8 - Cortesia ou presunção?

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No dia seguinte, cheguei ao trabalho com uma ansiedade incomum. Um frio na barriga denotava a preocupação pelo receio de encontrar novamente o senhor Giancarlo e ser repreendida ou até despedida por ter aberto sua porta sem permissão. No entanto, esse frio na barriga era mais latente pelo fato de imaginar que poderia esbarrar novamente com o seu secretário. O Giullio. "Ai, contenha-se Nora! Você é serva de Deus, mulher!" Murmurei a mim mesma, enquanto carregava uma pilha de 20 centímetros de processo, dentro do elevador. Quando as portas deste se abriram, apertei aquelas pastas nos braços, olhando fixamente para a entrada, mas apenas vi funcionários comuns. Nenhum rosto Hollywoodiano, como o dele. Suspirei frustrada, dando-me conta de que a minha mente já estava me pregando peças, e eu precisava vigiar.

- E aí, Giancarlo te mordeu!? - brincou Cíntia, ao me ver entregar alguns documentos. No dia anterior, a gente não tinha se falado. Apenas havia deixado o documento assinando pelo senhor Martinelli em sua mesa. Aproveitei para sentar-me na cadeira de frente para ela, afinal, os sapatos estavam me matando.

- Quase...- emiti, recostando-me.

- Sério? O que aconteceu?- inclinou-se curiosa.

- Ah... ele pegou os documentos e bateu a porta na minha cara. - Cíntia sorriu, puxando um suspiro surpreso - o senhor Giancarlo é adotado? - indaguei, franzindo o cenho ao lembrar-me de suas feições orientais.

- Acho que não, mas vai saber... esses ricos costumam esconder histórias cabeludas. Mas, por que a pergunta?

- Achei ele muito diferente do irmão - eu não queria dizer asiático, ou coisa assim. Poderia estar faltando com respeito, ou até mesmo ser acusada de xenofobia...

- Ah, mas isso com certeza! Giancarlo e Lucca são completamente distintos. A começar que Lucca é um homem de família, bem casado. Já o Giancarlo, é tido como o pegador da ilha. Sua fama de mulherengo corre longe.

- Ele... não parece bem do tipo "pegador"...

- Então você não viu direito...mas é claro, não deu tempo, ele bateu a porta na sua cara - Cíntia sorriu, recostando-se na cadeira, enquanto meneava a cabeça em negativa - típico: ricos, arrogantes, mulherengos. Você tem Instagram?

- Não. Não tenho rede social.

- Nossa, mas em que século você está!?

- A minha irmã tem!

- Então, se caso você não tiver a sorte de encontrá-lo por aí, dê uma olhada no Instagram, quando chegar em casa. Mas cuidado para não se apaixonar! - lançou-me uma piscadela. Devolvi uma risada abafada em resposta.

- Eu!? Jamais! Não curto dorama - respondi, recebendo um olhar confuso de Cíntia em seguida. Nesse instante o telefone de sua mesa tocou, ela atendeu imediatamente e sua expressão se tornou ainda mais confusa, com direito a um cenho franzido e uma olhadela rápida para mim.

- Okay. Certo. Vou entregar o recado - pousou novamente o telefone no gancho, lançando-me um olhar que ia de surpresa à curiosidade - e por falar no diabo...Giancarlo está solicitando a sua presença no trigésimo sétimo, agora.

***

Eu mordiscava a ponta da unha do indicador, enquanto mirava o visor no alto da cabine do elevador. Ao chegar no 37° andar, percebi que o ar já me faltava dentro daquele lugar claustrofóbico. As portas se abriram devagar, ao que me pareceu horas e então tive o vislumbre novamente do homem alto de cabelos negros e olhos azuis. Ele parecia me esperar, com ambas as mãos enterradas nos bolsos do terno que lhe caía sob medida. Ao me ver, um sorriso de canto se formou e eu engoli em seco, como se pela primeira vez sentisse uma ar imponente emanar dele. Num instante, sua mão se ergueu, pousando no meio das portas que ameaçavam se fechar novamente, o que me fez despertar do topor que eu me encontrara.

Se Não Marchar... Não Tem Cortejo (Romance Cristão)जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें