Velha infância | L7NNON

By htss_safira

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Dois olhares se cruzam novamente. Memórias antigas voltam à mente, palavras tímidas são trocadas, emoções ant... More

Cast
atenção
introdução
capítulo 01
capítulo 02
capítulo 03
capítulo 04
capítulo 05
capítulo 06
capítulo 07
capítulo 08
capítulo 09
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
feed
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22
capítulo 23
capítulo 24
capítulo 25
capítulo 26
capítulo 27
capítulo 29
capítulo 30
capítulo 31
capítulo 32
capítulo 33
capítulo 34
capítulo 35
capítulo 36
capítulo 37
capítulo 38
capítulo 39
capítulo 40
capítulo 41
capítulo 42
capítulo 43, parte 1.
Capítulo 43, parte 2.
Capítulo 43 - Última Parte.
capítulo 44 - 🔥
capítulo 45
capítulo 46
capítulo 47
capítulo 48
capítulo 49
capítulo 50 - 🔥
capítulo 51
capítulo 52
Capítulo 53

capítulo 28

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By htss_safira

Capítulo por Ayana

📍 Rio de Janeiro, Lagoa - 2022
🗓️ Segunda-feira

Levantei imediatamente da cama e corri para o banheiro vomitar. Não aguento mais passar mal desde quinta-feira. Hoje, não tenho opção e vou ter que ir ao consultório para fazer um exame de sangue. Dependendo do resultado, espero que a minha vida não faça isso comigo, porque não sei o que seria capaz de fazer caso esteja grávida, principalmente do lixo do Pedro.

Escovei os dentes e fui tomar banho. Achava que estava um pouco atrasada para o trabalho, mas a realidade bateu na minha porta e comecei a chorar, sentindo-me sem rumo e completamente impotente. Meus dias têm se baseado em ser assim, uma completa inútil que só sabe chorar, mas eu juro que estou tentando me levantar. Tenho certeza de que, em algum momento, tudo isso vai passar. Preciso acreditar nisso.

Terminei meu banho e deitei novamente, mas o sono não vinha. Então, liguei para o Diego e pedi para ele vir aqui em casa para resolvermos logo o que tínhamos para conversar.

Depois de um tempo, ouvi o barulho da garagem sendo aberta e sabia que era ele. Segundos depois, ele entrou no meu quarto, fechou a porta e sentou ao meu lado. Ficamos alguns segundos em silêncio.

- Como você está? - quebrou o silêncio, visivelmente sem graça.

- Como você acha? - abaixou a cabeça, olhando para algum ponto do quarto.

- Preta, eu não tenho nem mais o que falar... O erro que tivemos com você naquela época não tem nem justificativa, e eu me arrependo, mano. Eu me senti péssimo por ter feito você se sentir daquela forma, mas de coração mesmo, não foi com essa intenção. Você é minha família, eu nunca ia querer te ver mal novamente.

- Eu sei que você não fez por mal, mas isso não anula o quanto estou brava. Mas não vou ficar me estendendo com esse assunto, porque já estou cansada de ficar me explicando. Eu te amo e não quero ficar nesse clima contigo, mas da próxima vez que você fizer algo do tipo, pode esquecer que eu existo - Ele balançou a cabeça em concordância e me deu um abraço.

Diego é sangue do meu sangue e sempre me ajudou em tudo o que tivesse ou fosse além do seu alcance. Seu erro, na minha visão, foi grave, mas eu não vou virar as costas para alguém que, apesar dos pesares, sempre esteve comigo.

- O que a gente vai fazer? - Diego perguntou.

- Não sei - sussurrei.

- O restaurante tem seguro, é só a gente esperar a perícia do incêndio e recorrer.

- Perícia pra quê? Perda de tempo. Eu nem sei se eu vou adiante com isso.

- Pra saber ao certo o que aconteceu. O gás era recente e como a válvula estava danificada?

- Não sei - A porta do quarto abriu, dando a visão da Bruna com a cara toda amassada, de quem acabou de acordar.

- Graças a Deus vocês se resolveram - disse sonolenta, se jogando em cima da gente - Daqui a pouco a gente tem que sair, viu Aya?

- Sair pra onde? - perguntou Diego.

- Fazer um exame pra ver se você vai ser titio - ela deu risada, mas parou de rir em um instante - Não tem nem como achar graça, lembrei de quem pode ser.

- Tio? Daquele verme?

- Relaxa que isso não vai acontecer, é só pra eu ter certeza - levantei da cama.

- Tu não toma remédio? Como é que tu tá num vacilo desse, principalmente com esse cara, Ayana?

- Chega desse assunto - respondi.

Bruna e eu tínhamos acabado de chegar na clínica. Estávamos sentadas, esperando o meu horário. Abaixei a cabeça, fazendo uma oração, mas Bruna, do nada, me deu uma ombrada e eu levantei a cabeça, tomando um susto.

- Caralho, Bruna, pra que foi? - perguntei. Bruna apontou discretamente para frente, com a cabeça.

Quando eu olhei, vi Juliana saindo da porta com um exame na mão e um semblante alegre. Olhei para Bruna, boquiaberta, e voltei meu olhar para frente, onde ela nos encarava com curiosidade. Juliana veio na nossa direção.

- Bom dia - sorriu. Vê se toma conta da sua vida e fecha essa boca. Finge que nem me viu aqui. Obrigada. - saiu andando e Bruna começou a rir.

- Ela tá brincando, né? - me encarou - Que mulher sem noção, cara... A gente nem falou nada.

- Do nada - neguei com a cabeça - Sequelada, coitada.

- Será que é do Lennon? - perguntou Bruna.

- Vai repreendendo, e tu nem sabe se aquele exame na mão dela era de gravidez.

- Como não? A doutora deu parabéns pra ela, cara. Vai dar parabéns por quê, se não for isso?

- Para de viajar, Bruna, pelo amor de Deus - bufei, cruzando os braços.

- Tá nervosa por quê? Não quer ser tia de um filho do Lennon, é isso? -

Nem respondi, porque eu já sabia onde ela queria chegar. Olhei para o painel e meu número estava lá, fui até a sala fazer o exame.

Fiz tudo o que eu tinha para fazer lá no consultório e eles me informaram que o resultado do exame sairia em três dias. Deixei o consultório e fui fazer alguns exames que havia marcado com a minha ginecologista devido a umas dores incomuns que venho sentindo há algum tempo. Vou aproveitar que esta semana ainda vou ao centro e já pego todos os exames de uma vez só.

Saí da consulta e esperei Bruna pegar o Uber dela. Lennon veio me buscar, dizendo que ia me levar em algum lugar. Então estamos indo.

- Pra que você veio fazer exame de sangue? - Lennon perguntou assim que entrei no carro.

- Tem uns dias que eu estou passando mal, então eu vim saber o que era. - Expliquei.

- Passando mal de quê? - Perguntou.

- Coisa boba. Pra onde você está me levando? - Tentei mudar de assunto.

- Coisa boba tipo o quê ? - Insistiu.

- Nada de mais, Lennon. Esquece isso. Vou te perguntar de novo: para onde o senhor está me levando?

- Já, já tu descobre.

- Você não vai falar mesmo para onde estamos indo? - Perguntei, insistindo em saber para onde estávamos indo.

- Não. Se tu não perceber... - Respondeu.

- Perceber o quê?

- Aya, em menos de 45 minutos, a gente chega. Relaxa. - Não insisti mais e esperei.

Lennon me disse que estávamos quase chegando, e olhando as ruas que estávamos passando, percebi que esse lugar não me é estranho nenhum pouco, mas eu não faço ideia de onde estamos. Só sei que é um bairro/comunidade simples.

Lennon estacionou, saiu do carro e abriu a porta para mim descer.

