quero comprar um livro, não é isso que se faz em uma livraria? - ela cruza os braços.

- Você, comprar um livro? Você não me parece gostar de ler, fala a verdade, o que você quer?

- Tá bom, eu só não queria ir para o meu apartamento, não tenho nada para fazer lá, não queria ficar sozinho - resolvo admitir, ela descruza os braços.

- Entendo, mas não vou poder te dar atenção, tenho muita coisa para fazer, você pode ficar, eu tenho um livro na minha mochila, posso te emprestar.

- Não, eu compro um livro, me ajuda a escolher um? - ela ri - é sério - agora ela para de rir - vai me ajudar?

- Sim, eu vou te ajudar, só espera um pouquinho, vou terminar de organizar esses livros - ela aponta para uma pilha pequena de livros - enquanto isso, vai dando uma olhada por aí.

- Beleza - digo.

Me afasto e começo a andar pela livraria, olho os livros de aventura, os de suspense, terror e até os livros de romance, mas nenhum chama minha atenção, para ser sincero, não sou de ler, mas para não voltar para o apartamento faço qualquer coisa.

- Então, escolheu algum? - olho para trás e Emily está encostada na mesa, entre as enormes prateleiras, tem mesas redondas com quatro cadeiras de madeira clara.

- Não, nenhum - enfio as mãos no bolso da calça.

- Bem, vou te recomendar um - ela se afasta da mesa e começa a mexer nos livros, os mesmos que olhei segundos atrás - esse é perfeito - ela tira um livro da prateleira e me mostra a capa - Um Amor Pra Recordar, pega - ela me entrega o livro.

- Tem certeza?

- Certeza absoluta, já li várias vezes, é um dos meus favoritos, você vai gostar da história, confia em mim - olho a capa mais uma vez e fico desconfiado, mas resolvo aceitar a sugestão.

- Vou levar - ela sorri, volto a entregar o livro, tiro a carteira do bolso e lhe entrego algumas notas - vou esperar aqui.

- Ok, volto logo - ela se afasta, me sento e olho ao redor, corro os olhos pelas prateleiras, tudo tão organizado, será que só a Emily cuida de todos os livros sozinha? Não vi mais ninguém, pelo menos aqui embaixo, faço círculos na mesa com a ponta do dedo, quando completo a décima volta, Emily chega - aqui está, boa leitura, falo com você daqui a pouco - ela me entrega o livro e volta a se afastar, não me dando tempo de abrir a boca.

- Bom, somos só você e eu - digo, olhando para o livro, abro e encontro o dinheiro que entreguei para Emily - mas ela... Ela não pagou o livro? - viro as páginas, atrás da dedicação do autor, encontro um pequeno texto, a letra da Emily.

" Harry, espero que você faça bom proveito deste livro, que ele lhe desperte a vontade de ler, de conhecer muitos outros livros, que este romance desperte em você os mesmos sentimentos que despertou em mim, tenho certeza que ele vai agarrar seu coração, assim como agarrou o meu. Com carinho

Emily Hilliard Tooley "

- Essa garota me deixa maluco - suspiro e início a minha leitura.

[...]

Nunca pensei que um livro fosse me prender tanto, comecei a ler meio desconfiado, porque para mim todos os livros de romance são parecidos, chatos, melosos e todos terminam com um final feliz. Mas um Amor Pra Recordar foi me conquistando a cada página e acabei me identificando um pouco com Landon Carter, ele era um bad boy, aprontava com seus amigos, assim como eu faço com os meus, quer dizer, fazia, ele não é maldoso como eu era, mas aprontava também.

Jamie Sullivan entra em sua vida, a virando de ponta cabeça, assim como aconteceu comigo, só que no meu caso foi Emily Hilliard Tooley que entrou na minha vida. Jamie e Emily não são parecidas na aparência, mas no jeito de ser, são bondosas, se preocupam com os outros, Jamie, aos olhos de Landon não era atraente, não o tipo dele, assim como eu também não achava Emily atraente, até realmente por os olhos nela.

Notei coisas que lembravam minha relação com Emily, coisas pequenas e que me fizeram sorrir vez ou outra, Jamie era bem religiosa, Emily não me parece ser tanto como ela, daquelas fervorosas. A cada página eu me encantava com a história e torcia para Landon ficar com Jamie, quando saiu o primeiro beijo dos dois, cheguei a comemorar, em silêncio. Imaginei a cena do jantar no ano novo, os dois dançando na pista de dança, com todos os outros clientes olhando, Landon estava apaixonado e respeitava Jamie, ele nem tentou chegar na segunda etapa, ficava feliz só por beijá-la. Meu coração se apertou quando Jamie revelou seu segredo, nessa parte me lembrei do segredo da Emily, mas diferente dela, Jamie estava morrendo.

