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Von hellenptrclliw

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➛ A segunda queda: livro 02 da série "The Four Falls". Apaixonar-se não era sequer a última das coisas que Et... Mehr

OWH. #2 Série TFF
sinopse
dedicatória
epígrafe
prólogo
01. quem está julgando?
02. caos com íris cor de avelã.
03. dever e honra.
04. até onde você é capaz...?
05. ethan.jyoung.
06. se você diz.
07. calum young é um menino sábio.
08. quem é gwen evans?
09.1. eu não sei como você consegue.
09.2
09.3
10. movidos pelo instinto de sobrevivência.
11. precisamos parar de nos encontrar assim.
12. por que se explicar tanto para si mesmo?
13. temos tudo sob controle.
14. a verdade que há e suas promessas.
15. um dia, talvez?
16. até o sol nascer.
17. nada é como se apaixonar pela primeira vez.
18. a reputação que me precede.
19. quando o amor cai em mãos erradas.
20. no meu sangue.
21.1. a garota que me encara de volta.
21.2
22.1. os parágrafos escondidos e descobertos.
22.2
23. a sentença das nossas vidas.
24. misericórdia nunca foi o seu forte.
25. a vida acontecendo através desses sentimentos.
26. as estrelas que testemunham nossa queda.
27. isso é sobre quem eu sou.
28.1. a liberdade do meu verdadeiro eu.
28.2
29. isso muda tudo.
30. e quem a protege de mim?
31. "juntos e essa coisa toda".
32. capítulos em branco.
33. é sempre assim?
34. como viemos parar aqui?
35. o narrador que conta a história.
36. neste momento, ele é o mundo inteiro.
37. aquela filha daquela família.
38. me diga que não é tarde demais.
39. me perdoe, eu me apaixonei.
40. boa fé da mulher que me amou primeiro.
41.1. é como deveria ser.
41.2
42. o monstro debaixo das nossas camas.
43. genuína.
44. o sangue puro e o sangue ruim.
45. julgamento
46. com um coração cheio.
47. rainbow
48.1. as constantes.
48.2
extra: pressentimentos.
49. você vem para o café da manhã?
50. a traição.
51. negação.
52. não esquecer o quanto você o ama.
53. é o único jeito, querida.
54. honra e morte.
55. se apaixonar.
56. este é o meu dever.
57. memórias: nós as construímos e elas nos constroem.
58. sem mais sentir muito.
59. era você que sempre estava lá.
epílogo.
nota final.

60. o caminho de volta para casa.

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Von hellenptrclliw

Então eu disse: Eu sou uma bola de neve rolando
Rolando até chegar na primavera
De onde todo esse amor está saindo
Derretendo debaixo do céu azul
Gritando luz do Sol
Cintilando amor

Bom, amor eu me rendo
Ao sorvete de morango
Que todo esse amor, nunca, jamais acabe
Bom, eu não tive a intenção de fazer isso
Mas seu amor não tem escapatória

ACCIDENTALLY IN LOVE | Counting Crows

ALGUÉM DEVIA PROMOVER um treinamento para pessoas tão mundanas como eu serem capazes de acompanhar Hunter Wood e Caden Burns. Eu juro. Depois de todos esses meses, ainda sinto que preciso de uma — ou mais — bateria extra para lidar com os dois. Deixei que minha cabeça caísse contra o encosto do sofá de Ethan, soltando um suspiro dramático para atrair a atenção dos rapazes. Começamos com a ideia de montar uma identidade visual para o novo hobbie de Caden, a fotografia, mas agora os dois estão apostando quem entende as anotações de Ethan, do trabalho, primeiro.

— Deus, por favor — gemi. — Por favor.

— Cara, isso aqui é Física de uma maneira que eu nunca, nunca vi — Hunter declarou. Olhei para ele a tempo de ver a expressão de horror em seu rosto. — E, sinceramente, gostaria de não ter visto.

