Se Não Marchar... Não Tem Cor...

By Carolinicaetano

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E se o personagem do clichê hot, se encontrasse com a personagem da ficção cristã? Depois de regressar dos EU... More

Elenco
Prólogo
1- Profecia
2 - Lamborghini Azul
3 - Libertino
4 - Lacrimosa
5 - Aposta
6 - deus grego
7 - Giulio
8 - Cortesia ou presunção?
10 - Reputação
11 - Elevador
12 - Corte... o quê?
13 - Orgulho e preconceito
14 - Pretendente surpresa...?
15 - Crush
16 - Sede
17 - Grandão da Galileia
18 - Compaixão dos meus nervos
19 - Stalker
20 - Xeque - mate
21 - Tente não se apaixonar
22 - Passeio à beira mar
23 - Cena Clichê
24 - Borboletas no estômago
25 - Ligações
26 - Segredos
27 - Castelo de areia
28 - Uma voz misteriosa
29 - Amizade com propósito
30 - Notícias comprometedoras
31 - Confusão mental
32 - Um dia como outro

9 - Laço?

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By Carolinicaetano

Depois de um almoço, um tanto estranho, em que o senhor Martinelli não proferia palavra alguma e Giulio, em contrapartida, pairava o seu olhar sobre mim com afinco, nosso chefe levantou-se afobado, olhando várias vezes para o relógio enquanto dizia precisar sair. - F-fique para pagar a conta, G-giulio - titubeou, direcionando-o seus olhos puxados sob as lentes dos óculos, que nem se deu ao trabalho de levantar, apenas direcionou-o uma sobrancelha arqueada, voltando o olhar em seguida para mim.

- Tudo bem, já estou acabando. - Percebi, que os dois já haviam acabado e Giulio dedicara-se a me encarar obsessivamente, ora de soslaio, fingindo olhar para qualquer outro lugar, hora com os cotovelos sobre a mesa, sustentando queixo com os polegares. "Eu e minha mania de comer devagar" pensei, desesperada para terminar o prato. Eu havia insistido em comer o prato mais barato do Coco Bambu, mas por algum motivo que eu não sabia, Giulio acertara em cheio a minha comida preferida, insistindo que eu deveria comer moqueca. Percebi que o senhor Martinelli era um tanto calado, proferindo apenas o necessário à sobrevivência. Giulio quem falara um pouco mais. Não o suficiente para me deixar confortável por comer com, nada mais nada menos, que um dos donos da Martinelli Corporation e seu secretário enigmático. Eu tentava manter minha boca comendo, pelo medo de soltar alguma bobeira e ser demitida instantâneamente, enquanto Giulio falava sobre comida, como um verdadeiro mestre culinário.

- Deveria sair para comer mais vezes, Nora. A comida capixaba é, definitivamente, uma das melhores do mundo. - "ha! como se o salário de estagiária, desse para bancar restaurantes luxuosos", pensei comigo - a forma como são preparados os frutos do mar aqui, não se vê em lugar algum.

- E você já esteve em outros países, Giulio? - perguntei, despretensiosamente, como que querendo me inteirar do assunto. Percebi, porém, que ele ficara empertigado com a minha pergunta.

- Sim... a passeio... claro - titubeou, mexendo no nó da gravata, como se estivesse sufocado. Gesto este que se repetiu em alguns momentos do almoço.

Minutos depois, ele pagou a conta na mesa e saímos em seguida pelas portas de vidro do restaurante. Eu, totalmente encabulada por estar saindo sozinha com um homem, algo que nunca me ocorrera, ao passo que ele demonstrava a maior naturalidade do mundo.

- Eu agradeço por se preocupar com meu bem estar e me presentear com a graça da sua companhia - Gracejou em tom jocoso, depois de sairmos do restaurante - para mim é um martírio ter que comer sozinho com o senhor Martinelli.

- Não exagere! - tive que rir de sua formalidade, percebendo-o sorrir de volta, enquanto caminhávamos pela calçada. - Aliás como anda a sua saúde?- ele lançou um olhar surpreso para mim.

- Bem... que eu saiba, por quê?

- Nada. Lembro-me de que tossia bastante a primeira vez que te vi. - respondi, vendo-o esticar o canto dos lábios.

- Então, além de recordar-se da primeira vez que nos vimos, ainda preocupa-se comigo?

- C-como? - me odiei por ter gaguejado, porém tal gesto pareceu tê-lo incentivado.

- Não precisa ficar nervosa - brincou, sorrindo largamente, exibindo as covinhas nas laterais das bochechas.

- Ha - bufei, incrédula - eu não tô preocupada!

- Ah, então não se preocupa comigo? - fingiu ultraje.

- Não tenho porquê, já é bem crescidinho.- Atalhei cruzando os braços, presenciando sua gargalhada abafada sair pelo nariz. Ao chegar em frente ao prédio, prestes a atravessarmos ele me impediu, pousando gentilmente os dedos em meu cotovelo coberto pelo terninho.

- Nora...- titubeou, mirando a própria ação de seus dedos. O percebi hesitar, até que me direcionou o olhar de safira - Será que poderia almoçar comigo novamente amanhã? - os olhos azuis eram suplicantes e cheios de expectativa. Pisquei várias vezes tentando entender.

- M-m-mas p-p-por que? - balbuciei atordoada.

- Gostaria de conversar com você... sem a presença incômoda do senhor Martinelli.

- S-sobre o que quer c-conversar?

- Respire...- sorriu - é apenas um almoço. - mordi o lábio inferior, incerta do que responder diante daquilo. "Para que afinal ele precisa da minha companhia?" Ele tirou a mão de meu cotovelo e alinhou os cabelos com os dedos, num gesto que denotava inquietação. - por favor - completou, suplicante.

- Olha, eu não tenho dinheiro para restaurantes caros... - uni as sobrancelhas em discordância.

- Eu pago! - arguiu de imediato.

- Não me sinto bem almoçando de graça todos os dias. Além do mais, gosto da marmita da minha mãe. - ele piscou algumas vezes, como se minha recusa fosse uma coisa de outro mundo.

- Não é todos os dias. É só amanhã. - suspirei longamente, olhando para os lados. " O que este homem quer, Jesus? Me encarou o jantar inteiro, diz gracinhas... é mesmo o que estou pensando?" Balancei a cabeça freneticamente para afastar o pensamento. "Lembre-se que ele é secretário pessoal do seu chefe, pode ser algo sobre trabalho. Uma contratação talvez?"

- É sobre trabalho? - Inquiri, mantendo os braços cruzados e provavelmente o cenho franzido.

- Sim...- deu de ombros evasivo e nada convincente. Mas por fim anuí.

- Só mais um almoço, nada mais. - ele assentiu com a cabeça e durante o caminho para o prédio, não conversamos mais. Ao ver algumas pessoas na entrada do edifício ele estacou, pedindo-me que seguisse em frente, pois ele precisava conversar com alguém. Antes de entrar no elevador, percebi que as pessoas formaram um círculo em volta dele enquanto conversavam. "Tem algo de estranho acontecendo aqui" pensei, adentrando o elevador em seguida.

***

- Espera! Deixe-me ver se entendi. O senhor Martinelli te convidou para irem ao restaurante, mas não deu um pio durante o almoço? - Cíntia andava de um lado para o outro em sua pequena sala de paredes de acrílico, ao passo que eu me sentava em uma das cadeiras acolchoadas de seu escritório. Ela fechou as persianas imediatamente, ao alimentar o interesse pela história "mal contada". Apenas anuí com um meneio de cabeça. - e aí você me disse que o secretário dele te chamou para outro almoço amanhã, só você e ele? - outra vez anuí. Ela cruzou um braço e levou uma das mãos ao queixo, pensativa.- Algo de errado não está certo... o senhor Martinelli é o ser mais mulherengo que a terra já viu, mas nunca ousou chamar alguma funcionária para sair.

- E-ele não me chamou para sair... foi só um pedido de desculpas. - argui depressa, recebendo um bufar zombeteiro de Cíntia em resposta.

- Ora... faça- me um favor. Giancarlo não dá ponto sem nó. Mas o que me deixa intrigada é você me dizer que ele não lhe dirigiu olhares, tampouco palavras.

- Na verdade, foi o secretário dele quem fez isso.

- Me conte direito! - sorriu com brilho nos olhos.

- Bom. Ele praticamente me secou com os olhos - cruzei as pernas, as mãos entrelaçadas segurando o joelho e uma postura encurvada, enquanto tentava entender o emaranhado de informações confusas.

- Bingo! Na verdade é o secretário que gosta de você e usou o chefe para se aproximar. - deixei o queixo cair, estupefata.

- Não. - levantei-me - não pode ser... meu Deus - levei uma mão à testa - e ele me chamou novamente para almoçar amanhã. Só eu e ele.

- Ora se não quiser ir, recuse.

- Não dá para recusar assim, eu já dei minha palavra que iria.

- Então "desdê" - sorriu Cíntia, tomando minhas mãos nas dela em seguida - querida, ele poderia ser o Martinelli da vida, não precisa fazer nada que não queria fora do seu horário de trabalho, ainda mais fora do ambiente de trabalho. Além do mais, tome cuidado com conversas mal intencionadas de colegas de trabalho. Isso pode caracterizar assédio.

- Okay, mas acho que não é esse o caso ... na verdade ele tem sido bem gentil e côrtes, desde quando nos conhecemos. - respondi pensativa.

- Ah, então os olhos dele já vêm brilhando por você há algum tempo, não é?- brincou - ele é bonito, pelo menos?

- Bonito? - tirei minhas mãos das dela, limpando na saia o suor que me acometia ao longo daquele dia - bonito é pouco - suspirei, numa mistura de preocupação e inquietação.

- Ah, então, se ele é gentil, cortês e bonito, almoce com ele. Escute o que ele tem a dizer e se não gostar, pula fora. Simples. - esbocei um sorriso preocupado em direção a Cíntia. Seria Papai a mandar um varão para mim, ou era laço do inimigo? "Jesus, me mande um sinal. O que eu faço?"

Em casa

Naquela noite em especial, eu estava exausta e depois de dar um beijo na minha irmã e na minha mãe, deitei e dormi. Dessa vez fiz uma breve oração, sem devocional. Mas às duas da manhã, acordei com sede e depois de tomar água e me deitar, passei a rolar pela cama, como quando se empana um bife à rolê. E o assunto do meu podcast mental era: vida amorosa.

Bom, minha vida amorosa não era lá empolgante. Okay, eu não tinha vivido experiência amorosa alguma. Aos vinte três anos, jamais havia, sequer, sido beijada. Eu não me achava a rainha da beleza, mas sabia que também não era de se jogar fora. No último ano, por exemplo, uns cinco irmãos da igreja me abordaram dizendo ter tido uma revelação dos altos céus de que eu era sua prometida. Pelo menos quatro aí estavam errados, poligamia ainda é pecado e também contra a lei. O que me levou a pensar, que, pelo percentual de erros, provavelmente o quinto também estivesse errado, o que me levou a rejeitar todos. "Ore comigo?" Era o pedido deles. Cômico, se não fosse trágico. Depois de me cansar daquela conversa, a um deles eu disse: "sim, é claro! Vamos orar agora" pousei uma mão em seu ombro, fechei os olhos e orei: "senhor! Repreende o espírito do engano agora!!!" Pode ter sido exagero, mas o irmãozinho correu, como o diabo foge do crente que anda ligado.

A verdade mesmo, é que minha vida tem sido corrida. Passo mais de doze horas por dia trabalhando e estudando. Sábado estou exausta, ainda assim tenho que ajudar nos afazeres de casa, pois Elaza faz tudo "meia boca" durante a semana. No domingo vamos à igreja e depois eu tenho que me dividir em dar atenção à minha irmã, que obriga eu e minha mãe a assistirmos dorama como ela, e estudar para as provas e trabalhos da faculdade. Direito era uma faculdade pesada e eu não podia me dar ao luxo de reprovar. Então, não. Não tinha tempo para namoros. "Ora, mas por que estou pensando nisso!?" Sentei-me na cama, sem sono algum. Levantei-me, então e pus-me a orar. Dessa vez não ajoelhei. Estava agitada demais para ficar parada e comecei a andar pelo quarto mal iluminado pela luz do poste que entrava pela fresta das cortinas. Giulio pairava em minha mente durante a oração. Aquelas mãos pesadas sobre meus ombros, os dedos atrevidos no meu cotovelo, o olhar indiscreto direcionado a mim, por tempo demais para me manter sã.

- Papai! Eu não sei o que está acontecendo, papai. Não sei se é mover do céu, ou do inferno. Mas se for do céu, eu aceito.- sorri de mim mesma, enquanto continuava meu andar agitado e por um instante, também senti a presença doce de Jesus no quarto e podia jurar que ele também ria de mim.- olha, se o Senhor está aqui, podia me dizer se é este o varão. É este o varão, Jesus? Se for obra do engano, repreende, papai! Mas se for providência, vai preparando o caminho Jeová! Vai preparando as alianças, o vestido, a lua-de-mel...- fui listando tudo o que vinha na minha mente. Convenhamos, eu já estava certa de que era o "bom encontro" que eu estava vivendo. Até que meus olhos pousaram na Bíblia, na cabeceira da minha cama e senti que deveria abri-la. Ajoelhei na lateral da cama e tomando a bíblia nas mãos a abri. Um versículo em especial me saltou aos olhos: "Vigiai e orai..." nesse instante senti o Espírito Santo falar dentro de mim: " Você é uma princesa, aja como tal". Foi um tapa de luva em minha face e eu me envergonhei de mim mesma. Nesse mesmo instante, eu já soube o que eu tinha de fazer.

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