Jamie tinha leucemia e tudo começou a fazer sentido para Landon, ele conseguiu entender tudo o que havia acontecido entre ele e Jamie, a peça de teatro que ela quis que ele participasse, o fato de Hegbert, seu pai, tê-la chamado de " Meu Anjo " no final da peça, entendeu seu cansaço, entendeu porque Jamie queria que o natal dos pequenos órfãos fosse especial, tudo fazia sentido para ele e ao mesmo tempo nada fazia sentido, porque ele estava prestes a perder sua doce Jamie.

Comecei a torcer por um milagre, para que Jamie se salvasse, já tinha me apegado a ela, não queria que ela morresse, mas conforme ia lendo, as coisas não terminariam tão bem como sempre terminam nos romances. Faço uma pequena pausa para me recompor, abaixo a cabeça e fecho os olhos, minutos depois ouço vozes, levanto a cabeça e vejo Emily, com uma mulher bem vestida e uma menininha, que parece ter uns cinco anos.

- Vou dar uma olhada no segundo andar - a mulher bem vestida diz - escolhe o que você quiser Alexandra - ela olha para a menininha e se afasta.

- Então Alexandra, o que você vai querer? - Emily se abaixa e passa a mão no rosto da menininha.

- Livros coloridos - a pequena diz, Emily se levanta.

- Vem comigo, tenho alguns que chegaram ontem - a pequena Alexandra pega a mão da Emily e as duas vem até onde estou sentado, vejo uma prateleira de livros infantis - que tal esses? - Emily aponta para os livros de colorir.

- Quero aquele azul - Alexandra diz, seus cabelos são loirinhos, com cachos nas pontas, seu vestidinho rosa combina com seus sapatinhos e com as presilhas que enfeitam seu cabelo.

- Prontinho - Emily pega o livro e entrega para a pequena Alexandra - quer ver outros? - Alexandra balança a cabeça e aponta mais para cima - quer ver aqueles?

- Sim, por favor - Emily sorri, pega a menininha e a coloca sentada na mesa, ela olha para mim - oi.

- Olá - respondo e sorrio, ela retribui o sorriso, seus olhos são extremamente azuis - tudo bem?

- Tudo e com você? - sou pego de surpresa, achei que ela não responderia, desde pequeno minha mãe me ensinou a não falar com estranhos, mas essa pequena parece não se importar com isso.

- Estou bem - Emily nos olha com um sorriso nos lábios e livros nas mãos - então você gosta de livros de colorir? - ela balança a cabeça e abraça seu livro azul - quantos anos você tem?

- Cinco - ela mostra a mãozinha.

- Então Alexandra, tenho mais esses aqui - Emily espalha os livros na mesa - esse que você está segurando tem vários peixinhos.

- Tem de princesa tia? - Alexandra olha os livros.

- Tem sim meu amor - Emily olha toda derretida para a menininha, que mais parece uma boneca - olha esse aqui - Emily abre um livro rosa e folheia algumas paginas - gostou desse?

- Gostei, tem princesa, eu gosto de princesa, seu cabelo tá igual cabelo de princesa tia, tem trança, igual da Elsa, só que não é loiro - Emily ri.

- Você que parece uma princesa, sabia? Você é muito linda - Emily sorri, noto que seus olhos brilham, mas noto uma pequena tristeza também - você é uma princesa - provavelmente ela está pensando no seu bebê.

- Eu vou querer o livro de peixinhos e de princesa tia, quero os dois.

- Ok, fica aqui quietinha, eu já volto tá? - ela aperta a bochecha da menininha - fica de olho nela para mim? Eu volto rapidinho - ela olha para mim.

- Pode deixar - digo - eu vigio ela - Emily sorri e se afasta.

A pequena Alexandra pega o livro rosa e o abraça, assim como estava fazendo com o livro azul, ela me olha e dá um sorrisinho, sorrio de volta e suas bochechas ficam coradas, não demora muito e Emily já está de volta.

- Voltei! - na mão direita Emily segura uma caixa de lápis de cor - aqui meu amor, para você colorir seus livros.

- Que bonitos tia! - Alexandra diz, ao pegar a caixa de lápis de cor.