Caden tinha uma expressão semelhante em seu rosto, mas segurava a pasta das pesquisas teóricas de Ethan, aquelas que continham as palavras e descobertas difíceis, enquanto Hunter tinha a parte prática em suas mãos. Ninguém entendia o que Ethan fazia, mas todos concordavam que era complexo demais, o que lhe concedeu o título de mais inteligente do grupo. Era meio ofensivo, se você me perguntasse, porém 90% das coisas ditas e feitas entre o grupo eram bastante ofensivas...

Eu deixei o computador de lado, ajoelhando-me no sofá para observá-los.

— Caden, não vou conseguir criar sua logo sozinha.

— Vai, sim. Você é uma senhora esperta.

— Mas a logo é sua.

— Como se eu fosse ser um fotógrafo muito reconhecido, de qualquer maneira.

Hunter afastou seus olhos dos livros de Ethan para avaliar o rosto do melhor amigo, e eu escolhi ficar em silêncio por um momento. Desde que Caden largou a faculdade porque não conseguia mais se identificar com a mesma, ele se concentrou no Red Nightmare até abandonar o cargo de sócio e passar adiante, assim como Hunter, depois do que aconteceu com St. John. Então, como todos nós, esteve meio perdido por um tempo. Com um pequeno amor pela fotografia, inspirado por razões que eu não conhecia, ele queria ver o que acontecia.

Mas, mesmo assim, parecia faltar algo. Algo que o motivasse mais.

Cada um de nós tinha uma paixão que gostaria de seguir.

Vai dar certo, Caden — Hunter afirmou. — E é não é um trabalho fixo. Você não vai depender dele para sobreviver. Certo?

Caden deu de ombros, fugindo do assunto. Franzi meus lábios, não gostando de vê-lo assim e ao mesmo tempo sem coragem para pedir a ele que arriscasse um pouco mais.

— Eu não sei — disse ele, colocando o caderno de Ethan onde havia encontrado. — Todo mundo parece saber o que está fazendo. Ethan é muito foda e conseguiu o trabalho que sempre quis. Você — apontou para Hunter —, já fez seu nome na empresa, e nem sequer precisou do seu pai para isso. E você, princesa, nem terminou a faculdade e já é boa pra caralho no que quer fazer.

Arrastando os dedos da mão direita pelo cabelo comprido, Caden reprimiu os lábios.

— A Young está trabalhando com arte, coisa que sempre quis, e tem grandes planos com a chefa dela. Coisas que podem oferecer novas perspectivas para a cidade. Ajudar as pessoas... — ele divagou por um momento. — Tudo isso é importante. E o que eu vou fazer, tirar fotos?

— Qual é, cara — Hunter tentou apaziguá-lo, sem sucesso, ao acrescentar: — Todos nós também estamos tentando descobrir o que estamos fazendo.

— Mas eu quero fazer parte de algo — Caden confessou. — Sabe, eu disse a mim mesmo aos dezessete anos que fico bem sozinho. Não percebi que, de alguma maneira, tudo o que faço com segurança é algo em que estou sozinho.

— Mas parte de que? — eu perguntei. — O que faz seu coração bater mais rápido?

Caden olhou na minha direção, profundos olhos castanhos como chocolate indo de um lado para o outro nos meus. Houve um tempo em que eu não me intrometeria no assunto, no entanto, acho que nenhum deles gostava dessa minha versão. Eu consegui criar um limite entre "Ah, essa é a Gwen, namorada do Ethan" e "Ei, essa é Gwen, nossa amiga", e estava segura do meu lugar. Era por isso que reconhecia o problema de Caden como meu, e tentaria ajudar dentro do possível.

Descendo do sofá, dei a volta nele até sentar na beirada.

— Quer dizer, sim, eu consegui ir me aperfeiçoando desde que descobri que área eu queria seguir — comecei, nivelando nossos olhares. — Mas, Caden, ainda me pergunto se estou fazendo a coisa certa. Nem posso te dizer que tenho cem por cento de certeza que vou fazer isso por anos.