- Ainda não descobriu? - Perguntou, desconfiado.

- Não. - Dei risada. - Parece que eu conheço, mas eu não sei qual o nome desse bairro.

- Realengo, cara. - Deu risada, cruzando os braços, e eu botei a mão na boca, sinalizando estar desacreditada. Como é que eu não percebi?

- Esqueceu do lugar onde a gente cresceu. Lamentável. - Comecei a rir.

- Nem passou pela minha cabeça. Sério, pô! Eu esperava qualquer lugar, menos esse. - Olhei em volta e comecei a lembrar.

- Aquela árvore ali te lembra alguma coisa? - Apontou para a árvore que ficava em frente ao portão do senhor Antônio.

- Não. - Neguei com a cabeça, rindo. - Não é possível que não derrubaram essa árvore até hoje.

- É lógico. Toca naquela árvore pra tu ver, lembra do Antônio? Aquele veio parecia que gostava mais da árvore do que da mulher dele, pô. - Demos risada.

- Não era tão difícil, né? Aquela velha era insuportável, vivia furando a bola dos outros.

- Papo reto, mas foi aqui que tu me contou que ia embora... - Olhou para mim.

- É. Mas depois de tanto tempo, a gente continua aqui, mesmo com todos os obstáculos da vida.

- Graças a Deus, preta. - Lennon passou o braço pelo meu ombro, e começamos a andar enquanto conversávamos, lembrando sobre antigamente, até que paramos na entrada de uma lanchonete.

- Esse lugar é onde era a sorveteria do tio Elias? - Perguntei a Lennon.

- Agora é uma lanchonete, e não é mais dele. Fiquei sabendo que ele morreu, e a família vendeu o lugar. - Respondeu.

- Pra que inimigo? Esse lugar era tudo para ele, e pelo visto a família não se importa. - Dei uma risada sem humor, e Lennon me olhou entendendo - Mas quem sou eu para julgar, né? - Lennon começou a rir.

- Brinca muito, cara. Esse "quem sou eu para julgar" depois de ter julgado.

- Lennin? - Olhamos para trás assim que ouvimos alguém chamar, e assim que bati os olhos, reconheci.

Era impossível esquecer esse rosto. Felipe era aquele típico menino atentando da sala que todo mundo reclamava, mas quando faltava a sala, ficava vazia, e sentíamos falta das suas brincadeiras insuportáveis.

- Ah, k.o. - Disse Lennon, rindo, indo até Felipe, o cumprimentando. Os dois se abraçaram, e Felipe olhou para mim, debochado.

- Vai falar que essa mulher aqui era aquela mina insuportável cheia de marra? - Disse, abrindo os braços.

- Ridículo. - Dei risada e fui até ele, o cumprimentando - Cara, quanto tempo.

- É, gente, o tempo passa rápido, pô. Não tô nem acreditando nisso. Tem tantos anos que eu não venho aqui. - Disse Felipe.

- Desde que eu me mudei, essa é a primeira vez que eu volto aqui. Lennon que de vez em quando aparece aqui. - Comentei.

Felipe olhou para Lennon e depois para mim, dando um sorriso travesso.

- Todo mundo avisou que vocês iam acabar ficando juntos aí. O - Apontou para nós dois - dois feios se merecem mesmo, né?

- Ih, tu só tem tamanho mermo, né? A gente não namora. Continuamos sendo amigos. Vocês que viajam demais. - Felipe murchou na hora. Foi até engraçado.

- Calma que o destino espera vocês, pô.

- Confia. - Respondi com deboche.

- Aí, irmão, a gente vai entrar pra comer. Se tu quiser, aproveita a companhia. - Lennon convidou Felipe, que aceitou. Entramos, fizemos nossos pedidos e ficamos bastante tempo conversando.

- Aproveitar que eu encontrei vocês, eu quero fazer um convite - disse Felipe.

- Qual? - Lennon perguntou.

- No meio de abril, vou casar e gostaria muito que vocês dois fossem como madrinha e padrinho - olhou animado para nós dois. - E aí, vamos ou nem?

- Você vai casar? - perguntei rindo.

- Qual foi? Vagabundo também ama, pô.

- Mas você casando é novidade - disse Lennon.

- Vocês dois podem desconsiderar o convite - fez drama.

- Já fez o convite, filho, já era. Pode confirmar a presença do homem - disse Lennon.

- Por mim, tudo certo - respondi.

Depois de um tempo, Felipe avisou que ia embora e nós também fomos, já que estava quase dando 17h da tarde e eu teria que buscar Maya na escola.

- Hoje você falou com a Juliana? - perguntei para Lennon, que estava concentrado no trânsito. Esse horário fica um inferno.

- Falei, porque? - perguntou.

- Por nada. Ela não se importou de a gente ter passado a tarde juntos?

- Não falei com ela - deu de ombros.

- Ela não fica incomodada?

- Um pouco, mas assim como ela tem amigos, eu também tenho amigas e não é como se qualquer passo que eu der eu tenha que ficar me explicando. Se ligou?

- Entendi... E vocês já voltaram?

- Ainda não, mas eu estou pensando em pedir ela em namoro no meu aniversário. O que você acha? - Parece que eu acabei de tomar um balde de água fria.

Não sei o porquê, mas a possibilidade dos dois voltarem me incomodava bastante. A insegurança ou medo da nossa amizade mudar era uma possibilidade grande, já que ela não gosta de mim e vice versa.

- Ou - Lennon chamou minha atenção e eu saí dos meus pensamentos, olhando para ele - Ouviu o que eu falei?

- Você ama ela? - perguntei, e Lennon ficou uns segundos em silêncio.

- Amo.

- Então, vai em frente - dei um sorriso de lado, tentando demonstrar que estava feliz por ele.

- Qual foi dessa carinha aí? - perguntou.

- Nada, ué, tô normal.

- Sei... Já te falei e vou falar de novo, fica tranquila que nada entre nós dois vai mudar, eu não te prometi?

- Da ultima vez, você também prometeu e deu no que deu - dei risada - Mas que seja eterno enquanto dure, né?

- Nossa, preta, você é bem pessimista, né? Para com esse papo torto - resmungou.

- Pessimista, não, realista. Não é você que diz que nada é para sempre? Então, tudo pode acontecer, e você sabe.

- Você não tá errada, mas também não está certa. Isso aqui que a gente tem - apontou para nós dois - vai ser para sempre, entendeu? - segurou a minha mão, dando um beijo, e eu dei um sorriso concordando.

Eu não insisti mais nesse assunto porque ele é teimoso, e eu mais ainda, mas eu não menti e acredito fielmente no que eu disse. Mas espero do fundo do meu coração que eu esteja errada.

UMA SEMANA DEPOIS

Estou dentro do carro junto com o Diego e o exame na mão. Tô sem coragem de abrir essa merda.

- Abre logo, cara! Sua enrolação tá me deixando ansioso. - disse Diego.

- Calma, caralho. - Respirei fundo - Abre você. - Entreguei o exame para ele.

- Beleza. - Terminou de falar e começou a rir. Olhei para ele, tentando entender o porquê dessa praga estar rindo enquanto eu estou quase morrendo.

- Diego, vai se fuder, cara. Eu tô quase passando mal aqui e tu tá aí rindo. - Riu mais ainda. Cruzei meus braços com raiva, mas a vontade era de socar esse infeliz.

- Desculpa. - Respirou, recuperando o fôlego. - É desespero, mano. Papo reto. - Terminou de falar e abriu o exame sem enrolação. Leu o exame e ficou estático.

- Qual é o resultado que está aí? Fala sem enrolação - disparei aflita, vendo Diego afundar a mão no rosto.

- Positivo - disse Diego.

MARATONA 2/3

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