- Alexandra? Ah, está aqui - a mãe da pequena Alexandra aparece, com várias revistas nas mãos - você já pegou o que queria?

- Já mamãe, olha, ganhei da tia - Alexandra mostra a caixa de lápis de cor, mas sua mãe não mostra nem um pouco de interesse.

- Vamos descer? - Emily pega Alexandra no colo e a coloca no chão - vou acompanhá-las até o caixa - a mulher vai na frente, Alexandra a segue e Emily vai atrás.

- Que mulher metida! - abro o livro e continuo de onde parei, Jamie e Landon lendo uma passagem da bíblia no dia dos namorados, um trecho da carta aos coríntios, que tinha um significado especial para ela, um trecho que ela gostaria que fosse lido no dia de seu casamento, começo a ler e me surpreendo.

" O amor é paciente, o amor é bondoso, não inveja, não se vangloria, não se orgulha, não maltrata, não procura seus interesses, não sente ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.. "

Serei obrigado a roubar a fala do Landon, ele diz que Jamie é a essência mais sincera dessa descrição sobre o amor. Digo que Emily é a essência mais sincera dessa descrição, digo com toda certeza, mesmo com nosso pouco tempo de convivência, ela é maravilhosa, bonita, gentil, bondosa, se importa com os outros, é generosa, é demais, é tudo que eu gostaria de ser como pessoa.

- Aqui estou, roubando mais uma fala do Landon - rio, passando os dedos pela passagem da bíblia, a mesma que Emily tem tatuada na costela - será que ela tatuou por causa desse livro?

FLASHBACK ON :

- Claro, desculpa - puxo o zíper e tiro a jaqueta.

- Quantas tatuagens - Emily corre os olhos pelos meus braços.

- Você gosta?

- Gosto, também tenho uma - como é? - ficou surpreso?

- Confesso, fiquei, onde é a sua?

- Não dá para mostrar, é na costela, é um trecho da carta aos coríntios, conhece?

- Não - não sou um cara religioso, mas acredito em Deus - você pode me falar?

- Posso, é assim, o amor é paciente, o amor é bondoso, não inveja, não se vangloria, não se orgulha, não maltrata, não procura seus interesses, não sente ira facilmente, não guarda rancor, o amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta - quando ela guarda a bandeja de frios na geladeira, entendo que o trecho acaba ali e senti que ela ficou emocionada enquanto falava.

- É bonito, tem algum significado?

- Um dia teve, hoje é só um trecho da bíblia que eu gosto muito - ela dá um sorriso fraco e com uma tristeza nos olhos.

FLASHBACK OFF

- Está pensando no quê? Pelo jeito é coisa boa, pela forma como você está sorrindo - desperto e vejo Emily parada do outro lado da mesa, com as mãos na cintura - estou te chamando e você nem responde - ela dá a volta na mesa - está tudo bem?

- Sim, eu só me distraí um pouco.

- Com o livro não é? - ela olha para a mesa - sabia que você ia gostar, já terminou de ler? - ela arrasta uma cadeira e senta perto de mim.

- Quase, faltam poucas páginas, bem poucas - suspiro - mas já imagino o final e fico triste.

- Eu sei como você está se sentindo.

- Você não pagou o livro - pego sua mão.

- Não, eu tenho desconto aqui, relaxa, é o primeiro livro que eu pego, não vai fazer falta quando eu receber no fim do mês e eu gosto de dar presentes, você gostou?

- Gostei, é a primeira vez que ganho um livro com dedicatória, na verdade é a primeira vez que alguém me dá um livro, obrigada, você é muito gentil - Emily sorri - vindo de você é ainda mais especial.

- Fico feliz em saber que você gostou do livro e que sou a primeira a te dar um, assim posso te dar outros - rimos - bom, eu tenho um tempinho, podemos comer alguma coisa aqui mesmo, no andar de cima tem uma máquina de suco e eu trouxe um pedaço de torta de frango, vou esquentar no micro-ondas, podemos dividir.

- Você é real Emily Hilliard Tooley? Estou começando a duvidar disso.

- Só porque falei que vou dividir minha torta de frango com você? - ela solta a minha mão e levanta - se sinta lisonjeado, pois não costumo dividir torta de frango com ninguém, ainda mais a que eu trouxe hoje.

- Foi você quem fez? - pergunto, já sabendo a resposta.

- Sim, bem, vou colocar a placa lá na porta, o senhor Hebert deu uma saída, eu volto logo - enquanto Emily se afasta, olho para o livro.

- Vamos terminar com a tortura.

