Os dois se olharam nervosos, pareciam com medo.
O que tá acontecendo ? Ultimamente eles estão muito estranhos.
- ANDA, ME RESPONDE. - Falei um pouco mais alto.
- Filha eu...e-eu tenho câncer. - Minha mãe Falou se aproximando de mim.
Que ?
- M-Mãe não brinca comigo... - Falei com lágrimas nos olhos.
- Ela ta mentido Alison. Conta a verdade Cecília. - Meu pai Falou.
- M-mas ... Por favor Joe, não me obrigue a isso.
Anh ? Eles estão me assustando.
- Se você não vai falar eu falo. - Meu pai disse. - Ally independente de tudo nós te amamos...
- DESCULPA FILHA, EU COMPREI É ....ANH... ERVILHA.
Que ?! Qual é o problema dela ? Ah deixa quieto, se ela Falou em ervilha é porque nada descente vai sair dali.
- Mãe ? Deixa quieto, vou dormir tá tarde.
Embora eu esteja curiosa, eu não to com paciência.
Quatro meses depois...
- Zoe eu não acho uma boa ideia você ir com ele de moto. É muito longe e você iria perder a semana inteira de aula. - Falei acompanhando Zoe que ia em direção à moto.
- Ally minha mãe deixou, isso que importa, eu vou ficar bem. São só 9 horas daqui pra Las Vegas. - Falou colocando a bolsa no baú da moto.
- Por que você tem que ir ? E por que de moto ? - Falei parando na sua frente.
- Porque é aniversário da tia dele e o motor do carro tá com problema. - Disse pegando o capacete da mão de Matt.
- Tchau Ally - Matt se despediu de mim.
- Tchau Matt. - Me despedi dele. -Zoe mas e eu ? Eu vou ficar sozinha ? - Falei cruzando os braços.
- Amor, é só uma semana. Você consegue. Amo você. - Disse e se sentou na moto.
- Também amo você. - Falei acenando e vendo a moto sumir na estrada.
Hoje é sábado eu vou fazer o que ? Sem Zoe, sem Max. Não vou sair com o Paul .
Voltei pra casa e ajudei minha mãe com a louça.
- Filha o que você tem ? - Falou ligando o fogo.
- Nada mãe, é que a Zoe viajou hoje. - Respondi lavando um dos últimos pratos.
- Tinha me esquecido, mas por que essa carinha ? - Falou se virando pra mim.
- Não é nada. - Falei. Um nada recheado de tudo. - Vou pro meu quarto, ok ?
- Ok.
Assisti a maratona da 2° temporada de Faking it, jantei e dormi.
Quatro horas depois meu celular tocou me acordando.
- São 4 horas da madrugada que ser que liga pra alguém à essa hora ? - Resmunguei enquanto via quem era. - Sra Campbell ? Tá tudo bem ?
- Ally. - Falou chorando. .
- O que aconteceu ? Porque a senhora está chorando ? Falei assustada.
- Você pode me encontrar O'Connor Hospital ?
- Por que você tá em San José ?
- Ally, a Zoe e o Matt sofreram um acidente. - Falou e fez uma pausa. Estava chorando muito. - Antes de cruzarem a fronteira um caminhão bateu na moto deles.
- Mas tá tudo bem não é mesmo ? - Falei com a voz trêmula.
- Matt está morto, Ally. - Falou com a voz falha.
- Meu Deus, e-eu não acredito nisso. - Falei chorando. - E-e...e a Zoe ?
- Eu não sei como Zoe está, não me deram nenhuma informação até agora. Você vem ? - Disse chorando.
-Daqui uma hora e meia eu estou aí. - Falei e desliguei. Com lágrimas nos olhos chamei um táxi pelo telefone.
- Filha o que está fazendo acordada ? - Minha mãe Perguntou. - O que aconteceu ? porque está chorando ? Aonde vai ?
- Mãe a Zoe sofreu um acidente. - Falei chorando e abracei ela.
- Filha eu sinto muito. .
Foram as uma hora e meia mais longas da minha vida.
- Sra Campbell. - Falei a abraçando.
- Ally . - Sussurrou chorando.
- Alguma notícia ? - Perguntei ficando de frente pra ela.
- Não nenhuma.
Meia hora depois...
- Sra Campbell ? - O médico a chamou .
- Sim sou eu. - Falou se aproximando do médico.
- Sua filha é Zoe Campbell, correto ? - Falou olhando em uma prancheta.
- Correto.
- As notícias não são boas. O quadro dela ainda não se estabilizou.
- Quais foram os danos ?
- Ela quebrou um braço. Fraturou algumas costelas e o pior de tudo, teve traumatismo craniano.
- Isso é grave ? - Perguntei assustada.