— E por que você acha que estou tranquilo com a vida só porque construí algo para mim? — Hunter sacudiu a cabeça. — As pessoas me dão apelidos pelas costas todos os dias, e depois fingem. Você sabe o que eles acham de mim? Vou te dar uma dica. Começa com Ne e termina com potismo.

— Papo furado — Caden dispensou. — Aposto que metade não tem a qualificação que você tem.

— É, mas ainda torna as coisas mais difíceis. Eu volto para uma casa vazia, para repetir tudo no dia seguinte. Dinheiro é bom pra caralho, né? Pago todas as minhas coisas e viajo pelo mundo, e me sinto bem demais. Não muda o fato de que em quase todas as noites, me pergunto que porra eu estou fazendo?

— Todo mundo está meio fodido — troquei um olhar com os dois. — E eu acho que nós três sabemos que a vida pode ser curta demais para ficarmos pensando em tudo que gostaríamos de ter feito. Dê uma chance a si mesmo, Caden.

— Isso foi o que o Ethan fez, não foi? — Hunter murmurou. — E funcionou. Mas muitas coisas deram errado no caminho, e ele conseguiu se reerguer, assim como todos nós. Não se coloque tão para baixo, irmão.

— Nem todos, né? Nem todos nós conseguimos.

Meu peito ficou apertado com a compreensão do que Caden queria dizer. Hunter desviou o olhar, aquela tristeza familiar enchendo seus olhos escuros. Não terem achado um corpo era uma bênção ou um castigo?

Eu respirei fundo, cobrindo meu rosto com as mãos.

— Deus, somos uma droga — murmurei.

— Não, é culpa minha — ouvi os passos de Caden se aproximando, até que ele segurou meus pulsos. — Deus me livre se o Ethan chegar e você estiver triste por minha causa.

— Tarde demais — disse, quando ele puxou minhas mãos para longe do meu rosto. — Agora já estou preocupada.

O rosto inteiro de Caden se suavizou, uma visão rara, e um pequeno sorriso surgiu em seu rosto. Era diferente dos outros, porque parecia de verdade, e por isso era ainda mais significativo para mim.

— Vou descobrir o que quero fazer, princesa. Prometo — ele arqueou uma sobrancelha, apoiando-se ao meu lado. — Além do mais, sou mais velho. Quem devia estar preocupado sou eu.

Bufei. — Eu sou a pessoa que menos deve oferecer preocupação aqui.

— Não, nós não pensamos assim —Hunter interveio.

— Nós quem?

— Eu, Caden, seu senhor, Allie... — Hunter se aproximou, ocupando o outro lado próximo a mim. — Você é a mais especial entre nós todos.

— Por que eu sou mais nova?

— Não, burra. O mais novo é o Calum, e essa é uma conversa diferente — Caden disse. — Você é especial porque vemos o que Ethan também vê. Diferente da gente, você ainda é boa. A mais gentil e empática.

— Todo mundo percebeu como você se dividiu em, tipo, três, enquanto Alyssa e Ethan não estavam se falando por sabe-se lá qual a razão. Você a ajudou e ficou ao lado dela, e fez o mesmo com Ethan e para nós dois quando eles nos afastaram. Com a... gravidez, uh, dela. E sabemos que você também passou por coisas difíceis.

— Não como vocês, — argumentei, desajeitada com tantas palavras.

— Não tem comparação, uma dor com a outra, você sabe — Caden disse. — Você é uma daquelas pessoas que estava faltando no grupo.

— Qual?

— Aquela que inspira — Hunter respondeu. — Aquele parâmetro que precisávamos para nos lembrarmos de como as pessoas ainda podem ser realmente admiráveis, porque são gentis, boas, solidárias... E não ver isso como um problema, ou como se fosse estúpido ser assim.

Ah. Uau. Pigarreei, tentando aliviar a pressão em minha garganta.