Jamie me conquistou, é difícil não gostar dela, conforme as coisas vão acontecendo, meu coração se aperta, por mais que eu me segure, meus olhos se enchem de lágrimas, o sofrimento do Landon, sua dor, tudo me comove e quando ele pede Jamie em casamento minhas lágrimas molham a página. Landon estava apaixonado por Jamie e não se importava se teria pouco tempo com ela, ele só queria estar com ela e realizar seu sonho. Ele seguiu seu coração.

Mordo o lábio quando imagino Jamie entrando na igreja com o pai, acho que foi a caminhada mais difícil de sua vida. Hegbert, pai de Jamie, deixou que Landon compartilhasse da alegria que Jamie sempre lhe deu. Termino minha leitura, com o coração apertado e as bochechas molhadas. Nunca pensei que personagens de livros fossem mexer comigo, até porque não sou de ler, mas Jamie e Landon conseguiram acabar comigo, é como já vem dizendo no começo : no início você vai sorrir e depois você vai chorar e foi o que aconteceu comigo.

- Harry? Está tudo bem? - Emily coloca uma sacola laranja em cima da mesa e para perto de mim.

- Ah, sim sim - passo as mãos no rosto - hmm, é que... Entrou um cisco no meu olho.

- Eu sei que você estava chorando, eu vi - olho para ela - vi você todo concentrado no livro, vi você morder o lábio, vi você chorar - sua mão toca meu rosto - não precisa sentir vergonha - levanto e a puxo, para abraçá-la.

- Desculpa Emily, desculpa, me desculpa por todas as merdas que já fiz com você, todas as coisas feias que já falei para você, me desculpa por todas as brincadeiras idiotas, me desculpa.

- Harry, calma, o que foi? - ela passa a mão nas minhas costas - você ficou assim por causa do livro?

- Acho que sim, não sei - me afasto e respiro fundo - eu sou um lixo de ser humano.

- Você não é - ela coloca as mãos no meu rosto - você ficou mexido com a história, se deixou envolver, não achei que você fosse ficar assim.

- Me desculpa por favor - nos abraçamos de novo.

- Nós já conversamos sobre isso, está tudo bem, vai, senta aí - me sento, passando as mãos no rosto, Emily estica o braço e pega a sacola laranja - toma aqui - ela tira uma caixinha de suco de uva da sacola e me entrega.

- Obrigado.

- De nada, eu deveria ter pegado uma garrafa de água - enfio o canudinho na caixinha de suco, Emily faz o mesmo, em seguida arrasta a cadeira e senta perto de mim - está mais calmo?

- Sim - digo, depois de beber um pouco de suco, um cheirinho delicioso invade meu nariz, Emily tira uma vasilha da sacola e quando tira a tampa, meu estômago ronca - parece bom - passo a mão no rosto.

- Um garfo para você e outro para mim - ela sacode uma sacolinha transparente com dois garfos de plástico - sempre trago dois, um acaba sempre quebrando - com uma risada, ela me entrega um garfo e aproxima a vasilha, para que ela fique entre nós - chega mais perto de mim, quero te dar uma coisa.

- O quê? - chego mais perto dela, até nossos joelhos se tocarem.

- Sabe, te ver chorar - ela coloca as mãos nos meus joelhos - me deu um apertinho no coração, não poderia imaginar que você... Como vou explicar...

- Que eu tenho sentimentos? - completo.

- É e não é, todos nós temos sentimentos, mas alguns não demonstram, achei que você não fosse capaz de se comover, de chorar, fiquei muito tocada - ela beija minha bochecha, um beijo demorado, quando se afasta, me olha envergonhada e sorri, antes que ela possa tirar as mãos dos meus joelhos, as pego, puxo-a pelos pulsos, para ela se sentar no meu colo, ela arregala os olhos - Harry...

- Eu só quero beijar você Emily, só beijar - sussurro, seus braços enlaçam meu pescoço e nossas bocas se tocam.

[...]

Posso dizer que passei o dia com Emily, apesar de não ter ficado com ela na escola, porque resolvi ficar com os meus amigos, em compensação pude ficar com ela em seu trabalho, tudo bem que fiquei uma parte sozinho, lendo meu livro, que me prendeu do início ao fim, me fazendo rir e chorar. Emily me deu um pouquinho de seu tempo na hora do lanche, ela dividiu comigo uma deliciosa torta de frango, na verdade comi mais que ela. Nós conversamos um pouco sobre o livro e sobre seu trabalho na livraria.

- Então eles não estavam lá? - pergunto, esperamos o sinal abrir, são quase oito, estou indo levar Emily em casa.

- Não, por isso estava tudo calmo por lá hoje, sério, eles são bem tagarelas - Emily está falando dos colegas de trabalho, são duas mulheres e um cara de trinta anos - o pesado ficou comigo, passei por você diversas vezes, cheia de caixas, você nem viu, estava todo concentrado no livro, achei tão gracinha, sua testa estava franzida - ela passa os dedos na minha testa.

- Pois é, o livro me prendeu, precisava me distrair, já que você estava trabalhando - o sinal abre - ainda bem que seu chefe não falou nada sobre eu ter ficado lá até você sair - quando Emily e eu terminamos de comer, ela voltou a trabalhar e eu, para não ficar sem nada para fazer, peguei meu caderno e fiz um exercício de matemática, o dono da livraria, o senhor Hebert - engraçado, ele tem quase o mesmo nome do pai da Jamie - não se incomodou com a minha presença, já que eu não fui o único que ficou por lá, duas garotas sentaram na minha mesa, estava concentrado no meu exercício, mas pude ouvir as duas cochichando sobre mim e dando risadinhas.

- Ele libera a livraria para estudo, por isso tem aquelas mesas, no segundo andar também tem e você não era o único lá hoje, vi duas garotas na sua mesa e vi elas te olhando.

- Já está com ciúme? - olho para ela, que revira os olhos.

- Não, só estou falando que vi elas te olhando, está muito cedo para sentir ciúme, até porque não temos nenhum compromisso, você é bonito, é natural que as garotas te olhem - estaciono o carro - você deve estar acostumado com isso.

- Talvez, mas nenhuma me deixa sem jeito como você, quando me olha - tiro o cinto - você consegue me deixar bem sem jeito Emily - ela olha para mim - fico completamente sem jeito - aperto sua bochecha.

- Você não pode estar falando sério - ela diz rindo, tira o cinto e sai do carro, faço o mesmo - não provoco esse tipo de coisa em você.

- Provoca sim - pego sua mão, olho para sua casa e as luzes estão acesas, um carro branco está parado na porta da garagem - acredita em mim.

- Ok - ela ri de novo - foi bom ter você lá no meu trabalho, foi uma tarde boa, você me surpreende a cada dia.

- Posso dizer o mesmo de você, a cada minuto você me surpreende, você é incrivelmente perfeita, é generosa, doce, encantadora, amável... Vi como você tratou a menininha lá na livraria, foi tão doce com ela, você é um anjo.

- Bondade sua - ela sorri, suas bochechas coram - estou bem longe de ser perfeita, eu sou só eu.

- Eu gosto desse seu eu - rimos - eu gosto de verdade.

- Eu... Eu gosto desse Harry que estou conhecendo, gentil, que chora, que se deixa envolver, que é bom, divertido, esse é seu verdadeiro eu - ela aperta minha mão - é o verdadeiro Harry, de quem estou gostando.

- Você gosta de mim? Sério? - sorrio, ela assente.

- Isso é tão louco não é mesmo? Você e eu, nos dando bem, conversando, dividindo um pedaço de torta de frango, você não acha?

- Louco de um jeito bom - a puxo para mais perto de mim - de um jeito muito bom e foi legal dividir um pedaço de torta de frango com você, eu quero mais - dou um beijo em sua testa.

- Queria te convidar para entrar - ela olha para trás - mas meu padrasto está em casa.

- Eu entro assim mesmo, eu...

- Não, nem pensar - ela me interrompe - é melhor não, se eu conheço você, o pouco que conheço, você vai querer bater de frente com ele.

- Você vai ficar bem? - pergunto, dou mais uma olhada para a casa, uma sombra passa pela janela.

- Eu sempre tento, mas qualquer coisa eu te ligo - ela se afasta - até amanhã - agarro seu braço - o que foi?

- Vai sair assim? Sem me beijar? Sem beijo não vou conseguir dormir - quando ela chega perto de mim, calculo seus movimentos, quando ela vem beijar minha bochecha, agarro sua cintura e com todo cuidado, aproximo minha boca - é só um beijo de boa noite - sinto meu coração acelerar quando nossas bocas se unem, seus dedos frios tocam meu pescoço, sinto um arrepio, olho mais uma vez para a casa e dessa vez tem alguém na janela, mas não consigo ver direito.

- Pronto, já tem seu beijo de boa noite, vai poder dormir - Emily se afasta - até amanhã - ela beija minha bochecha e sai correndo.

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