- Muito grave Senhorita.
- Vamos deixá - lá em observação e amanhã já vamos ter um diagnóstico mais completo.
Passei a noite na sala de espera junto com a Sra.Campbell.
De manhã cedo o médico nos chamou.
- Sra Campbell.
- Sim. Alguma notícia ? - Falou indo ao encontro do médico.
- Sim. Temos o diagnóstico completo. - Ele falou indo para sua sala.
- Por favor. - Sra. Campbell Falou o acompanhando.
- O traumatismo craniano que ela sofreu tornou tudo mais grave. Vimos que mesmo com a ajuda de aparelhos para respirar ela continua inconsciente. E pelos seus sinais vitais ela está em coma. Completo estado vegetativo.
Zoe ... Eu não posso perder ela. Ela não.
- Quanto tempo ela vai ficar assim ? - A Sra. Campbell Perguntou.
- O tempo que ela ficará assim pode variar entre dias, meses ou até anos.
Três meses depois...
- Ally eu vou ir comer alguma coisa ta bom ? - A mãe de Zoe falou quando chegou perto da porta.
- Ok. Falei quando ela saiu. - Sabe Zoe, eu pensei que eu seria forte, que eu conseguiria aguentar tudo, por você... Mas eu não consigo, não sem ter você comigo. Já faz três meses que você está aqui. Eu saio da escola pego o carro da minha mãe e venho pra cá, todo dia. - Falei brincando com a sua mão. - Você não pode ir embora, não pode me deixar sozinha. E os nossos planos ? De mudar daqui pra Los Angeles e viver juntas pra sempre independente do que aconteça ? Você é minha melhor amiga Zoe, a irmã que eu nunca tive, por favor fica. - Falei pra ela com lágrimas nos olhos.
Os médicos dizem que ela não está reagindo. Ela não está voltando e isso me assusta. Eu não posso perder ela.
- Eu percebi que eu sou mais insegura sem você Zoe.
- Todos nós somos querida. - A mãe de Zoe falou encostada na porta.
- À quanto tempo está aí Sra. Campbell ?
- À pouco.
E os dias foram se passando assim, da escola pro hospital, do hospital pra casa.
- ENFERMEIRA, SOCORRO, ALGUÉM . - Sra.Campbell Gritou quando o aparelho começou a fazer um barulho alto e uma linha reta.
-Droga - A enfermeira Sussurrou quando viu o aparelho. Saiu e logo voltou com o médico.
- Pai nosso... - A mãe de Zoe começou a rezar saindo da sala. Eu não me movi, estava paralisada, com medo.
- Ela está tendo uma parada cardiorrespiratória. O desfibrilador. - Falou o médico em meio a correria.
-Ela vai ficar bem, não vai ? - Falei quando a enfermeira me puxou para fora da sala.
A única coisa que eu ouvi foi o barulho infernal do aparelho, ele não estava variando em linhas paralelas e quebradas. Só linha reta.
Logo depois o médico saiu da sala e não estava feliz.
- Eu lamento muito, ela não resistiu... - Eu só escutei essas palavras. Eu não me movi, não Falei nada por um momento, as lágrimas escorreram pelo meu rosto sem que eu pudesse controlar.
Eu a perdi...
- VOCÊ TEM QUE FAZER ALGUMA COISA, VOCÊ É MÉDICO. - Falei empurrando ele. A senhora Campbell me abraçou.
- Querida. - Me abraçou forte enquanto chorava. - Ele não pode. - Sussurrou.
- NÃO, ele tem que fazer alguma coisa. - Sussurrei. - Salva ela, por favor. - Falei enquanto chorava.
2 dias depois...
- O mundo não é bom, agora eu sei. A vida é uma caixinha de surpresa, uma hora nos dá, já na outra nos tira. Eu não me imagino vivendo sem você. Como dizem nada é pra sempre, mas eu queria que você fosse. A dois dias atrás tiraram de mim uma das pessoas mais importantes da minha vida e eu já sinto sua falta, mas independente das circunstâncias estaremos sempre juntas, Zoe. Só você e eu. Isso não é um Adeus. Eu amo você. - Falei terminando meu discurso com lágrimas nos olhos.
Bateram palmas e outros fizeram discursos. Fiquei o tempo todo querendo que aquilo tudo não fosse real. A familia de Matt está aqui, eles não estão bem. Depois que o enterro terminou eu não voltei pra casa. Fui para um lugar que eu e Zoe íamos quase sempre.
- Vivemos tantas coisas boas, por que você tinha que ir embora ? - Falei sozinha quando cheguei perto do mar. Me agachei e chorei por horas...
Eu perdi ela. Era só isso que eu conseguia pensar.
- Eu sinto sua falta. - Sussurrei.