— Então, quem é que acha isso?

— Eu te disse, todos nós — Hunter repetiu. — Princesa, você conseguiu quebrar a casca da Alyssa e se tornar a melhor amiga dela sem nem tentar. E, por favor, não vamos falar sobre como Ethan louva o ar que você respira.

Uma risada ficou engasgada em minha garganta quando eu sacudi a cabeça. Eu não sabia que as pessoas me viam assim e, na verdade, às vezes não queria ser assim. Ver como a vida poderia pegar ainda mais pesado comigo me assustava, porque eu não me via tão forte quanto Ethan e Alyssa, ou esses dois. Não tem comparação, uma dor com a outra, foi o que ele acabou de dizer. Então, era presumível que a força também não.

Bem, eu ficava me perguntando o quanto teria que mudar para finalmente me encaixar em algum lugar.

Saber que eu não precisava mais, porque este era o meu lugar certo e nele eu não era inadequada por ser quem realmente era...

Lágrimas surgiram em meus olhos, as traidoras, e eu sorri.

— Bem, obrigada — suspirei. — Não sabia disso.

— St. John gostou de você no momento em que te conheceu, imediatamente — Hunter encolheu os ombros. — Foi como soubemos que você era importante.

— Eu também gostava dele — sussurrei. — Queria ter tido tempo para conhecê-lo mais.

Foi neste momento em que o som de chaves na porta chamou nossa atenção, e trocamos um olhar extremamente significativo, nos preparando para o que viria a seguir. Eles saíram no meio da tarde para seu destino, e agora eram quase sete da noite. Imaginávamos, no entanto, que contar aos pais de Leon St. John que Alyssa estava grávida do filho deles iria render alguns comentários. Especialmente no momento em que Alyssa contasse a eles que não iria ficar com a criança.

Alyssa foi a primeira a entrar, seguida por Ethan. Os dois pareciam ter ido ao inferno e voltado.

Nenhuma palavra foi dita enquanto Ethan trancava a porta e Alyssa atravessava o pequeno espaço até chegar onde eu estava surpreendendo-me ao abrir os braços para mim. Eu ri, aceitando seu abraço, mantendo um sorriso contente no rosto quando ela descansou a bochecha em meu ombro. Ethan sorriu, tenso, e piscou para mim antes de ir até os rapazes.

— Ei, você — murmurei. — Foi muito ruim?

— Foi horrível — ela respondeu, a voz parecendo rouca. — Eles disseram que vão tentar recorrer. Que eu não tenho o direito de fazer isso. Entre outras coisas péssimas.

— Que merda.

Ela não tinha? Alyssa era a mãe da criança. Que outras pessoas queriam limitá-la a viver uma vida forçada e indesejada só ressaltava um dos motivos pelos quais tantas mulheres arriscavam suas vidas em clínicas clandestinas, como ela quase fez. Sua força nunca ficou tão evidente ao passar por todos esses altos e baixos e se manter firme. Eu sequer sei se conseguiria sair da cama se estivesse em seu lugar.

Com um beijo gentil em sua têmpora, eu a aconcheguei em meu abraço.

— Vai ficar tudo bem — assegurei. — Você tem apoio. Podemos conversar com o meu pai amanhã e ver o que ele tem a dizer, ok?

— Ok, — ela suspirou, parecendo genuinamente aliviada.

Assim que Alyssa anunciou que iria contar a verdade aos pais de Leon, eu perguntei a ela se estava tudo bem se eu contasse aos meus pais o que estava acontecendo e porque estávamos agindo tão estranho. Como eu esperava, depois do choque, eles se mostraram solícitos para ajudar no que ela precisasse. Boa parte da boa fé dos dois na família de Ethan era porque eu tinha fé neles, mas com o passar dos meses, meus pais começaram a se afeiçoar por conta própria. Com Calum, a alegria de ter uma criança por perto. Os comentários mordazes de Alyssa e a personalidade firme e reservada de Ethan.

