5 - Aposta

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- Santo Deus ! - exclamou Lucca, exasperado, mantendo uma mão no bolso enquanto apontava-me o indicador da mão que ainda segurava a taça de champanhe - Como pôde passar por cima de uma poça como um louco, sem prestar atenção ao seu redor? - inquiriu, enquanto eu suspirava frustrado, apertando a ponte do nariz entre o indicador e o polegar.

- Eu provavelmente... deveria estar distraído. Tsc, merda! logo nela! Poderia ter sido você na calçada!

- Bom, nesse caso, é mais um motivo para você esquecê-la. Pondere, Gian, ela é apenas uma jovem estagiária e ainda por cima cristã. Esqueça essa ideia tola e considere ser o vice presidente. Já é de bom tamanho, levando em conta a sua má reputação - fitei a parede de vidro à minha frente, porém, meus pensamentos não estavam na enorme ponte sobre o mar que separava as cidades. Lembrei-me da conversa dos funcionários no elevador. Do conceito que tinham sobre mim. A minha má fama era irrevogável. "Como pude ter sido tão irresponsável com a minha imagem? Mas é claro, não imaginei que precisaria dela para o cargo, o qual jurei que seria destinado a mim, sob qualquer hipótese."

- Goodness, o que farei?- emiti num suspiro  involuntário, arrancando um olhar curioso de Lucca.

- Desde quando acredita em Deus? - ingadagou em tom jocoso.

- Desde que comecei a precisar Dele - respondi, sem humor.

- Céus, Gian... você consegue ser babaca até com Deus! Melhor deixar a pobre moça em paz, ou vai partir seu nobre coração cristão, com a facilidade que passa por cima de uma poça, ignorando as pessoas na calçada.

- Coração cristão? - testei num sorriso abafado - talvez esse nobre coração cristão consiga salvar a minha reputação, não acha?

- Gian... - emitiu, com um toque de preocupação em sua voz.

- A aposta está de pé?

- Estou novamente curioso: como levará para cama uma cristã que te odeia?

- Ela não precisa saber que sou o dono da Lamborghini azul - respondi, num sorriso presunçoso.

- Ah certo. Ninguém sabe que aquela lata velha te pertence. Okay.

- Lata velha é aquele seu Jaguar ultrapassado - bufei, sorvendo o último gole de champanhe da minha taça, enquanto ele sorria em resposta à provocação - ela não sabe que sou Giancarlo Martinelli - lancei por fim, vendo-o franzir o cenho.

- Como não? - retorquiu. Eu apenas Meneei a cabeça em negativa, ao passo que Lucca erguia as sobrancelhas em sinal de constatação - não está pensando em enganá-la, está?

- Ah, por favor Lucca! Não se atenha aos detalhes, okay? - argui, voltando-me para o centro da sala e pousando minha taça em sua mesa, prossegui - só tenho que levá-la para cama, certo?

- E colocar um anel de noivado em seu dedo...- ponderou, voltando-se para mim - não precisa ser exatamente na mesma ordem...

- Uma coisa de cada vez! Primeiro o prazer, depois a obrigação - pontuei, lançando-lhe uma piscadela, enquanto fazia os meus passos até a porta.

- Só uma coisa! - ouvi a voz de Lucca, fazendo-me estacar no caminho até a porta e voltar-me para ele em seguida - por que ela Gian? - a pergunta pegou-me de surpresa e remexeu cada recôndito do meu ser, perturbando-me enquanto tentava encontrar a resposta. "Beleza?" Testei, fugindo do olhar incisivo de Lucca. "Não, não pode ser... quero dizer... céus, ela é linda, mas eu sou rodeado por mulheres bonitas todos os dias. Por que justamente me vi enredado pelas feições delicadas da morena, cujo os olhos de longos cílios assombram minha mente, mesmo tendo a visto de relance apenas duas vezes?"- e então? - Lucca trouxe-me de meu devaneio.

Se Não Marchar... Não Tem Cortejo (Romance Cristão)Where stories live. Discover now