E os garotos, que não toleraram ficar de fora.

Graças a Deus conseguimos quebrar o ciclo antes que eu precisasse escolher entre um deles. Meus pais ou meu amor.

— Você precisava ver o rosto dele — disse ela. — Do Ethan. O coração dele se partiu bem na minha frente.

Engoli em seco, pensando em algo para dizer. Era verdade que abrir mão dos pais de Leon pelo bem da própria irmã era uma decisão "fácil", mas perdê-los não poderia ser nem perto de simples. Eu só podia torcer que um dia eles entendessem.

— Ei, meninas — Hunter chamou —, podemos pedir pizza?

— Os pais da Gwen ficaram de vir aqui — Ethan interrompeu. — Não sabia que vocês iam ficar para jantar.

Diante do olhar indignado que Hunter e Caden trocaram, eu corei. Alyssa riu, perfeitamente acostumada com a indiferença de Ethan.

— Nossa, mas você não se aguenta, né? — Caden reclamou. — Bom, com a Young grávida e sentimental aqui, duvido que você e sua senhora fossem praticar... atos... amorosos. Então, por que não?

— Eu posso ir — Allie resmungou, desvencilhando-se dos meus braços. Seu olhar estava baixo, incomodado, quando ela acrescentou: — Se vocês querem... praticar... atos amorosos.

— Meu Deus — bufei, sacudindo a cabeça. — Peçam a pizza de vocês. Vou avisar meus pais que eles não precisam trazer nada.

— Seus pais e esses dois idiotas no mesmo cômodo? — Ethan rebateu. — Seu pai vai te tirar de mim, G. Pensa bem.

A julgar a alegria de mamãe ao encontrar o apartamento cheio quando chegou e a satisfação de papai por vê-la tão feliz, acreditava que poderia demorar mais algum bom tempo antes que papai tivesse algo a dizer.

Duas caixas de pizza vazias e algumas latas de cerveja mais tarde, meus pais ocupavam o sofá enquanto o resto de nós estava distribuído no centro da sala. Ethan estava com as costas contra o sofá e eu entre suas pernas, Alyssa tinha a cabeça apoiada no colo de Caden, que ainda vasculhava as caixas em busca de outro pedaço. Hunter estava ao lado de onde mamãe estava sentada, perguntando-lhe se algum homem já havia sido pego pela mulher enviando flores para a amante em sua floricultura.

Eu gemi, sentindo meu estômago prestes a explodir.

— Acho que comi demais — disse, respirando fundo três vezes para aliviar a sensação.

Ethan esfregou meu ombro gentilmente.

— Eu gostaria de dizer isso — Alyssa declarou, os olhos fechados na direção do teto. — Mas estou seriamente pensando em ver o que tem de bom na sua cozinha.

Pigarreei. — A cozinha não é minha.

Três pares de olhos se voltaram para mim, como se não aguentassem mais bater na mesma tecla. Constrangida, olhei brevemente na direção dos meus pais a tempo de ver um sorrisinho malicioso no rosto da minha mãe e um tique no olho esquerdo do meu pai. Toda vez que alguém queria se referir ao apartamento de Ethan, meu nome vinha em conjunto, embora em momento algum qualquer conversa como essa tivesse surgido.

Então...

Eu estremeci, me encolhendo. Toda vez que Caden começava misterioso demais, alguém acabava muito constrangido.

— Você não fez o pedido ainda, cara?

Eu juro, era como se o corpo quente de Ethan instantaneamente tivesse virado uma parede de concreto no dia mais frio do Alaska.

O quê?

Todos os olhares se voltaram entre Ethan e eu. Alyssa ergueu o rosto, apoiando-se nos cotovelos.

— O pedido — Caden repetiu, lento. — Você não fez?

Eh — Ethan gaguejou. — Hum, por favor, você pode não fazer isso assim?

— Para ela morar com você, idiota — Caden explicou, revirando os olhos. — Você já comentou que o pedido de casamento vai ser daqui há uns dois anos. Algo assim, né?

Nossa... — Hunter murmurou, levantando-se.

— Eu nunca deveria ter me tornado sua amiga — Alyssa resmungou, erguendo-se com dificuldade. — Você não tem noção...

Caden, seguindo os dois, protestou:

— Cara, desde quando você ficou tão sentimental...

Quando as vozes se afastaram na direção da sacada, eu queria morrer. Dentre todas as conversas possíveis nessa noite, essa não estava nem sequer no mapa. Eu disse que quando Caden abria a boca, tinha 50% de chances de sair algo muito ruim. Em primeiro lugar, como assim daqui a uns dois anos?

Meu pai inclinou a cabeça, seu olhar alternando entre nós dois. Arrastando-me para fora do meio das pernas de Ethan, olhei para ele em busca de algum apoio. E, no entanto, aquela expressão calma e controlada estava mais perfeita do que nunca em seu rosto. Fiquei gelada. Minha última tentativa foi olhar na direção de papai novamente, e para minha consternação, havia um olhar muito resignado em seu rosto.

Pai. Diga para ele não fazer isso.

Gabriel Evans teve a audácia de encolher os ombros.

— Eu não sei do que você está falando.

— Por que você não vem morar comigo? — Ethan perguntou, soando genuinamente curioso. — Todo mundo age como se essa fosse sua casa. Por que ela não pode ser?

Olá, alguém?

Sentindo os olhos arregalados, esquadrinhei o rosto de Ethan. Sua curiosidade era honesta, eu podia ver, tão honesta que ele havia expressado algo íntimo na frente dos meus pais. Na frente do meu pai. Parte de mim ficou aliviada por não ter me deparado com um pedido de casamento surpresa, porque odiaria dizer não na frente de todas essas pessoas e, especialmente, ver meu pai estrangulá-lo em uma noite tão agradável.

Voltando ao foco, encontrei o olhar da minha mãe antes de responder. Havia um sorriso suave em seu rosto, um tipo de expressão tranquila que quase parecia orgulho.

Hum, como?

— Você ouviu — disse Ethan. — Por que não? Você passa quase todas as noites aqui, e Calum está acostumado com você. Ele gosta da sua presença.

— Estamos namorando a menos de um ano.

Quase um ano.

Fiz uma careta.

— E se você for mais ranzinza e maniático do que já é em dias normais?

— Você já sabe que eu sou.

Abri minha boca, procurando outro argumento. Cara. Que droga fazer isso na frente dos meus pais.

— Eu tenho as minhas coisas — disse, afiando meu queixo em sua direção. — Elas são brilhantes e rosas demais. E eu ouço Taylor Swift.

— Ah, isso é verdade. Ela ouve um monte disso — meu pai concordou.

— E se não der certo, vou voltar para a casa dos meus pais com o rabo entre as pernas.

— Você sempre terá uma casa onde estivermos, amor — mamãe disse. — Isso não tem nem discussão.

Traidora.

— Bem, e... — procurei mais argumentos. — Eu não sei se consigo simplesmente sair da casa dos meus pais.

— Então, não saia — Ethan disse. — Você é rica. Eu não acho que te faltaria algo se dividisse suas coisas entre o apartamento e a casa deles. Você nem teria que trazer móveis, G. Minha cama é confortável agora.

Esse merdinha — meu pai sussurrou.

Mas ele tinha razão, não tinha? E além do mais, eu teria a decisão bem clara na minha mente se realmente não quisesse fazer isso agora. Eu diria que não estava pronta, e ele respeitaria minha decisão. Estava aqui na maioria das noites, mas adorava almoçar em casa. Foi o que conheci durante vinte anos. Eu não pensei que... As coisas aconteceriam assim. Não depois do último ano. E a ideia de dormir e acordar ao lado de Ethan, sem precisar me deslocar até em casa para fazer as minhas coisas era tão boa quanto continuar indo ver meus pais para almoçarmos. Para jantarmos juntos.

E, sim, podia ser que não desse certo.

Mas, quando encontrei o olhar de Ethan, algo se rompeu em meu peito. Essa determinação em encontrar todos esses "e'se" se foi, porque conhecíamos essa história. Fomos as pessoas que vivenciamos os medos e depois, o amargor do que ficou para trás e que não poderíamos mais resgatar. Aquelas caóticas íris avelã, tão suaves enquanto observavam meu rosto. Eu o amava. Éramos bons um para o outro, mesmo em nosso período mais sombrio. Mesmo no começo, funcionou.

Por que não, se era o que eu queria?

Eu queria tentar.

— Coisas rosas, brilhantes e Taylor Swift. Muitos sapatos. Muita maquiagem — eu disse, tentando uma última vez.

Ethan sorriu.

— Vai ser um sacrifício suportar isso, tenho certeza.

Esse jeito que ele falava. Como se não houvesse nada que o deixasse mais feliz do que ouvir Taylor Swift o dia todo.

— Então, vocês vão morar juntos? — meu pai perguntou, mas sua voz não revelava sentimentos.

Com certa hesitação, eu olhei para ele.

— Acho que vamos tentar — respondi. — Se não houver nenhum problema...

— Podemos abrir aquele champanhe que eu vi mais cedo, por favor? — mamãe questionou, ficando em pé. — Minha menina está tomando decisões de mulher adulta. Preciso beber alguma coisa. Rápido.

Ela foi até a cozinha e não levou um minuto para que papai levantasse, sacudindo a cabeça.

— Eu também preciso — então ele parou, girando apenas metade do corpo ao olhar para Ethan. — E a propósito, devo vinte dólares para o rapaz, Caden. Saber disso antes não deixou mais fácil agora.

Meu queixo caiu por uma fração de segundos antes que eu me jogasse sobre o corpo de Ethan, batendo em seu peito. Ele riu, seus ombros balançando com o som, quando segurou minha cintura e me puxou para seu colo.

— Você me colocou em uma armadilha! — exclamei. — Não acredito que já tinha até falado com o meu pai!

— Claro que sim, G. Eu sabia que ter o consentimento dele seria importante para você — ele disse, sincero. — E eu não aguentava mais ouvir você justificar que essa era a minha casa, não nossa. Gosto de como soa quando dizem que é a nossa casa.

— Você é muito rápido — murmurei, me acalmando. — Eu nem percebi que algo estava acontecendo.

— Alguém disse que eu precisava focar no que é real — ele sussurrou, mantendo suas palavras somente para mim. — Estou fazendo isso. As coisas não estão fáceis, mas não significa que eu não tenha muito mais para cuidar.

Nossos olhares se conectaram e quando o seu escureceu, pesado com palavras não ditas e sentimentos que ele gostaria de expressar contra a minha pele, eu me inclinei e pressionei meus lábios nos seus. Mais tarde, eu disse a ele. Mais tarde eu poderia mostrar a ele o quanto era dele. O quanto sou, todos os dias.

E o quanto quero ser. Para sempre.

— Eu te amo — ele sussurrou, rouco. — Foi por sua causa. Foi você que me mostrou o caminho de volta para casa.

Sim, eu pensei quando todos se reuniram para comemorar a nova notícia. Ethan segurou minha mão quando brindamos, o champanhe borbulhando quando desceu por minha garganta.

Sim, eu sussurrei para mim mesma.

E mais tarde, quando éramos apenas nós dois entre lençóis quentes, eu toquei seus lábios assim como fiz da primeira vez que nos beijamos.

— Nós conseguimos — eu disse. — Encontramos nosso caminho para casa.

E para duas pessoas que ficaram longe por tanto tempo, era como um pedaço de céu. E não estávamos dispostos a abrir mão disso.

Nunca mais.

.

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